Mostrando postagens com marcador Crato. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Crato. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 3 de maio de 2021

Um general de Napoleão vai à guerra no Crato...

Se não fosse o passaporte de "párias", um bom programa para brasileiros em Paris seria visitar uma série de exposições sobre Napoleão Bonaparte. Para os interessados no assunto, claro. O corso é multimídia na França. Neste dia 5 de maio completam-se 200 anos da sua morte no exílio, em 1821, na ilha de Santa Helena, no Atlântico Sul, para onde foi levado pelos ingleses logo após a derrota dos franceses em Waterloo, seis anos antes.  

Napoleão foi vítima de câncer no estômago, segundo relato médico ou envenenado (hipótese que surgiu no século passado após cientistas detectarem arsênico em fios de cabelos do ex-imperador).  Paris promove exposições, programas especiais na TV, espetáculos de música ao vivo, conferências on line, passeios temáticos, lançamentos de livros etc. Destacam-se exposições como “Napoléon”, no Grande Halle de La Villette, “Dessiner pour Napoléon”, nos Archives Nationales, “Napoléon n’est plus” no Musée de L’Armée, “Joséphine & Napoléon, une histoire (extra)ordinaire” na Maison Chaumet.  

É mais comum relacionar a influência de Napoleão no Brasil apenas à chegada de Dom João VI, que fugiu de Portugal por temer os avanços dos exércitos franceses. Isso até os bancos escolares sabem. 

O que é menos conhecido - e provavelmente não estará em eventuais matérias na mídia sobre o bicentenário da morte de Napoleão - é o que a história registra: o Ceará também teve disso. Mais precisamente o Cariri e a então Vila Real do Crato sofreram um certo efeito corso no sertão. 

General Labatut

O general francês Pedro Labatut, que participou das campanhas napoleônicas entre 1807 e 1814, foi ganhar a vida após a morte do ex-imperador como uma espécie de autônomo. Um mercenário que hoje seria apelidado de "empreendedor bélico". Nessa condição lutou na Guerra da Independência dos Estados Unidos e combateu ao lado de Simón Bolívar. E foi como free lancer que D. Pedro I o contratou para ir à luta, na Bahia, contra as tropas portuguesas que não aceitavam a Independência do Brasil. 

Labatut cumpriu a missão e foi ficando por aqui. 

Àquela altura, o Crato tornara-se uma região visada pelo Império do Brasil por ter aderido, em 1817, à Revolução Pernambucana, movimento separatista e republicano. Em 1824, se aliaria à Confederação do Equador, de igual objetivo revolucionário. Mas foi depois disso, em julho de 1832, com o Brasil já sob a Regência, que Labatut e sua tropa foram enviados ao Cariri para acabar com uma revolta chefiada por Joaquim Pinto Madeira, um caudilho monarquista da região, que invadiu o Crato e queria levantar todo o Ceará por não aceitar a abdicação de D. Pedro I. 

Quando Labatut chegou ao "teatro de guerra" no sul do estado, os revoltosos já estavam cercados pelas forças da Província. Coube ao francês agir para forçar a rendição do inimigo. Pinto Madeira se entregou e foi julgado e condenado à morte por enforcamento por um júri do Crato. Recorreu à capital da Província, Fortaleza, e tão somente o tipo de pena mudou. Acabou diante de um pelotão de fuzilamento no Crato. 

Embora fosse um adversário da cidade, até hoje uma cruz marca o local da morte do revoltoso para lembrar o desfecho de um episódio histórico que teve a participação coadjuvante de um general de Napoleão. 

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Impedido de declarar voto a Dilma Rousseff, Xico Sá deixa a Folha de São Paulo

Depois de 20 anos de trabalho, Xico Sá, cratense do Ceará, deixa a Folha de São Paulo. No último sábado, o jornalista foi impedido de declarar seu voto em um artigo no caderno Esporte. Xico é eleitor de Dilma Rousseff. Vários colunistas da Folha expressam sua escolha eleitoralem artigos,  diariamente, mas cravando o candidato tucano. Os editores do jornal também deixam bem clara suas posições na edição do noticiário político. Infelizmente, a Folha não está sozinha no cerceamento à manifestação de voto. Há informações sobre pressões e perseguições a profissionais em jornais e revistas. Recentemente, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais denunciou que os Diários Associados "convocaram" funcionários e se vestirem de azul e amarelo para participar de uma caminhada a favor do candidato do PSDB. Tal convocação "oficial" revoltou a maioria dos profissionais e foi vista como uma imposição inaceitável, ainda mais vinda do empregador.

Sobre o afastamento de Xico Sá, leia a matéria do Portal Imprensa. Clique 



sábado, 5 de novembro de 2011

Tiago Santana: fotógrafo do Crato (CE) na Photo Poche


Deu no Globo: a editora Cosac Naify lança no Brasil a famosa coleção francesa de livros de fotografia, a Photo Poche, que publica livros de bolso focalizando os grandes nomes da área. Cartier-Bresson, Man Ray e Helmut Newton estão entre os primeiros títulos. A coleção divulga a obra de cerca de 150 fotógrafos. Entre estes, há apenas dois brasileiros: o consagrado Sebastião Salgado e Tiago Santana, cearense do Crato, que teve seu livro lançado na França. Tiago retrata o sertão nordestino

Conectado pelo MOTOBLUR™

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Diário visual do Nordeste 6: Fundação Casa Grande



Na entrada, o antigo poço da fazenda e a roda dentada do engenho.

A Casa Grande preservada. A arquitetura simples abriga uma complexa tarefa: levar a cidadania às crianças da região.

Uma emissora de rádio, em fase de ampliação do alcance das transmissões, tem sua programação criada, redigida e operada pelas crianças que participam do projeto.
por José Esmeraldo Gonçalves
Se o Brasil parece estar decepcionado com a política eleitoral, há brasileiros que acreditam na política da cidadania e realizam ações sociais hoje reconhecidas até pela ONU. No Cariri cearense, por exemplo. Das ruínas da casa grande da Fazenda Tapera, em Nova Olinda, a cerca de 40km do Crato (CE), nasceu um projeto sócio-cultural que alcança repercussão internacional. Em 1983, Alemberg Quindins, neto do proprietário das terras, e sua esposa Rosiane Limaverde, planejaram uma criteriosa pesquisa para resgatar a pré-história do homem Kariri. Dez anos depois, a casa foi restaurada para abrigar um valioso acervo arqueológico. Mas a iniciativa ultrapassou as funções de um museu: foi criada a Fundação Casa Grande-Memorial do Homem Kariri, uma ONG cultural e filantrópica. A Fundação cuida da educação e formação de cidadania de crianças e jovens através dos programas Memória, Comunicação, Artes e Turismo, com biblioteca, gibiteca, salas de teatro, cinema, computação, esportes, laboratórios de produção de programas de TV e rádio, onde meninos e meninas apredem a editar, produzir, fazer roteiros, locução, sonoplastia e filmagens. A Casa Grande dispõe de uma editora que ensina a meninada a fazer cartazes, jornais e revistas em quadrinhos. Alguns alunos, oriundos das primeiras turmas, já são professores da instituição, que recebeu do Unicef o prêmio pelo "Melhor Projeto" na área da Educação. Em sintonia com a Fundação, o Memorial do Homem Kariri exibe utensílios de pedra e pinturas rupestres de 5 a 7 mil anos encontradas em sítios arqueológicos da região.
A Casa Grande recebe cerca de cinco mil visitantes por mês. Já que estamos em plena corrida eleitoral, uma dica: políticos ainda com resquícios de vergonha na cara deviam agendar uma visita ao local. (Fotos Jussara Razzé)

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Diário visual do Nordeste 3: Metrô do Cariri

A antiga Praça da Estação, no Crato. O nome oficial é Praça Francisco Sá, mas o povo também a chama de Praça Cristo Rei em alusão ao monumento do Cristo Redentor. A propósito, a estátua foi inaugurado em 1938, apenas sete anos após a conclusão do Cristo Redentor do Corcovado, no Rio de Janeiro...

...hoje abriga o moderno terminal do Metrô do Cariri...


...do VLT que liga Crato a Juazeiro do Norte...

oferecendo bem cuidadas estações...


...ao longo do percurso.

Aqui, o terminal de cargas da antiga RVC (Rede Viação Cearense)...


...e o belo prédio, hoje restaurando, da antiga Estação Ferroviária do Crato, inaugurada em 1926.
por José Esmeraldo Gonçalves
O Rio parece ter abandonado o seu projeto de VLT. Já o Crato, no sul do Ceará, não tem Copa nem Olimpíada mas já está com o seu moderno trem urbano em funcionamento. Trata-se do Metrô do Cariri, um confortável VLT que liga a cidade à vizinha Juazeiro do Norte. O sistema dispõe de modernas estações e um eficiente ar condicionado. E há previsões de expansão rumo às cidades mais próximas.

Diário visual do Nordeste 2: Euroville do sertão

















por José Esmeraldo Gonçalves
A Europa no sertão. Casas de arquiteturas típicas da Itália, Marrocos, Alemanha, chalés alpinos, um anfiteatro de inspiração grega, um castelo português, jardins floridos mantidos á base de irrigação, um lago artificial, uma réplica da Torre Eiffel, antenas parabólicas em meio a cactus e até uma cabine telefônica de Londres compõem um condomínio familiar em plena caatiga de Santana do Cariri, a cerca de 50km do Crato, no sul do Ceará. A construção da Euroville, este é o nome do lugar, foi uma iniciativa do urbanista Françuar Oliveira, já falecido, que morou na França e, ao voltar para o Brasil, incentivou os irmão a construirem as réplicas na fazenda da família. Pelo inusitado e pela perfeição das construções, a Euroville do Cariri atrai visitantes. Moradores locais especulam que o local poderá se transformar em um museu ou pousada, mas a família Pereira, proprietária do condomínio, não confirma.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Arnaud Rodrigues fez rir um Brasil triste


por José Esmeraldo Gonçalves
Deu nos jornais: Arnaud Rodrigues morreu ontem, aos 67 anos, em um acidente de barco em Tocantins. Conheci o Arnaud no fim dos anos 70. Depois de se desentender com Chico Anysio, com quem tinha feito o programa Chico City e criado o antológico Baiano e os Novos Caetanos, o comediante buscava outros caminhos. Na época dirigindo a Fatos & Fotos, Zevi Ghivelder o convidou para ser um dos cronistas da revista. Arnaud aceitou e a F&F, onde eu era editor, ganhou um implacável observador do cotidiano. Escrevia como se fosse um caricaturista, no sentido de captar aquele pequeno detalhe que faz o todo. Entrevistado hoje sobre a morte do parceiro, Chico Anysio, com quem Arnaud se reconciliou e voltou a trabalhar anos depois, reconhece: "Era o melhor redator de comédia do Brasil". Toda semana, geralmente às terças-feiras à tarde, Arnaud ia ao Russell entregar seu texto. Passava algumas horas na redação, contava histórias, divertia a turma. Elogiava o Crato (CE), onde nasci, falava da beleza da Chapada do Araripe, mas dizia que Serra Talhada (PE), onde ele e Lampião nasceram, era terra muito mais bonita tanto que antigamente, dizia, era chamada de Vila Bela.
Depois da temporada como cronista da F&F, o pernambucano reencontrou o sucesso na TV. Atuou nas novelas "Roque Santeiro" (1985), "Partido Alto" (1984), "Pão Pão, Beijo Beijo" (1983) e em alguns filmes ("A filha dos Trapalhões" (1984), "Os Trapalhões e o Mágico de Oroz" (1984). Recentemente, esteve no humorístico "A praça é nossa". Eu o reencontrei algumas vezes geralmente nos corredores da TV Globo. Ele fazia questão de agradecer sempre a acolhida que teve na revista. Naquele breve período de, digamos, vacas magras, Arnaud precisava ganhar dinheiro, claro, passou a fazer shows em qualquer cidade que o convocasse e lançou um LP solo no qual levava muita fé. Era o "Arnaud Rodrigues, o Descobrimento". Na capa, em lay-out de Mello Menezes, ilustrador que fez muitos trabalhos para a EleEla, lá estava ele de Pero Vaz de Caminha com um volante da loteria esportiva nas mãos. Enquanto escrevo, vejo este velho LP na estante aqui ao lado entre uma pilha de vinis sobreviventes. Quando lançou o disco, em 1980, ele foi à redação da F&F e me deu um exemplar com uma dedicatória: "Esmeraldo, por tudo que você tem feito por mim. Muito obrigado. E tente curtir este som". Bobagem, não fizemos nada pelo Arnaud. Vá em paz, amigo. Obrigado a você, que levou humor à revista e, mais do que isso, fez rir um Brasil triste naqueles pesados anos da ditadura.