A CPI do Genocida em cartaz no Senado promete ser um bom seriado. Só nos primeiros dois dias trouxe várias surpresas no roteiro. O atrapalhado general Pazuello, ex-ministro da Saúde, escalado para depor, descolou um atestado para "comprovar" que supostamente teve contato com pessoas infectadas pela Convid-19. Agiu como um aluno do fundamental. Alíás, ele é hoje um mero estudante. É obrigado a participar de aulas no Planalto onde tutores não identificados têm a missão de prepará-lo para depor na CPI. Seria uma espécie de treinamento para mentir?
Há uma preocupação do governo com o desempenho do militar da ativa que tende a desenvolver performance de um tanto bronco em situações de alta exposição. Dizem que anda nervoso. Sendo um negacionista, o general surpreendeu ao subitamente se declarar necessitado de isolamento, distanciamento, essas coisas que são novidade para quem até passeia em shopping sem usar máscara. Bom, deu certo pra ele, o depoimento do sujeito foi adiado.
Outro fato inusitado: o senador bolsonarista Ciro Nogueira vacilou ao fazer uma pergunta - que na verdade era uma acusação - ao ex-ministro depoente Mandetta. Nogueira lia a pergunta como se jamais a tivesse visto na vida. E, de fato, segundo flagrante delito, ele recebera a pergunta do bolsonarista Fábio Faria, cujo posto mais alto, embora seja ministro da Comunicações, é o de genro de Silvio Santos. Fábio se entregou ao mandar na véspera, via What's App, por engano, para o próprio Mandetta, a tal pergunta. Mandetta avisou ao Ciro que já sabia da questão e de onde ela vinha. Fábio tinha apagado rapidamente a mensagem, que foi lida pelo ex-ministro da saúde a tempo. O incidente desmascarou uma das taticas do governo: fazer dos senadores bolsonaristas robôs guiados à distância para interferis na CPI.
O depoente desta quarta-feira é o ex-ministro Nelson Teich. O problema desse ex-condutor da desastrada política de Bolsonaro na pandemia é a memória. Diante de algumas perguntas dos senadores Teich é acometido de lapsos de memória. "Esqueci", repetia o indigitado.
Antes, coube a Mandetta revelar um fato quase inacreditável. Alguém do Planalto preparou um documento para uma norma ou decreto para reformulação da bula do remédio Cloroquina. O tal medicamento, que a ciência provou que é inútil para tratamento da Covid-19, é, como se sabe, uma aposta de Bolsonaro, entusiasmada e quase fanática, para vencer a pandemia. Pois o Planalto queria incluir na bula da Cloroquina uma indicação para tratamento dos infectados pela Covid-19. A manobra foi abortada, mas a minuta do decreto existiu, segundo Mandetta.
Médicos, Teich e Mandetta confirmaram que deixaram o ministério por não concordar com o método Bolsonaro de combater a pandemia. Não quiseram compactuar com a linha de montagem de mortos instalada pelo governo federal.
Não percam essa House of Cards a brasileira.
Um comentário:
Nao vai rolar um documentário "de ficção" Mecanismo 2?
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