sábado, 13 de março de 2021

A anta do Passeio Público • Por Roberto Muggiati

Os portais do Passeio Público de Curitiba foram copiados do portão do
 Cemitério dos Cães de Asnières, em Paris.

Reprodução FB

O acesso ao Colégio Estadual do Paraná nos anos 1950 muitas vezes era feito através do Passeio Público, uma imensa área verde que era uma mistura de jardim zoológico e botânico. E também praça de alimentação de dia e reduto de boates à noite. Foi numa destas que meu amigo trombonista Raul de Souza travou amizade com um búfalo d’água (devia ser uma búfala) que ele ia visitar toda noite no seu lago de pedalinho e fazer duetos de jazz a altas horas. Mas isso já é outra história. Meninas e meninos que se dirigiam ao CEP pelo Passeio Público tinham de passar obrigatoriamente pelo cercado das antas. Muitas vezes a passagem coincidia com o acasalamento das antas e a anta macho exibia seu membro de tamanho descomunal. Engraçado que, com um pau daquele tamanho, ela fosse referida no feminino: a anta. Até o veado tinha direito ao masculino.

 As meninas, com seus sapatinhos pretos de colegial, meias soquetes, sainhas azuis curtas e blusas brancas de mangas curtas, enrubesciam e fingiam que não viam nada, mas ficavam espiando tudo pelo canto dos olhos. O Colégio Estadual do Paraná nunca teve aulas de educação sexual. E nem era preciso...

quinta-feira, 11 de março de 2021

James Dean, 90 anos: só que não...

Imagem computadorizada mostra James Dean aos 90 anos que teriam sido
comemorados em fevereiro último.


James Dean em ângulo aproximado, a poucos dias da morte, em 1955. Foto D.P.


por Ed Sá 

Post publicado neste blog, ontem, levanta a possibilidade tecnicamente viável para Hollywood recriar digitalmente e com perfeição astros e estrelas quando jovens. James Dean, que teve carreira curta e tinha apenas 24 anos quando morreu em uma acidente de carro, seria um dos ressuscitados. 

Há pouco mais de um mês, precisamente no dia 8 de fevereiro, Dean teria completado 90 anos. O software que pode ajudar o cinema a trazer de volta antigos ídolos devolverá a juventude a atores e atrizes, mas aqui, ao contrário, você pode ver como seria o rosto de James Dean se estivesse vivo para comemorar suas oito décadas de vida.  O ator ocupa o 18° lugar na lista dos 100 nomes mais representativos da era de ouro de Hollywood.

Lucia Leme: o adeus da jornalista

 

Com Bethânia e Caetano. Em reportagem de 1985, Lucia Leme juntou os irmãos para a Manchete. A foto é de Antonio Ribeiro/Reprodução Manchete


Reprodução JC&Cia

quarta-feira, 10 de março de 2021

O novo logo da MGM. Saiba o que mudou. Não foi pouco. E o que vem por aí pode ressuscitar astros e estrelas de Hollywood

 

O novo leão da Metro. Clique AQUI para vê-lo "vivo".
Ligue o som que a fera ruge.

por Ed Sá

A MGM acaba de lançar a nova versão do seu famoso logo. O leão que faz abertura dos filmes continua lá. Agora em digital. O leão vivo é passado. O aperfeiçoamento do software fotorrealístico de computação gráfica que recriou a imagem oferece a Hollywood novas possibilidades. 

Astros e estrelas considerados campeões de bilheteria envelhecem e se aposentam ou, ainda, passam a não ser escalados a não ser para papéis de avôs e avós. Dois exemplos conhecidos são Sophia Loren e Jane Fonda, por exemplo. Pois a computação gráfica poderá escanear suas juventude e torná-los para sempre atuantes. É o software da ressurreição.

Hollywood já utiliza o digital normalmente para recriar dinossauros ou exterminadores espaciais. A perspectiva que se abre agora, com a facilidade que o avanço constante a tecnologias oferece, é rcriar pessoas em alta e perfeita definição, é manter atores e atrizes "vivos" e rendendo blockbusters. Elizabeth Taylor estrelando produções atuais, Greta Garbo, Marilyn Monroe e Kim Novak de volta, astros já meio passados como Antonio Banderas ou Kevin Costner voltando à antiga forma. O Marlon Brando de Uma Rua Chamada Pecado pode voltar incólume. Os diretores das novas gerações poderão orientar tons de vozes e selecionar expressões para extrair o melhor desempenho possível. Quer dizer: poderão dirigir digitalmente atrizes que morreram muito antes deles nascerem. Podem até transformar canastrões como Robert Mitchum em intérpretes shakespeareanos. 

A notícia está no Gizmodo. 

Claro que haverá problema legais a administrar com os herdeiros, mas nada que as super bancadas de advogados das grandes produtoras não possam administrar. 

Polarização e Suspeição: a semana em duas palavras

por Flávio Sépia

Tão logo o jogo Lula X Lava Jato foi zerado no STF, as palavras polarização e suspeição se espalharam nas redes sociais e nos comentários de 11 em cada 10 analistas políticos. Falam em polarização - e repetem à exaustão o vocábulo - como se fosse o apocalipse, a oitava praga do Egito, caso Lula e Bolsonaro sejam adversários nas próximas eleições. Diante de um governo desastroso e criminoso como esse atual, quem tiver algum apreço pela democracia tem mais é que polarizar. Lembrando que alguns dos antônimos de polarização são concordância, conformidade e compatibilidade. Dá para encarar?

A outra palavra, suspeição, está ligada ao julgamento do ex-juiz Sergio Moro, agora indigitado por evidências de que a parcialidade era seu código venal na Lava Jato. Nas últimas semanas, jornalistas gastaram a sola do dito termo. 

Ao declarar seu voto, ontem, o ministro Gilmar Mendes ampliou o alcance do conceito e colocou a mídia sob suspeição. Segundo as mensagens vazadas por hackers e publicadas pelo Intercept, que revelaram os intestinos em pleno funcionamento da Lava Jato, houve uma nada ética parceria entre os principais veículos e a Lava Jato. Jornais e TVs foram pautados por Moro e procuradores. Os "vazamentos" eram uma estratégia política da força-tarefa. O "jornalismo investigativo" era combinado. Até o fluxo de publicação dos "vazamentos" era comandado. Além disso, jornalistas prestavam uma espécie de "assessoria" aos procuradores. Gilmar Mendes citou várias vezes no STF um dos mais ativos deles e sempre à disposição. Era Vladimir Netto, o mesmo que escreveu um livro sobre a Lava Jato, na verdade uma declaração de intensa admiração ao juiz Sergio Moro. A histórica revelação do modus operandi da força-tarefa, expôs, ao desmoralizar, o conteúdo-propaganda do tal livro e tornou suspeito o derrame laudatório. O mesmo aconteceu com o "documentário de ficção" do cineasta José Padilha. Ambas as obras, coitadas, morreram na contramão da verdade atrapalhando o tráfego da  história.   

terça-feira, 9 de março de 2021

A torcida pela tragédia

 

Reprodução Twitter

O futebol foi suspenso em São Paulo. Já o Rio, coitado, tem um governador bolsonarista e um prefeito que não quer problema com o negacionismo do governo federal e faz uma aposta funerária.

Atualização em 10/3/2021 - Apesar da recomendação do Ministério Público e da explosão dos números de mortos e contaminados, o governo de São Paulo ainda não determinou a interrupção de jogos. A federação local mantém o calendário. A CBF também mantém a Copa do Brasil que implica em intenso descolamento de jogadores pelo país em voos comerciais junto com demais passageiros. Já a Federação do Rio de Janeiro considera permitir torcida nos estádios em número limitado de "convidados" no momento em que infectologistas alarmados com o avanço mortal da Covid-19 ao mesmo tempo em que a vacinação acontece em marcha lenta e com interrupção frequente por falta de imunizantes.


Racismo na família real britânica: Será que o menino vai nascer muito preto? - Essa era a questão que atormentava o Palácio de Buckingham

Foto CBS

 
Será que menino é muito preto?

por Jean-Paul Lagarride
Harry e Meghan, os dissidentes da realeza britânica deram um entrevista de cerca de três horas à apresentadora Oprah para a CBS. Depois da edição, pouco mais de uma hora do material foi ao ar, mas foi o suficiente para abalar os Windsor. A acusação principal foi a de racismo. Havia uma preocupação do Buckingham sobre a pele de Archie, o filho do casal. Será que vai nascer muito preto? Era basicamente o temor da corte. E a família teve a cara de pau de levar a Harry, o pai, essa grande e racista dúvida

Meghan contou que de tão massacrada, tão intenso eram os preconceitos e o bullying, chegou a pensar em suicídio.  Embora anacrônica e contestada por expressiva parcela da população, a monarquia é um instituição ainda firme do Reino Unido. E consome uma montanha de dinheiro do contribuinte. Apesar disso, o abalo provocado pela entrevista é de alta intensidade. Hoje, haverá um reunião de crise reunindo Charles, William e Elizabeth, além de assessores. Devi vir chumbo grosso contra Meghan Markle. A família real não perdoa. Diana foi massacrada até ter comprometida a saúde mental e enfrentar aguda depressão. A mãe de Harry, após se separar, deu uma histórica e dramática entrevista mostrando que os muros dos palácios escondiam um inferno que não aparecia na imagem pública da monarquia. Outras duas mulheres rejeitadas pela corte, Sarah Ferguson e Wally Simpson também já contaram o pesadelo que viveram jogadas pela família em um simbólica Torre de Londres, a sombria fortaleza onde eram encarcerados os inimigos do trono.

Outro tópico da entrevista foi o ataque aos tabloides britânicos. O tema é sensível aos dois. Harry carrega um trauma relacionado à perseguição que a mãe sofreu e que culminou com a morte em acidente de trânsito em Paris no momento em que o motorista que a conduzia tentava escapar de paparazzi. Meghan também é alvo dos jornais. Ela os culpou também por abordagem racista e se por valerem da sua própria família para promoverem escândalos. O casal já obteve mais de uma vitória na justiça contra alguns jornais. Um dos processos foi por publicarem fotos do' menino Archie dentro de casa. Lady Gaga, aliás, tem uma canção chamada "Paparazzi" que tem trechos bem sugestivos para o caso:  "Tenho meu flash ligado, é verdade, preciso daquela foto sua" (...) "Prometo que serei gentil/Mas eu não vou parar até que aquele menino seja meu". (...) "Eu vou te seguir até que você me ame".

Você pode ver Lady Gaga cantando Paparazzi AQUI

sexta-feira, 5 de março de 2021

Fotomemória da redação: a casa dos tempos ditosos

 

1967: Edifício Manchete quase pronto 


por José Esmeraldo Gonçalves (*)

Em 1967, a Manchete vivia a expectativa de mudar de casa. Preparava-se para deixar a Rua Frei Caneca e instalar-se em um moderno prédio assinado por Oscar Niemeyer e projetado para abrigar redações, fotocomposição, estúdio fotográfico, restaurantes, transporte, posto médico, setores administrativos e de publicidade. Justino cita acima o aspecto cultural da nova sede da Bloch Editores: o teatro, galeria de arte e um museu do carnaval. Este último não saiu do papel. 

A década de 1960 impulsionou o sucesso da Manchete. Foi quando a revista superou definitivamente a rival O Cruzeiro e se consolidou como a semanal de maior circulação do pais. O avanço da industrialização do Brasil se refletia nas páginas da Manchete em impressionante volume de anúncios.  Automóveis, eletrodomésticos, companhias aéreas, instituições financeiras, produtos alimentícios, refrigerantes etc pontuavam dezenas de páginas. Uma explosão de consumo, especialmente da classe média ascendente, beneficiava as revistas da Bloch, bem impressas e com as cores vivas que a TV e os jornais ainda não mostravam,. 

Os anos 1970 se anunciavam  promissores. E, de fato, foram, do ponto de vista econômico. Mas as consequências para a Manchete como veículo jornalístico já não se realizaram tão ditosas. O "Brasil Grande", da ditadura tornou-se um grande anunciante da revista, especialmente um indutor de muitas matérias pagas sobre as obras dos generais. A grande mídia em geral apoiou a ditadura, mas na revista ilustrada a alinhamento ganhava cores e páginas duplas vistosas. 

O dinheiro entrava, a credibilidade saía. 

O jornalismo ainda conseguia respirar. Como se pode ver na coleção da Manchete digitalizada pela Biblioteca Nacional, houve episódios de censura em Manchete e Fatos & Fotos, por várias vezes repreendidas pelo Ministério da Justiça com editores "convidados" a comparecer à Polícia Federal e com a EleEla sob raivosa censura prévia. Coberturas de acontecimentos como a Frente Ampla que desafiava o regime militar, as várias reportagens exclusivas que mostravam a vida dos exilados na Europa, matérias sobre o Esquadrão da Morte e a epidemia de meningite que os generais tentaram esconder eram exemplos de pautas que incomodavam a linha dura. Armando Falcão era um dos esbulhos grosseiros e arrogantes que telefonavam diretamente para Adolpho Bloch e reclamavam de certas matérias em termos nada educados.   

Os espaços cedidos à ditadura, contudo, marcaram fortemente a revista e comprometeram sua imagem, apesar de faturamento e circulação passarem quase incólumes por essa difícil fase. 

A nódoa do adesismo só começaria a se atenuar a partir de 1978, com as pautas da Anistia, o destaque dado à volta dos exilados e, em seguida, aos primeiros governadores de oposição eleitos, como Brizola, que fez histórica visita à Bloch e recebeu aplausos dos funcionários ao entrar no restaurante lotado. A  campanha das Diretas também recebeu ampla cobertura, assim como Tancredo Neves em oposição a Paulo Maluf, candidato da linha dura no então colégio eleitoral da ditadura. 

Manchete bateu recordes de tiragem com a visita do Papa, a inauguração do Sambódromo turbinou as vendas das edições de carnaval. Produtos da Rede Manchete, como as novelas Marquesa de Santos, Dona Beija e Pantanal motivavam capas e levantavam as vendas das revistas. O horizonte não parecia fechado naquele momento.

Aquele edifício que Justino Martins saudou foi ampliado em mais dois que formaram o grande conjunto da Rua do Russell  a virar referência carioca. Mas o que parecia anunciar nova era virtuosa se transformou em crise ao fim dos anos 1980, instalando-se a bomba-relógio financeira que levaria à falência da editora em agosto de 2000.

O prédio que uma vez anunciou bons tempos foi leiloado e atualmente abriga empresas diversas. Das redações que lá funcionaram, restam apenas breves lembranças despertadas nos mais antigos que passam por ali a caminho do centro do Rio. 



(*) José Esmeraldo Gonçalves é um dos autores da coletânea Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou, lançada em 2008 pela editora Desiderata, que revela muito do que eram o trabalho e a vida que corriam nos bastidores dos prédios da Rua do Russell. 
O livro, que não é a história oficial, muito ao contrário, ainda pode ser encontrado em canais de venda como Amazon, Americanas, Saraiva, Estante Virtual, Mercado Livre e sebos digitais. 

Afanaram a isenção de imposto...

 


Sabe a pregação neoliberal de acabar com impostos. Não tem erro. Quando o governo - qualquer governo - elimina um imposto de algum produto o valor da isenção não é passado para o consumidor. O tributo é apenas privatizado. Você continua pagando, apenas o destinatário deixa de ser o governo e a grana vai para o bolso do empresário do setor Com isso, some também da mídia qualquer "reclamação" neoliberal sobre impostos. As empresas apontam uma infinidade de motivos, mas mesmo quando não há algum, menos de 20% do valor do imposto extinto ou suspenso chega ao consumidos, e por pouco tempo. 

Sigam o dinheiro...

 

Reprodução Folha de São Paulo

quinta-feira, 4 de março de 2021

Fala do inominável. E o Brasil avançando acelerado para 300 mil mortos da pandemia. É debochar da tragédia. como ele faz desde março do ano passado.

 

Reprodução Folha de São Paulo

Como identificar um sociopata antes de votar nele


por José Esmeraldo Gonçalves

Você que visita esse blog já deve ter percebido que o termo sociopata é às vezes utilizado para definir o modo de ser do elemento nocivo que o Brasil elegeu. Claro que isso provoca reações de seguidores do sujeito armados de xingamentos e palavrões. 

Entre outros, o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais editado pela Associação Americana de Psiquiatria pode ajudar a identificar esse transtorno. O guia dá 15 dicas para você identificar um sociopata. Anote, no mínimo, vai ensinar os brasilinos a votarem melhor. 

Atenção, este é apenas um texto irônico-político. Se você tiver nas suas relações alguém que se encaixe no mapa abaixo, indique um especialista, busque ajuda para ele. Se o prefeito, o deputado, o governador, o vereador, o senador, o presidente em quem você pretende votar nas próximas eleições combinam com o "diagnóstico" e mesmo assim você sufraga o indigitado, então sinto dizer que quem precisa de tratamento é você.

O sociopata...

1 - Detesta leis, acha que legislação atrapalha 
2 - Tende a ser enganador, mentiroso e ludibriador, visando vantagens pessoais.
3 - É impulsivo, não planeja seus atos.
4- É irritável e agressivo. 
5 -Não sente remorso, é indiferente ao sofrimento dos outros.
6- Facilidade para mentir, enganar,.
7- Inventa desculpas e costuma responsabilizar terceiros pelos seus erros.
8 -São hábeis em descobrir pontos fracos ou pretensões das pessoas e usar isso a seu favor.
9- É manipulador.
10 -Pode ser cruéis com as palavras
11- Não sente remorso.
12- Não se preocupa pelo mal que causa.  
13 -Tem dificuldades para pedir desculpas.
13- Vê inimigos em toda parte.
14 - Finge não sentir medo, o que o faz ter comportamento inconsequente.
15 - Demonstra desrespeito pela normas que defendem a sociedade, Não acredita que conceitos como democracia, por exemplo, se aplicam a eles, .

A Covid-19 é a Espanhola2?

 

Reprodução Twitter

por José Bálsamo

Um especialista amigo explica. Os vírus são diferentes. O da Espanhola, que surgiu nos Estados Unidos, era o mortal H1N1. O da Covid-19 é o SARS-Cov2, que apareceu na China e é igualmente devastador. 

Em 1918-1920, a população mundial era de cerca de 2 bilhões de pessoas. Uma quarto disso foi contaminado.  Hoje, o planeta tem quase 8 bilhões de habitantes e o vírus contaminou até agora cerca de 115 milhões de pessoas. Para igualar percentualmente o número da Espanhola, a cifra global de infectados pela Covid-19 teria que chegar a cerca de 2 bilhões de pessoas para alcançar um quarto da população atual. 

A Espanhola matou oficialmente 17 milhões de pessoas, mas a subnotificação ou nenhuma notificação foram a regra. Estima-se que morreram em torno de 100 milhões de pessoas. A Covid vitimou 2 milhões e meio de pessoas oficialmente, até agora. Também há subnotificação. Algumas pesquisas indicam o número de mortos pode ser 50% maior. 

Biologicamente, a Espanhola2 seria a epidemia de 2009, essa sim transmitida pelo mesmo H1N1, para o qual foi desenvolvida vacina eficiente. 

Em termos de impacto na saúde mundial, a Covid-19 está mais para Espanhola 2, mas, além dos vírus,  os contextos sociais são bem diferentes. A Espanhola 1 foi impulsionada pelo ambiente. A Europa, o vetor principal, estava devastada pela guerra, havia fome, má nutrição, deficiência de comunicação com as populações e pouca higiene.  Já o SARS-Cov2 se espalha mais rápido em um mundo onde as pessoas circulam intensamente e tem potencial para produzir mais mutações, mas a ciência e a comunicação estão mais avançadas, a necessidade de seguir protocolos chega ao público - embora muitos não cumpram as normas - e as vacinas foram desenvolvidas em tempo recorde. 

A maioria do países, apesar de dificuldades pontuais, consegue controlar a pandemia com medidas duras. Os Estados Unidos e o Brasil se apresentam como exemplos negativos, a terra de Joe Biden conseguiu se livrar do negativista Trump, a vacinação avançou e os números entraram em queda. Resta o Brasil fora de controle, estabelecendo-se como um perigoso vetor que ameaça o mundo e ainda submetido ao comportamento de sociopata do perverso Jair Bolsonaro, que ri dos mortos e os despreza. 

Vivemos a maior tragédia da história do Brasil.   

Eu quero o meu Vasco de volta! • Por Roberto Muggiati

 

A indignação de mais uma derrota pífia me acordou. Resolvi lembrar aquela quarta-feira à noite no Maraca, com minha filha Natasha, em que vibrei como nunca com o futebol do meu time, que enfiou 4 x 1 no Flamengo. Era uma semifinal do Campeonato Brasileiro de 1997, no qual o Vasco seria tricampeão. Naquele jogo, cito da internet, “Edmundo acabou com a molambada, marcando três golaços e fazendo suas comemorações que ficariam na memória dos vascaínos por toda a eternidade.” Cruzmaltinos, vejam aí e acordem o gigante adormecido da colina, refém da cartolagem maligna. Quatro rebaixamentos é dose! Daqui a pouco caímos para a terceirona... Vascaínos do (Ed)mundo, uni-vos! 

RELEMBRE UM JOGO HISTÓRICO AQUI

quarta-feira, 3 de março de 2021

E você ainda acha que não está em um regime autoritário? Véspera de uma ditadura?

 


No ar, fake news contra a vacina

Além de porão do bolsonarismo radical, a rádio Jovem Pan divulga fake news. A Revista Fórum conta que a emissora deu espaço à também bolsonarista Ana Paulo, ex-jogadora de vôlei, para veicular dados falsos sobre a morte de 500 pessoas nos Estados Unidos após serem vacinadas contra a Covid-19. Depois do bolsonarista Augusto Nunes, comentarista da JP, condenar a vacinação em apoio ao negativismo do seu inspirador, a ex-atleta soltou a fake news citando o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.  A médica infectologista Denise Garret, que já trabalhou na instituição imediatamente desmascarou a farsa com links da própria agência americana. Veja a matéria completa no site da Fórum AQUI

Há 25 anos: Assassinaram os Mamonas? • Por Roberto Muggiati

 

Foto; Divulgação/EMI

Por mais de cinco anos a banda de Guarulhos chamada Utopia não passou disso: uma utopia. Sua música, rotulada como “rock cômico”, misturava o imisturável: pagode romântico (!), sertanejo, brega, vira, música mexicana e heavy metal. Bastou mudar o nome para Mamonas Assassinas e lançar o único álbum de estúdio, gravado em Los Angeles, Mamonas Assassinas, em junho de 1995, para estourar nas paradas, vendendo quase dois milhões de cópias.

A origem do nome não é clara, mas Mamonas se referia não à planta, mas aos seios fartos de uma musa desconhecida. Seu cachê subiu em pouco tempo de oito mil para setenta mil reais O sucesso instantâneo levou a banda a trocar o seu veículo-fetiche, a Brasília amarela, por jatos fretados. A partir do momento em que literalmente decolaram, os Mamonas fizeram 190 shows em 180 dias por todo o país (só não estiveram no Acre, Roraima e Tocantins). Segundo o Centro de Investigações e Prevenções de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), a causa final do desastre foi fadiga de voo, após uma longa escala pelas cidades onde a banda se apresentava, imperícia do copiloto – que não tinha horas de voo suficientes para aquele modelo de aeronave e não era contratado pela empresa de táxi aéreo – falha de comunicação entre a torre de controle e os pilotos, cotejamento e fraseologia incorretos das informações prestadas pela torre. O Learjet 25D caiu na Serra da Cantareira, às 23:16 do sábado 2 de março de 1996, matando os sete passageiros e dois tripulantes. Ironicamente, o prefixo do jatinho era PT-LSD. E o boneco verdinho do logo da banda parece uma alusão profética ao coronavírus.




Manchete, março de 1996: a tragédia na capa.
Foto Fernando Figueiredo. Reprodução/Manchete


Foto João Mário Nunes. Reprodução Manchete


Apenas dois meses antes do acidente, os Mamonas haviam posado para a capa e
matéria especial da Manchete assinada por Ana Gaio, André Felipe e Mauro Trindsde. A foto é de João Mário Nunes. Reprodução

Como editor, participei ativamente do fechamento antecipado da Manchete no domingo. Soube do acidente pelo jornaleiro da minha banca na manhã de domingo. As equipes da sucursal de São Paulo partiram cedo para a região de mata cerrada da Cantareira à altitude de 1006 metros. Devido a um excelente relacionamento com a assessora de comunicação da EMI, Marília Van Boekel Cheola, a revista dispunha de fotos fabulosas e exclusivas dos Mamonas. Pressentindo o sucesso da banda, Marília praticamente sequestrara os meninos durante um dia inteiro e os fizera fotografar com os figurinos mais coloridos e extravagantes. Quanto à cobertura no local do acidente, nossos fotógrafos não chegavam a ser alpinistas e tivemos de recorrer também a fotos de agências. Aí ocorreu um terrível equívoco de tecnologia, que quase nos custou a apreensão da revista. No calor do fechamento, madrugada de domingo para segunda, recebemos algumas radiofotos em cores. Na redação, não tínhamos recursos para visualizar a imagem. Quem faria o acoplamento das três radiofotos separadas nas cores básicas era a gráfica em Parada de Lucas, que imprimiu a imagem conforme paginada, sem entrar no mérito do seu conteúdo. Publicamos assim, involuntariamente, uma foto mostrando os corpos dilacerados dos Mamonas, o que causaria não só o protesto dos fãs como a quase-censura das autoridades.

No meio de toda aquela confusão do fechamento, recebemos de São Paulo um envelope enviado pelo fotógrafo Vic Parisi com um pedaço do avião dos Mamonas. Pedi a um fotógrafo, dentre os muitos que cercavam a mesa de edição, que fizesse uma reprodução caprichada do “troféu”. O pedaço de metal amarelo cheirando a querosene do jatinho PT-LSD sumiu naquela noite – e para sempre na noite dos tempos. Nos meses e anos que se seguiram, Vic Parisi – com sua perseverança de pastor evangélico – me atormentou com cobranças para que lhe devolvesse a peça. Acho que deve estar pensando até hoje que lhe surrupiei aquela “relíquia macabra”...

segunda-feira, 1 de março de 2021

Afinal, uma Billie real • Por Roberto Muggiati


Escrevi há pouco aqui sobre a atualidade do gênio de Billie Holiday. Mais uma prova disso chegou às telas na sexta-feira, 26 de fevereiro, The United States vs. Billie Holiday, que redime o cinema de um dos piores filmes biográficos, O ocaso de uma estrela (1972), com uma equivocada Diana Ross no papel de Lady Day. Billie agora não só canta com sua própria voz, como tem uma interpretação à altura por Andra Day, premiada nesse domingo com o Globo de Ouro de melhor atriz. 

O diretor do filme é Lee Daniels, que em 2001 se tornou o primeiro afroamericano a produzir sozinho um filme vencedor do Oscar. A história se baseou no livro do jornalista Johann Hari Chasing the Scream: The First and Last Days of the War on Drugs e mostra a perseguição movida pelo Departamento de Narcóticos contra a cantora por causa do sucesso de sua canção-de-protesto  Strange Fruit, sobre o linchamento de negros nos estados sulinos. Agentes infiltrados chegam a mover uma operação de caça à cantora, chefiada por um afrodescendente com o qual ela tem um tumultuado caso amoroso. A estreia do filme no Brasil está marcada para 18 de março. 

Veja o trailer AQUI

O editorial do jornalismo doido...

 

O programa Minha Casa, Minha Vida completará 12 anos no próximo dia 25. Mas já é falecido. O governo Bolsonaro não contratou mais nenhuma casa para os mais pobres. 

Mais de 5 milhões de casas foram entregues até hoje. O Globo publica um editorial confuso sobre o programa. Na ânsia de criticar - o jornal sempre condenou a iniciativa desde o governo Lula - consegue ser negativo até quando esboça algo que se aproxima de um elogio.  Como quando diz que o programa entregou milhões de casas, mas o Brasil ainda aponta um déficit de 6 milhões de residências. O passivo não parece ser culpa do programa, ao contrário, aponta sua necessidade e o quanto é grave a interrupção.  Desde o golpe que derrubou Dilma, e que o jornal apoiou, a construção de casas pelo MCMV entrou em marcha lenta e, desde 2019, em coma.  

Transferir a população para zonas periféricas é outra crítica que O Globo faz. Significa uma mudança para o jornal que nos anos 1960 apoiou a remoção das populações das favelas da Zona Sul do Rio para a Zona Oeste distante e, na época, longínqua e sem transportes coletivos. 

O editorialista destaca um estudo de uma economista da FGV para constatar que os pobres sorteados com uma oportunidade de morar melhor (o MCMV seleciona os interessados em sorteios) são, na verdade, "perdedores". Aponta que, para os pobres, é mais barato morar em barracos. 

A economista, apesar disso, concede identificar que a maior contribuição do programa é o fato de famílias morarem em casas com acesso a água e esgoto. E mostra que, comparando com aqueles que vivem em barracos, registra-se aumento de peso nos recém-nascidos, além de redução na mortalidade infantil. Diria que essa é uma das consequência mais elogiáveis do programa para os "perdedores", que é como o editorial rotula os contemplados com casas. E não vale dizer que essa foi uma conclusão da pesquisador. O editoria não usa a rubrica "opinião" à toa. O selo está ali para dizer que o jornal assina embaixo de tudo o que está escrito na seção. Sobre esse fato, o Globo produziu uma frase ímpar. Alguém decifra? Alguém decifre essa frase de quem tem plano de saúde five stars: "Habitação melhor resulta em melhoria de saúde, mas não é uma política ótima".

Por fim, a especialista que forneceu os dados para o editorial admite que "é preciso estudar mais", o Minha Casa, Minha Vida. Ou seja, suas conclusões são baseadas em uma obra ainda em progresso. 

É possível que, para "comemorar" o aniversário, o Globo escale equipes para visitar os conjuntos e mostrar como os mais de 5 milhões que receberam casa própria são "perdedores". E talvez até reúna uma multidão de pobres que abandonaram suas casas do Minha Casa, Minha Vida para voltar a morar em barracos "mais baratos".

Fotomemória da redação: quando Roberto Barreira localizou, nos Alpes italianos, o irmão do embaixador suíço sequestrado no Brasil

 

1971: Roberto Barreira, de terno escuro, localiza e entrevista para a Manchete o irmão do embaixador Giovanni Bucher, então sequestrado no Brasil. Reprodução Manchete

Em 7 de dezembro de 1970, a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), organização que combatia a ditadura, sequestrou o embaixador suíço Giovanni Bucher. Foi o assunto da mídia nas semanas seguintes.

Roberto Barreira, então chefe da Sucursal da Manchete em Milão, viajou para a região do Lago Como, no Alpes Italianos e ali localizou o hoteleiro Rodolpho Bucher, irmão do diplomata suíço. Depois de quebrar uma resistência natural - os Bucher até então não haviam sido procurados pela mídia -  Roberto foi recebido na residência da família e conversou com o apreensivo Rodolpho. Um feito do saudoso Roberto que, poucos anos depois, voltou ao Brasil para dirigir a revista Desfile e a transformou em um dos sucessos editoriais e comerciais da Bloch.

Giovanni Bucher foi liberado pelos guerrilheiros em 16 de janeiro de 1971 em troca de 70 prisioneiros políticos. Na mesma ocasião, com outra dupla - o repórter Carlos Freire e o fotógrafo Alécio de Andrade - Manchete ouviu, em Luxemburgo, Anne Marie Mailet,  irmã do embaixador sequestrado, 

sábado, 27 de fevereiro de 2021

O ministro que sofre bullying

 


Elmalan, le malin • Por Roberto Muggiati


Adolpho Bloch – mais do que apostar na prata da casa – acreditava em importar o melhor talento estrangeiro que o dinheiro podia comprar. Contratou fotógrafos americanos fabulosos quando as grandes revistas ilustradas começaram a fechar nos anos 70, Life, Look, etc. Acolheu a nata da fotografia portuguesa que se viu ao relento depois da Revolução dos Cravos (a maioria tinha o rabo preso com Salazar). No final dos anos 60, incumbiu Justino Martins – editor da Manchete de passagem por Paris depois de sua tradicional visita ao Festival de Cannes – de contratar um diagramador francês para as revistas da Bloch. Justino se deu ao sacrifício de ficar de plantão na sucursal da Manchete na Avenue Montaigne – Polanski morava no mesmo prédio e Marlene Dietrich tomava banho de sol nua na cobertura. O primeiro gato pingado que apareceu o Justino contratou. 

Era Serge Elmalan, egresso do finado jornal-revista Candide, que fechara as portas em 1967. Mudou-se de armas e bagagens – com a mulher e um mastim respeitável, um pastor belga – para um apartamento art déco na Praça do Lido. Coitado do Beau Serge, se esqueceu de tomar a principal vacina – contra a mulher brasileira. Chefe de arte da revista feminina Desfile, em sua primeira desventura amorosa, envolveu-se com uma produtora de moda de sobrenome Guerra, que numa crise de ciúmes sacou um revólver e saiu atirando.

A única bala que acertou foi pérfida, aninhou-se num ponto inalcançável da região da clavícula. Adolpho não hesitou: mandou Serge para Houston aos cuidados do Dr. Michael DeBakey, o cirurgião que revolucionou a medicina na Segunda Guerra ao levar médicos e enfermeiras para a própria zona de combate (procedimento satirizado pelo filme M*A*S*H). Nem um craque como o Dr. DeBakey conseguiu retirar a bala guerreira. O maior cirurgião cardiovascular do mundo diagnosticou: “A melhor coisa a fazer é não mexer nisso...” E o canhoto Serge teve de seguir diagramando com a asa quebrada pela vida afora. Mas a história não acaba aí. Ao voltar recuperado ao trabalho, Serge ainda sofreria novas ameaças da amante injuriada. Toda tarde, no fim do expediente, o Marechal – chefe de segurança informal do Adolpho – se esgueirava por entre as árvores defronte do prédio do Russell à procura da pistoleira. E Serge saía sempre escondido no assoalho do carro de um colega de redação.

Depois de conhecê-lo melhor, eu o apelidei de “Elmalan, le malin”, malin em francês quer dizer “sagaz”, “esperto”, o que o nosso Apelidador-Mor Alberto de Carvalho costumava chamar de “professor de astúcia”. Serge convidou-me certa noite para uma reuniãozinha en petit comité no seu apartamento do Lido. Quando adentrei a sala, me deparei com a romancista Françoise Sagan (Bonjour Tristesse), a Begum Aga Khan (viúva de um dos homens mais ricos do século e mãe do playboy Aga Kahn, ex-marido de Rita Hayworth), o cineasta Jacques Deray (dirigiu Alain Delon em Borsalino, um precursor francês de O poderoso chefão) e Gilberto Tumscitz com sua mãe (Serge adivinhou já no jovem repórter o futuro autor de telenovelas de sucesso, Gilberto Braga).

Hostilizado por Oscar Sigelmann, Serge pediu o boné, rodou ainda alguns anos pelo Rio, casou – salvo falha da minha memória – com a filha de um vice-governador da Guanabara, e acabou regressando para os seus pagos. Em 2004 lançou o romance histórico Villegagnon ou a Utopia Tropical e em 2009 voltou ao Rio em grande estilo como coordenador cultural do Ano da França no Brasil. Instalado na gigantesca cobertura rococó do prédio do cinema Odeon, na Cinelândia, convidou-me para dividirmos um almoço no Restaurante Rosas, relíquia dos velhos tempos da Capital Federal, na Rua Álvaro Alvim. (A poucos metros do Hotel Itajubá, onde em suas folgas de voo nos anos 30, Saint-Exupéry escreveu Voo noturno e esboçou O pequeno príncipe.) Trocamos livros, dei a ele um exemplar do meu romance A contorcionista mongol, éramos ambos editados da Record. E não mais soube do amigo, que, aos 80 anos – passeando de máscara pelos Champs Elysées ou de pantufas numa casinha bucólica de banlieue – deve guardar belas – e também terríveis – lembranças de sua passagem pelo Rio de Janeiro.

A história bate à porta...

 

Reprodução Twitter

Crime continuado...

 

Reprodução Twitter

Fixação...


por O.V. Pochê

Bolsonaro tem muitas semelhanças com Collor. 

Ambos foram eleitos por um partido pequeno, os dois evitavam debates (no caso do Collor, no primeiro turno),  os dois apregoaram a "honestidade" antes de se envolverem em operações suspeitas, Collor se encrencou com o cheque do Fiat Elba, o outro com o cheque do Queiroz, os dois usaram verde-amarelo na propaganda eleitoral e os dois detonaram a Cultura. 

Deu no que deu.



Nessa semana, Bolsonaro mostrou mais uma semelhança. No palanque, ao reclamar de "perseguição", gritou que era "imbroxável"; Collor, também em momento de ira, gritou que "tinha aquilo roxo". 

Segundo os jornais, Collor é o mais novo conselheiro de Bolsonaro. Deve ter dado a dica.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Quem diria...

 A galera de camisa amarela que foi para as ruas, com a ajuda da mídia de direita, e apoiou o golpe contra Dilma Rousseff, presidente eleita democraticamente, pode comemorar, hoje, a PEC da Impunidade. A instituição do regime do vale tudo. O AI-5 Legislativo.

É possível saber como um golpe começa, mas não é previsível saber como termina nem quando termina.

O Brasil paga, mais uma vez, o preço cobrado pelas elites que investem no atraso em proveito próprio.

Brasil, laboratório biológico da pandemia. Virou estudo mundial pela desgraça exemplar

Preta Gil e Maria Rita em guerra de posts sobre Karol Koncá

 


A cantora Preta Gil, assim como quem não quer nada, fez um comentário fofo sobre a polêmica Karol Conká. Nada de mais, afinal, quase que o Brasil inteiro se manifestou nas redes sociais sobre a participantes mais tóxica do BBB, que acabou eliminada na última terça-feira. Só que o post de Preta Gil, como se vê nas hastags que a própria adicionou ao comentário, era patrocinado pela Amstell. Ou seja, a cantora faturou algum com o comentário.


Sem citar Preta Gil, a cantora Maria Rita criticou quem negocia publi para dar opinião sobre "questões éticas". "Estão colocando preço em empatia? Eu não canso de me chocar, real, real, real"

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Mídia - Vale tudo por dinheiro? Até fake news de bolsomédicos? Jornais recebem críticas por veicular matéria paga mentirosa sobre "tratamento precoce" contra a Covid-19.


por José Esmeraldo Gonçalves

O Brasil assistiu ontem a um derrame de fake news, provavelmente um dos maiores já registrados na grande mídia. A mentira foi levada aos leitores em forma de matéria paga. Os jornais O Globo, Folha de São Paulo, O Povo, Jornal do Commércio (PE), Estado de Minas, Correio Braziliense, Correio (BA), e Zero Hora (RS) publicaram o anúncio assinado por bolsomédicos de Pernambuco, que provavelmente seguem os ensinamentos do "Dr. Bolsonaro", representados por uma certa "Associação Médicos Pela Vida", pregando o uso de remédios como hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina no combate à Covid-19. 

A ineficácia desses medicamentos para o combate à Covid-19 está exaustiva e cientificamente comprovada por cientistas e institutos de pesquisa em níveis nacional e mundial, além da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). 

O estranho anúncio tem muito de ideologia e nada de ciência.  

A publicação do material comprovadamente mentiroso levantou uma questão; se os jornais apregoam "código de conduta" para o conteúdo jornalístico, como não exigir ética e honestidade das matérias pagas? Basta pagar que o jornal veicula? 

A repercussão foi péssima e hoje alguns jornais, como a Folha e O Globo, caíram na real é publicam matérias demonstrando a falsidade das alegações dos bolsomédicos. Melhor que essa contestação tivesse sido publicada na mesma edição da fake news paga. O material circulou por 24 horas e certamente ajudou a disseminar perigosas "informações" sobre a pandemia. 

De qualquer, forma, mesmo tardia, desmascara a informação falsa. Agências de checagem também desmentiram o tosco e suspeito "manifesto".


ATUALIZAÇÃO EM 25/02/2021 - O Centro Knight de Jornalismo, ligado à Universidade do Texas, fez matéria em português e nas versões internacionais do site sobre a repercussão da polêmica matéria paga publicada em jornais brasileiros. A reportagem é assinada por Julio Lubianco, Leia a seguir: 


"Pelo menos oito jornais brasileiros publicaram na terça-feira, dia 23, um informe publicitário em que uma obscura associação de médicos defende a adoção do chamado ‘tratamento precoce’ da COVID-19, cujo benefício não é cientificamente comprovado. A decisão das empresas jornalísticas de abrir espaço, ainda que publicitário, para a veiculação de informações falsas sobre a pandemia gerou críticas.

“Folha de S. Paulo e O Globo erraram feio em aceitar anúncio de tratamento precoce no caderno principal. Não dá para criticar as mídias sociais por difundirem desinformação e fazerem igual num meio com controle editorial. Às vezes os princípios precisam valer mais do que o dinheiro,” escreveu Pablo Ortellado, coordenador do laboratório interdisciplinar Monitor do Debate Político no Meio Digital da Universidade de São Paulo (USP), no Twitter.

Além de Folha e Globo, os dois maiores do Brasil, outros seis jornais estamparam o informe publicitário: Jornal do Commercio, Estado de Minas, Correio Braziliense, Correio, O Povo e Zero Hora. A organização que assina o anúncio é a Associação de Médicos pela Vida, cujo site esteve indisponível ao longo de terça e em parte de quarta-feira. "

A matéria completa está no link AQUI

Lideranças indígenas pedem apoio para abertura de processo contra Bolsonaro na Corte de Haia


Em janeiro último, o Cacique Raoni, aos 90 anos e na luta, denunciou Bolsonaro ao Tribunal Penal Internacional por  Crime Contra a Humanidade. O líder indígena quer, com isso, fazer com que a comunidade internacional se posicione contra a devastação da floresta amazônica e as ameaças aos povos originais. O documento pede investigação por atos que levam à devastação da floresta amazônica, a assassinatos, transferência forçada e perseguição contra povos indígenas. A representação também denuncia o desmantelamento de agências governamentais, como o Ibama e o ICMBio e pleiteia o reconhecimento do ecocídio — destruição do meio ambiente em nível que compromete a vida humana — como um crime passível de análise pelo TPI.  O advogado francês William Bourdon, que representa Raoni junto ao tribunal afirma que dispõe de documentação exaustiva que prova a destruição da Amazônia e o cancelamento de políticas históricas de proteção dos povos indígenas. 

Para que o processo avance é necessário demonstrar o apoio da sociedade à petição em poder do TPI. Em reforço a Raoni, o Cacique Raoni Metuktiré, chefe do povo Kayapo-Mebengokré colhe assinaturas para sensibilizar o tribunal, solicitando a urgente abertura das investigações. 

 O abaixo-assinado está no site Change.org. 

A rivederlo, paesano • Por Roberto Muggiati

Foto Twitter City Lights Books

Se Jack Keroauc, Allen Ginsberg e William Burroughs são os Três Mosqueteiros da geração beat, Lawrence Ferlinghetti é o seu D’Artagnan. Nascido há 101 anos em Yonkers, Nova York, filho de imigrantes ítalo-portugueses, Ferlinghetti mudou-se em 1955 para São Francisco, onde morreu ontem, atraído pela atmosfera vibrante da cidade, que foi a capital cultural dos beats. Lá ele fundou com Peter D. Martin em 1953 a primeira livraria só de paperbacks, iniciando um movimento de democratização da cultura. 

Ferlinghetti  concebia a livraria como um “ponto de encontro literário”, onde escritores e leitores se congregassem para trocar ideias sobre poesia, ficção, política e arte. Dois anos depois, ele iniciou a editora City Lights Publishers, com o objetivo de provocar uma “fermentação dissidente internacional”. 

Seu lançamento inaugural foi o primeiro volume da série City Lights Pocket Poets, que abriu novos caminhos para a poesia norte-american. Em 1956, publicou o revolucionário Howl, de Allen Ginsberg, que foi confiscado pelas autoridades americanas, dando início a uma histórica campanha de resistência que acabaria derrubando a censura.  Autor de um dos livros de poesia mais vendidos de todos os tempos, A Coney Island of the Mind/Um parque de diversões da cabeça, Ferlinghetti – como outros poetas beats – criou uma forma híbrida e inovadora de arte, em que os poemas eram recitados ao acompanhamento de música de jazz, e muitas vezes improvisados, como ela.


Foto Reprodução Wikipedia

PS
• Quando eu morava em Paris no início dos anos 60, tive a felicidade de comprar quase tudo da City Lights numa pequena livraria da rive gauche, defronte à Notre Dame, Le Mistral, que correspondia à imagem de livraria concebida por Ferlinghetti. No andar de cima, George Whitman – que a fundara em 1951 – hospedava de graça viajantes, a maioria mochileiros, com uma condição: todo hóspede pagaria a estadia com a leitura de um livro. George gabava-se de que, ao longo dos anos, 40 mil pessoas teriam dormido nos treze leitos de Le Mistral, que ele chamava de "uma aventura socialista disfarçada de livraria”. Em 1964, George mudou o nome de Le Mistral  para Shakespeare and Company, em homenagem à livraria da americana Sylvia Beach, que publicou o romance Ulysses de James Joyce. Na verdade, Sylvia Beach, que fechou sua livraria quando os nazistas invadiram Paris em 1940, havia doado o nome a George Whitman. Ele morreu em 2011, aos 98 anos, mas sua filha, Sylvia Beach Whitman, segue a tradição, tocando uma das livrarias mais queridas de Paris. Onde o leitor pode ter a certeza de encontrar o catálogo completo da City Lights Books. Em tempo: Ferlinghetti conheceu a incipiente livraria de George Whitman em Paris no início dos anos 50 e foi ela que o inspirou a abrir a City Lights Books em São Francisco. 

O POETA

Lawrence Ferlinghetti

Correndo risco constante

de absurdo e morte

toda vez que atua em cima

das cabeças da audiência

o poeta sobe pela rima

como um acrobata

para a corda elevada que ele inventa

e equilibrado nos olhares acesos

sobre um mar de rostos

abre em seus passos uma via

para o outro lado do dia

fazendo além de entrechats

truques variados com os pés

e gestos teatrais da pesada

tudo sem jamais tomar uma

coisa qualquer

pelo que ela possa não ser

Pois ele é o superrealista

que tem de forçosamente notar

a verdade tensa

antes de ensaiar um passo ou postura

no seu avanço pressuposto

para o poleiro ainda mais alto

onde com gravidade a Beleza

espera para dar

seu salto mortal


E ele um pequeno

homem chapliniano

que poderá ou não pegar

aquela forma eterna e bela

projetada no ar

vazio da existência 

(Tradução: Leonardo Fróes)


terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Cancelamento: cada caso é um caso

por Pedro Juan Bettencourt

Cancelamento é uma atitude coletiva em voga nas redes sociais. Tem provocado polêmicas. As reações mais ruidosas contra pessoas, empresas e instituições geralmente são disparadas a partir de vídeos e áudios que comprometem os protagonistas. Quase sempre são cenas ou conteúdos indesculpáveis. Projetam racismo, humilhação, prepotência, machismo, bullying, violência, agressões domésticas, intolerância religiosa, preconceito de gênero, discriminação, assédios moral e sexual etc. 

Vale o bom senso. A turba digital também pode expor pessoas inocentes. Já aconteceu. Acusações falsas e montagens de fotos e vídeos podem ser desmascaradas, mas a onda de cancelamentos se forma em cliques rápidos e sempre faz um estrago. Então, que cada um pense antes do clique relâmpago. Que procure identificar o alvo. Os escrotos costumam ter antecedentes e o Google facilmente rastreia os elementos. Veja os vídeos, cheque, verifique comentários, não é difícil. Muitas denúncias são acompanhadas de testemunhos. A mulher racista flagrada na padaria está sendo verdadeira e sincera com as suas podres convicções. Uma rápida pesquisa mostrou outros casos de intolerância ligados à figura. O juiz folgado e filmado que humilha o servidor na praia é, naquele momento, mais verdadeiro do que provavelmente nunca o foi. Vídeo, áudio e testemunhas comprovam. Não tenha receio de cancelar essas figuras.

Comprovada a veracidade do vídeo, da foto ou do áudio em questão, é compreensível a reação de tantos internautas que condenam tais crimes O fenômeno não é local, é universal. Há milhares de registros de pessoas que perderam emprego por postarem conteúdos inaceitáveis e criminosos. E daí? Assumiram o risco. Há igual número de empresas que foram expostas nas redes sociais por adotarem políticas odiosas, como trabalho escravo. Bem feito. Denunciadas e canceladas acabam tomando uma atitude após a justa exposição. 

Expor racistas, por exemplo, é autodefesa da sociedade. Expor fascistas, misóginos, geradores de fake news ou autores de crimes, como pastores radicais que atacam centros de religiões afro e imagens da igreja católica, também. Autores de ataques antissemitas ou antislâmicos  devem ser expostos. Milicianos não devem ganhar flores. Autoridades que humilham cidadãos devem ir para o pelourinho digital, sim. São tão poderosos, a justiça raramente os alcança, na maioria das vezes o único dissabor que terão é o vexame que a internet lhes proporciona.

A mídia cancela pessoas. Instituições cancelam pessoas. O esporte cancela pessoas. A arte cancela pessoas. Pessoas cancelam pessoas. Governos cancelam pessoas. Não entendo a surpresa Vizinhos cancelavam vizinho ao vivo. Por que a internet não cancelaria?  Se cancelamentos se tornam agressões físicas ou morais, aí entra o Código Penal. Se não, significa apenas que você não gosta da atitude do candidato a cancelamento e não o quer na sua timeline.

Sem biquíni não tem jogo...

por Niko Bolontrin

A dupla alemã de vôlei de praia, Karla Borger e Julia Sude, resolveu boicotar  o Circuito Mundial de Vôlei de Praia em Doha, Catar, no mês que vem. Motivo: as rígidas leis islâmicas que proíbem o biquíni e obrigam as atletas a jogarem de camisa e calça comprida. 

A Federação Alemã de Vôlei apoiou decisão das jogadoras. Em entrevista, Borger lamentou: "É realmente o único país e o único torneio em que um governo nos diz como temos que fazer nosso trabalho, e isso nós criticamos". 

Duplas brasileiras que vão participar do torneio no país islâmico ainda não se manifestaram sobre o assunto. O mais provável é que se submetam sem reclamar às regras abusivas recusadas pelas alemãs. 

Episódios como esse levantam uma questão entre os esportistas: países tão rígidos têm condições para receber eventos esportivos internacionais? O Catar sediará a Copa do Mundo de futebol de 2022. Haverá regras de vestimenta o observar, as turistas deverão usar roupas discretas (quem for viajar para lá deve se informar sobre o que o país entende por "discretas"). 

ATUALIZAÇÃO EM 26/2/2021 - O protesto da dupla alemã valeu. A Federação Internacional do Vôlei de Praia e a Associação do Vôlei do Catar liberaram ontem o uso de biquínis em etapa do Circuito Mundial. O torneio começará no dia 8 de março. Como acontece na Olimpíada, atletas poderão vestir calças e camisetas se o desejarem ou alegarem motivos religiosos. Melhor assim.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Sem vergonha: Repórteres Sem Fronteira deixa Bolsonaro nu

 



Do RSF

"Enquanto a Covid-19 provoca estragos no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro contribui para aumentar o número de mentiras em circulação e segue atacando a imprensa - numa tentativa de esconder sua incapacidade de administrar a crise sanitária. “A verdade nua”, campanha produzida pela agência BETC Paris em parceria com a Repórteres sem Fronteiras (RSF), reitera a importância crucial do jornalismo para garantir o acesso a informações confiáveis sobre a pandemia.

A nova campanha da RSF no Brasil, lançada em 22 de fevereiro de 2021, defende que se mostre “a verdade nua", a crua realidade dos fatos, para além de alegações fantasiosas ou manipuladoras. Uma fotomontagem mostra o chefe de Estado brasileiro, Jair Bolsonaro, sem roupa*, coberto apenas por uma placa que informa o número de mortes causadas pela Covid-19 e o número de casos confirmados da doença no país**. 

Uma forma simbólica de confrontar o presidente Bolsonaro com a realidade nua e crua dos fatos, enquanto ele acusa a imprensa pelo caos instalado no país para desviar a atenção de sua desastrosa gestão da crise sanitária. O Brasil é hoje o terceiro país mais afetado no planeta pela Covid-19 e a campanha reforça a importância de conhecer os fatos para compreender a pandemia e poder agir sobre ela. Fatos aos quais a população brasileira não teria acesso sem o trabalho dos jornalistas. 

"Essa campanha propositalmente chocante visa despertar as consciências a reagirem aos ataques permanentes do sistema Bolsonaro contra a imprensa, afirmou Christophe Deloire, Secretário-Geral da RSF. Os ataques não são apenas moralmente intoleráveis, mas também perigosos para a população brasileira que se vê privada de informações vitais sobre a pandemia. O trabalho dos jornalistas é fundamental para relatar os fatos e informar as pessoas sobre a realidade da crise sanitária. Mais do que nunca, o direito à informação, intimamente ligado ao direito à saúde, deve ser defendido no Brasil.”  

O trabalho da imprensa brasileira tornou-se particularmente complexo desde que Jair Bolsonaro assumiu o poder em 2018. Insultos, difamação, estigmatização e humilhação de jornalistas passaram a ser a marca registrada do presidente do país. Sempre que informações contrárias aos seus interesses ou aos de sua administração se tornam públicas, ele não hesita em atacá-los com violência. No final de janeiro, por exemplo, Jair Bolsonaro mandou os jornalistas para "a puta que o pariu" e afirmou que a lata de leite condensado era para "enfiar no rabo [...] da imprensa". Essa declaração delirante faz parte de uma estratégia bem azeitada de ataques contra a imprensa coordenados pelo presidente e seus familiares que ocupam cargos eletivos, conforme apresentado pelo relatório da RSF que lista nada menos que 580 ataques apenas em 2020. 

“A verdade nua” se alinha com as fortes e irreverentes campanhas de comunicação divulgadas pela RSF para promover a sensibilização do público em geral e da comunidade internacional com relação às violações da liberdade de informar. Produzida com o apoio da agência BETC Paris, a campanha está disponível em quatro idiomas (francês, inglês, espanhol, português).   

O Brasil ocupa a 107ª posição entre os 180 países incluídos no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa, publicado pela RSF."