por GonçaDe uns tempos pra cá, o termo "bullying", que define a violência psicológica ou física, repetida, geralmente de um grupo contra um indivíduo, tornou-se mais conhecido. Há até uma campanha apresentada por Sergio Grosman alertando contra a prática. Se a palavra é nova por aqui, a prática é antiga. Se você não teve o azar de ser a vítima, certamente participou de algumas dessas brincadeiras, considerou-as inocentes na época e até se divertiu com elas. Provavelmente já as esqueceu ou ainda ri quando relembra as travessuras. As vítimas, não. Na verdade, quero falar sobre o CQC. Ontem, foi ao ar um episódio envolvendo a Preta Gil. A própria, irreverente como é, topou participar, riu, jogou torta na cara do repórter. Confessou, antes, que gosta do programa. No seu twitter
(@pretamaria), chegou a postar convites aos amigos avisando-os da sua participação. On line, vendo o CQC, Preta mudou de humor à medida em que assistia o quadro e, principalmente, se deparava com a "edição" das suas cenas. O microblog passou a registrar sua indignação com as piadas grosseiras sobre seu corpo e sua celulite ("As piadas são as mesmas, isso cansa, as pessoas não podem ser preconceituosas, quem são essas pessoas para zuarem do meu corpo?"). A cantora e apresentadora recebia seguidas mensagens solidárias dos frequentadores do seu twitter.
É difícil opinar sobre o CQC. Gostamos quando espeta políticos ou flagra prefeituras que desviam bens públicos e ficamos com a sensação de "sentir vergonha pelo outro" quando faz um tipo de humor que se assemelha ao bullying. O humor tem armas poderosas. Pode ser irônico, sutil, inteligente e surpreendente. Ou infantil, grosseiro, preconceituoso, ofensivo e agressivo. O CQC, fórmula argentina, tenta se diferenciar de programas como "Pânico" ou de pegadinhas. Em alguns momentos, talvez consiga. Mas em outros, como no caso da Preta, deixa suas digitais na apelação.