sábado, 13 de março de 2021

A anta do Passeio Público • Por Roberto Muggiati

Os portais do Passeio Público de Curitiba foram copiados do portão do
 Cemitério dos Cães de Asnières, em Paris.

Reprodução FB

O acesso ao Colégio Estadual do Paraná nos anos 1950 muitas vezes era feito através do Passeio Público, uma imensa área verde que era uma mistura de jardim zoológico e botânico. E também praça de alimentação de dia e reduto de boates à noite. Foi numa destas que meu amigo trombonista Raul de Souza travou amizade com um búfalo d’água (devia ser uma búfala) que ele ia visitar toda noite no seu lago de pedalinho e fazer duetos de jazz a altas horas. Mas isso já é outra história. Meninas e meninos que se dirigiam ao CEP pelo Passeio Público tinham de passar obrigatoriamente pelo cercado das antas. Muitas vezes a passagem coincidia com o acasalamento das antas e a anta macho exibia seu membro de tamanho descomunal. Engraçado que, com um pau daquele tamanho, ela fosse referida no feminino: a anta. Até o veado tinha direito ao masculino.

 As meninas, com seus sapatinhos pretos de colegial, meias soquetes, sainhas azuis curtas e blusas brancas de mangas curtas, enrubesciam e fingiam que não viam nada, mas ficavam espiando tudo pelo canto dos olhos. O Colégio Estadual do Paraná nunca teve aulas de educação sexual. E nem era preciso...

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