O Brasil vive tempos de haters nas redes sociais e na mídia. Dizem por aí que é inevitável em épocas de rachas políticos e da internet como estilingue eletrônico de opiniões. Os Estados Unidos de Trump passam por um momento semelhante a esse Brasil de Temer. Briga de teclas no escuro.
Mas, às vezes, a galera pega pesado.
Há muito tempo não se ouvia falar em Cesare Lombroso. Artigo de Nelson Motta desencava hoje o autor do livro "O Homem Delinquente", obra que Mussolini lia, relia e levava até pro banheiro. Motta recorre à teoria do médico e criminalista italiano ao observar que um dos filhos do Lula "de cara, tem feições que fariam a alegria de Lombroso".
Para Lombroso, o sujeito já nascia com DNA, cara, barba, cabelo, bigode, impressões digitais e CPF de criminoso. Desde o berço, desde o teste do pezinho, esses sinais diferenciam os "delinquentes" das "pessoas normais", pregou o doutor italiano..
Lombroso listou, entre outras, algumas características dos vilões irremediáveis: orelhas de abano, nariz adunco, queixo protuberante, maxilar largo, maçãs do rosto proeminentes, barba rala, cabelos revoltos, caninos bem desenvolvidos, cabelos e olhos escuros, olhar esquivo e vidrado, preferência por tatuagens, vaidade, paixões exacerbadas etc.
Para o italiano, mulheres com voz grossa, verrugas, peitos pequenos demais ou grandes demais também eram "chaves-de-cadeia".
Bem mais da metade da população brasileira se encaixa nesse perfil de olhos pretos e cabelos pretos e embaraçados. "Prende que é encrenca", diria o velho Lombra.
E, não por acaso, as teorias lombrosianas já foram muito festejadas e exaltadas pela elite brasileira. Inspirado nelas, o Código Penal de 1940, do Estado Novo, relacionava a extensão da pena ao crime e à caracterização e "personalidade" do criminoso. Isso aí é Lombroso na veia. Ainda hoje, é concedido ao juiz analisar a "personalidade do agente", o que é uma abertura para a possibilidade de influências preconceituosas, religiosas, de classe, de raça etc a eventualmente contaminar sentenças.
Então já viu, né? Se Lombroso fosse ao Maracanã e encontrasse um torcedor do Flamengo ou de qualquer clube de massa na antiga geral, de "olhos e cabelos pretos", "cabelos revoltos" e "olhar vidrado" gritando gol em um momento de "paixão exacerbada" despachava o elemento para as masmorras.
Nem precisava estar envolvido na Lava Jato. "Tem cabelo preto, orelha de abano, tatuagem? Aos costumes, 'criminale'".
Mas, às vezes, a galera pega pesado.
Há muito tempo não se ouvia falar em Cesare Lombroso. Artigo de Nelson Motta desencava hoje o autor do livro "O Homem Delinquente", obra que Mussolini lia, relia e levava até pro banheiro. Motta recorre à teoria do médico e criminalista italiano ao observar que um dos filhos do Lula "de cara, tem feições que fariam a alegria de Lombroso".
Para Lombroso, o sujeito já nascia com DNA, cara, barba, cabelo, bigode, impressões digitais e CPF de criminoso. Desde o berço, desde o teste do pezinho, esses sinais diferenciam os "delinquentes" das "pessoas normais", pregou o doutor italiano..
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Reprodução de trecho do artigo "Sangue do meu Sangue" de Nelson Motta (O Globo, 29/9/2017) |
Para o italiano, mulheres com voz grossa, verrugas, peitos pequenos demais ou grandes demais também eram "chaves-de-cadeia".
Bem mais da metade da população brasileira se encaixa nesse perfil de olhos pretos e cabelos pretos e embaraçados. "Prende que é encrenca", diria o velho Lombra.
E, não por acaso, as teorias lombrosianas já foram muito festejadas e exaltadas pela elite brasileira. Inspirado nelas, o Código Penal de 1940, do Estado Novo, relacionava a extensão da pena ao crime e à caracterização e "personalidade" do criminoso. Isso aí é Lombroso na veia. Ainda hoje, é concedido ao juiz analisar a "personalidade do agente", o que é uma abertura para a possibilidade de influências preconceituosas, religiosas, de classe, de raça etc a eventualmente contaminar sentenças.
Então já viu, né? Se Lombroso fosse ao Maracanã e encontrasse um torcedor do Flamengo ou de qualquer clube de massa na antiga geral, de "olhos e cabelos pretos", "cabelos revoltos" e "olhar vidrado" gritando gol em um momento de "paixão exacerbada" despachava o elemento para as masmorras.
Nem precisava estar envolvido na Lava Jato. "Tem cabelo preto, orelha de abano, tatuagem? Aos costumes, 'criminale'".