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sábado, 19 de maio de 2018

Copa do Mundo 2018: ao contrário da Copa passada, seleção brasileira não vai mais morar na psicologia...

por Niko Bolontrin 

A Folha de São Paulo publica hoje um texto de Eduardo Geraque sobre a relação - que ele define como conturbada - entre a psicologia e a seleção brasileira.

Recorrer a psicólogos para avaliar e ajustar cabeças de boleiros foi prática que começou em 1958. O Brasil vinha de um derrota traumática, a de 1950, e de uma participação sofrível na Copa de 1954, quando a seleção foi desclassificada nas quartas de final. Ainda nos treinamentos, o psicólogo João Carvalhaes reprovou Garrincha em um teste psicológico. O "conflito" começou aí. Felizmente, a comissão técnica que via Mané em grande forma, fazendo chover no Botafogo, não deu bola para o diagnóstico. Em 1962, Copa do Chile, de onde o Brasil trouxe o bi, a psicologia não entrou em campo. Aparentemente, não há registro de motivadores psicológicos no tri, no tetra e no penta. Devem ter achado melhor deixar como estavam as cucas de Pelé, Tostão, Rivelino, Jairzinho, Romário, Bebeto, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho, etc.

Em 1998, vai ver fez falta. Na crise do Ronaldo Fenômeno talvez ele e toda a comissão técnica precisassem de ajuda no vestiário do Stade de France. Ninguém escapou daquele vexame.

Em 2014, a psicóloga Regina Brandão foi convidada a monitorar cabeças na Granja Comary.
Se os seus métodos foram ou não eficientes não nos cabe dizer, mas aquele seleção deve ter sido a mais chorona que já representou o Brasil. Lágrimas de esguicho, como diria Nélson Rodrigues já rolavam antes mesmo do desastre do 7X1 contra a Alemanha. Talvez fossem um prenúncio do colapso. 

Escaldado, Tite não vai levar psicólogo nem divã para a Rússia. Para ele, segundo a Folha, "a Copa do Mundo é curta e não há tempo hábil para um trabalho mais profundo".

Os jogadores vão se concentrar em outra esfera: a bola

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Filme rebobinado, história idem...

Foto de John Paul Filo


por José Esmeraldo Gonçalves 

A revista Time acaba de incluir a imagem acima entre as 100 mais influentes de todos os tempos.

A foto é de John Paul Filo, então aluno de fotografia, e foi feita no dia 4 de maio de 1970 com uma Nikkormat, versão mais simples de modelos profissionais da época.

O trágico cenário é a Kent State University, em Ohio, onde estudantes protestavam contra a escalada das ações militares no Vietnã e no Cambodja.

O republicano Richard Nixon era inquilino da Casa Branca.

A Guarda Nacional entrou no campus atirando e, em 13 segundos, matou quatro jovens e feriu outros nove.

Jefrey Miller, 20 anos, é o rapaz abatido; Mary Ann Vecchio, 14, é a menina que pede ajuda.

A foto ganhou o Pulitzer e tornou-se simbolo de uma época de esperanças vencidas por desesperanças. Filo contou que, no começo do tiroteio, achou que as balas eram de borracha ou de efeito moral. Mas ao apontar a câmera para um soldado este disparou o rifle e o projétil atingiu uma escultura bem ao seu lado. O primeiro impulso do fotógrafo foi fugir do local. Saiu em disparada mas, no meio da corrida, parou e voltou para fotografar a invasão. Percebeu, como revelou depois - que estava lá para isso. Foi quando registrou toda a violência da repressão no campus.

Uma curiosidade jornalística: um editor alterou a foto de Filo. Talvez por razões estéticas, simplesmente apagou o poste da cerca que aparece bem acima da cabeça de Mary Ann Vecchio.

Muitos jornais e revistas, como a própria Time e a People, chegaram a publicar a imagem retocada (foto à esquerda), até que a manipulação fosse percebida.

Nas últimas semanas, jovens americanos foram às ruas protestar contra Donald Trump. Provavelmente, apenas uma prévia de futuros embates. O presidente eleito está montando um staff sob medida para a execução das suas políticas. Tudo indica que cumprirá as promessas de campanha, do muro mexicano à implosão do sistema público de saúde, o Obamacare, do protecionismo econômico à agressividade geopolítica, sem falar nas políticas de gênero ou nas questões de implicação moral e religiosa.

Guardo na estante a edição da Time que foi para as bancas em 18 de maio de 1970, com a cobertura dos protestos em Ohio. A capa - um grito, foto de Michael Abramson - é bem representativa de um tempo em que ideias e expressões foram sufocadas a tiros.

Quando os Estados Unidos radicalizaram suas posições e ações, a partir do começo dos anos 1960,  o mundo foi junto. Para não ir muito longe, a América do Sul foi ocupada por ditaduras como parte de uma política de intervenção indireta formulada para evitar novas "Cubas" no continente. Com a atual ascensão da direita na América do Sul, na Europa Ocidental e no Leste Europeu não é difícil prever que o modelo Trump será bem recebido em muitas latitudes.

Mas a conta do  "Make America Great Again" não ameaça sobrar apenas para minorias, no próprio país. Promete atravessar fronteiras e alcançar povos, idéias, liberdades e direitos. Não apenas por capricho de Donald Trump mas por expectativa dos milhões que o elegeram exatamente para isso e pelo efeito clone que o personagem inspira a facções em vários países. O Brasil, por exemplo, já fala em um candidato para 2018 à imagem e semelhança do magnata e apresentador de reality show que vai mandar em Washington.

Compartilho, aqui, algumas páginas daquela Time histórica. Talvez uma das edições mais dramáticas da revista nos distantes anos 1970.

Não é por nada não, mas analistas preveem tensão na "América dividida" e riscos de a História rebobinar esse filme.