A Copa de 1998, a da França, já entrou para a história da seleção brasileira como uma das mais controversas. A mídia esportiva jamais conseguiu explicar claramente tudo o que aconteceu na concentração poucas horas antes da final e no vestiário do Stade de France, a minutos da bola rolar.
Talvez só Arséne Lupin, do escritor Maurice Leblanc, fosse capaz de desvendar o mistério.
O choro e a convulsão de Ronaldo, os relatos dramáticos do seus companheiros de quarto, o atendimento de urgência em hospital, sistema de som do estádio anunciando a escalação de Edmundo, os jogadores que não aparecem em campo para o aquecimento, Ronaldo surpreendentemente confirmado e, finalmente, a apatia do camisa 9 e o apagão do time em campo.
Claro que Zidane & Cia jogaram muito naquele 12 de julho, mas o jornalista italiano Stefano Barbetta definiu a postura de Ronaldo em campo como a de um "ectoplasma ambulante" e escreveu no livro "La Biblia dei Mondiale" que patrocinadores da seleção o constrangeram a jogar. Barbetta ainda registra o que chamou de "alheamento" dos demais jogadores brasileiros, preocupados com as condições de Ronaldo.
Pois 20 anos depois a Copa do "mistério" acaba de ganhar mais uma controvérsia. O ex-jogador Michel Platini, que era co-presidente do Comitê Organizador da Copa de 1998, confessou hoje que manipulou o sorteio dos grupos para impedir que a França cruzasse com o Brasil antes da final. "Quando organizamos o calendário, fizemos um pequeno truque", disse. A notícia está no Diário de Notícias, de Lisboa.
Platini não detalha o método usado para falsificar o sorteio. Uma pista: em 2016, o ex-presidente da Fifa Joseph Blatter deu uma entrevista ao "La Nacion", da Argentina, confirmando o uso bolas quentes e frias em sorteios de competições de futebol. Não convenceu quando afirmou que na Fifa isso não acontecia, mas revelou a jogada. "As bolinhas são colocadas antes na geladeira. A mera comparação entre umas e outras com o toque determina as bolas frias e quentes. Quando tocamos, sabemos o que é".
Com a manipulação de Platini, a França acabou campeã - mereceu, apesar da ajuda. Pena que o Brasil foi à final para ganhar a "taça" do vexame. Melhor seria ter sido eliminado com dignidade uma semana antes, quando ficou no 1x1 contra a Holanda e foi salvo na decisão por pênaltis.
O Brasil é penta, vai tentar o hexa, mas é tri em vexames em Copas: o maracanazzo de 1950, a desastrada escalação de um jogador que praticamente saiu da emergência de um hospital para calçar as chuteiras, em 1998, e o time-zumbi massacrado pela Alemanha no pastelão do 7X1 de 2014.
Que a Rússia poupe a seleção de Tite dos "dribles da vaca" da história...
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sexta-feira, 18 de maio de 2018
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