Palácio Tangará, São Paulo (Foto Alan Santos/PR) |
A corte de Luiz XIV (Charles Le Brun) |
por José Esmeraldo Gonçalves
No dia em que o Brasil registrou 400 mil mortos pela Covid-19, o regime se reuniu em São Paulo. Madames sem máscara cercaram o soberano no Palácio Tangará, em São Paulo.
O Tangará é um hotel da Oetker Collection, dona, entre outros, do Hôtel du Cap-Eden-Roc, em Antibes, na Riviera Francesa, além do Le Bristol, em Paris.
O encontro em São Paulo lembrou a corte de Luiz XIV, em Versalhes, docemente alheia ao que se passava em torno.
No Tangará como em Versalhes havia algo de podre no ar.
O luxo de Versalhes e os figurinos das peruas da época contrastavam com a realidade por baixo dos panos. Banhos faziam mal à saúde, segundo os médicos palacianos. A sujeira que os corpos reais acumulavam era recomendada pelos negacionistas da higiene como uma crosta que barrava infecções. Todos seguiam o exemplo do rei que em cerca de 70 anos tomou não muito mais do que dez banhos.
Honestamente, ele sabia que exalava um fedor razoável. Mas quem ligava para isso? Era o rei. E não era o único a cheirar mal. Haja perfume e trocas de roupa várias vezes ao dia para aliviar a fedentina. Mesmo assim, sabendo que a barra era pesada, o próprio rei recomendava aos serviçais que abrissem as janelas dos salões reais. Quem sabe a brisa que vinha dos jardins de André Le Nôtre fizesse circular o futum.
A mídia não informa se janelas foram abertas em São Paulo.
2 comentários:
Nem abrindo janelas o fedor dessa reunião vai passar
O frio, talvez, justificasse essa falta de banhos, dos europeus, em geral. O frio é muito forte e até os pingos das chuvas são gelados. Na época do le Roi, Louis XIV, não existiam os aquecedores elétricos que hoje, nas residências, palácios e transportes coletivos aquecem os moradores nas suas casas e nos transportes urbanos. Gente, não é fácil, ficar nu, sob um frio de 0 graus. Nos países nórdicos, os moradores esquentavam determinadas pedras e as guardavam nos colchões ou nas palhas para dormirem aquecidos.
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