Torre Eiffel volta a atrair turistas. |
O brinde de champanhe consolatório de Bogart a Bergman em Casablanca – “Sempre teremos Paris” – está mais atual do que nunca.
Depois de seis meses de rigoroso lockdown, a cidade voltou a suas atividades normais na terça-feira 18 de maio com a reabertura parcial de museus, centros culturais, monumentos turísticos (como a Torre Eiffel) e restaurantes e cafés (restritos às mesas de calçada).
Cafés recuperam o .movimento |
Macron na reabertura.
O próprio
Presidente Emmanuel Macron comemorou a medida saindo para tomar um café com seu
premier, Jean Castex, nas redondezas do Palácio do Eliseu. Disse Macron: “Este
café é um momento de liberdade recuperada, fruto de nossos esforços coletivos”.
Caso tudo corra bem, a retomada prosseguirá em 9 de junho, com a reabertura das áreas internas de restaurantes e cafés e a ampliação do toque de recolher até as 23 horas (no dia 19 de maio passou das 19h para as 21h e em 30 de junho poderá ser totalmente abolido).
Humphrey Bogart e Ingrid Bergman em Casablanca: um entre os milhares de filmes que têm Paris como referênciaa |
No Cafe de Flore, a busca do passado perdido |
O Louvre volta a se iluminar |
A tradição de Paris como polo cultural da humanidade vem de longe – vocês sabiam que na época da Revolução Francesa os inconfidentes mineiros e os líderes da Independência dos Estados Unidos, como Thomas Jefferson, já conspiravam com os Enciclopedistas em cafés da rive gauche? Na segunda metade do século 19 e na Belle Époque,
Paris fermentava com artistas
e intelectuais estrangeiros, mas o grande boom ocorreu nos anos 1920, com a
chamada lost generation (Hemingway, Fitzgerald), os espanhóis Buñuel, Dali, Picasso,
etc, etc – parodiados na fantasia nostálgica de Woody Allen Meia-noite em Paris.
Quem contou melhor essa história foi talvez
Ernest Hemingway, no livro póstumo de 1964 A
Moveable Feast/Paris é uma festa, no qual afirma : “Se você teve a sorte de
viver em Paris quando jovem, aonde quer
que vá depois, a cidade o acompanhará pelo resto da vida.”
Morei em Paris de outubro de 1960 a fevereiro de 1962, estudando jornalismo com bolsa do governo francês. Cheguei lá com 23 anos. A memória dos dezesseis meses que vivi em Paris, há sessenta anos, ainda dorme toda noite e acorda todo dia comigo. Com toda a força de sua magia, Paris ressurge agora – vamos torcer – como um símbolo do fim da pandemia e a esperança de novos tempos.
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