Eles implodiram o ambiente cultural de um país.
Pouco falaram sobre o setor enquanto caminhavam para o poder.
Bastaram poucos dias no comando da nação para mostrar seus instintos. A cultura e a educação foram transformadas em ferramentas para a propagação dos seus valores. Artistas, intelectuais e professores figuravam em listas de boicote, perseguição e de estímulo à delação.
Em pouco tempo, a maioria se exilou.
O país era a Alemanha. O ano: 1933.
O que o vencedores enterraram em meio a queima de livros, invasão de universidades, depredação de exposições de arte eram os despojos do "grande vilão": a cultura que floresceu na República de Weimar, a fase política que chegava ao fim. Os proscritos eram Albert Einstein, Thomas Mann, Bertold Brecht, Walter Gropius, Wassili Kandinski, "A ópera dos três vintens", "A montanha mágica", "O gabinete do dr. Caligari", o modernismo, o expressionismo, a psicanálise, a arquitetura, o design etc. A arte "degenerada", na definição dos vitoriosos, virava caso de polícia.
Entre 1918 e 1933, período de graves crises econômicas e institucionais, a República de Weimar revolucionou a cultura e influenciou o comportamento. Mas o inimigo morava ao lado e não estava dormindo. Na definição do escritor Peter Gay, aquela maravilhosa geração de escritores, artistas plásticos, cineastas, dramaturgos, compositores, poetas e filósofos não sabia que dançava à beira do abismo enquanto produzia uma era brilhante de arte e imaginação.
No dia das eleições presidenciais, no Brasil, no último domingo, ganhou força nas redes sociais o movimento "Livro sim, arma não". Muitos eleitores levaram livros para a cabine de votação como uma forma de demonstrar apoio a um símbolo de vida e não a um instrumento de morte.
Rumo à urna, uma eleitora exibia o livro "A Cultura de Weimar".
Nada mais simbólico.
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2 comentários:
uma mulher demais.
Qualquer semelhança é nenhuma surpresa
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