O jornal Libération publicou agora, em 12 de outubro, o artigo "Brésil: la fin de la nouvelle République (1985-2018)" reforçando essa tese.
Para as novas gerações, Nova República deve ser algo tão ficcional quanto o foi na época. Ao discursar durante sua campanha para o colégio eleitoral, Tancredo Neves usou a expressão criada por seus marqueteiros para para dar uma griffe à era pós-ditadura. Tancredo se foi, Sarney pegou a cadeira e bastaram alguns meses para ficar claro que a "nova" política não era nova nem republicana.
Em dezembro de 1985, nove meses depois de instalado, o governo paria a censura. Assim como o governo militar havia proibido a exibição do filme "O Último Tango em Paris", de Bernardo Bertolucci, aquela república que se pretendia nova fechou o ano vetando "Je Vous Salue, Marie", de Jean-Luc Goddard. O slogan de Tancredo era "Muda Brasil". Não vingou. A proibição ditada por Sarney ficou como uma espécie de símbolo do que não mudou. Outro foi a política de "esquecimento" efetivada com a destruição de documentos dos órgãos de segurança da ditadura. A economia também reeditava figurinos anteriores, adulterava a inflação, falsificava os índices de remuneração da caderneta de poupança e fantasiava a economia (como mostrava o artigo abaixo, o ministro Dilson Funaro alterou, na época, o sistema de indexação da economia, evitando que a correção monetária fosse calculada pela média ponderada dos três meses anteriores, passando a refletir a inflação, sempre mais baixa, "prevista" para o mês seguinte). Tal qual o regime anterior, praticava-se a manipulação de índices.
A Nova República não morre agora. A Nova República não existiu.
O que está de vela na mão e rabecão na porta, de novo, é a Democracia.
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Um comentário:
É como um filme que não acaba e em fica em flashback. Esse é o Brasil que da um passo pra frente e três pra traz
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