A Infoglobo, que edita O Globo, Extra, Época e outros impressos do grupo, faz mais "reestruturação" do que os times do Brasileirão trocam de técnicos.
"Reestruturação ", o nome que os executivos da poltrona dão ao processo, consiste geralmente em ações que parecem não dar muito certo, tanto que são repetidas ao infinito, e apenas resultam em demissões. Também atende pelo nome de passaralho. No Globo, por exemplo, não há ganho de qualidade visível em meio a tantas e sucessivas mudanças, ao contrário.
A Editora Abril, por exemplo, passou por tantas "reestruturações" que desestruturou-se.
Confirmando os rumores da última semana, a Infoglobo demitiu cerca de 40 profissionais - diz-se que o número pode passar de 100. Entre os afastados, são maioria jornalistas experientes que, ironicamente, treinaram como supervisores o grupo de estagiários que reforça as redações, compondo equipes ao lado dos remanescentes.
"Reestruturações" acompanham a visível mudança de foco na estratégia dos veículos impressos para aumentar a expectativa de vida.
Com a queda de publicidade, muitos têm apostado na promoção de eventos. São seminários, debates, feiras, palestras sobre os mais diversos campos, da saúde à educação, da segurança ao meio ambiente. Há departamentos inteiros cuidando da porção promoter em que jornais e revistas investem. E são criativos quanto aos temas que garimpam patrocinadores, geralmente governos, estatais e órgãos do chamado Sistema S, além de leis de incentivo fiscal. Dinheiro público, na maioria. A indução de eventos que muitas vezes têm efeito apenas catártico e se esgotam no evento em si, tornou-se vital para o caixa das empresas jornalísticas, mas não deixa de atingir, de certa forma, o jornalismo. Há veículos que promovem três, quatro eventos patrocinados por semana e isso costuma implicar em retorno contratual na forma de cobertura, ocupando páginas em detrimento do noticiário. Significa faturamento, mas cobra esse preço: são tantos que os leitores e assinantes saem perdendo conteúdo.
Os passaralhos levam não apenas profissionais experientes, mas boa parte da capacidade das redações na produção de matérias relevantes, exclusivas, que vão além dos press releases, das versões oficiais e do material fornecido por assessorias.
Antigamente dava-se o nome de gillete press às matérias colhidas de fontes secundárias não apuradas diretamente e não creditadas a agências ou material adquirido de outro veículo. Pode ser apenas coincidência, mas o Globo, hoje, tem quatro grandes reportagens da editoria internacional das quais se sabe apenas a origem geográfica mas não a fonte. Não estão creditadas a agências, nem a veículos, nem a correspondentes.
Seria internet press?
Jornalismo, mídia social, TV, streaming, opinião, humor, variedades, publicidade, fotografia, cultura e memórias da imprensa. ANO XVI. E, desde junho de 2009, um espaço coletivo para opiniões diversas e expansão on line do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", com casos e fotos dos bastidores das redações. Opiniões veiculadas e assinadas são de responsabilidade dos seus autores. Este blog não veicula material jornalístico gerado por inteligência artificial.
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