quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Fotografia - Dos arquivos do fotojornalista Guina Araújo Ramos - Figueiredo, o último ditador?

Figueiredo dando pulinho. Gávea Pequena, Rio, 1983. Foto de Guina Araújo Ramos

Figueiredo ao sair do governo - Rio, 1985 - Foto Guina Araújo Ramos

por Guina Araújo Ramos (do blog Bonecos da História)

Em plena campanha presidencial de 2018, a discussão sobre os candidatos (não “entre”, que Jair Bolsonaro se recusa a participar de debates) tem mudado dos tradicionais “programas de governo” para conflitos mais radicais: Barbárie x Civilização e/ou Democracia x Ditadura.

Barbárie x Civilização, quanto ao Brasil, pode até parecer retórico, “apenas” um reflexo do terrorismo, das guerras, das ondas de refugiados, dramas que dilaceram a África, a Europa e o Oriente Médio.

Já o dilema Democracia x Ditadura, que tem raízes profundas no solo brasileiro, tornou-se tema recorrente. O motivo é mais do que sabido: o candidato Jair Bolsonaro, do PSL, os seus filhos também parlamentares, o candidato a vice-presidente, Gal. Mourão, e vários de seus correligionários, todos eles se referiram recentemente à intenção explícita de interferir no Judiciário, de desrespeitar direitos de minorias, de ameaçar os opositores de prisão ou exílio.

A defesa da tortura e a proposta de uma nova ditadura militar no Brasil, supostamente sem corrupção, aparecem em diversas falas do presidenciável. Jair Bolsonaro, sustenta seu adversário, Fernando Haddad, do PT, é uma ameaça à democracia, que também está sendo ameaçada por fake news.

Tudo isto me trouxe à mente um sisudo e autoritário Presidente da República que fotografei muito, um dito ditador, apontado até como mandante de torturas, e a pergunta: terá sido (ou será) João Figueiredo o último ditador do Brasil?...

Ao menos, sabe-se que João Figueiredo foi o último militar presidente do Brasil de uma série de presidentes militares instalados no Palácio do Planalto com o evento auto-batizado de Revolução de 1964.

O mesmo que mais tarde foi renomeado (por historiadores) para Golpe Civil-militar de 1964 (com sua consequente Ditadura, exacerbada pelo AI-5, de Dezembro de 1968) e, há pouco, “reinventado” pelo ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal, através do singelo epíteto de Movimento de 1964.

Desde o início de seu mandato (Março de 1979), acompanhei algumas visitas de Figueiredo ao Rio, especialmente para a Fatos & Fotos, da Bloch Editores.

A partir de Junho de 1980, ao passar para o Jornal do Brasil, Figueiredo virou figurinha repetida nas minhas pautas... Como exemplo, os vários registros do seu desembarque, e comitiva, no setor militar do aeroporto do Galeão.

Numa solenidade tradicional, todo ano realizada na Praia Vermelha, na Urca, no Rio, registrei Figueiredo entre vários dos seus mais ministros, mais o governador Chagas Freitas e o cardeal Eugênio Câmara, no palanque das comemorações militares da assim chamada Intentona Comunista de 1935. 

A foto é sugestiva pelo detalhe de que peguei um gesto seu que pode ser remetido a uma das suas mais sugestivas frases: “Prefiro cheiro de cavalo do que cheiro de povo.”.
Sinceridade, aliás, não lhe faltava. Tanto é que deixou muitas outras frases marcantes, em entre elas um autoelogio, bem ao estilo ditatorial: “Me envaideço de ser grosso!”...

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