terça-feira, 9 de outubro de 2018

Na eleição do WhatsApp, o TSE foi trolado pela boca de urna da fake news

Esta foi a eleição do Whatsapp. E uma importante influência foram as correntes de fake news. O TSE havia prometido rigor contra a disseminação de mentiras com objetivos eleitorais.

Falhou.

A ministra Rosa Weber, presidente do Tribunal, admitiu durante entrevista coletiva após o encerramento do primeiro turno que vai apurar denúncias de supostas irregularidades. A internet é mais rápida e não espera o verbo futuro, ao contrário, causa danos imediatos. Um exemplo: o TSE deu um prazo de 24h ao Facebook para retirar 33 links com notícias falsas. Louvável. Infelizmente, a medida foi tomada um dia após a votação.

Aberta a campanha do segundo turno, o TSE terá a chance de agir com o rigor que o ministro Luís Fux, presidente anterior, prometeu efusivamente. Rosa Weber diz que combater fake news é prioridade, mas ressalva que não é fácil.  "Não é que o TSE nada tenha feito. Prevenir fake news, eu não conheço como poderíamos ter atuado nessa área onde temos um princípio maior da liberdade de expressão". OK, mas liberdade de expressão não dá direito a mentiras. Ao contrário, mentira, mais exatamente, desvirtua a liberdade de expressão.

Ao longo da campanha, equipes de jornalistas de várias agências de checagem de fake news identificaram, apuraram e desmascararam quase imediatamente milhares de notícias falsas. Faltou ao TSE serviço semelhante e agilidade idem para exigir a retirada do material corrompido e punir os responsáveis que podem ser facilmente identificados desde que profissionais especializados atuem nesse setor. Ressalte-se que alguns tribunais regionais desmentiram campanha falsas, em alguns casos, mas faltou uma força-tarefa especializada dedicada à fiscalização efetiva da mais nova e poderosa boca de urna: a das fale news que inundam as "avenidas" digitais.

Rosa Weber afirmou que a mídia pode colaborar no combate às correntes falsas. Já fez isso. Veículos impressos e digitais abriram espaços permanentes para desmentidos. Mas a mídia não tem poder para exigir das redes sociais a rápida retirada de material corrompido. Nesse caso, o buraco virtual é mais em cima.

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