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terça-feira, 4 de setembro de 2018
Armando Rozário, do outro lado do mundo
Entre tantas outras grandes perdas que o Brasil vem sofrendo, uma atinge especialmente a Fotografia brasileira (aliás, a mundial): faleceu neste domingo, 02/09, aos 86 anos, o fotógrafo Armando Rozário.
Nascido em Hong Kong (mas, oriundo da vizinha Macau, colônia portuguesa ao sul da China), Armando Rozário veio para o Brasil na década de 1950 e se tornou figura histórica do nosso fotojornalismo. Sua trajetória profissional mostra a intensa luta por direitos e por justiça. Muito especialmente para nós, fotógrafos, seu pioneirismo na defesa de direitos autorais foi um marco para o reconhecimento de crédito de autoria nas fotos publicadas e pela garantia de direitos trabalhistas em geral.
Muito além da profissional, a sua trajetória de vida foi realmente uma grande aventura. Só ficou um pouco mais calmo nos últimos anos, já aposentado, mas ainda virtualmente ativo, a partir de sua casa na praia junto à foz do rio São João, entre Cabo Frio e Macaé.
O jornalista Luiz Peazê, no blog do lançamento de seu livro “Cronico – uma aventura diária – Nas Esquinas do Rio”, fez um sucinto, mas preciso resumo de sua vida: “Armando, para quem não sabe, é fotojornalista e nasceu em Hong Kong (1931). Trouxe da China para o Brasil, em meados da década de 1950, o método de desenvolvimento de fotojornalismo; antes disso, havia sido correspondente em Hong Kong e Macau, para a European Picture Service; Armando havia fotografado o início da revolução de Mao Tse Tung; fotografou Louis Armstrong quando este monstro do jazz decolava na carreira; fotografou a mãe do Presidente Juscelino Kubitscheck e com esta foto ganhou na justiça direitos autorais contra a Revista Manchete, criando jurisprudência na matéria; foi fundador da Banda de Ipanema; Armando tem um curriculum que não caberia aqui e, de tantas histórias interessantes a que gosto mais é a de que, em 1978, Carlos Drummond de Andrade e Otto Lara Rezende comentaram a galhardia de um jovem ecologista, fotojornalista, em crônicas no Jornal do Brasil, e o jovem era Armando Rozário.”
Pessoalmente, convivi pouco com Armando Rozário, de uma geração bem anterior à minha, mas fui colega, no Jornal do Brasil dos anos 1980, de seu filho Frederico Rozário, hoje um internacional fotógrafo especializado em surfe. E, afinal, tenho uma única foto de Armando Rozário, um tanto inusitada, talvez.
Em 1983, quando trabalhava para o Jornal do Brasil, passando, no carro de reportagem, pelo famoso bar Garota de Ipanema, vejo Armando Rozário sentado solitariamente em uma mesa, ao fundo.
De dentro do carro, com uma zoom 80-200mm, consegui fazer, por mero divertimento, esta foto do já então famoso colega fotojornalista.
Colega porque, assim como eu (mas, muito antes), Armando Rozário trabalhou na revista Manchete, de Bloch Editores, e contra ela abriu esse emblemático caso judicial (em torno do crédito da foto de D. Júlia Kubitschek, mãe de Juscelino, de 1968), base para outras reivindicações, do mesmo tipo, de fotojornalistas e para a prática, por parte das empresas, da citação de créditos autorais nas fotos.
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No início deste ano, me inspirei na história de Armando Rozário para escrever o conto "O rosário de Macau" (inédito, a ser incluído em livro), criado especialmente para participar de concurso literário na sua terra de origem familiar, Macau, ex-colônia portuguesa e, hoje e até 2049, uma Região Administrativa Especial da China.
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2 comentários:
Grande profissional, deixa uma obra importante
É ele certamente que participa, enquanto fotógrafo, no projecto da revista portuguesa Almanaque (1959-1961, dirigida por Sebastião Rodrigues!
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