por BQVManchete
Em alguns países, as publicações especializadas em celebridades são conhecidas como "revistas cor-de-rosa" ou "imprensa do coração". Se bem que hoje há mais sites que cobrem o segmento do que mesmo meios impressos. De qualquer forma, a revista que começou tudo comemora 70 anos. Caras, People, Quem. Contigo!, Hello e muitas outras derivaram lá atrás da aniversariante, a Hola! espanhola. Uma ilustração de mulher ao lado do seu cachorro estampou o número um. As vidas privadas da realeza (como a mãe do rei da Espanha em 1972), de atores, atrizes, cantores, modelos, atletas etc são o território preferencial dos "repórteres investigativos" da Hola!. Mas a revista não se coloca como "fofoqueira". Passa para o leitor que é "íntima" - e por isso conhece tudo sobre a vida dos famosos - e não"inimiga" das celebridades. Privilegia as matérias "consentidas", Prefere ter seus fotógrafos "convidados" para um casamento do que publicar imagens de paparazzo. Valoriza as fotos que mostram com exclusividade as mansões das celebridades, seus jatinhos, iates, casas de campo, férias etc. Mas não despreza os "flagrantes" se não tiver outra opção. Além de casamentos, divórcios, "traições", novos casais, também são noticiados mas sem em tom ameno. Hola! parte do princípio de que o leitor compra a revista por gostar e admirar as celebridades focalizadas. E não por detestá-las. Por isso, não as agride. Daí o tom cor-de-rosa da abordagem em reportagens, entrevistas e perfis. Capas como essas aqui reproduzidas enfeitarão as ruas de Madri durante um exposição comemorativa das sete décadas da píoneira Hola! A decisão de investir na revista surgiu de uma conversa à mesa de jantar do casal Antonio Sánchez e Mercedes Junco, em 1944, quando a guerra se aproximava do fim e uma nova era se anunciava na Europa e no resto do mundo. Imaginando que os leitores estavam cansados de notícias ruins ou tristes, José Antonio Irurozqui, redator do jornal La Prensa, pediu ao governo uma licença para abrir uma revista de entretenimento. Mas pouco antes de sair o primeiro número, vendeu a autorização ao diretor do jornal, Antonio Sánchez, por cinco mil pesetas. Sánchez e Mercedes Junco, acreditaram na idéia e a levaram à frente. Hola!, hoje comandada pela terceira geração da mesma família, anunciava-se, então, como "semanário de amenidades". Em lugar da desgraça, oferecia vidas glamourosas, bom gosto (ou o que os editores consideravam como tal, mas há quem ache esse tipo de revista uma ode à cafonália), e ótimas e bem produzidas fotografias. O primeiro número teve uma tiragem de 14 mil exemplares. No terceiro, a conta já estava em 7 mil e caindo. Os Junco sustentaram a publicação que, aos poucos, foi se firmando. Números especiais, como uma edição sobre o Congresso Eucarístico internacional e outras sobre casamentos na realeza europeia, que chegaram a vender 200 mil exemplares, impulsionaram a Hola! Hoje, a revista espanhola está à venda em 31 países e licenciou 14 edições (até há pouco anos, o Brasil teve uma Hola!, em português, que não se firmou no concorrido mercado brasileiro, assim como a Chiques & Famosos, que também saiu de circulação. A título de curiosidade, o mesmo aconteceu com a "Bundas", idealizada por Ziraldo para caricaturar os "famosos").
A Hola! alcança em todo o mundo cerca de dez milhões de leitores. Só na Espanha, vende 600 mil exemplares por semana.
Os descendentes do redator que vendeu a licença original por apenas cinco mil pesetas devem maldizê-lo até hoje.
Jornalismo, mídia social, TV, streaming, opinião, humor, variedades, publicidade, fotografia, cultura e memórias da imprensa. ANO XVI. E, desde junho de 2009, um espaço coletivo para opiniões diversas e expansão on line do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", com casos e fotos dos bastidores das redações. Opiniões veiculadas e assinadas são de responsabilidade dos seus autores. Este blog não veicula material jornalístico gerado por inteligência artificial.
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