A foto acima, reproduzida da contracapa do livro de Alfredo Herkenhoff, é de 1962. Na redação do JB, então na Rio Branco, um dream team discute a cobertura da Copa do Mundo no Chile: Dácio de Almeida, Araújo Neto, Carlos Lemos, João Máximo, Alberto Ferreira, Carlos Kerr, Sandro Moreira e José Inácio Werneck (em pé, a partir da esquerda) e Oldemário Touguinhó e Armando Nogueira (em primeiro plano, sentados).
por José Esmeraldo GonçalvesParodiando um ilustre falecido, o JB saiu das bancas e entrou para a história. Em livro. No mesmo dia em que circulou a última edição em papel, o jornalista e escritor Alfredo Herkenhoff lançou "Jornal do Brasil - Memórias de um Secretário - Pautas e Fontes". 427 páginas que ontem terminei de ler. Na apresentação, Herkenhoff diz que o livro foi "iniciado nos anos 90, escrito boa parte entre 2004 e 2005 e finalmente arrematado em 2010". E acrescenta: "Este livro nasceu, fundamentalmente, como uma explosão emocional na esteira do anúncio feito pelo JB, estipulando o dia 31 de agosto de 2010 como a data do encerramento do ciclo das edições impressas". O anúncio a que Herkenhoff se refere foi publicado no dia 14 de julho de 2010. Em apenas um mês e meio, o autor foi obrigado a acelerar na curva e a transformar seu livro em um "instant book", feito a quente para leitura idem.
A pressa, no caso, não foi inimiga. Ao contrário, ajudou a pontuar trajetórias emocionantes. Como a de Oldemário Touguinhó ou a de Araújo Neto. A fase heroíca dos velhos pauteiros. A guerrilha da reportagem em busca da exclusividade. Lendas de redação nas quais, como em todas as redações, as versões são sempre melhores do que os fatos.
Segundo Alfredo Herkenhoff, o "Memórias de um Secretário" é uma confraternização entre profissionais de imprensa no Rio de Janeiro. Mas o autor alerta que "muitas passagens do livro são didáticas, voltadas não para jornalistas amigos, mas para estudantes de Comunicação aturdidos com a decisão da Justiça de acabar com a exigência de diploma para exercer a profissão". Na sua visão, há algo de fascinante e irracional em atividade tão estressante. "Dizemos que não sabemos nada sobre uma infinidade de coisas. Assistimos a tragédias terríveis e, minutos, ou horas depois, a preocupação é exclusivamente com o horário de fechamento da matéria, da página, da edição", escreve Herkenhoff, antes de concluir. "Entre momentos de prazer e sofrimento, a profissão libera paixões".
A contracapa do livro estampa, a propósito, uma foto (reproduzida no alto) que explica muito da mística e da paixão no JB.
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