POR ELI HALFOUN
A greve é o mais forte grito que o trabalhador tem para fazer ouvir suas insatisfações e reivindicações, que não são poucas. Portanto qualquer greve é importante e nada se pode ter contra esse tipo de movimento reivindicatório dos trabalhadores. Mesmo assim algumas greves precisam ser repensadas em seu formato, o que não significa que deixem de ser democraticamente realizadas, desde que, como acontece normalmente, o já sacrificado cidadão tenha de pagar a conta, como também acontece quase sempre. Todo ano, por exemplo, os bancários fazem greve com justas reivindicações e acabam penalizando outros, como eles, trabalhadores. É o cidadão mais comum, ou seja, o que ganha mal e tem minguados reais para receber que fica sem poder retirar o salário que mal dá para comer, isso sem contar os milhões de aposentados que recebem mal e ainda por cima não se relacionam bem com os caixas eletrônicos e acabam tendo de adiar a compra do medicamento que é necessário para o dia a dia. Os trabalhadores, nesse caso os bancários, querem ser ouvidos e atendidos pelos patrões, mas não são os patrões, no caso os banqueiros, os maiores prejudicados: os banqueiros, sabemos todos, têm lucros tão exorbitantes que deixar de engordar suas contas pessoais por quatro, cinco ou dez dias (nenhuma greve dura mais do que isso) não lhes fará a menor diferença. O rico está pouco ligando para a greve porque tem cartões (geralmente todos) de crédito e sem dúvida um bom dinheiro guardado debaixo do colchão, como nos velhos tempos. É por essas e outras que algumas greves devem ser repensadas. As justas reivindicações de qualquer classe trabalhadora não podem e não devem afetar outros trabalhadores. É claro que os bancários não tem, nesse momento nenhum desejo de prejudicar os cidadãos, mas estão atingindo exatamente aqueles que não podem ser atingidos: outros necessitados trabalhadores. Não se deve abrir mão do direito de fazer greve e protestar, mas deve haver, mesmo em uma greve, uma outra maneira de gritar e se fazer ouvir pelos patrões sem q1ue o cidadão comum seja, como sempre, o grande sacrificado. Desse jeito chegará o momento em que ninguém mais vai querer ter dinheiro no banco, mas sim e apenas debaixo do colchão. Talvez assim os patrões (banqueiros) sejam realmente atingidos. Afinal o dinheiro (o nosso dinheiro) é a mercadoria que os faz lucrar muiyo e com cada vez maior ganância.
3 comentários:
Benvindo seja, Eli Halfoun, ao reino dos blogueiros do Panis cum Ovum. Você abordou, na sua postagem, um tema por demais importante e tambem perigoso. Não se pode realmente condenar a greve, por ser uma ação mais justa que um empregado,pode usar para explicitar as suas reivindicações junto ao seu empregador, que como sabemos não gosta de pagar e muito menos de dar aumento salarial aos seus empregados.
O que acontece de pior numa greve são os efeitos colaterais. Com a greve dos Correios deixei de receber um novo cartão de senhas, do Bradesco, que me habilita, tanto a sacar em caixa eletrônica como acessar meu "banking", na Internet. Diante de não me achar de posse dessse cartão no prazo devido, o Bradesco não permite que saque dinheiro nem acesse o 'banking". Acabou a greve dos Correios. Os Bancos entraram em greve. Com a greve dos bancários não posso solicitar no Caixa do Banco um novo cartão extra para me habiiltar a sacar e entrar no "banking". Como pode ver estou na situação do axioma: "Ou calça de veludo ou c.. de fora". A greve dos Correios acabou mas, o Carteiro essa folclórica e institucional profissão, que em tempos idos – bota idos nisso – comia até as respeitáveis senhoras, dos bairros onde entregava as correspondências. Hoje, o Carteiro, essa invisivel criatura, que não conhecemos mais pessoalmente, porque hoje só existem prédios de concretos, torres inexpugnáveis que nos tiraram das varandas e portões de nossas casas, para nos trancarmos em salas e quartos fechados para a luz do sol que antes iluminava e aquecia os nossos jardins. Hoje, o Carteiro, nem entrega mais correspondêcnia,simplesmente porque ele se recusa a ser Carteiro.
Perfeitas as opiniões do Halfoun. O cidadão é a grande vítima. A reivindicações são justas, mas e o direito dos outros? No seu comentário, o D ebarros dá um exemplo real disso
Quanto tempo...
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