sexta-feira, 27 de março de 2020

Midia: chegou a hora de mostrar o drama humano e a dura realidade da pandemia

A mídia brasileira faz, em geral, um bom trabalho na cobertura da pandemia do coronavírus. Tira dívidas, ouve especialistas, aborda os aspectos políticos e divulga as estatísticas. Cumpre um papel importantíssimo.
Errou no começo, ao perder o senso crítico e se deslumbrar com o ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. Desde o inicio, Mandetta foi reticente quanto a tomar ou sugerir ao Planalto medidas restritivas. A mídia não cobrou atitudes nessa direção. Provavelmente já retratava a imposição do "gabinete do ódio", a instância maior que aconselha o sequelado que dirige o país.
Isolamento e medidas que visaram diminuir a circulação de pessoas e reduzir a lotação nos transportes coletivos foram tomadas pelos prefeitos e governadores, com pesquisas mostrando que a população apoia o confinamento.

Nos últimos dias, sim, a mídia caiu na real quanto à política federal para a Covid-19 que, na contramão do mundo, faz pesada campanha publicitária para defender a volta ao trabalho, às escolas, comércio aberto e transporte urbano lotado precisamente no momento em que a contaminação dispara, junto com as mortes.

Temos um governo, talvez o único no mundo, que literalmente "apoia" o vírus. A "gripinha" como diz Bolsonaro, a "virose", segundo o rótulo agora adotado por Mandetta. O governo federal  considera como "de oposição" quem tenta combater a pandemia com seriedade.



Uma olhada nos telejornais e jornais da Espanha, França e Portugal é um choque. A cobertura nesses três países mostra cenas dramáticas que as TVs brasileiras têm até aqui evitado. São imagens do  interior dos hospitais, frequentemente flagrando a expressão do desespero de médicos e enfermeiras diante da agonia de pacientes, às vezes em camas enfileiradas em corredores. A França, por exemplo, já registra um morto a cada quatro minutos.

Hoje a CBN, que tem feito cobertura primorosa, botou no ar vários depoimentos de parentes de vítimas fatais da Covid-19 narrando seus dramas e fazendo apelos emocionados a todos para que levem a sério a pandemia.

Diante da campanha irresponsável do governo federal para combater não o vírus mas o combate ao vírus, a mídia brasileira deve mostrar o drama humano, as pessoas, as famílias que já contam seus mortos. Evitar a impessoalidade que transforma as vítimas em mera estatística. Será um alerta importante aos cidadãos desavisado no momento em que no Brasil -também caso único no mundo - milicias bolsonaristas prometem ir às ruas para protestar contra medidas adotadas por prefeitos e governadores na luta contra uma pandemia mortal e até ameaçam assassinar o governador de São Paulo, João Dória, que desafia a irracionalidade do governo federal.

quinta-feira, 26 de março de 2020

ONU lança operação global contra a Covid-19

Foto: Gerd Altmann/Pixabay
(do Centro de Informações da ONU - Rio de Janeiro) 

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, lançou nesta quarta-feira (25) um plano de resposta humanitária global de 2 bilhões de dólares para lutar contra a COVID-19 nos países mais vulneráveis, numa proposta para proteger milhões de pessoas e evitar que o vírus pare de circular no mundo. O plano contempla 51 países na América do Sul, África, Oriente Médio e Ásia.

O plano de resposta será implementado pelas agências da ONU, com Organizações Não Governamentais (ONGs) internacionais e consórcios de ONGs tendo um papel direto na resposta.-19 já matou mais de 16 mil pessoas em todo o mundo e há aproximadamente 400 mil casos registrados.
O plano prevê o envio de equipamentos para testes e suprimentos médicos, instalação de  estações para lavagem das mãos em acampamentos e assentamentos, campanhas de informação pública e pontes aéreas para levar trabalhadores e insumos na América Latina, África e Ásia.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, lançou nesta quarta-feira (25) um plano de resposta humanitária global de 2 bilhões de dólares para lutar contra a COVID-19 nos países mais vulneráveis, numa proposta para proteger milhões de pessoas e evitar que o vírus pare de circular no mundo. O Plano contempla 51 países na América do Sul, África, Oriente Médio e Ásia.

A COVID-19 já matou mais de 16 mil pessoas em todo o mundo e há aproximadamente 400 mil casos registrados. Ele está presente em todo o planeta e agora está alcançando países que já enfrentam crises humanitárias provocadas por conflito, desastres naturais e mudanças climáticas.

O Plano de Resposta será implementado pelas agências da ONU, com Organizações Não Governamentais (ONGs) internacionais e consórcios de ONGs tendo um papel direto na resposta. O Plano irá:
• Entregar equipamento laboratorial essencial para testes do vírus e suprimentos médicos para tratamento das pessoas;
• Instalar estações para lavagem das mãos em acampamentos e assentamentos;
• Lançar campanhas de informação pública sobre como se proteger e proteger aos outros do vírus;
• Estabelecer pontes aéreas e “hubs” na África, Ásia e América Latina para levar trabalhadores humanitários e suprimentos onde for mais necessário.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que a COVID-19 é uma ameaça para toda a humanidade e por isso “toda a humanidade deve reagir”. “As respostas individuais de cada país não serão suficientes. Devemos ajudar os mais vulneráveis, milhões e milhões de pessoas que são menos capazes de se proteger. Esta é uma questão básica de solidariedade humana. Também é crucial para combater o vírus”, alertou Guterres.

O subsecretário-geral de Assuntos Humanitários, Mark Lowcock, lembrou que o novo coronavírus já destruiu vidas em alguns dos países mais ricos e agora está atingindo lugares onde as pessoas vivem em áreas de guerra, onde não há fácil acesso a água limpa e sabão e onde não há expectativa de leito hospitalar se ficarem criticamente doentes. “Deixar os países mais pobres e vulneráveis á própria sorte seria cruel e insensato. Se deixarmos o coronavírus se espalhar livremente nestes países, colocaremos milhões em risco, com regiões inteiras mergulhadas no caos e o vírus terá a oportunidade de circular novamente ao redor do planeta”, afirmou.

Lowcock reconheceu que os países lutando contra a pandemia em casa estão corretos em priorizar as pessoas vivendo dentro de suas comunidades mas que falharão em proteger seu povo se não agirem agora para ajudar os países mais pobres a se proteger.

“Nossa prioridade é ajudar estes países a se preparar e continuar a ajudar milhões que dependem da assistência humanitária da ONU para sobreviver. Adequadamente financiada, nossa resposta global irá equipar organizações humanitárias com ferramentas para lutar contra o vírus, salvar vidas e ajudar a conter o avanço da COVID-19 em todo o mundo”, afirmou.

O diretor-geral da Organização Mundial de Sáude (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que o virus agora está chegando a países com sistemas de saúde frágeis, incluindo alguns que já estão enfrentando crises humanitárias. “Estes países precisam do nosso apoio – não só por solidariedade mas também para nos proteger e ajudar a acabar com esta pandemia. Ao mesmo tempo, não podemos lutar contra a pandemia às custas de outras emergências de saúde humanitária”, pediu o dirigente.

A diretora executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Henrietta Fore, lembrou que há crianças entre as vítimas da pandemia do novo coronavírus e que o fechamento de escolas está afetando a educação, a saúde mental e o acesso a serviços de saúde básicos. Por conta disso, ela alertou que os riscos de exploração e abuso são maiores do que nunca, tanto para meninos quanto para meninas. “Para crianças em trânsito ou vivendo em conflito, as consequências serão diferentes de tudo o que já tivermos visto. Não podemos deixa-las de lado”, avisou.

Os quatro dirigentes participaram do lançamento virtual do Plano de Resposta Humanitária Global do COVID-19, através de conexão em vídeo. Juntos eles pediram que os estados-membros se comprometam a deter o impacto do COVID-19 nos países vulneráveis e contenham o vírus globalmente ao dar o apoio mais forte possível ao Plano, enquanto mantenham o apoio principal aos apelos humanitários existentes para ajudar mais de 100 milhões de pessoas que já dependem da assistência humanitária da ONU apenas para sobreviver.

Os estados-membros foram alertados de que qualquer desvio de financiamento de operações humanitárias existentes poderia criar um ambiente onde cólera, sarampo e meningite poderiam proliferar e no qual mais crianças ficariam desnutridas e onde extremistas poderiam assumir o controle – um solo fértil para o avanço do coronavírus.

Para iniciar o Plano de Resposta, Lowcock liberou 60 milhões de dólares adicionais do Fundo de Resposta Emergencial Central da ONU, elevando o apoio em resposta da pandemia para 75 milhões de dólares. Além disso, fundos conjuntos já alocaram mais de três milhões de dólares.

O novo direcionamento de recursos do Fundo – um dos maiores já feitos – irá contribuir para que o Programa Mundial de Alimentos garanta a continuidade das cadeias de abastecimento e transporte para trabalhadores e produtos de assistência, que a Organização Mundial de Saúde contenha o avanço da pandemia; e que outras agências garantam assistência e proteção humanitária para aqueles afetados diretamente pela pandemia, incluindo mulheres e meninas, refugiados e pessoas em deslocamento. O apoio inclui esforços em segurança alimentar, saúde física e mental, água e saneamento, nutrição e proteção.

O Plano de Resposta Humanitária Global do COVID-19 será coordenado pelo Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) e está disponível aqui. Ele reúne necessidades da Organização Mundial de Saúde (OMS), Organizacão das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Organização Internacional para Migração (OIM), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Fundo das Nações Unidas para População (UNFPA), ONU Habitat, Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e Programa Mundial de Alimentos (WFP)

quarta-feira, 25 de março de 2020

O Humor da Manchete: Arnaldo Niskier e Roberto Muggiati preparam livro sobre a comédia, as excentricidades e as pegadinhas que assolavam a Bloch Editores


O bunker da Rua do Russel, onde se instalava a Manchete, já rendeu vários livros. "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", coletânea de jornalistas que trabalharam na Bloch Editores, "Memória de um Sobrevivente", de Arnaldo Niskier, "Os Irmãos Karamabloch", de Arnaldo Bloch, "Seu Adolpho", de Felipe Pena e "Aconteceu, Virou História", de Elmo Francfort, entre os principais.

Pois vem aí mais um livro. Não apenas mais um. Dessa vez, Arnaldo Niskier e Roberto Muggiati vão explorar o humor que desanuviava as redações e aliviava a tensão dos fechamentos. Os dois autores, aliás, cobriram 45 dos 48 anos de vida da Manchete. E em postos de observação privilegiados. Arnaldo entrou na Manchete em 1955, Muggiati em 1965; o primeiro saiu nos anos 90; o segundo ficou até o fim, em 2000. De 1965 aos anos 1990 trabalharam juntos e compartilharam muito daquela “chose de Bloch” – parafraseando o bordão do Jô Soares, chose de loque.

O Humor da Manchete, em preparação, não é apenas texto, terá fotos incríveis também. Veja, abaixo, algumas imagens e um vídeo em que Arnaldo Niskier revela alguns episódios que estarão no livro.

Foto de Ronald de Almeida/Reprodução Fatos & Fotos 11-6-70

• Adolpho brincando numa Jump Ball, uma das muitas manias dos anos 70 (a foto é de 1970), Arnaldo, o “apanhador” aparece à esquerda, Que presidente de um império de comunicação se prestaria a tal acrobacia? Adolpho parece um daqueles judeus voadores das telas de Chagall.

Foto Acervo Pessoal, 1971

Foto Gil Pinheiro

• Teresópolis, outubro de 1971, Muggiati, chefe de redação de EleEla, dirigida pelo Cony, sobre a Serra para entrevistar o dr. Albert Sabin. Viúvo, Sabin é o alvo das facções casadoiras, Adolpho aposta todas suas fichas na Marlene Bregman, mestra do marketing da Bloch – Adolpho cuspia para esta função novidadeira do jornalismo – seu negócio eram fotos e tintas – Marlene aparece catando cravos nas pernas do médico ilustre. Muggiati teve de esperar até a soneca depois do almoço, quando Sabin o chamou ao seu quarto e o submeteu a um teste antes de conceder a entrevista: “You tell me, vat iz can-cerrr?!” A resposta – mais pelo inglês de Cambridge e da BBC do Muggiati do que por sua sapiência científica – satisfez o doutor, que finalmente concedeu a entrevista. Muggiati, triste sina, se tornaria o entrevistador by appointment de Sabin, o que incluiria uma entrevista especial para o lançamento da Rede Manchete em julho de 1983, todo um sábado e domingo de trabalho incluindo, além da entrevista propriamente – havia uma campanha de vacinação no Brasil naquele momento – até a edição do vídeo e a tradução das legendas, tarefa complicada para a inexperiente equipe da TV. Quanto à corrida para preencher o celibato de Sabin, Adolpho perdeu para a facção da Condessa Pereira Carneiro, que emplacou sua protegida Heloisa Dunshee de Abranches como nova esposa do Dr. Sabin. Na outra foto, a do fotógrafo Gil Pinheiro, Adolpho, o Abominável Homem da Serra, na ducha da fonte natural de Teresópolis.

Foto: Acervo Pessoal

Foto Acervo Pessoal

• O editor Roberto Muggiati  fazendo palhaçada na redação. Isso só poderia ter acontecido naquela hora morta da manhã de terça-feira – entre  a ressaca do fechamento da revista na segunda e sua saída nas bancas à quarta, antes da execrável reunião de pauta. Fotos do arquivo pessoal são provavelmente do início dos anos 90.

Arnaldo Niskier fala sobre O Humor da Manchete. Clique AQUI

Dois filmes que literalmente viralizam em tempo de isolamento social


Veja AQUI



De Elia Kazan - VEJA AQUI

terça-feira, 24 de março de 2020

Tempo de parar. Veja esse anúncio. É uma mensagem de esperança que vem de Portugal...


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Publimemória: muito antes do álcool gel...


Bayclean era um produto popular nos anos 1980.  

Stephen King, autor de livro sobre um vírus de gripe que contamina o mundo, faz um alerta sobre a Covid -19

O escritor Stephen King está usando The Stand (no Brasil o livro, de 1978, ganhou o título A Dança da Morte) para alertar as pessoas sobre a disseminação do coronavírus e a importância do  distanciamento social.

The Stand gira em torno de um colapso dos EUA após a liberação acidental de uma nova cepa de influenza.

King pediu através do twitter que não comparem o coronavírus com o vírus que contamina a humanidade na sua ficção. No livro,  o vírus se espalha e mata mais de 90% da população global, uma taxa de mortalidade que não se compara à da Covid-19, que está entre 1 e 3,4%.

Mas, ainda assim, ele admite que existem semelhanças. Um dos  capítulos, por exemplo, narra a rapidez com que a doença se espalha, uma das características do coronavírus.

O escritor fez, ainda, um alerta sobre a importância do distanciamento social, "a melhor arma que temos para combater a disseminação do coronavírus".

Suspensão de salários: o arrastão dos terroristas sociais neoliberais

Nada mais simbólico do que é capaz o terrorismo social neoliberal do que os acontecimentos de ontem. No mesmo dia em que anunciou o "confisco" de quatro meses de salários dos trabalhadores, o governo concordou em repassar R$10 bilhões em verbas públicas para as companhias aéreas.

Claro que as pequenas e médias empresas e alguns setores essenciais deverão ser apoiados pelo Estado. Nessa hora, aliás, o Estado mínimo que a selvageria neoliberal defende torna-se o máximo. Mas é extrema crueldade exigir que só os trabalhadores paguem a conta do freio da economia acionado pelo coronavírus.

Vários países estão apontando caminho oposto: estipular um dotação mensal como suporte a  populações sob cerco econômico. Em vez do desprezo, a solidariedade.

Diante da reação nas redes sociais, a medida provisória que determinava o arrastão dos salários foi suspensa. Mas a ameaça permanece. O arsenal de injustiças e de distribuição de privilégios do governo Bolsonaro e do seu Ministério da Economia é inesgotável.

segunda-feira, 23 de março de 2020

Onde está o logotipo?

Reprodução Twitter

Esqueceram a Doença do Amor! • Por Roberto Muggiati


Cartaz de A Montanha Mágica, de Thomas Mann
No festival de literatura pestilencial que assola a mídia, senti uma grave omissão, a da tuberculose – a Musa Branca ou o Mal du Siècle – que dizimou a burguesia e a classe média do século 19 à metade do século 20. Meu avô paterno, Diogo Muggiati, morreu de tuberculose aos 34 anos num hospital de Pavia, Itália, onde fora se tratar em 1911. Meu avô materno Eugênio Machado da Luz, e seu filho Geninho, também a contraíram, nos anos 1940. Batizada em 1839 pelo patologista alemão Johann Lukas Schoenlein, a tuberculose – originada a partir do gado domesticado – já ocorria na Grécia antiga. Ao longo da história, vários escritores contraíram a doença: os ingleses John Milton, Lord Byron, Shelley, Jane Austen; os alemães Goethe, Schiller, Kant; os russos Tchecov, Dostoievski, Gorki, os franceses Descartes, Musset, Balzac,  Camus; o suíço Jean-Jacques Rousseau; os americanos Walt Whitman, Ralph Waldo Emerson, Edgar Allan Poe.

Jeanne Moreau em Diário de uma camareira.
Na adolescência, invadindo a biblioteca do meu pai, lia furtivamente Segredos de Alcova/Journal d’une femme de chambre, romance de Octave Mirbeau, que foi filmado três vezes – em 1964 por Luis Buñuel, com Jeanne Moreau – o livro mostrava o furor sexual que assola os doentes (a incontrolável TT = tesão de tísico).

Robert Taylor e Greta Garbo em A dama das camélias

Mimi, a heroína da ópera de Puccini, La Bohème, sofre de tuberculose; e também Violeta, em La Traviata de Verdi – A dama das camélias do romance de Alexandre Dumas Filho que inspirou a ópera. A literatura e a música imortalizaram a tuberculose como “A doença do amor”.

Thomas Mann acompanhou a mulher doente em sua internação num sanatório de Davos Platz, na Suíça. A experiência o levou a escrever A montanha mágica, um dos maiores romances do século 20.  Em outra estação de sanatórios suíça, Clavadel, a russa Elena Ivanovna Diakonova, mais conhecida como Gala (depois Dali), conheceu o poeta Paul Éluard e acabaram se casando.

No Brasil, sem ir muito longe, temos uma verdadeira Sociedade dos Poetas Mortos (de Tuberculose): Castro Alves, aos 24 anos; Casemiro de Abreu, aos 23; Álvares de Azevedo, aos 21. Entre golfadas de sangue e poesia, todos cantaram a doença, Álvares de Azevedo, por exemplo:

Descansem o meu leito solitário 
Na floresta dos homens esquecida 
À sombra de uma cruz e escrevam nela: 
Foi poeta, sonhou e amou a vida.


Manuel Bandeira também peregrinou pelos sanatórios de Clavadel, de 1913 a 1914, onde travou amizade com Paul Éluard. A Primeira Guerra Mundial o forçou a voltar ao Brasil. A tuberculose inspirou-lhe um poema notável, Pneumotórax:

Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três… trinta e três… trinta e três…
— Respire.

— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

Nelson Rodrigues: esquete
cômico criado na cama
Quem visita a região petropolitana ainda pode ver, na praça central de Nogueira, a antiga estação ferroviária. Os trens da Leopoldina viajavam lotados de pacientes que acorriam aos sanatórios da Serra. O grande Nelson Rodrigues também frequentou a rota serrana, sua primeira internação foi aos 23 anos em Campos do Jordão, São Paulo, em 1935. Conta Ruy Castro em sua biografia de Nélson, O anjo pornográfico, que, instado pelos pacientes do Sanatorinho Popular, Nelson escreveu um esquete cômico sobre eles mesmos. O sucesso quase virou tragédia: levados a gargalhadas irresistíveis, os doentes sofreram violentos acessos de tosse que por pouco não se transformaram em jatos de sangue.

Lembro ainda, no começo da adolescência, uma cena de filme que causou frisson nas plateias da época. Em À noite sonhamos/A Song to Remember, uma biografia romanceada de Chopin, interpretado pelo galã Cornel Wilde, o fim prematuro do pianista polonês, que morreu de tuberculose aos 39 anos, se anuncia em tecnicolor quando gotas vermelhas de sangue caem sobre as teclas brancas do piano.

Jimmie Rodgers
Os cantores de blues e de Country & Western, uma raça itinerante, foram os músicos mais atingidos pela tuberculose na primeira metade do século 20 e exorcizaram as dores da doença em suas canções. Uma das mais conhecidas é T B Blues, de Jimmie Rodgers:

‘Cause my body rattles
Like a train on that old S.P.
I’ve got the T.B. blues.
Porque meu coração chacoalha
Como um trem naquela velha Southern Pacific
Eu tenho o blues da tuberculose.
(Ouçam AQUI)


O jazz na virada do bebop, perdeu três grandes promessas: o baixista Jimmy Blanton, aos 23 anos; o guitarrista Charlie Christian, aos 25; e o trompetista Fats Navarro, aos 26. Os sambistas brasileiros também sofreram pesadas baixas, como os escritores, atores e jornalistas mais chegados à vida boêmia. O exemplo mais notório é o genial Noel Rosa, que morreu de tuberculose em 1937, aos 26 anos (por pouco não entra para o célebre Clube 27...)

Além da tuberculose, outros surtos de doença forneceram rico material para a literatura. A Peste Negra da Idade Média levou o contemporâneo Boccaccio a escrever o Decamerão. Edgar Allan Poe inspirou-se em outra peste para escrever o conto A máscara da Morte Vermelha. Pedro Nava e Nelson Rodrigues descreveram a passagem da Gripe Espanhola pelo Brasil no pós-guerra de 1918. O cólera rendeu duas obra-primas: O amor nos tempos do cólera, de García Marquez, e Morte em Veneza, de Thomas Mann.

Este inusitado coronavírus que caiu de repente sobre nós, já deu inspiração de sobra. Eu mesmo comecei a escrever um Diário do Coronavírus. Só estou torcendo agora, como todos nós, para que esta praga vá embora o mais rápido possível.

PS – Se querem saber bem mais, consultem o link
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pessoas_que_sofreram_de_tuberculose


domingo, 22 de março de 2020

Papa Francisco: a benção diante da Praça de São Pedro vazia...

Foto Vaticano Media

Nada é por acaso. Sigam o dinheiro...

Reproduzido  do Estadão

Covid-19 tem "visto preferencial" para entrar no Brasil? Passageiros denunciam que aeroportos estão de "porteira aberta"

Relatos de passageiros dão conta de que voos da Espanha, Itália e Portugal chegam lotados ao Brasil e não encontram qualquer fiscalização nos aeroportos. 


Reproduzido do Facebook

Veja o vídeo AQUI. Reproduzido do Twiter
No Ceará e no Maranhão, governadores tiveram que recorrer à Justiça, contra a Anac e Anvisa, para determinar fiscalização de passageiros em aeroportos. A agência provavelmente vai recorrer para manter os portões abertos como quer o governo federal.  




Reproduções Twitter



O coronavoo...

Reproduzido do Twitter

Covid-19: desconfie das estatísticas (infelizmente a situação pode ser pior)

Benjamin Disraeli, ex-primeiro ministro  britânico no século 18, é autor da frase abaixo:

- "Existem três tipos de mentiras, aquela com pernas, aquela com pernas longas e as estatísticas".

Disraeli, se vivo fosse, acrescentaria um quarto tipo: as estatísticas do coronavírus. Se os números da economia que sustentam os comentários dos jornalistas de mercado costumam ser furados pela dura realidade - sejam os da suposta "retomada" do crescimento, os do desemprego, os da venda no varejo etc - imaginem as cifras da atual pandemia.

Entre os mortos no Brasil  há mais de um caso de pessoas que sequer constavam do número de infectados. A Itália registra problema semelhante. A revista Panorama apontou situações não detectadas pelas autoridades locais e citou um exemplo: o de um cidadão que telefonou para o seu médico particular dizendo que estava com febre, foi aconselhado a tomar remédio à base de paracetamol. Mesmo assim, no dia seguinte a febre subiu, acompanhada de uma leve dificuldade para respirar. O médico, por telefone, diagnosticou Covid-19 e mandou que ele ficasse em quarentena e só fosse ao hospital no caso de agravamento da respiração. Lá, os serviços públicos não são informados de casos desse tipo. Aqui, um hospital em São Paulo deixou de relatar pelo menos cinco doentes.

Quer dizer, existe o doente clandestino.

Não importa sua idade, siga os conselhos dos médicos: fique em casa, cumpra rigorosa quarentena, lave bem as mãos e desinfecte produtos recebidos.

Fique de olho em uma controvérsia não muito esclarecida. Vários países aconselham o uso de máscaras por pessoas não infectadas, quando em público ou em contato com alguém. No Brasil, autoridades dizem que a máscara não protege, talvez por temer desabastecimento. Mas, mesmo em quarentena, faz sentido usar máscara ao atender entregas, por exemplo. Faça isso, se possível. Se os profissionais de saúde as usam nos seus ambientes de trabalho, significa que esse é um recurso válido de proteção.

Na capa da Veja: as últimas trincheiras da vida


A Veja cobriu a rotina no Albert Einstein, um hospital de ponta. A chamada principal é verdadeira. Os profissionais de saúde estão na linha de frente da luta contra o coronavírus.
Pode-se dizer que, em termos de dramaticidade, a Veja não viu nada ainda.
Nos últimos dois dias, surgiram suspeitas de contaminação em grandes favelas. Segundo os infectologistas, essa será a grande inflexão da pandemia no Brasil, quando campo de batalha se transfere para a saúde pública sucateada pelo fundamentalistas do "teto de gastos" dos últimos anos.

Para não esquecer: há 30 anos o Collorvírus assolava o Brasil...

Há 30 anos, Collor tomava posse. A foto mostra o eleito e sua facção descendo a rampa e, simbolicamente, levando o Brasil para um buraco econômico e moral. Foto de Elza Fiúza/Agência Brasil

A data passou praticamente em branco. O coronavírus ocupa todos os espaços.

Mas em 15 de março de 1990, há 30 anos, uma praga assolava o Brasil. Fernando Collor tomava posse. Logo no dia seguinte, mandou confiscar a poupança de milhões de brasileiros. O neoliberalismo do novo governo logo seria potencializado com altas doses de corrupção.

O Collorvírus atacou todos os setores. Uma das medidas do "caçador de marajás" exaltado pela Veja , Globo, Manchete e outros veículos da direita - que aliás fizeram um evidente "jornalismo" de campanha, que lembrou muito o que elegeu o pai do Bananinha - foi acabar com uma secular estrutura pública de combate às edemias, presente em todos os estados brasileiros. Os guardas e médicos da Sucam, anteriormente chamada de Departamento Nacional de Endemias Rurais, combateram doenças como Chagas, malária, esquistossomose, febre amarela, filariose, tracoma, bócio endêmico, leishmanioses e dengue (em 1955 foi eliminado o último foco no país) nas pequenas cidades, nas áreas rurais e nas mais distantes fazendas e povoados. Uma organização que faz falta em dias como os atuais.

De resto, uma triste conclusão: o eleitor brasileiro não desenvolveu anticorpos nem imunidade contra esses profetas da incompetência que fazem do país uma das maiores ilhas de injustiça social do mundo.

sábado, 21 de março de 2020

Fora, vírus! Sujou? Use álcool gel...

Reprodução Facebook

A saideira...


O governo inglês vinha pedindo que as pessoas evitassem se aglomerar em pubs. A recomendação não pegou e os pubs continuaram lotados até que as autoridades decidiram fechá-los de vez.
The Sun publica as fotos acima com as casas cheias para a saideira, na véspera de começar a vigorar a proibição.

Revista Time: quando o mundo para


Na capa da Istoé: "chose de loque", como dizia o bordão de Jô Soares...


Os "agentes transmissores" do coronavírus...


Os âncoras da mídia conservadora se derramaram em elogios ao ministro da Saúde, Luiz Mandetta. Deve ter sido por carência. De tão agredida pelo Bananão, o pai do Bananinha, a mídia se deslumbrou com o tratamento mais civilizado que recebeu durante as primeiras coletivas sobre o coronavírus. Agora, a realidade mostra que, por inspiração do chefe que desacredita a pandemia sempre que pode, o governo rejeitou por tempo demais qualquer medida restritiva e jogou o Brasil no trágico modelo da Itália. Perdeu tempo que vai custa vidas. Mesmo com o avanço da Covid-19, o Planalto, para quem a pandemia é "gripezinha", continua praticamente ignorando a estratégia de colocar cidades em quarentena, de parar atividades não essenciais.
Por falar em atividades não essenciais, Mandetta fez um discurso, ontem, baseado em falsa premissa. Segundo ele, fechar rodovias e aeroportos significa impedir que insumos sanitários cheguem aos hospitais. Falso. Países que bloqueiam estradas e voos não impedem transporte de carga, nem de veículos essenciais. O objetivo e impedir ou reduzir a circulação de pessoas.
O twitter acima é do governador do Maranhão que faz há semanas um trabalho preventivo no estado. Ele havia pedido a interrupção - assim com o governador Wilson Witzel, no caso do Rio de Janeiro - de voos comerciais com passageiros. Seguindo o discurso ignorante de Brasília, um juiz negou a solicitação do governador do Maranhão. E a Anac nem considerou o pedido semelhante do governador do Rio de Janeiro. O Planalto desmiolado parece se candidatar a um crachá de agente transmissor do coronavírus no Brasil.

Folha faz anúncio com falas do pai do Bananinha para mostrar furor sociopata contra a liberdade de imprensa


VEJA O ANÚNCIO DA FOLHA DE SÃO PAULO. CLIQUE AQUI

"O senhor me ouve bem, governador Zema? "'Ovo' muito bem"


O homem é do Partido Novo, mas o português é decadente. Em entrevista à CNN Brasil, o governador de Minas, Romeu Zema, respondeu ""Ovo" muito bem", quando a apresentadora deu-lhe as boas-vindas ao programa e perguntou-lhe se a ouvia bem.  Veja AQUI

Solidários: jornais argentinos fazem capas iguais para combater o vírus


sexta-feira, 20 de março de 2020

Memória digital? Cuidado que o vento leva. Ou o que restou do NO.




Há muito se discute o risco de guardar textos e fotos apenas em memória digital. O prazer de folhear o álbum de família da sua infância, em versão analógica, talvez não seja experimentado pelo seu filho ou neto, a não ser que você mande imprimir as lembranças e as guarde bem. Claro que pode guardá-las em pen drives e em HDs internos e externos, que têm componentes que podem entrar em colapso. Ou em DVDs que, dizem, é mais seguro, ou ainda na nuvem que armazena arquivos em diversos servidores, mas não é infalível, pode sofrer invasões.

O álbum de família é um simples exemplo, mas a questão envolve aspectos gerais da memória histórica, jornalística, científica e cultural.

Veja este: na época da bolha da internet, na virada dos anos 1990 para Século 21, surgiu no Brasil um site que reuniu uma brilhante equipe de jornalistas. Era o NO. O No Ponto. Se teve grande audiência naqueles quase primórdios do jornalismo digital, não se sabe, mas foi certamente um nicho de qualidade na época. O site era bancado por um banco de investimentos que logo tirou o time de campo, como costuma acontecer nas iniciativas instáveis desses operadores financeiros. Com o fechamento, diz-se, todo o arquivo do NO. teria se perdido em algum desfiladeiro ou caverna impenetrável da internet.

Todo, não. Algumas páginas escaparam do "delete" fatídico.

Roberto Muggiati, ex-diretor da Manchete e ex-colaborador do NO. , desconfiou da perenidade dos seus escritos em ambiente não palpável e preferiu imprimir e encadernar seus textos. E alguma coisa escapou do site que sumiu misteriosamente.

Fotomemória: Elis Regina, a voz de um cometa. Por Guina Araújo Ramos

Elis Regina no ensaio do show Transversal do Tempo - Rio, 1978 - Foto Guina Araújo Ramos

por Guina Araújo Ramos 
Neste difícil momento em que o Brasil, com a chegada ao país de uma pandemia, entra numa espiral que talvez seja mortal para muitos brasileiros, que seja também tempo de relembrar alguém que, vivendo a vida intensamente (que “viver é melhor que sonhar”), teria feito, neste 17 de março de 2020, exatos 75 anos: uma das nossas grandes vozes, Elis Regina, a “Pimentinha”, entre tantos outros epítetos elogiosos que mereceu.

Quem sou eu para “biografar” Elis Regina, uma estrela no luminoso céu da música popular brasileira... Diria apenas que, diante da rapidez e do brilho de sua trajetória, talvez seja mais preciso dizer que Elis Regina foi, para mim e para o Brasil, um verdadeiro cometa.
Conto abaixo apenas a parte que me coube do contato com esta luminosa presença musical.
Fotografei Elis Regina apenas uma vez, e não frente a frente mas à distância. Foi dos fundos da plateia vazia do Teatro Ginástico, no Centro do Rio de Janeiro, durante um ensaio do show Transversal do Tempo, que estrelou no bem muito distante ano de 1978.
O material publicado creio que se resumiu a esta curiosa foto em que Elis Regina canta quase esparramada no chão do palco do teatro, sentada à frente de uma estrutura de andaimes metálicos, usando um terno masculino, que lembra uma roupa de morador de rua.


Interessante que o crítico da Fatos & Fotos, onde foi publicada a matéria, não gostou nem um pouco do visual do show. Destacou a qualidade da intérprete e do show, “o melhor de Elis”, mas arrasou com a proposta do cenário, “o pior visual que um show poderia ousar”.

De minha parte, achei ótimo poder fazer uma imagem assim inusitada, ao menos para quem não viu o show. E conseguir pegar, por conta da espontaneidade dela, uma expressão tão vivaz de quem levou tão intensamente a vida.

Ou seja, Elis Regina (se) saiu muito bem na foto.

quinta-feira, 19 de março de 2020

Aline Riscado: mensagem de paz

Reprodução Instagram

Na coletiva dos insensatos: Mandetta avisa a Bolsonaro que repórter é "chata de galocha".

Na coletiva dos mascarados, o ministro Luiz Mandetta avisa a Bolsoanro que a repórter do Estadão, Jussara Soares, é "chata de galocha". 
Claro que isso, para uma jornalista que lida com a facção no poder, é um tremendo elogio.
Veja o vídeo AQUI 

Coletivas: "pega na mentira, corta o rabo dela, pisa em cima, bate nela"

Foto de Marcos Corrêa/PR

Essa foto é, sem duvida, a mais ridícula da semana.

Bolsonaro e ministros fazem uma cenografia em rede nacional para mostrar suas "preocupações" com o vírus. O capitão inativo tem, na vida real, debochado da pandemia e dá a mínima para recomendações médicas, como evitar contato físico.

Isso depois de participar da comitiva presidencial mais contaminada do mundo. Ele diz, agora, que qualquer dia os brasileiros o verão no metrô lotado de São Paulo e na barca Rio-Niterói.

Mandetta foi o "rei das coletivas" antes de Bolsonaro tomar o seu papel. Foi elogiado pela "transparência". Sabe-se, agora, que o governo federal foi leniente em medidas mais restritivas (alguns os estados, como Rio e SP acabaram saindo na frente, mas a maioria ainda reluta em decisões mais rigorosas) e muito do que se falou naquelas coletivas não correspondia à realidade ou não estava em prática. O Brasil perdeu tempo em várias medidas, provavelmente por inspiração do chefe que achava que nada precisava parar e que a mídia espalhava pânico na população.

Foto de Gervário Baptista

Mas a coletiva do Bolsonaro e seus ministro bateu o recorde em encenação. Eles tiravam e botavam a máscara que o marketing governamental plantou para mostrar autoridades "conscientes". O mais desmiolado chegou a pendurar a máscara na orelha.

Talvez o reality show armado pelo Planalto só encontre semelhança com a foto dramaticamente ridícula de Tancredo Neves e sua equipe médica.  A foto foi feita no dia 25 de março, no Hospital de Base, de Brasília, pelo saudoso Gervásio Baptista, então convidado para ser o fotógrafo oficial do presidente "eleito" pelo Colégio Eleitoral da ditadura.

Não foi exatamente uma coletiva, mas teve o mesmo efeito. Armada para mostrar que Tancredo estava se "recuperando bem", a foto foi imediatamente distribuída para todos os veículos. Apenas três horas depois de ser fotografado, Tancredo sofreu forte hemorragia e foi transferido para um hospital em São Paulo, onde morreu em 21 de abril de 1985.

A imagens são ridículas, mas, por favor, os fotógrafos não têm culpa. Apenas focalizaram o show.