quinta-feira, 15 de março de 2018

Revista National Geographic pede desculpas por racismo histórico. Jornalismo brasileiro também deve retratação


por José Esmeraldo Gonçalves 

"Durante décadas, nossa cobertura era racista". Na mais recente edição da National Geographic, a matéria de capa é um pedido de desculpas. A revista reconhece que o jornalismo que praticou durante décadas foi racista e, até a década de 1970 (a NG foi criada em 1888) praticamente ignorou "pessoas de cor". Quando apareciam em matérias realizadas no continente africano, eram classificadas como "exóticas". O mesmo rótulo era, a propósito, aplicado aos índios brasileiros.

Para edição em que faz a retratação histórica, a National Geographic contratou um estudioso da Fotografia, John Edwin Mason, professor da Universidade da Virgínia, que mergulhou na coleção da revista para identificar manifestações racistas explícitas e ilustradas. Não raro, populações "exóticas", como os aborígenes australianos, eram citados em reportagens como de "menor grau de inteligência".

A capa da National Geographic retrata o pedido de desculpas tardio mas importante. As duas meninas são gêmeas birraciais. A chamada de capa - Black and White, com as palavras trocado de lugar - é igualmente simbólica.

As coleções de jornais e revistas brasileiros também guardam manifestações racistas, étnicas ou sociais. Não há registro de um levantamento minucioso do jornalismo do passado. E, muito menos, a expectativa de que algum veículo replique aqui, hoje, o gesto da  National Geographic. Durante décadas, os negros brasileiros frequentavam apenas as páginas policiais. Índios vendiam revistas, muitas vezes, pelo enfoque "exótico". As revistas de moda ignoravam modelos negras. Para a publicidade, o Brasil era um país caucasiano.
Uma das raras capas com uma negra: Ruth de Souza na Manchete em 1953,... 

...mas a mesma Manchete foi capaz de publicar o título racista acima.

A Manchete, embora tenha sido, provavelmente, a primeira grande revista a publicar uma capa com uma negra - a atriz Ruth de Souza, em 1953 -, também foi capaz de produzir uma matéria sobre um casamento interracial - o noivo era o jogador Escurinho, do Fluminense - e destacar um título que é um exemplo de racismo: "Quem ama o preto bonito lhe parece".

O Cruzeiro: a criminalização das religiões de origem afro. 

O Cruzeiro, em outro exemplo, focalizava manifestações religiosas de origem afro como rituais criminosos.

Em tempos mais recentes ainda era comum em algumas redações, ao se discutir eventual capa com personagem negro em evidência, alguém lançar a dúvida às vezes seguida de gesto (o dedo indicador tocando o pulso) que questionava a pele. Sem falar no bordão inspirado na publicidade e que estigmatizava metade da população brasileira: "Negro não vende".

O jornalismo ainda deve muita retratação.

Para ver a matéria da National Geographic, clique AQUI  

quarta-feira, 14 de março de 2018

Leitura dinâmica: Stephen Hawking, Bebeto, taxa de carioca, a volta da Moral e Cívica, mulher torturadora...

* Frase  que fica - De Stephen Hawking, que morreu ontem aos 76 anos: "Somos apenas uma estirpe avançada de macacos em um planeta menor de uma estrela muito comum. Mas podemos entender o universo. Isto nos torna muito especiais”. Foi dita em 1988, em entrevista à Der Spiegel. Em 1994, Pink Flyd "sampleou" a voz de Hawking na música Keepp Talking. Veja o clipe e ouça AQUI. *

* Fumaram a propina: O Esch Café foi templo badalado pela elite carioca. Era exaltado em matérias e colunas sociais. Entre baforadas, era centro de degustação de propinas. A Lava Jato acusa o dono do lugar, empresário Felipe Paiva, como "coordenador' do esquema de jabaculês com dinheiro público.

* O carioca frequentemente paga com a vida por morar em uma cidade onde o tráfico domina territórios. E paga em dinheiro o custo da violência. Além de dar as ordens nas favelas, os traficantes e milicianos agora unidos fazem dos assaltos nas ruas, roubo de carros, explosões de caixa, roubos de cargas, gatos de TV por assinatura, vans, venda de gás, de cestas básicas etc o franchising do crime. Para completar, as empresas, como Correios, Light e transportadoras agora transferem para o consumidor um taxa para compensar os riscos de atuar no Rio. E o cidadão sair perdendo em todas as situações.

* O Brasil vive um novo milagre econômico? A coluna de Míriam Leitão no Globo de hoje tanto louva o governo e pinta de rosa a conjuntura que poderia ser assinada pela Agência Brasil.

* O jogo Vasco 0 X 1 Universidad de Chile, ontem, foi truncado pela violência habitual nos jogos da Libertadores. Mas quem mais apanhou em São Januário foi a bola. A "gorduchinha", como apelidava o locutor Osmar Santos foi praticamente linchada pelos dois times

* Torturadora - Espera-se que a nomeação de Gina Haspel como primeira mulher a chefiar a CIA não seja comemorada por mais ninguém além do presidente dos Estados Unidos. A mulher era gestora de torturas nos porões da "Gestapo" americana. Para Trump a nomeação foi o seu jeito de comemorar o Dia Internacional da Mulher.

* Esculhambação ideológica - Nada define mais a coerência partidária no Brasil do que o PPS (Partido  Popular Socialista). O partido se diz "de esquerda" e originário do Partido Comunista. Pois o deputado distrital Raimundo Ribeiro é o autor da lei que impõe a volta de uma disciplina escolar da ditadura - Educação Moral e Cívica - às escolas de Brasília. O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) até vetou o projeto, mas a Câmara Legislativa derrubou o veto e revalidou a lei de Costa e Silva. A pergunta que não quer calar: Raimundo Ribeiro vai buscar mais inspiração no regime militar? Vai ver ele sonha em recriar outras instituições goebbelianos da ditadura: "Povo Limpo é Povo Desenvolvido", "Ame-o ou Deixe-o",  "Ninguém Segura este Paí", "Doi Codi", Dops...

* Flamengo "amarelou" - Até os torcedores rubro-negros estão reclamando do novo uniforme do time, todo em amarelo. Parece um tentativa vulgar de pegar carona nas cores da Seleção em um ano de Copa. Falta trocar o Urubu pelo Canarinho.

* O criador da "Geração de Prata" do vôlei - Morreu Bebeto de Freitas. Era sobrinho de João Saldanha e tinha o esporte na veia. Foi o técnico da seleção na Olimpíada de Barcelona em 1994, quando ganhou a histórica medalha de prata e posterior evolução do vôlei brasileiro tem sua mão de ex=levantador.

* Campos para refugiados - Bolsonaro anuncia que vai revogar a Lei de Imigração e construir campos para concentrar na fronteira venezuelanos que buscam o Brasil.

* Para saber como funciona a igreja-indústria neopentecostal, leia o livro  "Neopentecostais: sociologia do novo pentecostalismo no Brasil", de Ricardo Mariano.

* Humor cotidiano - frase de Carmen Lúcia: "Simplesmente não me submeto a pressões".

* Essa suposta negociação da "Escolinha do professor Temer" com o governo Trump, após a taxação do aço, pode acabar em mais prejuízo para o Brasil. Por enquanto, podem ser colocadas na mesa mais imposições americanas, segundo matéria do Globo, hoje: que a Embraer passe para a Boeing o mais rápido possível e que o Brasil libere a importação de etanol de milho produzido na terra do Tio Trump. Enquanto outros países estudam retaliações, no Bananão, como dizia Ivan Lessa, os nossos Chicago Boys já fazem a lista do que podem entregar.

terça-feira, 13 de março de 2018

Com tiragem de 7 milhões de exemplares, vem aí o Álbum de Figurinhas da Copa do Mundo da Rússia

por Niko Bolontrin 

Taí uma edição impressa que resiste ao digital e costuma ser fenômeno de vendas.

A Panini lança nessa semana o Álbum Oficial da Copa do Mundo da Rússia com 80 páginas para 682 figurinhas. Quer saber a tiragem? Segure aí: 7 milhões de exemplares.

Tite ainda não escalou todos os jogadores que vão para o mundial mas a seleção das figurinhas já tem seus convocados: Alisson, Daniel Alves, Marquinhos, Thiago Silva, Miranda, Marcelo, Filipe Luís, Casemiro, Fernandinho, Paulinho, Giuliano, Renato Augusto, Willian, Douglas Costa, Philippe Coutinho, Gabriel Jesus, Roberto Firmino e Neymar.

As outras 31 seleções classificadas para a Copa estão no álbum, cada uma com 18 jogadores.

As figurinhas serão comercializadas a partir do dia 16, próxima sexta-feira. Já o álbum será vendido nas bancas a partir de 20 de março.

Mas no domingo, 18, cerca de 40 jornais brasileiros distribuirão o álbum, "de grátis".


"You're Fired"!: Casa Branca virou set do reality The Apprentice




por Ed Sá 
Donald Trump demitiu hoje o secretário de Estado Rex Tillerson e nomeou para o lugar o diretor da CIA, Mike Pompeo. Nos vários níveis de governo, mas especialmente entre os integrantes do chamado "núcleo duro", Trump já demitiu mais de 30 colaboradores nomeados por ele mesmo, em 14 meses de governo. A mídia ironiza e a rede social se diverte com o presidente que ainda não saiu do set do reality show The Apprentice. O bordão You're Fired  ecoa praticamente toda semana nos corredores da Casa Branca.

E esse flagrante da vida virtual? Você viu?

Reprodução Twitter

Agora vai? Apple compra a Netflix das revistas...


A notícia está no site da Apple e repercute na imprensa mundial. A gigante da internet acaba de anunciar a compra da Texture, que pertencia à Next Issue Media e é uma espécie de Netflix das principais revistas da Condé Nast, News Corp, Hearst, entre outras editoras de 200 títulos.
Leia mais no site da Apple, clique AQUI  

"Fake news" ou "no news"? Fique atento à campanha que ameaça censurar a internet...

Quando faz campanhas contra fake news e generaliza acusações, jogando no mesmo saco o jornalismo digital independente e a ação dos perfis geralmente falsos que disseminam mentiras no Facebook, Whatapp, Twitter e até nas ainda sobreviventes "correntes de email", a velha mídia brasileira faz patética tentativa para manter o controle da informação.

Nem todos os veículos digitais são multiplicadores de fake news, nem todos os perfis das redes sociais são geradores de notícias falsas, nem o jornalismo profissional é uma exclusividade das grandes corporações, que, aliás, filtram a notícia na mesa de edição e, muitas vezes, omitem o contraditório, segundo seus interesses políticos e econômicos.

Além disso, é cada vez mais frequente, para a "mídia profissional", ir buscar notícia nas redes sociais.

Há tempos, a maioria das entrevistas coletivas em que autoridades, políticos, empresários, instituições e corporações, celebridades e atletas etc anunciavam "furos" foi substituída por postagens nos respectivos perfis pessoais ou corporativos.

Em palestra durante o SXSW (South by Southweest) na Universidade do Texas, em Austin, que acontece em todo o mês de março desde 1987, o jornalista David Fahrenthold contou que, ao apurar reportagens passou a interagir com leitores através das redes sociais. Repórter do Washington Post, Fahrenthold ganhou o Prêmio Pulitzer em 2017 (veja mais informações aqui) ao expor mentiras espalhadas por Donald Trump durante a campanha eleitoral em relação a doações a instituições de caridade alardeadas pelo então candidato.

Como as fontes oficiais se fecharam, o jornalista pediu ajuda via twitter e se surpreendeu com as respostas. A partir de pistas fornecidas por internautas, que ele obviamente selecionou e checou, sua investigação prosseguiu. Quase por acaso, como admitiu, David Fahrenthold introduziu como um dos novos recursos do jornalismo investigativo a parceria com os leitores através das redes sociais.

Portanto, desconfie das intenções de quem acha que as redes sociais são apenas antros de canalhas, que só os outros produzem fake news e fique atento às campanhas que ao generalizar essa incômoda deturpação da internet ameaçam com coisa pior: no news.

Leia-se: censura.


Assédio geológico... é pau, é pedra



por O.V.Pochê
Uma turista não identificada assediou literalmente uma formação geológica em forma de pênis na ilha de Koh Samui, na Tailândia. A população local considera a "Pedra do Vovô", como é conhecida, um local sagrado. Moradores da ilha tentam identificar a turista loura, que simulava transar com o "Vovô", e fazem um apelo para que ela peça desculpas. A notícia é do Daily Mail.

domingo, 11 de março de 2018

Copa da Mundo da Rússia... Prepara!


Reproduções You Tube

A menos de 100 dias da bola rolar Mc Donald's lança o primeiro filme da campanha para a Copa da Rússia, da DPZ&T, com Neymar, Anitta e a música Show das Poderosas. VEJA O VÍDEO, CLIQUE AQUI

sábado, 10 de março de 2018

O bilhete do Joel - por Walterson Sardenberg S°



Por Walterson Sardenberg Sº

Quando Joel Silveira chegava na sucursal de São Paulo da Bloch Editores, vindo do Rio de Janeiro, carregando o corpanzil e toda a simpatia, naquele final dos anos 70, o fotógrafo Mituo Shiguihara já sabia: teria noites animadas. Os dois se davam muito bem. Joel era sergipano de Lagarto. Mituo, paulista de Lins, onde o escrivão do cartório, inapto, esqueceu o “s” de Mitsuo ao grafar o nome de batismo. Apesar das extensas diferenças de origem, o velho repórter nordestino e o experiente fotógrafo nissei tinham imensas afinidades. A começar pelo gosto pelas noitadas.
Sabendo dessa ligação, Pedro Jack Kapeller, o Jaquito, sobrinho de Adolpho Bloch e diretor da editora, gostava de propor matérias para a dupla. Uma delas lhe pareceu juntar o útil, o agradável e o departamento comercial.

Joel e Mituo fariam uma odisseia pela grande e pequena indústria de bebidas do país, das cachaças do interior nordestino aos espumantes da Serra Gaúcha, passando por destilarias mineiras, paulistas, fluminenses, catarinenses, o que houvesse. Na visão de Jaquito, era uma pauta que renderia anúncios publicitários em Manchete e, ao mesmo tempo, irrecusável pela dupla nipo-sergipana, muito chegada aos eflúvios etílicos. Consultado a respeito, Joel Silveira estranhou: “Você quer uma matéria ou duas cirroses?”. A matéria não saiu.

No final de 1978, eu, aos 21 anos, recém-contratado, era foca — e foca total — na sucursal paulista, quando vi Joel Silveira pela primeira vez, entrando na redação da avenida 9 de julho. Naturalmente, o jovem jornalista que fui sabia de quem se tratava. Eu já tinha lido a devastadora e hilariante reportagem que Joel escrevera, ainda nos anos 40, sobre a grã-finagem paulistana, para a revista Diretrizes, de Samuel Wainer. Havia sido republicada, por sinal, pela própria Bloch no livro As Reportagens que Abalaram o Brasil, naqueles anos 70. Mas eu ainda não tinha a real dimensão de quão revolucionário era o estilo coloquial e divertido de Joel, se comparado ao ramerrão parnasiano da maioria dos seus parceiros de geração. Tampouco havia lido as candentes crônicas da Segunda Guerra dele, escritas no front, no calor da hora.

Tudo isso para dizer que, por obra do acaso, encontrei em casa um bilhete do Joel Silveira para o então chefe de reportagem da sucursal paulista, Celso Arnaldo Araujo. Como foi parar nas minhas mãos? Creio que o meu velho amigo — e também professor sem cátedra, no dia a dia da redação — Celso me pediu que fosse ao bairro da Liberdade colher dados policiais para completar uma matéria do Joel. Não lembro de ter falado com o delegado, mas isso deve ter acontecido. É provável que Joel, em suas andanças com Mituo, tenha, digamos, se esquecido de apurar algumas informações. De qualquer maneira, o bilhete, que reproduzo aqui, é autoexplicativo.

Vi Joel Silveira duas ou três vezes na redação. Não o acompanhei em seu périplos noturnos paulistanos, pois ainda não era então tão amigo de Mituo para ser convidado. Tem mais: o fotógrafo, naqueles dias, devia me achar pouco mais do que um fedelho — o que eu era de fato. Com o passar dos anos, contudo, me tornei amigo de Mituo, o que me muito me honra. Fizemos, inclusive, viagens juntos pelo Nordeste em matérias para revistas já não da Bloch, mas da Editora Abril. Corintiano fanático, gozador, contumaz apreciador do sexo oposto, bebedor de whisky nas pedras – abominava cerveja –, era um companheiraço, além de um mestre na fotografia, que aprimorou, ainda jovem, numa escola de Nova York.

Joel Silveira morreu em 2007, aos 89 anos. Seu amigo Mituo não teve tamanha longevidade. Morreu em dezembro de 1988, fazendo uma reportagem com Expedito Marazzi – lendário jornalista da área de veículos – para a revista Caminhoneiro. O caminhão em que rodavam despencou na sinuosa e então  perigosa estrada Mogi-Bertioga. Lá se foi o “nissei e aculturado”, com “mais cara de cearense do que de nipônico”, como Joel, sacana e carinhoso, descrevia no bilhete que despontou nos meus guardados, como uma estrela.

Já avisei ao Celso Arnaldo: o bilhete era endereçado a ele, mas não devolvo sob hipótese alguma.

sexta-feira, 9 de março de 2018

Roma: construção de linha de metrô que passa pelo Centro Histórico revela "Nova Pompeia"








Fotos Ministero dei Beni e delle Attività Culturali e del Turismo
por Flávio Sépia 

Tudo bem o metrô do Rio também guarda surpresas, incluindo uma estação inteira abandonada (alguns metros abaixo da Carioca) e outra em projeto mas inundada, a da Gávea. Para compensar, a General Osório tem logo duas estações, uma em cima da outra, e só uma delas funciona. No túnel inacabado entre Antero de Quental e Gávea, um eventual praticante de trekking subterrâneo encontrará o Tatuzão: a perfuratriz de 129 metros de comprimento vale mais de R$ 100 milhões e está lá parada e custa R$ 3 milhões de manutenção por mês.

O metrô de Roma tem surpresas mais edificantes. A construção da Linha C, que passa pelo Centro Histórico revelou tantos tesouros arqueológicos que foram criadas estações-museus. A última descoberta, que começou a ser escavada em 2016, foi divulgada em detalhes há poucos dias. A 10 metros de profundidade, na Via dell'Amba Aradam, surgiu o conjunto que foi denominado de Casa del Comandante. Trata-se de uma mansão de 300 metros quadrados que fazia parte de um quartel do Século II dC, e seria a residência de um general romano. Embora tenha sofrido incêndios e danos causados por terremotos, mostra peças extraordinariamente bem conservadas e decoradas com mosaicos e pinturas e pisos de mármore, ardósia e mosaicos. O complexo tem 14 quartos distribuídos em torno de um pátio central com fonte e banheiras.

O Metrô C possibilitou a descoberta de vários sítios arqueológicos e, por isso, ganhou o apelido de "Pequena Pompeia".

No Rio, a "arqueologia" da Lava Jato ainda está em andamento.

quinta-feira, 8 de março de 2018

O regime de exceção já virou capa - Para Le Monde Diplomatique, Brasil já rasga páginas da Constituição


The Economist: Trump declara guerra mundial...


A capa da revista The Economist é a guerra comercial aberta por Donald Trump que, na prática, decreta uma sanção global. A União Europeia já listou produtos americanos que serão taxados tão logo os Estados Unidos aumentem em até 25% os impostos para importação de aço e alumínio. Trump também ameaça elevar os impostos para automóveis importados e outros produtos. O Brasil pode ser duplamente prejudicado pela medida: perderá o mercado americano e poderá sofrer os efeitos da queda do preço do aço no mercado. Os Estados Unidos importam do mundo cerca de 30 milhões de toneladas do produto que, a partir da taxação, vão ser despejados no mercado mundial impactando as cotações.
Diante da crise anunciada, é vexatório o silêncio das autoridades brasileiras. Michel Temer, Henrique Meirelles e o ministro da Relações Exteriores Aloysio Nunes Ferreira parecem não querer incomodar Tio Trump. Ou provocar o FBI, parceiro da Lava Jato...

ATUALIZAÇÃO EM 9/3/2018 - O governo brasileiro reagiu. Por enquanto com "preocupação" e uma nota oficial. Ministros dizem que o Brasil prefere o "diálogo", mas "recorrerá a todas as ações necessárias". Trump ainda não chamou o Brasil para "dialogar". Os ministros de Temer ainda vão pegar senha e levar cadeiras para a fila no sereno da Avenida Pensilvânia, nº 1600, Washington D.C.
Especula-se que Temer, provavelmente, enviará uma carta pelo Fedex.

Leia a nota:

"O governo brasileiro tomou conhecimento, hoje, com grande preocupação, da decisão do governo dos Estados Unidos, de aplicar sobretaxa de 25% às importações de aço e de 10% às importações de alumínio, sob alegada justificativa de segurança.

As medidas causarão graves prejuízos às exportações brasileiras e terão significativo impacto negativo nos fluxos bilaterais de Comércio, amplamente favoráveis aos Estados Unidos nos últimos 10 anos, e nas relações comerciais e de investimentos entre os dois países.

Desde o início das investigações do Departamento de Comércio dos EUA, no primeiro semestre de 2017, o governo brasileiro, em coordenação com o setor siderúrgico nacional, buscou, em sucessivas gestões, evitar a aplicação das medidas às exportações brasileiras, esclarecendo ao governo americano e a outros atores relevantes naquele país que os produtos do Brasil não causam ameaça aos interesses comerciais ou de segurança dos EUA. Ao contrário, as indústrias de ambos os países são integradas e se complementam. Cerca de 80% das exportações brasileiras de aço são de produtos semiacabados, utilizados como insumo pela indústria siderúrgica norte-americana. Ao mesmo tempo, o Brasil é o maior importador de carvão siderúrgico dos Estados Unidos (cerca de US$ 1 bilhão, em 2017), principalmente destinado à produção brasileira de aço exportado àquele país.

As medidas norte-americanas minarão os esforços em curso no Foro Global do Aço, do qual os EUA fazem parte, com vistas a uma solução para a questão do excesso de capacidade no setor siderúrgico, verdadeira raiz dos problemas enfrentados pelo setor.

As medidas restritivas às importações de aço e alumínio são incompatíveis com as obrigações dos EUA ao amparo da Organização Mundial de Comércio, e não se justificam, tampouco, pelas exceções de segurança do GATT 1994.

Ao mesmo tempo em que manifesta preferência pela via do diálogo e da parceria, o Brasil reafirma que recorrerá a todas as ações necessárias, nos âmbitos bilateral e multilateral, para preservar seus direitos e interesses.

Ministros Aloysio Nunes Ferreira e Marcos Jorge"


Caiu mais um... presidência da Abril é "cadeira elétrica"

Os dois cargos mais instáveis no Brasil: treinador de futebol e presidente do Grupo Abril. A empresa anunciou ontem, em nota, que Arnaldo Figueiredo Tibyriça deixou a presidência-executiva. Ele assumiu em novembro do ano passado. Sucedeu a Walter Longo, que era o titular desde fevereiro de 2017. Imediatamente antes, sentaram na "cadeira elétrica" do grupo, Alexandre Caldini e Fábio Barbosa... Os corredores contavam que este último, que era especialista em tributos, entrou para o folclore da Abril ao definir a principal revista da casa
- "A Veja é o Charles Aznavour das revistas. Sempre teremos nossos fãs".

quarta-feira, 7 de março de 2018

A linotipo reverenciada (muito antes de Spielberg)

Leda, Lígia Maria, Carmen, Esmeraldo e Reginaldo, turma da ECO/UFRJ, no Correio da Manhã, em 1970.
A linotipo era atração. 


O Correio registrou a visita. 

por José Esmeraldo Gonçalves

No filme The Post, o diretor Steven Spielberg vai buscar a linotipo no remoto passado gráfico e a apresenta às novas gerações de jornalistas.

Roberto Muggiati, ex-diretor da Manchete, já escreveu neste blog sobre as Mergenthaler que derretiam chumbo para compor linhas de texto nas redações. Isso até os anos 1970. Arnaldo Bloch, no Globo, também destacou do filme a "participação" da linotipo, "aquela máquina complicadíssima", que apropriadamente escreveu a quente uma das páginas mais tórridas do jornalismo: a cobertura do Caso Watergate, que custou a cabeça de Nixon.

A máquina histórica criada em 1886 revolucionou a imprensa, mas era mesmo muito estranha. Não ganharia qualquer prêmio de designer. No visual, era um misto de monumento à Revolução Industrial e monstro pré-histórico. Se Ottman Mergenthale não a tivesse inventado, o Professor Pardal o faria.

Pra início de conversa, quando o linotipista acionava um teclado semelhante ao de uma máquina de escrever, a geringonça  barulhenta deslocava magazines ou matrizes de metal com as letras ou caracteres correspondentes. E, ao mesmo tempo, ligava uma caldeira que derretia barras de chumbo. O material fervente escorria por canaletas até preencher as formas enfileiradas e compor linhas inteiras de textos preparadas para montagem e, em seguida, impressão.

Em 1970, eu era aluno da Escola de Comunicação da UFRJ, a ECO, então instalada na Rua Visconde de Rio Branco, esquina com Praça da República, no Centro do Rio. O velho prédio permanece em pé, ainda, mas quase em ruínas. Ali perto, na Rua Gomes Freire, funcionava o Correio da Manhã. O nosso grupo de estudos - Leda, Lígia Maria, Carmem, eu e Reginaldo - foi encarregado de fazer uma pesquisa sobre processos de composição e impressão e o Correio foi a primeira redação que visitamos. Entre outras etapas, acompanhamos uma linotipo em ação. Esquisita mas engenhosa, a máquina gerava um calor intenso e espalhava vapores de chumbo ao redor. Os linotipistas tomavam regularmente copos de leite para combater a intoxicação. Talvez por falta de notícia, o jornal registrou nosso encontro com a linotipo em foto e texto no qual virei "Esmeraldino". Vá lá, melhor do que ser Mergenthaler.

Os alunos da ECO visitavam com tanta frequência o vizinho Correio da Manhã, que criaram um projeto de um suplemento cultural em tabloide a ser produzido na escola e encartado em edições do jornal. O Correio avaliou o número zero e topou a parceria. A iniciativa era dos alunos, sem a participação da direção da ECO, mas usaria o nome da escola. O suplemento acabou vetado. A justificativa que não foi dita e apenas segredada nos corredores apontava para o risco de um conteúdo que poderia desagradar o regime militar. Podemos dizer que fomos censurados apenas pelo "poderia".

No ano seguinte, concluído o que então chamavam de período Básico, optei pela especialização em Publicidade e Relações Públicas que parecia oferecer um melhor mercado de trabalho. De fato, logo após a formatura, em agosto de 1973, consegui emprego em uma agência. Um ano e meio depois, o jornalismo foi mais forte e me mudei para a redação da Fatos & Fotos.

A Bloch já havia aposentado as linotipos e adotado a composição eletrônica a frio.

No prédio da Rua do Russell, uma velha linotipo e uma pequena impressora pintadas e restauradas foram durante algum tempo a reverência vintage instalada no hall a mostrar como tudo começou.

O crocodilo da Lacoste não está mais sozinho. Marca mostra animais ameaçados de extinção


Fotos BETC/Paris/Lacoste

por Clara S. Britto

Iguanas, tubarões, rinocerontes, tartarugas, macacos... O crocodilo da grife Lacoste ganhou amigos. Para apoiar a União Internacional para a Conservação da Natureza, a marca inicia uma campanha prevista para durar três anos. "Save our Species" pretende chamar atenção para 10 animais mais ameaçados de extinção exibindo os novos logotipos em camisas polo de edição limitada.

O logo do crocodilo estampava as camisas há 85 anos.


Foi desenhado em homenagem a René Lacoste, criador da famosa polo. "O crocodilo" era como o fundador da grife era conhecido nas quadras de tênis.

terça-feira, 6 de março de 2018

Pipoca na redação...


No rastro de The Press, a Versátil Home Video lança em parceria com a Livraria Cultura e a FNAC a caixa Jornalismo no Cinema, com quatro filmes em dois DVDs. A coleção opta por deixar de lado produções mais recentes ou mais conhecidas, como Todos os homens do presidente, Spotlight, Cidadão Kane etc, para apostar em clássicos restaurados dos anos 1940 e 1950.
Jornalismo no Cinema apresenta A Embriaguez Do Sucesso (1957), de Alexander Mackendrik, A Dama De Preto (1952), de Samuel Fuller, Jejum De Amor (1940), de Howard Hawks, e A Hora Da Vingança (1952), de Richard Brooks. Mais informações AQUI

Rússia 2018: faltam 100 dias. Mas a "copa das 100 embaixadinhas" já começou...

Fifa


Reproduções You Tube

Para marcar os 100 dias que faltam para a Copa do Mundo, a Fifa lança um vídeo onde 100 craques que fizeram história nas seleções dos seus países reencontram a bola. Ronaldo e Maradona entre eles. VEJA AQUI

Editor de Arte do novo JB deixa o jornal. Carlos Negreiros, que trabalhou na Amiga e Mulher de Hoje, aponta equipe insuficiente e "falta de expertise" como fatores de falhas


A volta do Jornal do Brasil impresso foi celebrada pelos cariocas. A cidade tem uma inegável ligação afetiva com o JB.

Isso não quer dizer que a tarefa de reerguer a marca seja fácil.

Duas semanas após o relançamento, a redação sofre um importante baixa. O editor de Arte Carlos Negreiros deixa o jornal.

As primeiras edições do JB mostraram falhas compreensíveis para um começo de trabalho, mas além do aceitável. Alguns subtítulos, legendas e créditos de foto não foram preenchidos e acabaram publicados com os códigos técnicos indicativos de formato. Faltou revisão mais caprichada também. Em texto na sua página do Facebook, Negreiros relata a crise interna e opina sobre os motivos das falhas. "Infelizmente, o resultado de todas as mazelas foi atribuído à Editoria de Arte. Diante desse quadro, minha situação como Editor de Arte do nosso querido JB ficou muito desconfortável culminando com a minha saída".

Carlos Negreiros trabalhou no JB nos anos 1980 e no começo da década de 1990. Entre outros veículos, foi diretor de Arte das revistas Amiga e Mulher de Hoje, da extinta Bloch.

segunda-feira, 5 de março de 2018

Rubem Braga: "Acho uma injustiça eu não ter uma só ação da Manchete nem poder dar qualquer palpite em sua orientação. Mas, e daí?"

Publicado em Manchete n° 625 - 11 de abril de 1964. Clique na imagem para ampliar

O mundo orwelliano...

Ativista protesta contra Berlusconi. Condenado por corrupção, o líder da Liga Norte não concorreu. mas 
pode ser um dos vencedores das eleições italianas de ontem. Reprodução Repubblica.

por Flávio Sépia 
Em ironia futurista e nada otimista, o vidente Allan Richard Way II postou logo aí abaixo um retrato orwelliano do Brasil em 2118. Way focaliza a tropicália mas o resto do mundo também não está com essa bola toda.

A realidade parece dar razão ao vidente.

Enquanto Trump, Kim e Putin apresentam armas e o presidente da China, Xi Jinping manobra para eternizar seu poder, a Europa Ocidental também dá sinais sombrios em matéria de lideranças. Está nos jornais. Na Alemanha, Angela Merkel sobrevive com dificuldade, conseguiu formar seu gabinete após cinco meses de crise, mas as recentes eleição registraram o crescimento exponencial do partido de extrema direita AfD (Alternative für Deutschland), que abriga os neonazistas. Na Áustria, a extrema direita já chegou lá com o ÖVP (Partido Popular) de Sebastian Kurz, com discurso ultranacionalista e de aversão a imigrantes. A outra notícia vem da Itália. Condenado por corrupção e impedido de concorrer, Silvio Berlusconi pode ser o grande vencedor das eleições de ontem, caso as urnas confirmem a boca de urna. O ex-premier está por trás dos ultranacionalistas e racistas Força Itália e Liga Norte.

Por aqui, também não há razão para otimismo. Temos Temer e poderemos ter Bolsonaro.

Seria ridículo se não fosse medíocre.

Como será o mundo em 2118, quando acaba a pena de Sérgio Cabral?

por Allan Richard Way II 

O Brasil foi, por muito tempo, o "país do futuro". Não é mais. É agora o desafio dos videntes. Pontifica no noticiário internacional pela corrupção e pela intensa luta contra os corruptos. O que isso vai dar, sabe-se lá. Em meio a tanta indefinição, é curioso que juízes condenem pessoas a 80, 100 anos de cadeia, até mais. São otimistas ou - como dizia Carlos Heitor Cony, da Manchete, com quem meu pai mantinha contato -, mal informados. Talvez confiem no avanço da longevidade impulsionada pela ciência. Veja este rápido diário de março de 2118 que não é previsão nem ciência e, ao mesmo tempo, tudo isso é.

Londres, 5 de março de 2118

* Como determinou a sentença da antiga Lava Jato, o ex-político Sérgio Cabral acaba de ganhar a liberdade após cumprir 100 anos de cadeia. Ao deixar o Rehab Multinacional Para Dependentes de Propina instalado pela ONU em Marte, veio para pra casa em um carro voador Jetson. E não voltou para o Leblon, que não existe mais. A parte do bairro chique que não foi inundada pelo mar, está ocupado pela antiga Cruzada e virou uma comunidade: a Cruzablon. Os muitos ricos se transferiram para condomínios espaciais climatizadas que orbitam a Terra em baixa altitude.

* A Lava Jato está em sua 230.457ª Fase, sob a responsabilidade do tataraneto do juiz Moro. No Rio, a operação é lembrada por um grande monumento instalado no Aterro da Lagoa Rodrigo de Freitas. A gigantesca escultura - um dedo estilizado de 300 metros apontando para as estrelas - é denominada Panteão Patriótico dos Delatores Premiados.

* Em 2118, o presidente é um político oriundo da quinta geração dos Bolsonaros. A família completou seis décadas de comando no país e já emplacou oito presidentes. O Brasil tem, então, apenas metade do seu tamanho de hoje. O resto pertence ao PCC, ao Comando Vermelho e à milícia. O Rio de Janeiro é capitania da Igreja Universal e sedia o maior templo religiosos do mundo, construído pela Odebrecht..

* Sarney ainda vive e continua influente em Brasília e no Maranhão através de uma jovem política chamada Roseana Sarney IV. O ex-presidente acaba de lançar novo romance: "O marimbondo das galáxias" editado em pílulas telepáticas que transportam o leitor direto para a trama. Muitos não saem vivos.

* Paulo Coelho também. A versão bioquímica do seu livro número 4.555 chamado "O Alquimista Venusiano", já está disponível em pilulas nas melhores farmácias..

* O Jornal Nacional mostrou o desembarque do primeiro astronauta brasileiro no distante planeta Ross 128. Mas a transmissão foi cortada porque um militante rosseano exibiu uma cartaz de "Abaixo a Rede Globo". Mas a emissora, agora com tecnologia presencial do tipo "molecular biology" , não pertence mais aos Marinho. Há muito tempo foi comprada por chineses.

* Um desfile militar celebrou o Centenário da Intervenção no Rio de Janeiro e seus heróis.

* Quebram os óculos da semi-inundada estátua de Drummond. De novo.

* No dia em que Cabral deixa a cadeia está em cartaz  em Festival de Cinema Vintage a versão holográfica-sensorial do filme Blade Runner 2049.

* Em 2118, o governo intensifica a transferência dos habitantes de várias capitais litorâneas que estavam com bairros inteiros inundados pelo aumento do nível do mar provocado pelo degelo dos Polos Norte e Sul. Grande parte do Rio foi transferido para Serra das Araras e Itatiaia. 

* Com a inundação de bairros como Copacabana, Ipanema etc, os mais ricos se transferiram para os morros do Cantagalo, Vidigal e Rocinha que viraram áreas nobres, Os favelados foram para o asfalto inundado levado pelo programa "Minha palafita, minha vida". 

* Os governos religiosos tornaram ilegal o Carnaval. Mesmo assim, maior bloco clandestino do Rio, o Bola Preta 5th Generation, atraiu milhões de foliões para um desfile-guerrilha na antiga Via Dutra. A repressão promovida pela Polícia Moral deixou mortos e feridos.

* Os funcionários do Rio de Janeiro não recebem salários há três meses. O Estado é agora administrado por uma OS (Organização Social) pertencente a uma igreja. O 13° salário não está atrasado porque foi extinto há muitos anos.

Tônia Carrero (1922-2018) : para sempre na capa







por Roberto Muggiati 

Em 1963, em Londres, respirei o mesmo metro cúbico de Ava Gardner, quando fui cobrir para a BBC a estreia para a imprensa do filme 55 dias em Pequim.  Ava era chamada "o animal mais bonito do mundo", frase que os estúdios de cinema atribuíam a Hemingway, mas que na verdade foi criada pelo poeta homossexual francês Jean Cocteau.

Por coincidência, na mesma época, entrevistei para o Serviço Brasileiro da BBC Tônia Carrero, chamada "o segundo animal mais bonito do mundo" (por Rubem Braga, ou Vinicius).

Ao fim da entrevista, para o espanto dela, molhei a mão enluvada da diva com uma nota de cinco libras e pedi que assinasse um recibo. Explico: era praxe na BBC pagar sempre essa quantia por uma entrevistas com quem quer que fosse. Mariinha estava no auge da sua beleza. Viva Tônia!

sábado, 3 de março de 2018

Marketing: "meu nome é Johnnie Walker, mas pode me chamar de Jane Walker..."



por Jean-Paul Lagarride

Desde o começo do século passado, quando o cartunista Tom Browne desenhou na contracapa de um menu o Striding Man de Johnnie Walker, o personagem reinava absoluto como logotipo de um dos mais famosos uísques do mundo.

Reinava.

A partir desse mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher (8/3), o gentleman andante vai dividir as honras do rótulo com Jane Walker.

A marca tem dois objetivos, nessa ordem: atrair as consumidoras e celebrar o poder feminino.



Na primeira metade do século passado, Johnnie Walker virou uma figura tão popular que participou até do esforço de guerra no Reino Unido. Nas campanhas da marca, era visto jogando cricket, pescando, dançando em bailes de gala e remando no Tâmisa. Passava a imagem de um bon vivant cujo estilo de vida merecia ser imitado.

A edição especial do uísque ilustrada por Jane Walker está prevista, por enquanto, para circular apenas nos Estados Unidos.

As reações nas redes sociais vão dos elogios à iniciativa a demonstrações de machismo e bom humor.  Um internauta considerou "piada pronta" a posição estratégica do rótulo 'black label" no corpo de Jane Walker. Outro a apelidou de "tia Jane". Um terceiro pegou mais pesado: "a Jane Walker Edition vai ser muito mais cara porque vem com o carro do Johnnie, a pensão de alimentos do Johnnie, a casa do Johnnie".  Uma mulher opinou: "haver uma Jane Walker faz com que haja igualdade salarial? pois! eu até prefiro whiskey japonês".


E mais um, brasileiro, assinalou que o marketing da Johnnie Walker chega atrasado. Em 2014, a marca de cachaça mineira João Andante já havia criado a versão feminina: Maria Andante. No mais puro e irônico "humor inglês" visto por Minas Gerais.

quinta-feira, 1 de março de 2018

Na capa da Piauí de março, a Junta governista...



E A FAMOSA FOTO QUE INSPIROU A CAPA...

Reprodução Nederlands FotoMuseum. 

O holandês Chas Gerretsen, então correspondente da Gamma e da revista Time, fotografou Pinochet e a Junta Militar chilena, em 1973. A luz, o enquadramento, a pose arrogante do ditador criminoso, tudo aí é sinistro. O fotógrafo contou depois em entrevistas que assessores sugeriram que o general tirasse os óculos. Tentavam, talvez, passar uma imagem "amistosa" do ditador. Missão impossível. Pinochet recusou o marketing. "Eu sou Pinochet", disse apenas. A foto foi feita durante a missa em que o cardeal Raúl Silva Henríquez abençoou os militares uma semana depois do golpe e do assassinato de Salvador Allende na invasão ao Palácio La Moneda. A foto de Gerretsen está, hoje, no Nederlands FotoMuseum.