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terça-feira, 13 de março de 2018

"Fake news" ou "no news"? Fique atento à campanha que ameaça censurar a internet...

Quando faz campanhas contra fake news e generaliza acusações, jogando no mesmo saco o jornalismo digital independente e a ação dos perfis geralmente falsos que disseminam mentiras no Facebook, Whatapp, Twitter e até nas ainda sobreviventes "correntes de email", a velha mídia brasileira faz patética tentativa para manter o controle da informação.

Nem todos os veículos digitais são multiplicadores de fake news, nem todos os perfis das redes sociais são geradores de notícias falsas, nem o jornalismo profissional é uma exclusividade das grandes corporações, que, aliás, filtram a notícia na mesa de edição e, muitas vezes, omitem o contraditório, segundo seus interesses políticos e econômicos.

Além disso, é cada vez mais frequente, para a "mídia profissional", ir buscar notícia nas redes sociais.

Há tempos, a maioria das entrevistas coletivas em que autoridades, políticos, empresários, instituições e corporações, celebridades e atletas etc anunciavam "furos" foi substituída por postagens nos respectivos perfis pessoais ou corporativos.

Em palestra durante o SXSW (South by Southweest) na Universidade do Texas, em Austin, que acontece em todo o mês de março desde 1987, o jornalista David Fahrenthold contou que, ao apurar reportagens passou a interagir com leitores através das redes sociais. Repórter do Washington Post, Fahrenthold ganhou o Prêmio Pulitzer em 2017 (veja mais informações aqui) ao expor mentiras espalhadas por Donald Trump durante a campanha eleitoral em relação a doações a instituições de caridade alardeadas pelo então candidato.

Como as fontes oficiais se fecharam, o jornalista pediu ajuda via twitter e se surpreendeu com as respostas. A partir de pistas fornecidas por internautas, que ele obviamente selecionou e checou, sua investigação prosseguiu. Quase por acaso, como admitiu, David Fahrenthold introduziu como um dos novos recursos do jornalismo investigativo a parceria com os leitores através das redes sociais.

Portanto, desconfie das intenções de quem acha que as redes sociais são apenas antros de canalhas, que só os outros produzem fake news e fique atento às campanhas que ao generalizar essa incômoda deturpação da internet ameaçam com coisa pior: no news.

Leia-se: censura.