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terça-feira, 19 de maio de 2020

Lapa na Covid-19: silêncio na beleza e no caos. Por Alex Ferro




por Alex Ferro (texto e fotos)

Covid-19. Bairro da Lapa. Rio de Janeiro. A Lapa essa rainha, chora abandonada e esquecida em pleno domingo de maio, às 17:00.
O maior e mais vibrante “palco” da boemia carioca já está em “lockdown”?
Restaurantes, bares, casas de shows, tudo lacrado. Nas ruas que viviam lotadas agora é o silêncio que impera nesse asfalto solitário.
Som de risos que fluíam pela Lapa, música vinda de diversos locais, criando uma dodecafonia da alegria, desapareceram no rastro do medo da doença.
Realidade sem muita poesia.
Lapa é guerreira. E nessa guerra ela ressurgirá. Com certeza que sim!

domingo, 6 de outubro de 2019

O que meu carro tem a ver com o Concorde. Por J. A. Barros

O Concorde (*) na garagem. Reprodução
por J.A.Barros

Você quando entrega seu carro para conserto numa oficina mecânica para que seja vistoriado, o mecânico-chefe, no primeiro dia, o coloca no pátio, na primeira fila. No dia seguinte, ao passar na oficina, você verá seu carro na última fila depois de 10 ou 12 carros na sua frente, todo empoeirado, escondido, e você começa a duvidar se escolheu a oficina certa, apesar do mecânico-chefe ser um de seus amigos de há muito anos. No quinto dia, prazo em que foi dado para a entrega do carro prontinho e sem o defeito que gerou a sua internação naquela "clínica", o amigo, o mecânico-chefe, cheio de desculpas, lhe diz que ia haver um atraso e o carro só ficaria pronto na semana seguinte. E, fui ver, o carro tinha voltado, agora, para o canto mais escuro da oficina. Mas o Marcinho era um grande mecânico de carros e por isso é que lhe confiava os consertos de meu carro, mas o que me deixava impressionado era como ele movimentava o carro para todos os lugares da oficina mesmo que para isso tivesse de mover quase todos os outros carros depositados na oficina, para colocar o meu carros em lugares mais improváveis que podia imaginar.
Foi vendo essa foto de um avião comercial, o famoso Concorde (*), estacionado num quintal, espremido entre muros matos e com um pedaço de sua asa colocado entre sua casas. Como esse Concorde chegou ali, será para mim um mistério e me fez lembrar o processo que meu carro passava quando tinha que ser levado para a oficina do Marquinhos. Algum mecânico de oficina deve ter estacionado o Concorde naquele espaço tão reduzido.

* Não foi possível comprovar a autenticidade da foto. Mesmo assim, é a ilustração perfeita para a crônica. Dos 20 Concordes construídos, 18 estão expostos em museus aeroespaciais e aeroportos, um está na fábrica da Airbus, em Toulouse, na França, outro, que pertenceu à British, está em Filton, Inglaterra. Não há registros do supersônico em poder de particulares. O Concorde voou pela última vez no dia 26 de novembro de 2033. Pousou em Filton, Inglaterra e desligou para sempre os motores encerrando uma era da aviação. 

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Cony: "Se eu morrer amanhã"

por Carlos Heitor Cony (*)
Se eu morrer amanhã, não levarei saudade de Donald Trump. Também não levarei saudade da operação Lava Jato nem do mensalão. Não levarei saudade dos programas do Ratinho, do Chaves, do Big Brother em geral. Não levarei nenhuma saudade do governador Pezão e do porteiro do meu prédio.

Se eu morresse amanhã, não levaria saudade do rock, dos sambas-enredo do Carnaval, daquela águia da Portela nem dos discursos do Senado e da Câmara, incluindo principalmente as assembleias estaduais e a Câmara dos Vereadores.

Se eu morrer amanhã, não levarei saudades dos buracos da rua Voluntários da Pátria, das enchentes do Catumbi, dos técnicos do Fluminense, dos juízes de futebol, da Xuxa e das piadas póstumas do Chico Anysio. Não levarei saudade do Imposto de Renda e demais impostos, e muito menos levarei saudade das multas do Detran.

Não levarei saudade da vizinha que canta durante o dia uma ária de Puccini ("oh mio bambino caro") que ela ouviu num filme do Woody Allen. Aliás, também não levarei saudade do rapaz que mora ao meu lado e está aprendendo a tocar bateria.

Não levarei saudade das cotações da Bolsa, das taxas de inflação e das dívidas externas do Brasil. Não levarei saudade dos pasteis das feiras livres nem das próprias feiras livres, também não levarei saudade dos blocos de índio que geralmente fedem mais do que os verdadeiros índios.

Não levarei saudade dos lugares em que não posso fumar, das lanchas de Paquetá e dos remédios feitos com óleo de fígado de bacalhau. Não terei saudades das mulheres que usam silicone e blusas compradas no Saara.

Enfim, não levarei saudade de mim mesmo, dos meus fracassos e dívidas. Finalmente, não terei saudades dos milagres dos pastores evangélicos nem de um mundo que cada vez fica mais imundo.

(*) Crônica publicada na Folha de São Paulo em 05/03/2017

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

A crônica "imerecida"...

Jogadores do Vasco comemoram vitória "imerecida", na opinião do cronista do Globo.
Foto Carlos Gregório Jr./Vasco 

Carta a um cronista

Caxias, 27 de novembro de 2017
Prezado Dr. Jornalista Fernando Calazans
Com todo o sufoco e com o time possível, o Vasco fez uma campanha melhor do que a torcida esperava para o Brasileirão 2017. No começo do ano, a coisa tava feia. Ontem, o time ganhou do Cruzeiro, por 1X0, no poleiro do adversário. E o doutor escreve hoje que a vitória foi "imerecida"?  Se não fosse o goleiro Martin, o Vasco, falou o patrão cronista, tinha deixado BH com uma derrota "merecida". O raciocínio é torto, é ruinzinho. Os peladeiros dizem aqui que no futebol não tem vitória "imerecida". Jogou, ganhou dentro das regras do futebol? Mereceu, claro.
Martin jogou muito bem e pegou bolas difíceis. Mas, e daí? Martin é jogador do Vasco, mandou bem. Se no lugar dele um gandula tivesse entrado em campo e fechado o gol, aí sim, o doutor cronista tinha razão. Vitória "imerecida".
Os caras treinam, ralam, o professor Zé Ricardo estuda o adversário (e arma a defesa muito bem), o goleiro pega todas, Paulão faz um gol (ele é jogador do Vasco, por acaso, e não um sujeito que foi entregar uma pizza a um torcedor e aproveitou para fazer um gol), o Cruzeiro tentou mas não foi capaz de mexer no placar e o cronista escreve que tudo isso foi "imerecido". O Vasco jogou bem? Não. Mas foi maior do que os defeitos, fez o gol, se defendeu bem e até teve duas boas chances para fazer o segundo gol.
Talvez o doutor cronista queira que a Fifa crie nova regra: se a vitória for "imerecida", o vencedor leva só dois pontos em vez dos três regulamentares.
Imerecida foi a crônica que o doutor Calazans escreveu hoje.
Casaca, casaca, casaca. 
Do seu leitor, Lourival de Caxias