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domingo, 9 de junho de 2019

Chernobyl e Fukushima: marcas das tragédias

por Flávio Sépia 

Filmes e séries que denunciam as terríveis consequências de acidentes nucleares são importantes para despertar consciências sobre os danos irreparáveis que causam ao meio ambiente, quando colapsam, e às populações atingidas. Valem também como alertas sobre os riscos permanentes e inerentes a esse tipo de geração de energia.

O problema é que a abordagem dessas tragédias - quando se transformam em entretenimento - vem invariavelmente contaminada por irradiações ideológicas.

Mais ou menos assim: Chernobyl, em 1986, foi acidente do "mal", produto da "burocracia socialista"; Fukushima foi um imprevisto lamentável que a mídia em geral apresenta como contido pela "eficiência capitalista".

Nenhuma da duas interpretações é verdadeira. Apesar da alegada segurança tecnológica, acidentes nucleares acontecem, como já demonstrado em usinas dos Estados Unidos, da França e da Alemanha.

A série Chernobyl, da HBO, tanto apresenta verdades como manipula, desloca e cria "fatos". Por exemplo, ao mostrar 400 mineiros trabalhando nus na descontaminação. Isso, segundo agências internacionais europeias que acompanharam - e até ajudaram a financiar a limpeza da área e a construção de sarcófagos - não foi constatado até hoje em nenhum relato de testemunhas nem antes nem depois do fim da União Soviética. A queda de um helicóptero sobre o reator, por ter se aproximado demais, também não aconteceu. Um helicóptero de fato que se chocou com um guindaste semanas depois do acidente e não no dia seguinte e em local afastado do reator. Além disso, há personagens inspirados em cientistas e técnicos que existiram e há outros criados pelos roteiristas da série.

O último dia 11 de março marcou oito anos do desastre de Fukushima, que ocorreu em 2011, e é reconhecido como acidente nuclear de gravidade semelhante a Chernobyl. Não é uma competição, ambos são terríveis. E além disso, ao contrário que que se imagina, não foi contido: cerca de 300 toneladas de água contaminada continuam vazando diariamente para o Pacífico. O combustível nuclear derretido permanece entre as ruínas.

Inicialmente, a empresa Tepco (subsidiária da americana General Eletric), proprietária da usina, atribuiu o acidente ao tsunami que provocou o derretimento de três reatores. O tsunami existiu, o que não existiu e era exigido foi uma estrutura adequada e bem mais cara capaz de obrigatoriamente resistir a terremotos e tsunamis eventos que frequentemente atingem o Japão. A reação das equipes de contenção foi lenta, o trabalho de resfriamento dos reatores ineficaz e criticado por especialistas.

Há relatos de que a empresa sabia dos problemas dos reatores desde anos antes da tragédia, e não agiu. O desastre deixou mortos. É impreciso o número de vítimas ao longo dos anos em consequência da radiação de Fukushima. Em Chernobyl, 31 pessoas morreram imediatamente e muitos milhares, um cifra que talvez jamais seja conhecida, pereceram depois por exposição a material radioativo.

Assim como a nuvem radioativa de Chenobyl alcançou a Europa, a contaminação espalhada por Fukushima circulou na atmosfera. Lançada ao mar, alcançou pontos em 100 milhas ao largo da Califórnia.

Não há previsão de quando os técnicos japoneses controlarão o vazamento e recolherão o urânio derretido no interior das instalações.

Parte da província em torno de Fukushima tornou-se radioativa. São chamadas "zonas de exclusão". Há cidades e vilas fantasmas, sem presença humana.

Mesmo assim, o governo japonês pretende usar as Olimpíadas de 2020 como vitrine do trabalho de descontaminação. Áreas da região entrarão no marketing governamental. A cidade de Fukushima, que fica a 20 quilômetros da usina, receberá jogos de beisebol.

Enquanto isso, agências de turismo da Ucrânia, onde fica Chernobyl, informam que a série da HBO fez crescer em 40% o número de turistas que visitam Pripyat (sob determinadas condição, inclusive restrito tempo de permanência), a famosa cidade fantasma que restou como lembrança silenciosa do terrível desastre.

Haverá pacotes turístico para um tour olímpico em Fukushima?


Em 2016, a revista Galileu publicou uma matéria do fotógrafo Keow Wee Loong, da Malásia, que visitou a zona de exclusão de Fukushima. Você pode vê-la AQUI


No site da Magnum, você pode ver fotos de Chernobil e Pripyat feitas em 2017. AQUI 

segunda-feira, 5 de março de 2018

Como será o mundo em 2118, quando acaba a pena de Sérgio Cabral?

por Allan Richard Way II 

O Brasil foi, por muito tempo, o "país do futuro". Não é mais. É agora o desafio dos videntes. Pontifica no noticiário internacional pela corrupção e pela intensa luta contra os corruptos. O que isso vai dar, sabe-se lá. Em meio a tanta indefinição, é curioso que juízes condenem pessoas a 80, 100 anos de cadeia, até mais. São otimistas ou - como dizia Carlos Heitor Cony, da Manchete, com quem meu pai mantinha contato -, mal informados. Talvez confiem no avanço da longevidade impulsionada pela ciência. Veja este rápido diário de março de 2118 que não é previsão nem ciência e, ao mesmo tempo, tudo isso é.

Londres, 5 de março de 2118

* Como determinou a sentença da antiga Lava Jato, o ex-político Sérgio Cabral acaba de ganhar a liberdade após cumprir 100 anos de cadeia. Ao deixar o Rehab Multinacional Para Dependentes de Propina instalado pela ONU em Marte, veio para pra casa em um carro voador Jetson. E não voltou para o Leblon, que não existe mais. A parte do bairro chique que não foi inundada pelo mar, está ocupado pela antiga Cruzada e virou uma comunidade: a Cruzablon. Os muitos ricos se transferiram para condomínios espaciais climatizadas que orbitam a Terra em baixa altitude.

* A Lava Jato está em sua 230.457ª Fase, sob a responsabilidade do tataraneto do juiz Moro. No Rio, a operação é lembrada por um grande monumento instalado no Aterro da Lagoa Rodrigo de Freitas. A gigantesca escultura - um dedo estilizado de 300 metros apontando para as estrelas - é denominada Panteão Patriótico dos Delatores Premiados.

* Em 2118, o presidente é um político oriundo da quinta geração dos Bolsonaros. A família completou seis décadas de comando no país e já emplacou oito presidentes. O Brasil tem, então, apenas metade do seu tamanho de hoje. O resto pertence ao PCC, ao Comando Vermelho e à milícia. O Rio de Janeiro é capitania da Igreja Universal e sedia o maior templo religiosos do mundo, construído pela Odebrecht..

* Sarney ainda vive e continua influente em Brasília e no Maranhão através de uma jovem política chamada Roseana Sarney IV. O ex-presidente acaba de lançar novo romance: "O marimbondo das galáxias" editado em pílulas telepáticas que transportam o leitor direto para a trama. Muitos não saem vivos.

* Paulo Coelho também. A versão bioquímica do seu livro número 4.555 chamado "O Alquimista Venusiano", já está disponível em pilulas nas melhores farmácias..

* O Jornal Nacional mostrou o desembarque do primeiro astronauta brasileiro no distante planeta Ross 128. Mas a transmissão foi cortada porque um militante rosseano exibiu uma cartaz de "Abaixo a Rede Globo". Mas a emissora, agora com tecnologia presencial do tipo "molecular biology" , não pertence mais aos Marinho. Há muito tempo foi comprada por chineses.

* Um desfile militar celebrou o Centenário da Intervenção no Rio de Janeiro e seus heróis.

* Quebram os óculos da semi-inundada estátua de Drummond. De novo.

* No dia em que Cabral deixa a cadeia está em cartaz  em Festival de Cinema Vintage a versão holográfica-sensorial do filme Blade Runner 2049.

* Em 2118, o governo intensifica a transferência dos habitantes de várias capitais litorâneas que estavam com bairros inteiros inundados pelo aumento do nível do mar provocado pelo degelo dos Polos Norte e Sul. Grande parte do Rio foi transferido para Serra das Araras e Itatiaia. 

* Com a inundação de bairros como Copacabana, Ipanema etc, os mais ricos se transferiram para os morros do Cantagalo, Vidigal e Rocinha que viraram áreas nobres, Os favelados foram para o asfalto inundado levado pelo programa "Minha palafita, minha vida". 

* Os governos religiosos tornaram ilegal o Carnaval. Mesmo assim, maior bloco clandestino do Rio, o Bola Preta 5th Generation, atraiu milhões de foliões para um desfile-guerrilha na antiga Via Dutra. A repressão promovida pela Polícia Moral deixou mortos e feridos.

* Os funcionários do Rio de Janeiro não recebem salários há três meses. O Estado é agora administrado por uma OS (Organização Social) pertencente a uma igreja. O 13° salário não está atrasado porque foi extinto há muitos anos.

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Jornal Última Hora é tema de romance premiado...


por Ed Sá 

Redações são panelas de pressão de notícias. Mas não apenas de notícias. A vida também ferve naquelas salas e corredores.

O escritor e advogado potiguar José Almeida Júnior viu no jornal Última Hora uma fonte de inspiração para mixar ficção e realidade. O romance que resultou da incursão ao passado de um dos mais importantes diários dos anos 1950/1960 foi lançado pela Record e acaba de ganhar o Prêmio Sesc de Literatura 2017. O personagem central de "Última Hora" é Marcos, um jornalista mal pago que troca um subemprego em um jornal comunista para trabalhar no Última hora de Samuel Wainer. Carlos Lacerda, Getúlio Vargas, Nelson Rodrigues e o próprio Wainer, em meio a crises políticas, tortura, delações e assassinatos cruzam os caminho do protagonista.

O escritor contou em entrevista publicada no Blog da Editora Record que escreveu as cenas da tensa batalha institucional vivida por Getúlio Vargas no mesmo momento em que tramitava o processo de impeachment de Dilma Rousseff.

- "Alguns comparam o que aconteceu no Brasil em 2016 ao golpe de 1964. Mas acho que 2016 se assemelha mais a 1954. Em 1964, o principal discurso foi o do combate ao comunismo, embora também se falasse em corrupção. Em 1954, o discurso anticorrupção foi o eixo principal para a derrubada de Getúlio Vargas. Após o atentado contra Carlos Lacerda na rua Tonelero, a crise se aprofundou e um sistema de justiça foi montado pela Aeronáutica para apurar os crimes. Com o apoio da grande imprensa, a investigação começou a atropelar procedimentos legais, o que ficou conhecido como República do Galeão. Não à toa, em 2016, falou-se em República de Curitiba", conclui o autor.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Notícia para deixar você ainda mais aflito - Universitário cria capas de revistas para mostrar o que é ter ansiedade...






por Flávio Sépia 

Inspirado em jornais e revistas, um estudante americano criou capas fictícias para demonstrar o que sente um ansioso e como os fatos impactam as vítimas do transtorno a partir de preocupação reais.

Tudo bem que lá nos Estados Unidos o astral não anda bem - e se Trump for eleito?

Mas não dá nem para imaginar o que faria o estudante se morasse no agoniado Brasil de hoje, onde o jornalismo por si já anda mais do que aflito..
A matéria original está no site Insider, clique AQUI