sexta-feira, 10 de março de 2017

No dia em que o "presidente" Temer diz que mulher tem que ser do lar e do supermercado, a atriz Anne Hathaway discursa na ONU contra a divisão desigual de tarefas no ambiente doméstico

Anne Hathaway discursa na ONU. UN Photo/Rick Bajornas

Como parte das comemorações do Dia Internacional da Mulher, a atriz Anne Hathaway fez sua primeira aparição como Embaixadora da Boa Vontade da ONU Mulheres. Em discurso na sede da organização, na última quarta-feira, ela falou sobre a importância da licença trabalhista concedida tanto para mães quanto para pais de recém-nascidos. Hathaway também criticou a divisão desigual de tarefas no ambiente doméstico, que pode acabar sobrecarregando mulheres com uma forma de trabalho não remunerada.

Como se sabe, no Dia Internacional da Mulher, o "presidente" Michel Temer exaltou a função "doméstica" da mulher brasileira.

A imprensa internacional repercutiu a opinião medieval do "presidente" do Brasil.









Deputado quer acabar com a Justiça do Trabalho

A lista de empresas que usam trabalho escravo não é mais divulgada, há projetos no Congresso para "flexibilizar" a restrição aos novos "capitães-do-mato" e o deputado Rodrigo Maia, presidente da Câmara no governo ilegítimo, deflagra uma campanha contra a Justiça do Trabalho e anuncia que a instância  - aquela que ainda protege o trabalho e não permite que a lei da selva se torne rotina "tem que acabar". A mídia de direita gostou. Seria mais um passo na meta de precarizar o trabalho.
Não se pode negar coerência no sujeito. Para o grupo que se apossou do poder, Previdência, saúde pública, universidades e escolas públicas também só atrapalham...

Em vídeo, deputado Chico Alencar admite que errou ao comparecer a boca-livre da direita brasileira...

O deputado do PSOL, Chico Alencar, que tem um histórico de ética e de lutas políticas do lado certo, compareceu a evento político-soçaite em Brasília que reuniu praticamente um arrastão da direita brasileira. Aos seus eleitores, Chico passou a imagem de confraternização com adversários - vários deles na mira da Justiça. Figuras que, além de levarem ao poder um governo golpista e ilegítimo, estão hoje empenhadas em demolir conquistas sociais, trabalhistas, previdenciárias e ambientais, educacionais e de saúde do povo brasileiro. Após a péssima repercussão do convescote, que teve cenas lamentáveis de polêmico beija-mão, Chico Alencar divulgou um vídeo no qual admite que recebeu muitas críticas através da rede social, refletiu e entendeu que vacilou. Acontece.
VEJA O VÍDEO, CLIQUE AQUI

quinta-feira, 9 de março de 2017

Fazemos qualquer negócio: Merchandising obriga Nicole Kidman bater palmas como uma foca...


por Clara S. Britto 

O recente Oscar não repercutiu apenas pelo espetacular erro do anúncio do vencedor. As redes sociais fizeram circular um vídeo que mostra a atriz Nicole Kidman batendo palmas de um jeito bizarro. "Parece uma foca", descreveu um internauta.

Pois só agora a Kidman explicou o motivo do seu estranho gestual. A atriz estava usando um anel de diamantes emprestado pela grife Harry Winston e ficou com medo de danificar a caríssima joia.

É comum, e também acontece com frequência em premiações brasileiras, empréstimos de joias, bolsas e vestidos por parte de grifes que, em troca, esperam ser citadas e aparecer em revistas, colunas e sites. Às vezes é apenas uma permuta, às vezes rola um cachê. Muito do que sai em redes sociais e eventos é merchandising e são raras as celebridades que botam o pé fora de casa sem compensações.


Nem Nicole Kidman que já é muitas vezes milionária.

Por uns trocados as mais vale até bater palmas como foca. VEJA A CENA, CLIQUE AQUI

Popular Photography: o fim de uma revista fundada há 80 anos




Popular Photography revista tradicional do segmento, fundada em maio de 1937 (acima, a capa do primeiro número), em Nova York, encerra suas atividades após 80 anos.
A edição de março/abril de 2017 será a última disponível. A versão digital, no site PopPhoto, também será extinta. A Popular Photography já havia reduzido a periodicidade no ano passado, mas a medida não foi suficiente para conter os prejuízos. Em comunicado interno, os editores justificaram a decisão: avanços digitais e tecnológicos irresistíveis, que desafiam a indústria da foto, e perdas insuperáveis em publicidade.
LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO SITE PETAPIXEL, CLIQUE AQUI

O arraiá do beija-mão... #éironiaentendeu?

Parece que foi ontem: fila do beija-mão na corte de D. João  VI.  Reprodução
Na foto histórica, Otávio Mangabeira dá uma lambidinha "irônica" na mão de Eisenhower.
A imagem virou logotipo de submissão. Foto de Ibrahim Sued.


No filme "O Poderoso Chefão", cenas de beija-mão se repetem.
No caso, respeito e esperteza, que ninguém era bobo da corte.
Quem teria coragem para dizer a Don Corleone que o beijo era "ironia"?

por O.V.Pochê

Palavras e expressões e gestos são forças vivas e se reinventam ao longo dos tempos e eventos. Por exemplo, acabo de perceber que ironia não tem mais a acepção antes conhecida; festa de aniversário também não; e beijo na mão virou "questionamento".

Na política, ironia, agora, mais lembra um comentário que Leonel Brizola dirigia a correligionários que demonstravam incontido desejo de aderir ao adversário. "Fulano está costeando o alambrado". A intuição do gaúcho era tão aguda que, muitas vezes, nem mesmo o político que olhava para o alambrado com olho rútilo de cobiça, como diria Nelson Rodrigues, sabia que estava prestes a pular o muro rumo a novas conexões. As previsões de Brizola sobre a instabilidade existencial de certos companheiros geralmente se confirmavam.

De tão dissimuladas, as novas ironias deveriam vir com bula elucidativa. Ou com um aviso em hashtag: #éironiaentendeu?

A definição de ironia enquadra a frase ou expressão por meio da qual se diz o contrário do que se quer dar a entender. Ou seja, se você der um respeitoso beijo na mão em um elemento que tem ideias opostas às suas, na verdade você pode estar querendo passar ao público ou à mídia não um sinal de submissão mas um monte de ironia. O gesto não mostrará mas você quis destemidamente aproveitar uma reunião sócio-marqueteira para fazer graves cobranças e questionamentos através do tal beijaço. Só não entende isso quem tira o beija-mão do contexto, como se diz, ironicamente.

Beija-mão já rendeu foto histórica. Em 1946, Dwight Eisenhower visitou o Brasil. Atento, o então fotógrafo Ibrahim Sued registrou a reverência profundamente submissa do deputado baiano Otávio Mangabeira à mão do general que a Segunda Guerra Mundial tornou famoso e que governaria os Estados Unidos de 1953 a 1961. O vexame foi ainda maior porque Eisenhower ia apenas cumprimentar Mangabeira mas este, sôfrego, abocanhou a mão do visitante. Anos depois, entrevistado pelo jornalista Murilo Melo Filho, um dos diretores da extinta Manchete, Mangabeira confessou: "Me deixei trair pela emoção. Quando vi aquele homem estendendo a mão para mim, pensei que ele não queria apertar a minha mão, queria que eu beijasse…

Já as festas de aniversário dos ricos, famosos e poderosos há muito não são apenas para cantar inocentes "parabéns", são eventos de pessoas jurídicas ou ação de marketing para lustrar imagens e proporcionar selfies da realidade nacional. Ninguém está ali a passeio. Quando o mailing list de tais eventos é político, na atual fase, aí o bicho pega. São tantos os citados em delações reunidos em uma mesma sala que não demora muito os convites para tais festas serão tornozeleiras eletrônicas customizadas. E isso não é ironia.

quarta-feira, 8 de março de 2017

Hackers e nerds estão fazendo com que as belas espiãs percam os empregos



Presa em 2010, a russa Anna Chapman pode ter sido a última musa da espionagem 
antes da substituição de belas agentes por hackers e nerds. 
Um caso que rendeu até fotos vazadas que ajudaram
a divulgar a sensualidade da espiã.
Já hackers e nerds jamais vão ilustrar a primeira página

Violet Szabo tinha 23 anos quando trabalhou
para a Resistência Francesa. Sua valentia virou lenda e sua fama chegou
aos dias de hoje: ela é a figura inspiradora do famoso videogame
Velvet Assasin. Foi fuzilada pelos alemães em 1945. 
Krystyna Skarbek boicotou operações
da Alemanha no Leste Europeu. Foi assassinada por
um amante em 1952.

Nancy Wake foi a espiã mais  caçada pela Gestapo. Foi acusada de matar um
soldado alemão com as próprias mãos. Ao fim da guerra foi condecorada por vários países. 


Mata Hari foi amante de generais e altos funcionários
de vários governos. Foi presa e executada em 1917.
por Jean-Paul Lagarride

O site Wikileaks está divulgando um pacotaço de documentos confidenciais sobre as megaoperações de espionagem da CIA no mundo. Segundo Julian Assange, o jornalista e ciberativista que faz parte do conselho do portal, as armas cibernéticas dos americanos incluem softwares maliciosos que invadem sistemas Windows, Android, iOS, OSX e Linux, além de roteadores de internet. Nem TVs inteligentes escapam às operações policiais dos Estados Unidos. São milhares de documentos que serão publicados gradativamente de acordo com o projeto "Vault 7".
Praticamente tudo que contém informações e que se conecte a redes de dados ou de telefonia pode ser hackeado. Os vírus criam até um modo "falso desligado" nos aparelhos para enganar os usuários.

A espionagem ganha, assim, mais eficiência, mas vamos admitir que perde em romantismo. Nesse ponto, as Guerras Mundiais e a Guerra Fria vão deixar saudades. Uma Mata Hari, hoje, dependeria menos do seu poder de sedução e da sua coragem do que da sua capacidade de invadir softwares e injetar códigos virulentos em smartphones, notebooks, tablets ou supercomputadores.

Christine Keller: musa de escândalo
de espionagem
Como nerds sebentos e hackers de olheiras vão tornar possível um escândalo de espionagem que dê fama a uma modelo como Christine Keller que, ao mesmo tempo, era amante do ministro da Guerra inglês, John Profumo e do adido militar soviético Yevgeny Ivanov?  Isso aconteceu em 1963, quando os computadores eram geringonças que ocupavam andares inteiros e o único telefone móvel do mundo estava no sapato do Agente 83.

Uma Krystyna Skarbek, das mais sedutoras e bem-sucedidas da Segunda Guerra Mundial, quando atuou no Special Operations Executive, da Inglaterra, não sairia de um centro de controle refrigerado e impessoal. Ou a jornalista Nancy Wake, que se infiltrou entre os alemães para abastecer a Resistência de informações vitais. Elas arriscavam e não raro perdiam as vidas.

Talvez a última musa da espionagem, antes que as redes cibernéticas tomassem o lugar, foi a russa Anna Chapman presa nos Estados Unidos em 2010. Como parte do seu disfarce, ela se casou com um inglês que nunca desconfiou que dividia a cama com uma espiã.

A literatura policial e o cinema também saem perdendo. A Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria renderam incontáveis clássicos.
Mesmo a literatura popular de consumo rápido bateu recordes de tiragens como no caso da coleção de livros de bolso de "Gisele, a espiã nua que abalou Paris", escrita por David Nasser, sob pseudônimo.
Mas em tempos de vazamentos de dados, como transformar uma nerd com cara de diretora de ensino médio do Meio Oeste em bond girl? Difícil.
Escritores e diretores fazem um apelo aos serviços de espionagem: mesmo que a tecnologia seja agora a estrela da bisbilhotagem, não abandonem o trabalho patriótico das espiãs.

15 DE MARÇO: DIA NACIONAL DE PARALISAÇÃO E MOBILIZAÇÃO


(do site do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo)

CUT, demais centrais, sindicatos e movimentos que compõem as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo realizam em 15 de março o Dia Nacional de Paralisação e Mobilização. Em São Paulo, haverá um ato no vão livre do Masp, na Avenida Paulista, a partir das 16h, que terá a participação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo.

A luta é contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287, que trata sobre a reforma da Previdência. Sem discussão com a sociedade civil, a medida pretende igualar a idade mínima de 65 anos entre homens e mulheres e estabelece 49 anos de contribuição ininterrupta para o recebimento da aposentadoria integral. Paralisações, assembleias nas portas dos locais de trabalho, atrasos na entrada, passeatas e manifestações ocorrerão durante o dia em todo o Brasil. Em São Paulo, os movimentos organizam ações na capital e no interior.

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Aos 70 anos, Emerson Fittipaldi, que comemorará 45 anos do seu primeiro título na F1, lança carro esportivo de alto desempenho

O superesportivo Fittipaldi EF7 Vision Gran Turismo. Foto Divulgação


Emerson Fittipaldi ao lado do novo carro que ajudou a desenvolver. Foto Divulgação

por Niko Bolontrin 

Ao 70 anos, Emerson Fittipaldi volta a acelerar. No ano em que comemora 45 anos do seu primeiro título de Fórmula 1, no GP da Itália, em 1972, o ex-piloto acaba de desenvolver junto com o estúdio Pinifarina e a equipe de engenheiros da HWA o carro esportivo Fittipaldi EF7 Vision Gran Turismo, de 600cv.

É coisa para apaixonados, como o próprio Emerson. Desde que os irmãos Fittipaldi, Wilson e Emerson,  construíram os primeiros carros Fórmula V, lá pelos idos dos anos 1960, essa paixão os levou a títulos, glórias e prejuízos. A mais famosa e corajosa empreitada foi o do Copersucar, o primeiro e até hoje único Fórmula 1 brasileiro. No ano passado, Emerson Fittipaldi enfrentou dificuldades financeiras e acumulou dívidas que se agravaram em função de mais um sonho automobilístico: promover a prova de Endurance para o Brasil.

A recém-criada Fittipaldi Motors, responsável pelo novo carro apresentado no Salão de Genebra, é uma prova de que o bicampeão mundial de F1 não desiste. O Fittipaldi EF7 Vision Gran Turismo é o modelo de estreia da marca.

Este será um ano especial para Emerson. Foi há 45 anos que ele se tornou campeão de Fórmula 1, um título inédito para o Brasil, na época, e que abriu caminho para José Carlos Pacce, Nelson Piquet, Ayrton Senna, Rubem Barrichello e Felipe Massa, além de vários outros pilotos brasileiros que se destacaram na principal categoria do automobilismo.

Ao longo da vitoriosa carreira, Emerson Fittipaldi foi várias vezes capa da Manchete. Duas dessas foram especiais. A primeira, em 1972, a do título.

Na época, as fotografias em cores (cromos) eram despachadas da Europa para o Rio por avião.

Para alcançar o fechamento da edição que traria a matéria da conquista do brasileiro, Manchete fretou um avião que levou o material para Paris a tempo de ser entregue a um piloto da Varig que o trouxe para o Brasil.

Além da Manchete da semana, a Bloch lançou uma "edição sonora", com um CD que trazia o som e a fúria da vitória do brasileiro. Coisa dos tempos pré-digitais.

ATUALIZAÇÃO EM 15/03 - Roberto Muggiati, ex-diretor da Manchete, envia a seguinte mensagem: 
"Alguns reparos, com relação à edição sonora Fittipaldi em 72. O disco é um 8 polegadas 33 rotações com transcrição das transmissões de corridas ganhas pelo Emerson na voz do seu pai, Wilsão: tem Espanha, Inglaterra, Áustria e Monza, onde ele foi campeão. Apostando num primeiro título brasileiro de Fórmula 1, a Manchete começou a investir. Os fotógrafos de Paris, Pedro Pinheiro Guimarães e Francisco Mascarenhas (Xico, o dono do restaurante Guimas) cobriam todos os GPs da Europa. 

O GP anterior a Monza, onde Fittipaldi seria campeão, foi o de Zeltweg, na Áustria. Para que a Manchete pudesse dar Fittipaldi na capa, Claudio Mello e Souza foi autorizado a alugar um jatinho Paris-Zeltweg-Paris.
Embarcaram na aventura os fotógrafos, o Cláudio e/ou o Sylvio Silveira e o Murilo Melo Filho, que andava por lá e traria as fotos no voo Paris-Rio de domingo à noite. Emerson ganhou subiu ao pódio com uma coroa de louros enlaçando seu peito e a foto deu capa. Na terça à noite, já com exemplares impressos da Manchete, o Célio Lyra viajou para Paris. Assim que chegou, foi às redação do Paris-Match com as revistas, Fittipaldi na capa, na foto feita na tarde de domingo. Os coleguinhas do Match não quieseram acreditar. "Mais non, çà c'est pas possible!" Disseram que era uma fotomontagem. Célio explicou como a coisa foi feita
e tiveram de acreditar. Eu, pessoalmente, como segundo do Justino, comecei a paginar uma edição especial com belas fotos, acreditando também no lema da época "Fitti is Fab!" Era uma edição em formato compacto, 28x21cm, toda em cores e papel supercouchê. 
Emerson acelera. Para fazer essa foto, Orlando Abrunhosa subiu no bico do Fórmula V.
Detalhe, o carro ia a mais de 100km por hora. 
E não é que deu certo? Fittipaldi foi campeão em Monza e na sexta seguinte a edição ia às bancas, com o disquinho. Ele veio para um evento no Riocentro e o Júlio César - lembra dele? escrevia sobre automobilismo - pediu que ele autografasse um exemplar para mim. Aí vai, em anexo. Foi nessa edição que publiquei a fabulosa foto que o Orlandinho fez acocorado no bico do Formula-Vê do Fittipaldi em 68.
Um abraço, Muggiati"


É isso mesmo? Vaga para jornalista-voluntário, sem salário...

Reprodução

Esse post aí em cima está viralizando na web. É uma especie de anúncio de emprego para jornalistas no site de Lilian Pacce, apresentadora do GNT Fashion.

Pelo jeito, a crise não está fácil pra ninguém. Um  jornalista desempregado enviou ao blog o post inacreditável reproduzido acima.

O pior é que podem ter dado uma ideia ao governo do "presidente" Temer. O chefe do impoluto PMDB está empenhado em detonar direitos trabalhistas. E aí o site, através de seu editor, oferece vagas para jornalistas-voluntários. Com um nada sutil detalhe: para trabalhar de graça. Não exatamente "de graça". A "remuneração", sugere a página da apresentadora, é o direito de o jornalista colocar no seu currículo que um dia teve a suprema oportunidade de trabalhar lá.

Salário-currículo é o que falta ao Temer para fechar a reforma trabalhista.

Beleza... Você trabalha pra c... e no fim do mês passa no RH e recebe um currículo. E aí vai pagar o aluguel e tem que confessar ao dono do ap: "Não tenho um puto mas tenho uma currículo do cacete".
Ou você vai fazer uma compra a crédito e o vendedor pergunta: "Tem carteira assinada?". Você, obviamente, responde orgulhoso: "Não, mas sou jornalista-voluntário".

Atualização - A repercussão do "anúncio" levou a apresentadora Lilian  Pacce a pedir desculpas:


Vanity Fair compara opostos: "Porque Melania não é Jackie"


por Clara S. Britto
Melania Trump, agora inquilina da Casa Branca, já declarou que quer ser uma primeira-dama como Jacqueline Kennedy. A Vanity Fair italiana, edição de fevereiro, achou que a frase é uma piada. Jackie era um protótipo de sofisticação, Melanie uma caricatura de superficialidade. A revista compara várias outras características das duas. E diz que em apenas um ponto elas se assemelham: procuraram maridos inspiradas nas figuras dos respectivos pais.
O que também fez uma enorme diferença.

"Meu paipai": os economistas que fecundaram a recessão...


por Luís Nassif ( para o GGN)

3,6% de queda do PIB em 2016 não é culpa de Dilma Rousseff. Arriscaria a dizer que nem é culpa de Michel Temer. Quem levou o país à maior recessão desde 1930 é uma subciência econômica, uma submissão atrasada a um pensamento econômico equivocado, raso, que transformou o conhecimento científico em matéria de fé, abolindo princípios básicos de uma economia de mercado.

A culpa de Dilma e Temer foi a da semi-ignorância de uma, da ignorância ampla de outro, deixando a condução do país nas mãos de técnicos e Ministros de pequena estatura, escasso conhecimento geral.

A tragédia brasileira pós-redemocratização é fruto direto da ação deletéria dos economistas brasileiros, alguns com interesses financeiros explícitos – como a geração do Plano Real -, outros com a ignorância fatal dos falsos especialistas, os que confiam cegamente em respostas de manuais, com total incapacidade de enxergar o todo.


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A economia sempre foi uma ciência auxiliar das políticas públicas, assim como o financeiro é auxiliar dos projetos de uma empresa. Cabe ao financeiro avaliar os custos, as formas de financiamento, apontar os limites, mas sempre se subordinando à estratégia definida pelo Board da companhia.

Os erros de Dilma em 2014 foram fruto da sua cabeça. Os desastres de 2015 se deveram à pressão suicida do mercado/mídia e a erros trágicos de diagnóstico de Joaquim Levy, que persistiram na gestão Henrique Meirelles.

1o Passo – a crise fiscal
A crise fiscal do governo Dilma Rousseff foi fruto direto de um erro de diagnóstico dos economistas.

Basearam-se em estudos dos anos 90 – que haviam sido revisados pelo FMI em 2012 – segundo os quais subsídios fiscais tinham Impacto positivo no PIB. A enxurrada de subsídios se somou à compressão das tarifas de energia, visando conter a inflação. Havia um quadro externo de queda nos preços internacionais de commodities, prenunciando reflexos negativos sobre o país. E a Lava Jato cumprindo sua missão de destruir a economia brasileira.

A pobreza institucional e política do país permitiu que toda a estratégia fosse comandada de forma autocrática por Dilma e Guido Mantega, abrindo mão de qualquer consulta a outras cabeças.

2o Passo – o ajuste fiscal radical
Joaquim Levy encontrou ela frente o seguinte quadro:

1.     Crise fiscal, decorrente da queda da atividade econômica e do exagero dos subsídios concedidos na gestão Mantega.

2.     Problemas no front externo com a compressão do câmbio.

3.     Aceleração da Selic impactando profundamente a dívida pública.

4.     Desmonte da cadeia do petróleo e gás pela compressão das tarifas e pelo missão internacional da Lava Jato.

A estratégia desenhada por Levy/mercado  consistia em um choque tarifário gigantesco, um profundo arrocho fiscal e uma desvalorização cambial.

A tática consistia em equilibrar rapidamente as contas públicas, através dessa dupla investida, equilibrar a relação dívida/PIB (principal indicador de solidez fiscal). E, com isso, despertar a fé dos empresários na solidez fiscal. Bastaria para trazer de volta os investimentos em um prazo exíguo. Com os investimentos de volta, haveria a volta do crescimento e, consequentemente, da arrecadação fiscal.
LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO GGN, CLIQUE AQUI

terça-feira, 7 de março de 2017

O Cristo-Oxalá da Mangueira vetado na avenida poderá ser visto em exposição


Na foto de Sofia Mentens/Riotur, o Cristo da Mangueira.
Do outro lado da imagem, Oxalá. 



por Ed Sá

Não sei o que  é pior. O evangélico prefeito, nessa ordem, Marcelo Crivela, dando um show de falta de educação ao deixar as pessoas esperando horas e não aparecer para abrir o Carnaval ou a igreja católica mais uma vez interferir em uma escola de samba. Nos dois casos, sinais de pós-verdade. Crivela poderia ter tido a coragem de admitir claramente que sua sigla fundamentalista não permite aproximação com a maior festa da cidade. Preferiu praticar um enrolação de proporções bíblicas.

A cúpula católica nega ter proibido o Cristo-Oxalá da Mangueira e fala apenas em "negociação". Em outro famoso episódio de censura religiosa - o Cristo proibido, da Beija Flor - o carnavalesco de Joãozinho Trinta foi menos submisso e fez o seu protesto contra a interferência na sua arte.

Se a atitude de Crivela é irrecuperável, o Oxalá-Cristo poderá ser visto em exposição no Paço Imperial, segundo a coluna Gente Boa, do Globo. As peças do enredo "Só com a Ajuda dos Santos", da verde e rosa, farão parte de uma mostra em data ainda a ser marcada. A não ser que os católicos encrenquem de novo. Aí, melhor apelar para o Papa Francisco que é menos linha-dura e respeita a religiosidade dos outros.

Para entrar nos Estados Unidos, cucaracha tem que entregar até senhas de redes sociais. Ordem de Tio Trump. Dizem que o próximo passo é colonoscopia obrigatória para visitantes...

por Omelete
Donald Trump baixou novas restrições para a entrada nos Estados Unidos. Na contramão dessa política de portas fechadas, lobby de empresários de turismo querem que o governo brasileiro dispense americanos de visto para vir ao Brasil. A pressão é forte, mas o Itamaraty resiste a abrir a porteira baseado na política de reciprocidade praticada por todos os países. Já há maior rigidez na concessão de vistos para quem viaja à terra do Tio Trump. Entrevistas mais invasivas e solicitações de senhas para que agentes vasculhem memórias de celulares e conteúdo de redes sociais já estão em vigor.
Tem gente pensando duas vezes antes de ir para Orlando. É que, nesse ritmo, Trump não demora a exigir que cucarachas do lado debaixo do Equador façam colonoscopia no aeroporto ao desembarcar. É isso ou não vai ver Mickey e Pateta na Disney.  

Quer apostar? A qualquer preço, Temer fica...

por Flávio Sépia
Michel Temer é um pato manco. Citado em denúncias premiadas e com todo um círculo de amigos já exibindo graves escoriações, o ilegítimo respira por aparelhos. Mas, anotem, ele vai assim mesmo até 31 de dezembro de 2018, fim do mandato sequestrado.
Temer e seu grupo têm forte apoio na Câmara, no Senado, na mídia, no mercado. Na mídia, então, ele tem entre os colunistas seguidores apaixonados embora entre os brasileiros da vida real, como mostram sucessivas pesquisas, conquiste níveis recordes de rejeição.
O segredo da sustentação de Temer é o mesmo que impulsionou o golpe: a obstinação das classes dominantes em demolir as políticas sociais, a Previdência, a CLT, o sistema público de saúde, as regras ambientais, a fixação em mudar concessões para favorecer controladores, em privatizar o que resta, em impedir através de reformas medievais que a escola faça alunos pensarem, em transferir renda ou bens públicos para corporações, em concentrar renda, em precarizar o trabalho. A lista é longa.
Temer não cai porque ainda tem muito a entregar ao sistema que o colocou lá. Não importa a corrupção, nem as delações que acertem nomes e nomes da cúpula. O que vale é o serviço sujo.
Se Fernandinho Beira-Mar fosse presidente e prometesse as reformas que as corporações e a mídia exigem, também cumpriria o mandato e seria forte candidato à reeleição.
Temer fica.

segunda-feira, 6 de março de 2017

SkyPixel anuncia vencedores de concurso mundial de fotos tiradas com dones

Foto Gen Zheng/SkyPixel
por Niko Bolontrin 

Em ação promovida com a DJI, empresa chinesa de tecnologia, a plataforma SkyPixel lançou 
em fins de 2016 um concurso de fotografias aéreas capturadas por drones. 
Em dois meses, cerca de 27 mil fotógrafos de 131 países enviaram seus trabalhos. Um, júri 
formado por jornalistas e fotógrafos da Time e da Condé Nast anunciou o grande vencedor, 
assim como os premiados em três  categorias: "Beleza", "360°" e "Utilização do Drone". 
A fotografia vencedora do prêmio principal foi “Pescador junto à rede", 
de Gen Zheng,  foto feita em Fujian, na China.
VEJA GALERIA DE FOTOS NO SITE SKYPIXEL, CLIQUE AQUI

Vanity Fair: Foto de Emma Watson é alvo da patrulha feminista

Foto Tim Walker/Vanity Fair/Reprodução


por Clara S. Britto

A atriz Emma Watson posou para um sofisticado ensaio da Vanity Fair de março. Foi fotografada por Tim Walker, artista que adiciona ao seu trabalho uma forte carga onírica.

Mas foi a foto do alto que gerou polêmica na web.

Emma divulga em entrevistas seus ideais feministas e já participou de campanhas da ONU para a igualdade de gêneros. O generalato do feminismo na rede se incomodou com os seios da atriz e considerou a foto um ofensa aos ideais.

Emma respondeu que o feminismo é também dar escolhas às mulheres.  "É libertação" - disse ela. "E não sei o que os meus peitos interferem nisso".

As haters chamaram Emma de hipócrita e nojenta. Mas houve quem a defendesse ao destacar que o maneira como ela posa não prejudica seus ideais e o fato de ser sensual não impede que faça um bom trabalho. "Se não aguentam ver isso, é problema de vocês", disparou uma internauta às críticas da patrulha.

domingo, 5 de março de 2017

Avião da seleção brasileira adota o slogan #VoaCanarinho. Hummm, esse termo não deu muita sorte na Copa de 1982. Foi a da "tragédia do Sarriá", lembra?

O jato #VoaCanarinho. Foto Divulgação
por O.V.Pochê

A Gol Linhas Aéreas Inteligentes acaba de apresentar em Congonhas o avião oficial da seleção brasileira de futebol. Nas cores tradicionais, o jato leva o símbolo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Até aí tudo beleza.

Acontece que quem deu o nome ao projeto - #VoaCanarinho - e mandou pintar um canário na fuselagem esqueceu que o termo não deu muita sorte à seleção. Explica-se: em 1982, o jogador Júnior, do Flamengo, compôs a música "Voa, Canarinho, voa", em homenagem à equipe que ia disputar a Copa do Mundo na Espanha. A música fez sucesso. Mas não deu sorte. A seleção, embora elogiada pelo futebol de grande técnica, não resistiu aos três balaços do atacante Paolo Rossi, da Itália, perdeu de 3 X 2 e não passou das quartas-de-final. O desastre em campo ficou conhecido como a "tragédia do Sarriá", nome do estádio fatídico, em Barcelona

E a letra de Júnior, que cantava Voa, canarinho, voa Mostra pra esse povo que és um rei/Voa, canarinho, voa/Mostra na Espanha o que eu já sei, ganhou fama de pé-frio.

Se o #VoaCanarinho vai se redimir, logo saberemos: a seleção embarca no Boeing 737-800 da Gol rumo a Montevidéu onde disputará no dia 20 de março, contra o Uruguai, mais uma partida das Eliminatórias para a Copa do Mundo da Rússia, no ano que vem.

Em tempo: desejo toda a sorte do mundo ao time de Tite.

Da Tribuna do Ceará: Museu da Fotografia de Fortaleza recebe sua primeira exposição de fotos. Acervo do colecionador Silvio Frota poderá ser visto durante a abertura. Inauguração está programada para o dia 11 de março

Museu da Fotografia de Fortaleza abriga 2 mil trabalhos. Foto Celso Oliveira

Foto Marc Ribaud/Fundação Paula e Sílvio Frota

Foto de Henri Cartier-Bresson/Fundação Paula e Sílvio Frota

por Matheus Ribeiro (para a Tribuna do Ceará) 
A região Sudeste do Brasil está deixando de ser a única referência em cultura e fotografia do país. No próximo sábado (11), o Ceará recebe a primeira exposição de fotos no novo Museu da Fotografia de Fortaleza. Na ocasião, serão expostas obras da coleção fotográfica do colecionadror de arte Silvio Frota.
A coleção abrange dois séculos de história da fotografia nacional e estrangeira, em 2 mil trabalhos unidos em um único espaço, que será aberto ao público.
Uma das principais características da coleção são as séries de fotojornalismo e a seção que foca o período da ditadura militar. Para o colecionador, esses artigos contam uma história surpreendente do país.
LEIA MAIS NA TRIBUNA DO CEARÁ, CLIQUE AQUI

sábado, 4 de março de 2017

PMDB acrescenta 'chantagem' à sua lista de 'crimes'



Partido que tem mais folha corrida do que história, o PMDB acrescenta a 'chantagem' à sua lista de 'crimes'. Em sua página no Facebook, a sigla golpista postou um texto agressivo em tom de ameaça à população.
A mensagem parece inspirada no marketing do Partido Nazista na Alemanha dos anos 1930.
Diz o recado que se a reforma da Previdência não for aprovada, os programas sociais serão enterrados. É dá ou desce.
Faltou a ilustração de uma pistola apontada para a cabeça de cada brasileiro.

Edição de março da Piauí faz o perfil de Jorge Picciani. Revista devia vir com um aviso às crianças: "não tente imitar esse homem em casa"


Talvez fosse recomendável essa edição da Piauí ser vendida nas bancas envelopada em plástico fosco. E com um aviso: "não tente imitar esse homem em casa". Vai que uma criança tem acesso ao dito perfil e tenta reproduzir algum comportamento ou característica do perfilado.

A matéria da Piauí é assinada pela jornalista Malu Gaspar. O título? "Rei do Gado". Perfeito. Picciani é  aquele que, segundo delatores premiados, vendeu vaca para a empreiteira Carioca a um preço por cabeça cinco vezes mais caro. O superfaturamento, segundo a denúncia, também atende pelo nome de caixa 2 para campanha eleitoral.

Impressora 3D constrói casa em apenas 24 horas. Custo: pouco mais de 10 mil dólares.


A empresa Apis Cor desenvolveu uma impressora 3D capaz de construir uma residência em apenas 24 horas. A casa sai por 10.134 dólares. O sistema pode erguer até mansões, mas, pelo custo, será uma alternativa prática para construção de casas populares. Claro que dificilmente vai interessar a certos políticos brasileiros. A esse preço, o "por fora" alcançaria valores muito baixos para o bolso deles.
VEJA UM VÍDEO DEMONSTRATIVO NO MASHABLE. CLIQUE AQUI

Fotomemória da redação: Manchete, Rua do Russel, 8° andar, março de 1982...

Na redação da Manchete, há 35 anos. Em 1982, a equipe produzia um edição comemorativa dos 30 anos da revista. Tradicionalmente, nesses números especiais, eram registradas cenas de "bastidores" da Bloch. A foto acima mostra um desses momentos. Na mesa "L", Roberto Muggiati, Célio Lyra, Zevi Ghivelder e Gervásio Baptista. À esquerda, colado à coluna, Serginho, o "siri" (assim Alberto apelidou os contínuos que passavam o dia "indo e voltando"), Irineu Guimarães, Ney Bianchi e Flávio de Aquino; na fila de mesas ao centro, Alberto Carvalho, José Esmeraldo e Tarlis Batista; nas mesas junto à divisória de vidro, Suzana Tebet,  Frederico Wolny e Carlos Heitor Cony. 

Na mesa de luz, Alberto, Wilson Passos, Zevi Ghivelder
e Célio Lyra. 


sexta-feira, 3 de março de 2017

A ridícula dublagem dos filmes na televisão

por J.A.Barros
De acordo com ela própria, os sotaques são uma parte óbvia da construção dos personagens. Certa vez, perguntada sobre isso, ela respondeu:
- "Eu sou sempre confrontada por essa questão… Como eu posso interpretar um personagem e falar como eu mesma?".
 Quando questionada sobre como consegue reproduzir os diferentes sotaques, ela respondeu:
- "Eu os ouço."
Com essa frase, Meryl Streep acaba com a dublagem de atores no cinema. Acho que não preciso
dizer mais nada em relação à dublagem dos filmes que passam na televisão.

Deu na BBC Brasil: Fotógrafos brasileiros na final do World Photography Awards


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Crise da Previdência, mentiras e video-tape


Empresas que devem à Previdência - são milhares - a farra das aposentadorias especiais, desvios históricos do caixa da instituição pelo próprio governo: tudo isso junto, especialmente o primeiro item, explica o déficit da Previdência segundo economistas independentes. Mas o arrastão neoliberal do governo que o golpe instalou não ataca nenhum desses fatores. Apenas quer meter a mão no bolso dos menos favorecidos. A soma dos valores que empresas devem criminosamente à Previdência é várias vezes maior do  que o fantasioso "déficit". E eles repetem esse mentira a toda horo como se fossem um antigo aparelho de video-cassete enguiçado.

. . . E A CATUABA BOMBOU

O primeiro porre a gente não esquece: o meu 
foi num Carnaval dos anos 1950, com Catuabom.

Por Roberto Muggiati


O rótulo assumidamente kitsch da Catuaba Selvagem desenhado por Benício, ilustrador que
teve trabalhos publicados na extinta revista Ela Ela.

Reprodução O Globo


A Catuaba Selvagem foi a grande sensação do Carnaval de 2017 – no Rio de Janeiro e em outras praças. As vendas foram tão marcantes que seu fabricante – a Arbor Brasil – já pediu autorização para entrar no mercado norte-americano, começando por Miami. Os motivos da preferência são o teor alcoólico (14%), o preço razoável e suas alardeadas qualidades afrodisíacas, além de exercer efeito menos diurético do que a cerveja.

A planta Anemopaegma
glaucum fotografada
na serra dos Pirineus
A bebida é feita a partir da Anemopaegma glaucum, popularmente conhecida como “catuaba” ou “catuíba”, uma planta da família das bignoniáceas. Considerada ornamental, medicinal e afrodisíaca, seu nome vem do guarani e significa “aquilo que dá força ao índio”.

Meu primeiro porre, aos treze anos, gravado a ferro e fogo na memória, foi no Carnaval de 1951, com Catuabom, uma gororoba que surpreendentemente ainda continua no mercado. Marinheiros de primeira viagem – eu e dois amigos – enjoamos e depois vomitamos a alma e perdemos a garrafa, que não tinha acabado, nas areias da praia de Guaratuba, no litoral paranaense. Gastamos umas boas duas horas embriagadas à procura do precioso Catuabom. Não tenho a menor ideia de como voltei para casa.

Eu passava as férias na casa de praia de meu tio e padrinho – advogado e jornalista – José Muggiati Sobrinho. Era uma bela residência de madeira – na época Guaratuba quase não tinha prédios de alvenaria – plantada na avenida principal, a meio caminho entre a baía e a praia aberta. Tio José era uma espécie de Rei de Guaratuba: comodoro do Iate Clube, com uma lancha possante, tinha o único lotação da cidade, uma Kombi, que fazia o trajeto da baía até a praia, com um quilômetro de distância. Era dono também do único cinema local. Explicando melhor: com o equipamento básico de um projetor, algumas latas com rolos de filmes e uma tela, ou um simples lençol branco, ele promovia sessões de cinema num galpão de madeira que pertencia à associação dos pescadores. Ao fim da sessão, as cadeiras eram encostadas às paredes e o galpão se transformava em pista de forró para os caiçaras.

Foi lá que vi um dramalhão mexicano inesquecível: Maria Candelária, de Emílio Fernández, que escreveu o enredo em treze guardanapos de papel num restaurante, enquanto esperava a atriz Dolores del Río, ansioso porque não pudera comprar um presente de aniversário para ela.  Estrelado por Dolores e Pedro Armendáriz, filmado na Cidade do México com fotografia do mestre Gabriel Figueroa, Maria Candelária, conquistou o Grand Prix da primeira edição do Festival de Cannes, em 1946. Um detalhe que nunca esqueci: a heroína morre apedrejada por uma turba.

A foto do fato narrado abaixo: escondendo a ressaca no Clóvis; no bloquinho de carnaval com as primas Marli (4ª) e Ieda (6ª); e a mesa de pingue-pongue em destaque à direita. Foto: Acervo Pessoal


Mas, voltando ao porre de Catuabom – eu deveria chama-lo de Catua-ruim – na manhã seguinte eu estava devastado, com o estômago em frangalhos. Aquele domingo me reservava duas provas terríveis: o almoço farto com pratos tradicionais como salada de batata à maionese, o macarrão com frango e taínha com farofa de ova; e um desafio de pingue-pongue, em que eu defenderia as honras da casa. A casa de tio José tinha um grande salão de uns quinze metros por dez, com uma mesa de jantar quilométrica que acolhia diariamente umas trinta pessoas, em que predominavam crianças, e uma mesa oficial de pingue-pongue. De tanto praticar, acabei me tornando o campeão do pedaço e frequentemente surgiam forasteiros que vinham me desafiar. O oponente daquele dia era um militar de Curitiba metido a besta que se achava um verdadeiro campeão de tênis de mesa. Enquanto o aguardava, disfarçadamente, fui várias vezes ao banheiro me desfazer das minhas entranhas. Vali-me ainda de um subterfúgio para ocultar minha ressaca: enfiei-me num Clóvis – do Arco da Velha ou do Tempo do Onça – e ninguém podia ver a minha cara, mas o sufoco de estar aprisionado naquela fantasia piorava o meu enjoo.

Como disse Sartre – ou, se não disse, pensou – a náusea é mil vezes pior que a dor, um convite ao suicídio.

O orgulho da família – e o meu, pessoal – estava em jogo. O oponente era agressivo e atacou forte no começo, mas estava aí a sua principal fraqueza: a truculência. Com sutileza e jogo de cintura ganhei a partida. E então fui encarar o almoço dominical ainda com o gosto amargo da catuaba na minha boca. Um gosto que sinto até hoje...