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quarta-feira, 8 de março de 2017

Hackers e nerds estão fazendo com que as belas espiãs percam os empregos



Presa em 2010, a russa Anna Chapman pode ter sido a última musa da espionagem 
antes da substituição de belas agentes por hackers e nerds. 
Um caso que rendeu até fotos vazadas que ajudaram
a divulgar a sensualidade da espiã.
Já hackers e nerds jamais vão ilustrar a primeira página

Violet Szabo tinha 23 anos quando trabalhou
para a Resistência Francesa. Sua valentia virou lenda e sua fama chegou
aos dias de hoje: ela é a figura inspiradora do famoso videogame
Velvet Assasin. Foi fuzilada pelos alemães em 1945. 
Krystyna Skarbek boicotou operações
da Alemanha no Leste Europeu. Foi assassinada por
um amante em 1952.

Nancy Wake foi a espiã mais  caçada pela Gestapo. Foi acusada de matar um
soldado alemão com as próprias mãos. Ao fim da guerra foi condecorada por vários países. 


Mata Hari foi amante de generais e altos funcionários
de vários governos. Foi presa e executada em 1917.
por Jean-Paul Lagarride

O site Wikileaks está divulgando um pacotaço de documentos confidenciais sobre as megaoperações de espionagem da CIA no mundo. Segundo Julian Assange, o jornalista e ciberativista que faz parte do conselho do portal, as armas cibernéticas dos americanos incluem softwares maliciosos que invadem sistemas Windows, Android, iOS, OSX e Linux, além de roteadores de internet. Nem TVs inteligentes escapam às operações policiais dos Estados Unidos. São milhares de documentos que serão publicados gradativamente de acordo com o projeto "Vault 7".
Praticamente tudo que contém informações e que se conecte a redes de dados ou de telefonia pode ser hackeado. Os vírus criam até um modo "falso desligado" nos aparelhos para enganar os usuários.

A espionagem ganha, assim, mais eficiência, mas vamos admitir que perde em romantismo. Nesse ponto, as Guerras Mundiais e a Guerra Fria vão deixar saudades. Uma Mata Hari, hoje, dependeria menos do seu poder de sedução e da sua coragem do que da sua capacidade de invadir softwares e injetar códigos virulentos em smartphones, notebooks, tablets ou supercomputadores.

Christine Keller: musa de escândalo
de espionagem
Como nerds sebentos e hackers de olheiras vão tornar possível um escândalo de espionagem que dê fama a uma modelo como Christine Keller que, ao mesmo tempo, era amante do ministro da Guerra inglês, John Profumo e do adido militar soviético Yevgeny Ivanov?  Isso aconteceu em 1963, quando os computadores eram geringonças que ocupavam andares inteiros e o único telefone móvel do mundo estava no sapato do Agente 83.

Uma Krystyna Skarbek, das mais sedutoras e bem-sucedidas da Segunda Guerra Mundial, quando atuou no Special Operations Executive, da Inglaterra, não sairia de um centro de controle refrigerado e impessoal. Ou a jornalista Nancy Wake, que se infiltrou entre os alemães para abastecer a Resistência de informações vitais. Elas arriscavam e não raro perdiam as vidas.

Talvez a última musa da espionagem, antes que as redes cibernéticas tomassem o lugar, foi a russa Anna Chapman presa nos Estados Unidos em 2010. Como parte do seu disfarce, ela se casou com um inglês que nunca desconfiou que dividia a cama com uma espiã.

A literatura policial e o cinema também saem perdendo. A Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria renderam incontáveis clássicos.
Mesmo a literatura popular de consumo rápido bateu recordes de tiragens como no caso da coleção de livros de bolso de "Gisele, a espiã nua que abalou Paris", escrita por David Nasser, sob pseudônimo.
Mas em tempos de vazamentos de dados, como transformar uma nerd com cara de diretora de ensino médio do Meio Oeste em bond girl? Difícil.
Escritores e diretores fazem um apelo aos serviços de espionagem: mesmo que a tecnologia seja agora a estrela da bisbilhotagem, não abandonem o trabalho patriótico das espiãs.