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quarta-feira, 8 de março de 2017

Aos 70 anos, Emerson Fittipaldi, que comemorará 45 anos do seu primeiro título na F1, lança carro esportivo de alto desempenho

O superesportivo Fittipaldi EF7 Vision Gran Turismo. Foto Divulgação


Emerson Fittipaldi ao lado do novo carro que ajudou a desenvolver. Foto Divulgação

por Niko Bolontrin 

Ao 70 anos, Emerson Fittipaldi volta a acelerar. No ano em que comemora 45 anos do seu primeiro título de Fórmula 1, no GP da Itália, em 1972, o ex-piloto acaba de desenvolver junto com o estúdio Pinifarina e a equipe de engenheiros da HWA o carro esportivo Fittipaldi EF7 Vision Gran Turismo, de 600cv.

É coisa para apaixonados, como o próprio Emerson. Desde que os irmãos Fittipaldi, Wilson e Emerson,  construíram os primeiros carros Fórmula V, lá pelos idos dos anos 1960, essa paixão os levou a títulos, glórias e prejuízos. A mais famosa e corajosa empreitada foi o do Copersucar, o primeiro e até hoje único Fórmula 1 brasileiro. No ano passado, Emerson Fittipaldi enfrentou dificuldades financeiras e acumulou dívidas que se agravaram em função de mais um sonho automobilístico: promover a prova de Endurance para o Brasil.

A recém-criada Fittipaldi Motors, responsável pelo novo carro apresentado no Salão de Genebra, é uma prova de que o bicampeão mundial de F1 não desiste. O Fittipaldi EF7 Vision Gran Turismo é o modelo de estreia da marca.

Este será um ano especial para Emerson. Foi há 45 anos que ele se tornou campeão de Fórmula 1, um título inédito para o Brasil, na época, e que abriu caminho para José Carlos Pacce, Nelson Piquet, Ayrton Senna, Rubem Barrichello e Felipe Massa, além de vários outros pilotos brasileiros que se destacaram na principal categoria do automobilismo.

Ao longo da vitoriosa carreira, Emerson Fittipaldi foi várias vezes capa da Manchete. Duas dessas foram especiais. A primeira, em 1972, a do título.

Na época, as fotografias em cores (cromos) eram despachadas da Europa para o Rio por avião.

Para alcançar o fechamento da edição que traria a matéria da conquista do brasileiro, Manchete fretou um avião que levou o material para Paris a tempo de ser entregue a um piloto da Varig que o trouxe para o Brasil.

Além da Manchete da semana, a Bloch lançou uma "edição sonora", com um CD que trazia o som e a fúria da vitória do brasileiro. Coisa dos tempos pré-digitais.

ATUALIZAÇÃO EM 15/03 - Roberto Muggiati, ex-diretor da Manchete, envia a seguinte mensagem: 
"Alguns reparos, com relação à edição sonora Fittipaldi em 72. O disco é um 8 polegadas 33 rotações com transcrição das transmissões de corridas ganhas pelo Emerson na voz do seu pai, Wilsão: tem Espanha, Inglaterra, Áustria e Monza, onde ele foi campeão. Apostando num primeiro título brasileiro de Fórmula 1, a Manchete começou a investir. Os fotógrafos de Paris, Pedro Pinheiro Guimarães e Francisco Mascarenhas (Xico, o dono do restaurante Guimas) cobriam todos os GPs da Europa. 

O GP anterior a Monza, onde Fittipaldi seria campeão, foi o de Zeltweg, na Áustria. Para que a Manchete pudesse dar Fittipaldi na capa, Claudio Mello e Souza foi autorizado a alugar um jatinho Paris-Zeltweg-Paris.
Embarcaram na aventura os fotógrafos, o Cláudio e/ou o Sylvio Silveira e o Murilo Melo Filho, que andava por lá e traria as fotos no voo Paris-Rio de domingo à noite. Emerson ganhou subiu ao pódio com uma coroa de louros enlaçando seu peito e a foto deu capa. Na terça à noite, já com exemplares impressos da Manchete, o Célio Lyra viajou para Paris. Assim que chegou, foi às redação do Paris-Match com as revistas, Fittipaldi na capa, na foto feita na tarde de domingo. Os coleguinhas do Match não quieseram acreditar. "Mais non, çà c'est pas possible!" Disseram que era uma fotomontagem. Célio explicou como a coisa foi feita
e tiveram de acreditar. Eu, pessoalmente, como segundo do Justino, comecei a paginar uma edição especial com belas fotos, acreditando também no lema da época "Fitti is Fab!" Era uma edição em formato compacto, 28x21cm, toda em cores e papel supercouchê. 
Emerson acelera. Para fazer essa foto, Orlando Abrunhosa subiu no bico do Fórmula V.
Detalhe, o carro ia a mais de 100km por hora. 
E não é que deu certo? Fittipaldi foi campeão em Monza e na sexta seguinte a edição ia às bancas, com o disquinho. Ele veio para um evento no Riocentro e o Júlio César - lembra dele? escrevia sobre automobilismo - pediu que ele autografasse um exemplar para mim. Aí vai, em anexo. Foi nessa edição que publiquei a fabulosa foto que o Orlandinho fez acocorado no bico do Formula-Vê do Fittipaldi em 68.
Um abraço, Muggiati"


sábado, 3 de setembro de 2016

Fórmula 1: quando a Manchete acelerava nas pistas. E a capa de Rubens Barrichello, que foi feita mas não existiu...

por Jean-Paul Lagarride
O piloto Felipe Massa, da Williams, anunciou sua decisão de se retirar da Fórmula 1 ao fim da temporada de 2016. E o outro brasileiro no atual grid, Felipe Nasr, da Sauber, ainda depende da renovação de contrato ou de proposta de nova equipe.

Caso essas alternativas não se concretizem, o Brasil, pela primeira vez desde o começo dos anos 1970, não estará representado nas pistas da categoria em 2017. A última vitória de um brasileiro na F1 foi em 2009, em Monza, com Barrichello correndo pela Brawn-Mercedes

A partir das primeiras vitórias e do bicampeonato de Emerson Fittipaldi, os pilotos brasileiros que venceram provas ou títulos na principal categoria do automobilismo fizeram pit stop nas páginas ou nas capas da Manchete. Nelson Piquet e Ayrton Senna, ambos tricampeões, estiveram nas capas de inúmeras edições.

Observe que a revista especial sobre a conquista de Emerson Fittipaldi (acima), de agosto de 1972, incluía um disco. Era "edição sonora". A sinergia entre os meios impressos e digitais tão comum hoje estava longe acontecer. Melhor dizendo, não aparecia nem no horizonte da ficção científica. Incluir um compact disc analógico como complemento multimídia (essa palavra também nem existia) de uma revista era uma modernidade. Um parêntese: a Fatos & Fotos foi pioneira na fórmula, em 1969, ao lançar uma edição especial da chegada do homem à Lua com um disco grátis que reproduzia o áudio dos diálogos entre Neil Armstrong, Buzz Aldrin, Michael Collins e a Nasa.

Rubens Barrichello, que começou a correr na categoria em 1993, ganhou mais destaque nos anos 2002 e 2004 quando foi vice-campeão.


Dois anos antes, a Bloch Editores havia pedido falência. A revista Manchete ainda teve uma sobrevida editada por ex-funcionários mas não resistiu às exigências e aos custos do mercado a partir da virada do século.

Curiosamente, Barrichello, como a viúva Porcina, "a que foi sem nunca ter sido" da novela "Roque Santeiro", foi a capa que não existiu da edição que seria a última da trajetória regular da Manchete, que não chegou a ser impressa.

Explica-se: Rubinho ganhara uma prova e a redação decidira pôr o piloto da capa. Logo após o fechamento, oficiais de Justiça entraram no prédio da Rua do Russell, comandaram a retirada abrupta de todos os funcionários e lacraram as instalações.

A Bloch havia pedido falência. E Barrichello não completou a última curva antes de chegar à capa.

Felipe Massa, que estreou na F1 em 2002, chegou atrasado para se destacar na Manchete.

Precisamente, dois anos depois de a revista se retirar das pistas. Ou melhor, das bancas.

NR1: A capa de Barrichello reproduzida acima é a de um cartaz de banca (peça promocional) que a Manchete entregava aos jornaleiros). Esse cartaz, exemplar único (era ainda uma prova gráfica), foi preservado por José Carlos de Jesus, ex-chefe de reportagem da revista e atualmente presidente da Comissão dos Ex-Empregados da Bloch Editores (CEEBE).  

NR2: Leia comentário anexado a este post. J.A.Barros, ex-diretor de Arte da revista Manchete, acrescenta alguns detalhes sobre a capa de Barrichello na edição que nunca chegou às bancas.