Krystyna Skarbek boicotou operações da Alemanha no Leste Europeu. Foi assassinada por um amante em 1952. |
Nancy Wake foi a espiã mais caçada pela Gestapo. Foi acusada de matar um soldado alemão com as próprias mãos. Ao fim da guerra foi condecorada por vários países. |
Mata Hari foi amante de generais e altos funcionários de vários governos. Foi presa e executada em 1917. |
O site Wikileaks está divulgando um pacotaço de documentos confidenciais sobre as megaoperações de espionagem da CIA no mundo. Segundo Julian Assange, o jornalista e ciberativista que faz parte do conselho do portal, as armas cibernéticas dos americanos incluem softwares maliciosos que invadem sistemas Windows, Android, iOS, OSX e Linux, além de roteadores de internet. Nem TVs inteligentes escapam às operações policiais dos Estados Unidos. São milhares de documentos que serão publicados gradativamente de acordo com o projeto "Vault 7".
Praticamente tudo que contém informações e que se conecte a redes de dados ou de telefonia pode ser hackeado. Os vírus criam até um modo "falso desligado" nos aparelhos para enganar os usuários.
A espionagem ganha, assim, mais eficiência, mas vamos admitir que perde em romantismo. Nesse ponto, as Guerras Mundiais e a Guerra Fria vão deixar saudades. Uma Mata Hari, hoje, dependeria menos do seu poder de sedução e da sua coragem do que da sua capacidade de invadir softwares e injetar códigos virulentos em smartphones, notebooks, tablets ou supercomputadores.
Christine Keller: musa de escândalo de espionagem |
Uma Krystyna Skarbek, das mais sedutoras e bem-sucedidas da Segunda Guerra Mundial, quando atuou no Special Operations Executive, da Inglaterra, não sairia de um centro de controle refrigerado e impessoal. Ou a jornalista Nancy Wake, que se infiltrou entre os alemães para abastecer a Resistência de informações vitais. Elas arriscavam e não raro perdiam as vidas.
Talvez a última musa da espionagem, antes que as redes cibernéticas tomassem o lugar, foi a russa Anna Chapman presa nos Estados Unidos em 2010. Como parte do seu disfarce, ela se casou com um inglês que nunca desconfiou que dividia a cama com uma espiã.
A literatura policial e o cinema também saem perdendo. A Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria renderam incontáveis clássicos.
Mesmo a literatura popular de consumo rápido bateu recordes de tiragens como no caso da coleção de livros de bolso de "Gisele, a espiã nua que abalou Paris", escrita por David Nasser, sob pseudônimo.
Mas em tempos de vazamentos de dados, como transformar uma nerd com cara de diretora de ensino médio do Meio Oeste em bond girl? Difícil.
Escritores e diretores fazem um apelo aos serviços de espionagem: mesmo que a tecnologia seja agora a estrela da bisbilhotagem, não abandonem o trabalho patriótico das espiãs.