A maioria sairá do armário no segundo turno das eleições. Isso costuma acontecer sempre que a esquerda leva um candidato às finais. Mas antes disso, durante a campanha, eles emitem sinais inconfundíveis.
Nos anos 1950 foi popularizada na política uma expressão que surgiu em quartéis no embalo da Guerra Fria. "Fulano é 'melancia'". No Brasil, as Forças Armadas são majoritariamente instrumentos da direita e ultra direita, posição bem caracterizada pelos golpes e ditaduras que patrocinaram. Não é preciso ser comunista: se um militar mostrar sutis ideias progressistas ou se der pista de que é socialista ou mesmo social democrata provavelmente ganhará a definição interna, em alusão à farda, de "verde por fora vermelho por dentro". Um "melancia".
A esquerda ainda não deu nome de fruta ou verdura aos jornalistas que são verdes por dentro, mas a especie viceja na atual corrida eleitoral. Como não disfarçam muito, devem ser "abacates" plenos que ficarão maduros assim que o TRE totalizar os votos do primeiro turno.
Conheça as cepas da bolsonarite quase assintomática que assola certos editorialistas, comentaristas e âncoras e colunistas da mídia neoliberal.
* Prefere chamar os escândalos de corrupção do governo Bolsonaro de "irregularidades".
* Elogia a política econômica do governo e evita críticar Paulo Guedes.
* Se Bolsonaro passar um dia sem criticar o STF, o jornalista comemora a "nova fase de respeito às instituições"*'.
* Faz campanha contra título de eleitor para jovem a partir de 16 anos.
* Quando crítica alguma medida de Bolsonaro sempre faz a ressalva de que Lula fez pior.
* Escreve colunas inteiras ironizando o "politicamente correto" , uma das bandeiras dos bolsonaristas.
* Vê manifestações racistas e nazistas como "liberdade de expressão".
* Critica o banimento de termos e expressões que os movimentos negros classificam de preconceituosas.
* Atribui a alta dos juros, do dólar e da inflação sempre à crise mundial. Enchentes em Petrópolis à mudança do clima.
*Começa a deixar de lado a expressão "terceira via". Agora chama de "Centro Democrático" as pré-candidaturas dos ex-bolsonaristas Sérgio Moro, João Dória, Simone Tebet e Eduardo Leite.
* Ainda intitula Olavo de Carvalho de "filósofo".
* Quando fala do desastre ambiental no governo Bolsonaro poupa o agronegócio, o maior responsável segundo instituições internacionais respeitadas.
* Não condena garimpo nem mineração em terras indígenas.
* Não critica a liberação indiscriminada de agrotóxicos.
* Não chama a queda de Dilma de golpe.
* Evita comentar agressões de bolsonaristas a repórteres.
* Acredita que o mercado e a especulação financeira sempre têm razão.
* Acha Paulo Guedes um cara espirituoso e "grande frasista" mesmo quando agride porteiros, empregadas domésticas, aposentados...
* Chama tortura de "maus tratos".
* Reservou uma passagem para Paris, em novembro. Quem sabe...
2 comentários:
Não estou muito otimista. Acho que seja qual for o presidente vai ter que enfrentar um Congresso dominado pelo Centrão que está cheio de grana para fazer campanha bilionária. Sofre, Brasil
O anúcio da provável desistência de Moro, que ainda pode não desistir, foi suficiente para que o ex-juiz transferir votos para Bolsonaro. Os dois são farinha podre do mesmo saco
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