A Manchete deixou de circular em agosto de 2000. Oito anos depois, um pequeno grupo de ex-funcionários da editora lançou o livro Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou (Desiderata). São relatos autênticos onde cada um, no seu próprio estilo, conta sua vivência nas revistas da Bloch Editores. Não são histórias oficiais. É a visão livre de colegas de vários setores. O livro também aborda o capitulo histórico de lancamento da revista em 1952, as dificuldades iniciais, a evolução jornalistica, a admirável qualidade gráfica. Manchete cresceu com o Brasil que se industrializava, falou com a classe média que crescia e consumia no ambiente de uma democracia que chegou a vencer graves crises desde 1954 mas sucumbiu em um golpe militar, o de 1964, que amordaçou o pais durante 21 anos. Como a maior parte dos principais veiculos jornalísticos, Manchete apoiou o golpe. O Aconteceu na Manchete não esconde esse perfil desfavorável, nem esse, nem outros, nem deixa de reconhecer a importância da empresa que se tornou uma das maiores editoras de revistas do país e se impôs pela qualidade dos seus conteúdos jornalísticos e gráficos. A coletânea é um mapa do caminho para desvendar os bastidores do complexo de prédios da Rua do Russell, no Rio de Janeiro.
Este modesto blog nasceu um 2009 com o propósito de ser uma extensão do livro na internet. Tem procurado cumprir essa missão de preservar memórias jornalísticas. Uma grande perda para a história da Manchete foi, como se sabe, o sumiço do arquivo fotográfico, leiloado e arrematado por um advogado. Não se sabe o que foi feito do acervo, um dos maiores da imprensa brasileira. Se foi picotado e vendido a quilo, por exemplo, se está largado em um galpão qualquer ou se, diria um otimista, está escondido mas preservado e um dia ressurgirá das cinzas. De qualquer forma, a notícia ruim felizmente foi amenizada pela Biblioteca Nacional ao digitalizar para o setor de períodicos da instituição a coleção da Manchete. Evitou-se a perda total. E o livro Aconteceu na Manchete - as histórias que ninguém contou está esgotado, mas é possível encontrá-lo em sebos digitais e também tornou-se uma fonte de consulta para universidades, pesquisadores e novas gerações curiosas sobre o jornalismo pré-internet.
Um comentário:
Conheço o livro citado. Sou da nova geração de jornalistas como diz aí. Achei muito bom o livro e mais ainda por ter o olhar de quem trabalhou lá sem "chapa branca".
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