sexta-feira, 14 de maio de 2021

Memória (suja) da redação - Nem parece que foi ontem...

Manchete saúda o golpe de 1964 e pede passagem...

Já há algum tempo circula na internet um pdf com uma edição completa da  Manchete, de abril de 1964. Um leitor enviou o arquivo ao blog. Se foi viralizado por bolsonaristas - que pensam repetir aquelas cenas - ou como referência à adesão da revista àquele golpe, não há como saber.   

O certo é que a tal edição pouco tem de jornalismo na acepção honesta da palavra. É uma publicação que bateU continência e abanou o rabo para a ditadura que nascia. Pouca vezes, talvez, a mídia foi tão subserviente. Manchete não estava sozinha. Jornal do Brasil, O Globo, Estadão, Folha de São Paulo, O Cruzeiro, TV Tupi à frente da poderosa rede dos Diários Associados, Correio da Manhã (este, embora adesista, abria espaço para as primeiras críticas aos militares nos artigos de Carlos Heitor Cony, depois reunidos no livro "o Ato e o Fato"). 

A exceção ao massacre da democracia promovido pela mídia foi o jornal Última Hora, que já sofria forte boicote publicitário estimulado pelos conspiradores. Deflagrado o golpe, teve suas sedes no Rio e Recife invadidas e depredadas. 

O que veio a seguir, em 21 anos de trevas, com a trágica onda de assassinatos políticos, tortura, sequestros e corrupção, tem na origem as digitais encardidas dos principais veículos da mídia brasileira. O que, infelizmente, configura uma espécie de padrão histórico.  A maioria também apoiou o Estado Novo, de Getúlio Vargas, conspirou para tirá-lo do cargo em 1954, quando ganhou um cadáver, calçou coturnos em 1964 e, last but not least, defendeu o golpe jurídico-empresarial que tirou da presidência Dilma Rousseff e resultou em Jair Bolsonaro, um sujeito que exibe diariamente seus baixos instintos antidemocráticos.  

Não há como desmentir essas páginas vergonhosas do jornalismo. Estão por aí, digitalizadas, como uma alerta histórico. Mostram em capas, primeiras páginas e editoriais como parece fácil para as elites de várias épocas jogar a democracia no lixo. 

Para amanhã, por exemplo, bolsonaristas anunciam uma "marcha pela liberdade" contra o STF, as restrições provocadas pela pandemia, a favor do voto impresso, contra a CPI do Genocida, pela  intervenção militar "com Bolsonaro" e outras bandeiras da ultradireita. Até agora não há informação se além desses apelos os manifestantes protestarão contra a falta de vacinas, se lembrarão os quase 500 mil mortos por Covid-19, se haverá faixas contra a "rachadinhas", desemprego, fome, pobreza e Bolsolão (o "orçamento secreto" desmascarado pelo Estadão e que desviou R$ 3 bilhões em compras de tratores e obras com suspeita de superfaturamento), desemprego, fome e pobreza.
 

Um comentário:

J.A.Barros disse...

Ser político é uma arte e esse atual presidente do brasil, tem demonstrado seguidamente, que dessa arte ele não é premiado. A sua falta de compreensão no tratamento da Pandemia, que devasta o mundo e fortemente o brasil, em vez de assumir e liderar com o poder federal e assumido energicamente o combate a esse peçonhento vírus, pelo contrário, se tornou omisso nessa luta, se tornando garoto propaganda de um fármaco que não causa nenhum efeito no combate ao vírus, se omitiu na contratação de algumas vacinas, que certamente iriam imunizar milhares, senão milhões de brasileiros, tendo como resultado na morte, até hoje, de mais de 400 mil brasileiros.
A sua sede, de se tornar popular, o leva a aglomerações e sem máscara, em contacto com o público, tende a aumentar com isso o perigo do contágio ao letal Covid-19. Abriu uma luta, sem perspectiva de glórias, contra o STF, que naturalmente, procurou se. defender atacando o presidente, no seu ponto mais fraco, com o relatório do ministro Fachin, que de repente, descobriu que o ex-presidente, que cumpriu pena, numa cela de uma das Cadeias de Curitiba, fora julgado numa Vara de Justiça Federal errada, e como resultado anula o processo que sentencia o ex-presidente à prisão e sob a condição de que o processo seja encaminhado a uma Vara Federal em Brasília seja submetido a um novo julgamento, enquanto o ex-presidente com essa determinação, fica livre e pode concorrer às eleições, 2022, a se candidatar á presidência da República. No fritar desses ovos, hoje, o ex-presidente, nas pesquisas eleitorais, já superou o atual presidente e num segundo turno, ganha com vantagens, se tornando mais uma vez presidente do brasil.
Política é uma arte, que poucos a possuem e sendo uma arte, é preciso saber pratica-la