Um leão na Baía de Guanabara. Foto de Guina Araújo Ramos, setembro, 2018. |
por Guina Araújo Ramos
Quem convive com a Fotografia há décadas, como eu, ou mesmo os que de repente se deslumbram com ela (o que, neste mundo cada vez mais visualmente dinâmico, não deixa de ser surpresa), sabe que o fotografar é também, em si, uma espécie de Literatura. A escrita “pela luz” também é uma forma de “rever” coisas que são vistas “normalmente” por aí, assim como as melhores formas de escrita (todas as que possam ser, genericamente, literárias) sabem muito bem relatar de forma distinta, não usual, inusitada, quiçá estranha, contingências da vida que, no geral, são “normais”. Em suma, nossas mentes criam conotações e, por estas linguagens, saímos do trivial e atingimos outras esferas de compreensão das coisas...
São tais coisas, a foto intrigante, o texto impressionante, entre outras muitas experiências humanas, que nos causam arrepios que marcam, que nos afetam e que, por isso, merecem registro. Daí, há arrepios dos mais variados, e quem sou para fazer algum tipo de classificação?... Apenas posso dizer que andei tratando, neste Arrepios Urbanos, de algumas aflições que acomete(ra)m os habitantes da metrópole Rio de Janeiro do ponto de vista das vítimas, não dos beneficiados, sempre mais próximo de denúncias do que de louvores.
Não quer dizer que não compreenda: prazeres também causam arrepios... E este preâmbulo serve de mote, então, para registrar a sensação prazerosa de que fui acometido ao perceber, à minha volta (ou, necessariamente, à minha frente!...) uma imagem que, fotografada de maneira assim literária, pode até mesmo ser considerada uma nova atração turística do Rio de Janeiro, em especial de Niterói: um leão em plena baía da Guanabara!
Um leão talvez sazonal... Não sei quanto tempo vai durar. Talvez precise da ajuda (faz parte de um parque natural municipal) dos serviços de conservação ou de turismo de Niterói, que o leão fica no seu litoral, e é uma ilha, próxima da Ilha da Boa Viagem e do MAC, a Ilha dos Cardos.
Não fazia a mínima ideia da identidade desta pequena ilha e, muito menos, depois que a reconheci no mapa, o que eram estes tais cardos... Agora sei, e resolvi tomar cuidado com eles: são plantas de belas flores, mas perigosos espinhos. Cardos (há vários) têm história: são plantas medicinais, usadas para fabricar queijo, e, pelos espinhos, tanto símbolo de sofrimento espiritual quanto a planta-símbolo da Escócia!
A ilha está lá desde sempre, os cardos também devem estar, não fui lá conferir, mas o tal leão existe agora, e não sei há quanto e nem por quanto tempo. E só é um leão porque na ilha aparece, além de um amontoado de rochas, um grupo de arbustos, de jeito que, em certos ângulos, como se apresentam nas fotos, compõem uma juba, uma cara, até mesmo o focinho do leão.
E, se falo de ângulo, informo logo de qual ponto de vista o leão existe... É necessário que no momento da foto se esteja em Niterói e, mais precisamente, no calçadão da praia de Icaraí. Até que a área de abrangência da aparição é razoável, uns três quarteirões, mais ou menos da rua Lopes Trovão, no centro da praia, à praça Getúlio Vargas, perto da Reitoria da Universidade Federal Fluminense. Nesse correr da vista, a figura vai se alterando, e fora disto se deforma, perde a forma de leão.
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2 comentários:
Grande achado, Guina! Nunca soube desse "leão". Aliás, ótimo texto.
Valeu, Fred! Acho que ainda resta em mim um pouco daquele espírito da Manchete...
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