Reprodução cedida pelo jornalista Lincoln Martins, ex-diretor da Ele/Ela |
por José Esmeraldo Gonçalves
Em 1973, Watergate fervia em Washington. O filme The Post, em cartaz 45 anos depois, reaquece o escândalo que derrubou Nixon.
Naqueles dias da tempestade jornalística gerada pela invasão do escritório do Partido Democrata e pela cobertura implacável do Washington Post, a Casa Branca sob pressão consumia quilos de Diazepam, o ansiolítico da moda.
Mas, em um dos escritórios, havia um funcionário que encontrou tempo e calma para enviar à Manchete uma prosaica carta de congratulações, em nome de Nixon, saudando a distribuição da revista brasileira em Nova York, Washington e Boston.
Escrever aquela carta protocolar deve ter sido a atividade mais entediante do jornalista Herbert Klein no dia 17 de janeiro de 1973, principalmente porque ele era Diretor de Comunicação do Poder Executivo na gestão de Richard Nixon.
Nixon e Herbert Klein, em 1971 |
A mídia americana registrou que, por ser preterido, Klein ficou magoado com Nixon. O núcleo que cercava o presidente chegou a suspeitar, no auge do escândalo, que ele era o Deep Throat que passava informações aos repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein. "Ele não é o nosso cara, é?", duvidou Nixon. Klein ouviu o próprio presidente falar isso em uma gravação e, logo após, recebeu uma ordem para passar a se reportar a Ronald Ziegler. Sua resposta foi pedir demissão.
Isso lhe aconteceu poucos meses depois de ter escrito a carta reproduzida acima e um ano antes da renúncia de Nixon, em 1974.
A carta foi endereçada a Amilcar Moraes, presidente da M&Z Representatives, que distribuía nos Estados Unidos, além da Manchete, o Jornal do Brasil, o Globo e o Pasquim. Amilcar encaminhou uma cópia da carta a Lincoln Martins, então diretor da EleEla, revista que sua distribuidora também levava a algumas bancas americanas.
Herbert Klein morreu em 2009, aos 91 anos, e nunca foi acusado de participar do escândalo de Watergate. A "traição" de Nixon acabou livrando seu antigo assessor de imprensa do valão a céu aberto do escândalo político.
Quando os repórteres queriam saber do envolvimento de Klein com o caso, ele apenas ironizava: "Se eu tivesse feito aquilo, teria feito melhor".
E, não, ele não era o Deep Throat. Como se sabe, a identidade do informante foi finalmente revelada em 2005 quando Mark Felt, diretor do FBI nos anos 1970, confessou em artigo que escreveu para a Vanity Fair que era o homem que passava informações para o Washington Post.
3 comentários:
No filme The Post Haldeman é interpretado por Aaron Roman Weiner, mas sua importancia no filme deveria ser maior, ele era o segundo homem mais poderosa da Casa Banca depois de Nixon e a operação de acobertamento foi dele, segundo contou depois a propria mulher de Haldeman. mas o filme é muito bom e mostra o banditismo presidencial, chega bem na hota no Brasil para os jovens entenderem.
O filme deveria passar em colégios e fasculdades. É uma lição de verdadeiro jornalismo
Watergate foi invenção de um jornal comunista americano para derrubar um presidente eleito, aquilo sim foi golpe
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