Comemoração na quadra da Portela; legítima campeã. Foto Agência Brasil. |
* Esse carnaval deveria ser lembrado apenas pela merecida vitória da Portela. Madureira vibrou, chorou, cantou, após 33 anos de espera. Um título que fazia falta ao Rio. A Portela é a maior vencedora dos desfiles das escolas de samba, mas amargava um penoso jejum. Infelizmente, o Sambódromo não foi só a avenida da festa. Os acidentes com os carros da Tuiuti e Unidos da Tijuca são o ponto cinza no show de cores. Devem ser rigorosamente apurados e identificados os responsáveis. A perícia determinará se foi falha estrutural, mecânica ou erro humano. No caso do carro da Tuiuti, o motorista, segundo seu depoimento, teria recebido ordens desencontradas de várias pessoas ao fazer a manobra, além disso, tinha pouca visibilidade e estreava na função. Mas a polícia ainda examina outros componentes e acessórios do veículo e colhe depoimentos. A conclusão da investigação deve demorar alguns dias. No caso da alegoria da Unidos da Tijuca, várias hipóteses são especuladas; excesso de peso, falha estrutural e o suposto não travamento, por falçha humana, de um pistão etc. Aguarde-se o relatório oficial.
* A Liesa (Ligadas Escolas de Samba do Rio de Janeiro) se reuniu com os presidentes de todas as escolas e decidiu que, em função do acidente que deixou mais de 30 feridos e afetou o espetáculo, nenhuma agremiação seria rebaixada. A medida tem provocado críticas, embora não seja inédita. Em uma ocasião, pelo menos, quando houve um incêndio na Cidade do Samba, com destruição de alegorias de várias escolas, o rebaixamento também foi cancelado. De qualquer forma, há quem interprete que a ausência de punição para as escolas envolvidas, sem que os inquéritos tenham sido concluídos e as responsabilidades claramente apuradas, é um precedente arriscado e pode levar a uma insegurança em termos de regulamentos dos desfiles.
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* Mais um detalhe que impõe precauções extras: há dois anos, foi retirada a "ponte" ou "torre", como os jornalistas a apelidavam, a plataforma para fotógrafos e TV, no fim da pista, pouco antes da Praça da Apoteose. Foi substituída por uma plataforma lateral provisória. A estrutura fica era um limite natural para a altura dos carros alegóricos, embora, mesmo com a "ponte", alguns carnavalesco tenham recorrido a mecanismos hidráulicos que recolhiam o topo das alegorias para poder passar sobre a estrutura. Os carros são tradicionalmente mais altos desde que a era Sambódromo começou, mas a "ponte" era o último obstáculo para que eles crescessem ainda mais.
* A Liesa costuma fazer um reunião de avaliação dos desfiles. O que se espera é que 2017 deixe lições e gerem medidas de segurança mais rigorosas por parte dos presidentes das escolas, inicialmente e uma fiscalização mais completa por parte das instituições públicas.
* O prefeito do Rio, Marcelo Crivela, foi eleito pelos cariocas de todos os credos, os sem credos, os descrentes e os incrédulos. Certo? Aparentemente, não é o que ele pensa. Ele preferiu ser o vexame da temporada. Primeiro, era esperado na tradicional e simbólica cerimônia de entrega das chaves, deixou carnavalescos aguardando por horas e não compareceu. Preferiu humilhá-los. No mínimo, falta de educação. Depois, não foi ao Sambódromo, nem mesmo para o gesto formal de saudar as escolas e abrir os desfiles. Tornou-se primeiro prefeito do Rio a desprestigiar, no caso, rejeitar, uma das maiores festas da cidade, aquela que atrai mais turistas, gera empregos formais e informais e mais se reflete na arrecadação municipal. A decisão do prefeito foi por motivos religiosos. Só que, como prefeito, ele não representa apenas os fiéis da sua sigla. E mesmo que sua posição fundamentalista fosse o lamentável entrave bem que poderia ter avisado antes e não apenas ficar enrolando. Teria sido uma atitude mais honesta. Não justificaria o desrespeito ao cargo, que não representa uma igreja, mas, como se diz no samba, teria sido um "papo reto" de homem.
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* As escolas precisam de patrocínio. Algumas já exageraram nos merchandising adotando enredos artificiais e que não funcionaram, a grande maioria, na avenida. Esse ano, em função da crise, foram poucos os patrocínios. Mas foi bom ver desfiles e enredos sem aquelas referências quase explícitas aos patrocinadores.
* Foi bonito ver a Beija Flor encerrar o desfile de domingo e arrastar um multidão. Era o bloco do Sambódromo brincando o carnaval.
* Os blocos fizeram o Rio cantar e dançar. Impressionante é a palavra. Sons e ritmos para todos os gostos, muitas cores e fantasias. E milhões de foliões. Se a infraestrutura (segurança, transporte e banheiros) não acompanha o extraordinário crescimento, os problemas aumentam. Sujeira, roubos, metrô superlotado foram alguns dos problemas. Blocos da Liga Sebastiana, principalmente, estão reivindicando mudanças. Com razão. Os blocos de bairro, que provocaram o renascimento do carnaval de rua e cresceram exatamente em função desse renascimento vitorioso, bancam músicos e segurança privada, por exemplo. A Prefeitura do Rio tem adotado a fórmula de um patrocinador único. Fundadores de blocos tradicionais acham que é hora de rever a exclusividade. Os blocos precisam ter maior participação nos recursos arrecadados. Para alguns, se não houver mudança, será impossível botar o bloco na rua no carnaval de 2018. Melhor ouvi-los.
6 comentários:
Nunca aconteceu acidentes desses no Sambódromo. Tem que ter mais cuidado e ver o que aconteceu, não foi normal. não dá pra dizer que tudo é feito em risco porque não é verdade se fosse asim todo ano tinha acidente.
Também não gostei da transmissão dá TV. No dia da Grande Rio mostraram Ivete o tempo todo antes e depois do desfile deixando de mostrar parte do desfile de outras escolas. Terminavam a transmissão antes da escola acabar para fazer umas entrevistas bobas. Péssimo.
Triste no carnaval foi a ocorrência de agressões a mulheres. Teve muito no Rio. Não é exclusividade nossa mas os blocos devem ajudar a combater isso ano que vem, a educar, alertar os foliões.
O comentário na imprensa diz que a fiscalização será feita pelo Corpo de Bombeiros, ora se esse Corpo de Bombeiros não consegue nem fiscalizar casa de diversão como boates e etc. terá competência para fiscalizar carros alegóricos?
Costumo ir ao sambódromo, já vi muita correria de pessoas credenciadas, muitos jornalistas, bem ali no ponto onde o carro se desgovernou. Tá na cara que não devia ter ninguém ali naquele ponto de manobra. Acho que entre as medidas de segurança deviam proibir totalmente a presença de pessoas ali naquela entrada onde o carros obrigatoriamente fazem uma curva.
Basta ver pela TV que na dispersão, lá na Apoetose, também deveriam tirar aquele bando de gente. Lá também pode acontecer até atropelamentos mesmo se o carro não der defeito.
O acidente foi lamentável. Providências de segruaça são sempre boas e devem ser constantemente aperfeiçoadas. Mas é exagero da imprensa falar que tudo está um caos, tem que mudar tudo blá blá blá, isso é sensacionalismo. Ontem houve o desfile das Campeãs, dezenas de carros grandes entraram e sairam da avenida sem problemas como aconteceu desde a inauguraçaõ do SDambódromo. melas. Que tal fazer bom jornalismo em usar fatos tristes como o acidente para fazer politicagem?
E a minha Portela estava lindaaaaaaaaaaaa!!!!!!!!!!!!!!!
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