Chernobil: os danos da explosão do reator em 26 de abril de 1986. Foto URSS |
Pripyat, hoje |
Algumas ruas estão tomadas por árvores. |
A nova cobertura da usina de Chernobil/ Reprodução |
por Jean-Paul Lagarride
Há 30 anos, no dia 26 de abril de 1986, a tragédia da usina nuclear de Chernobil, na Ucrânia, assustava o mundo. Uma explosão que expôs o núcleo de um dos reatores e o incêndio que se seguiu espalharam uma nuvem radioativa que chegou ao Leste europeu, à Europa ocidental, à Rússia e Biolerússia.
As causas jamais foram totalmente esclarecidas nem pela antiga União Soviética, da qual a Ucrânia fazia parte, na época, nem por investigadores internacionais. Tudo indicaria erro humano associado a falha técnica ou de projeto. À custa de vidas, o reator foi isolado - em um trabalho insano que durou meses - por um "sarcófago" de cimento e aço. Helicópteros fizeram cerca de 2 mil voos lançando uma mistura de cimento e chumbo sobre o reator destruído. Durante o acidente, morreram 47 trabalhadores. E seria impossível contabilizar as mortes posteriores por câncer em consequência da contaminação (a ONU estima que esse número poderá chegar a até 4 mil pessoas)
O vazamento foi contido mas a região já estava seriamente contaminada. Os outros três reatores da usina continuaram fornecendo energia à Ucrânia até o ano 2000, com os operadores reduzidos ao mínimo e trabalhando sob proteção extra, quando Chernobil foi inteiramente desativada.
A previsão é de que o lugar permaneça inabitável por centenas, talvez milhares de anos. Mas não inacessível. Atualmente, grupos de turista visitam Pripyat, a 110km de Kiev. Há tours organizados rumo aos prédios, parques, ruas e praças abandonados às pressas em 1986. Os turistas ficam apenas algumas horas na região e são acompanhados por guias que aferem a radiatividade o tempo todo com contadores Geiger. São orientados a não tocar em objetos e muito menos a recolher souvenires.
Cerca de 50 pessoas voltaram clandestinamente às suas casas em várias vilas, a maioria, idosos. Antigos moradores também visitam suas casas, eventualmente, outros voltam às igrejas locais, dependendo do nível de contaminação da área, para rezar. Nem todas essas viagens são autorizadas. A vegetação toma conta dos prédios e há animais, cachorros principalmente, nas ruas.
Chernobil e Fukushima, no Japão, são os dois únicos acidentes nucleares da história que atingiram o nível 7, o mais alto. Há uma diferença, contudo: a antiga URSS empenhou-se em conter o vazamento que a ameaçava diretamente e à Europa. Empregou cerca de 500 mil trabalhadores, no total, e gastou em torno de 18 bilhões de rublos. O "sarcófago", que já esgotou sua vida útil, foi substituído por uma nova cobertura prevista para durar 100 anos, agora financiado pela União Europeia. Já no caso de Fukushima, o governo japonês e a empresa privada proprietária da usina ainda não controlaram inteiramente o acidente, que também tornou parte da região inabitável e continua a contaminar o Pacífico cinco anos depois do desastre. Ambientalistas acusam autoridades e empresários de irresponsabilidade social e técnica ao não dedicar todos os recursos para resolver o problema.
E outra risco surge na região de Chernobil. Uma reportagem recente do New York Times levanta uma denúncia de uma alegada "vista grossa" do governo da Ucrânia favorecendo empresas que estão derrubando árvores em áreas contaminadas para vender madeira radioativa. O jornal aponta a suspeita de corrupção no esquema.
3 comentários:
Creio que houve um acidente nuclear em uma usina nos EUA, mas não me lembro do nome certo e me parece que fosse "Tree MIlles ". Se não me engano fizeram um filme com Jane Fonda sobre um vazamento nuclear de uma Usina, vazamento este que iria furar a Terra até emergir do outro lado saindo na China. O filme é sobre esse acidente nuclear nos EUA.
As fotos em que aparecem edifícios residenciais parece-me que são vilas operárias. Os prédios são muito iguais e me fazem lembrar as vilas operárias do Minha Casa, Minha Vida, com a diferença de que após 30 anos e um acidente nuclear eles estão em pé e inteiros, o que não acontece aqui no Brasil pois essas obras costumam desabar depois de uma forte chuva.
O filme foi Sindrome da China. Os acidentes nucleares graves aconteceram nos Estados Unidos (2), na França (1), na Ucrania e no Japão. Nos anos 50 houveram vazamentos em testes secretos nos Estados unidos, com soldados atingidos. No Brasil, houve o Césio, em Goiânia. Mas dizem pessoal de ongs que governos abafaram muitos outros casos na Europa, Estados Unidos e antiga URSS.
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