por Eli Halfoun
O “Esquenta” elevou sua audiência com
o programa em homenagem ao dançarino DG. Quem conhece Regina Casé sabe que em
nenhum momento ela esteve preocupada com a audiência do programa, mas sim e
unicamente em discutir uma questão que há muito atinge os jovens da periferia
brasileira, que estão sempre com a vida ameaçada, como, aliás, andamos todos
nós. Do ponto de vista meramente profissional não se pode deixar de reconhecer
que Regina e sua equipe foram perfeitos e ágeis ao produzirem um programa às
pressas para substituir o que estava gravado. Certamente há quem pense que a atriz
e apresentadora foi oportunista. Não foi: ao longo de sua carreira Regina sempre
esteve “antenada” com os jovens da periferia (o “Esquenta” é um exemplo disso)
aos quais procurava auxiliar e dar pelo menos oportunidades artísticas de
trabalho.
Não houve também ao contrário do que
muitos pensam oportunismo da apresentadora (ela nem precisa disso) e do programa
e nem a intenção de transformar o jovem e alegre DG em um mártir. Tenho certeza
de que o que se pretendeu foi colocar em discussão a busca de uma solução para
que os jovens brasileiros tenham o direito de viver e de viver com uma dignidade
que a sociedade de uma maneira geral não permite. DG não é o único jovem morto
de forma ainda não esclarecida e muito estranha. Os jovens da periferia são
sempre alvos para as chamadas balas perdidas que de perdidas não têm absolutamente
nada: sempre encontram alguém pelo caminho.
Evidente que DG não foi o primeiro e
alegre jovem a perder a vida em uma comunidade. Muitos outros morreram (não
podem continuar morrendo) e se nunca ganharam um programa de homenagem é porque
não haveria espaço para falar de tantos jovens eliminados da vida estanha e
precocemente. Foi preciso que um jovem conhecido através da televisão morresse
de forma tão estúpida para conquistar depois da morte um espaço que também
tinha conquistado em vida. A
história está repleta de exemplos: muitos inocentes morreram para que um
assunto entrasse na pauta da qual jamais deveria sair. É claro que outros jovens
de periferia continuarão pagando com suas vidas a triste condição humana em que
são criados e vivem até serem atingidos por uma bala nem tão perdida, mas sim
desperdiçadas de forma desnecessária.
DG foi apenas o foco de uma discussão
que anseia por uma solução e Regina Casé foi a porta-voz que refletiu a voz de
todos na homenagem e na necessária
discussão que não pode ser atingida por uma bala perdida. (Eli Halfoun)
Não posso me esquecer do menino que de mãos dadas com sua avó, trazendo, ainda no corpo, a camisa do seu time de futebol em que treinava, caiu morto na calçada, atingido por uma bala – que de acordo com o autor do texto comentado – que de perdida não tem nada. Não posso me esquecer daquela mulher que ao sair da farmácia onde foi comprar o seu remédio, caiu estendida morta na calçada, atingida por uma bala que de perdida não tem nada.
ResponderExcluirO que estranho muito é que essas balas perdidas, são sempre disparadas por policiais.
Ou eles não sabem atirar com pistolas ou revólveres ou não são treinados devidamente ao uso delas. Também estranho é que os bandidos são ótimos atiradores porque eles não erram os alvos quando atiram nos policiais.
Meu caro Eli Halfoun, tudo que parte desses apresentadores de programas sempre me deixa desconfiado. O Importante para eles é audiência batendo lá em cima. Que me desculpe a boa fé da apresentadora do "Esquenta ". Mas "Deustsland over alles ".
Traficantes disparam a maioria das balas perdidas. É que moradores ou tem medo ou apoiam traficantes aí é mais facil acusar policia.
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