por Eli Halfoun
São mais de 40 anos de jornalismo
(ainda a minha maior paixão profissional) muitos dos quais dedicados a
acompanhar o desenvolvimento e a programação da nossa hoje mundialmente
respeitada televisão, mas confesso que até agora não entendo o motivo que faz
com que todas as novelas tenham mais (e muitos) personagens desprovidos de moral
e de caráter do os que respeitam o semelhante e, portanto, a vida. É o exemplo
maior que a televisão pode (e deve) passar através das novelas campeãs de audiência.
Sabemos que a vida real está cheia de pessoas que não demonstram nenhum traço
de bom caráter e estão sempre querendo levar vantagem em tudo e com todos, mas
se a coisa infelizmente funciona assim na vida real será que a ficção também
tem de nos mostrar que estamos construindo (e cada vez mais) uma humanidade
absurda, pobre de caráter e pobre de espírito, o que é muito pior? Repare que
em nenhuma novela o personagem que se deu bem na vida tem sempre um passado pouco
respeitável. Repare também que os chamados núcleos pobres das novelas só entram
em cena para sofrer e apanha da vida e dos mais bem sucedidos. Parece também
que as novelas ainda não descobriram o que é amor: ninguém em nenhuma novela é
feliz afetivamente se não passar antes por uma série de problemas emocionais.
Reconheço que na vida real na maioria das vezes também é assim, mas se a
realidade afetiva e social já nos afeta tanto na vida real não seria o caso das
novelas nos darem um refresco nesse aspecto. A história dos folhetins foi
escrita com o desamor e o sofrimento, dos personagens, mas convenhamos que está
mais do que na hora de escrever uma nova história para os folhetins e não
permitir que o telespectador que já sofre tanto com a vida real tenha de sofrer
também com os temas da ficção. A vida real tem aspectos muito felizes e se as novelas
querem estar próximas da realidade precisam descobrir urgentemente o lado bom
das coisas e que a vida não é feita só de tragédias. Aposto que com novelas mais
felizes a audiência aumentaria e o público também seria muito mais feliz. (Eli
Halfoun)
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