por Eli Halfoun
Para a maioria dos
telespectadores deve ser extremamente incomodo assistir as cenas em que a
personagem Paloma é tratada (praticamente torturada) com eletrochoque em uma clínica
psiquiátrica. Não é só a violência do tratamento que deve incomodar o público:
o incomodo maior é o da injustiça praticada contra uma pessoa inocente –
injustiça que, aliás, é comum na vida real que muitas vezes parece ficção. O tratamento
psiquiátrico ao qual Paloma é submetida merece restrições da Associação Brasileira
de Psiquiatria que enviou uma nota de esclarecimento para a Globo. No documento
a ABP reclama o que segundo nota publicada no jornal Folha de São Paulo “da
forma como a novela está retratando o tratamento psiquiátrico da protagonista Paloma
(Paola Oliveira)”. Segundo a ABP a condução do tratamento psiquiátrico dado à
personagem não corresponde à realidade. A nota chama atenção para a terapia de
eletrochoque e diz que é um procedimento que embora seguro, eficaz e indolor
“só tem indicação para pacientes que não tiveram resultados satisfatórios com
medicação”.
Para a ABP o perigo maior
“é que a psiquiatria da novela deu um diagnóstico baseado em achismo e pode reforçar a psicofobia da
sociedade, já que é descrita como um preconceito contra portadores de transtornos
e deficiências mentais”. Parece que faltou consultoria adequada para a criação
e desenvolvimento das cenas e a ABP se dispõe a prestar esse tipo de consultoria
“para que não venha a ferir o ofício do médico psiquiatra nem desrespeitar os
46 milhões de pacientes psiquiátricos do Brasil”, o que não é o caso da personagem
Paloma que é apenas vítima de injustiça – injustiças não faltam em todos os aspectos
da vida real e é com elas que se faz necessário e urgente acabar. Em tudo e
para todos. No caso da novela o incomodo pode ser combatido simplesmente mudando
de canal. É o que tenho feito quando são exibidas as cenas da tortura e da
injustiça cometida com Paloma. Injustiça não dá mais para agüentar nem na
ficção. (Eli Halfoun)
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