sexta-feira, 2 de abril de 2010

Menos impostos, sim, e, também, menos taxas bancárias, menos pedágios, maior combate aos sonegadores, ao superfaturamento...

por Gonça
O Brasil tem altos impostos e injusta incidência de tributos. Mesmo assim, o que os governo estaduais, municipais e federal arrecadam nunca parece suficiente para cobrir gastos e, especialmente, investimentos. A estrutura pública em todos esses níveis  precisa de mais fiscais, policiais, professores, médicos, enfermeiros, técnicos, guardas de bens culturais, de parques nacionais etc. Há dinheiro para contratar esse pessoal mesmo a salários não muito altos? Não. O maior percentual da arrecadação vai para salários e incalculáveis mordomias de senadores, deputados estaduais e federais, juízes, desembargadores, vereadores, tribunais de contas (existem centenas em todo o pais), altos funcioários de autarquias, convênios geralmente desvantajosos para os cofres públicos com entidades privadas, ongs e terceirização predatória, superfaturamento, desvios... Sobra pouco para saúde, educação, segurança, treinamento e formação de mão-de-obra, investimentos em infraestrutura, itens dos quais depende a qualidade de vida da população. Mas a mídia, geralmente incentivada por entidades patronais, prefere centrar fogo apenas nos percentuais de impostos, o lado que certamente dá mais ibope. A chamada "causa justa" que encobre as sombras da questão. Nada fala sobre um combate efetivo aos sucessivos escândalos que também pesam no bolso da população e envolvem, por exemplo, desvios e superfaturamento de poderosas grupos, cobranças indevidas nas contas de energia elétrica por parte de distribuidoras, formação de carteis que impõem preços aos consumidores, taxas bancárias que mais parecem "contribuição" para milícias, apropriação em forma de juros de cartão de crédito, por exemplo, pedágios extorsivos ou remessas ilegais de dinheiro, sem pagamento de impostos, por corporações, pessoas físicas, "laranjas" ou empresas toleradas de paraíso fiscal. Sem falar nas famosas contas C-5 (entre 1998 e 2002, várias empresas, pessoas físicas e até organizações criminosas usavam a C-5 para lavar dinheiro ilegal. Estima-se que o equivalente a cerca de 150 bilhões de reais foram lavados e enxaguados nessa poderosa máquina "legalizada" pelos então administradores. Registre-se que Lula, em 2005, mudou as regras, sob protestos de alguns setores, ampliando o controle do dinheiro enviado). As reformas tributária e política que poderiam impulsionar mudanças que efetivamente beneficiem o cidadão são travadas porque não interessam às bancadas de políticos profissionais, quase todos apoiados e eleitos com a contribuição dos grupos que engrossam a campanha. E depende deles desengavetar os projetos que aliviem a carga tributária e permitam que os governos sérios conduzidos por qualquer partido possam de fato governar e atender à sociedade. Do jeito que a mídia focaliza o assunto, apenas no painel do "impostômetro", fica a impressão de que ao retirar a alíquota de impostos de um produto, seja remédio, leite, cesta básica ou diminuir encargos e garantias trabalhistas fará com que as "sobras" se transformem imediatamente em preços mais baixos e salários mais altos. Você acredita nisso?     

Um comentário:

debarros disse...

Em 1950, depois de receber, no sábado, o meu salário semanal, fui ao Banco, na segunda, para abrir uma conta. No Banco me dirigi ao Caixa, que me recebeu com um amável bom dia e perguntou que desejava.
– Quero abrir uma conta corrrente neste Banco. – Pois não, me empresta a sua carteira de identidade, por favor. Naqueles anos ainda não existia o CPF.
O Caixa anotou todos os dados numa ficha e depois pegou um pequeno livrinho e dando um número com o meu nome, anotou os 50 cruzeiros que com esse depósito ficava oficialmente aberta a minha conta no Banco. Simples, não é verdade?
Assim eram os Bancos de antigamente, caro Gonça. Quando ia depositar algum dinheiro nessa conta, o Caixa recebia o dinheiro e anotava na cadernetinha o quanto era depositado. Ao seu lado uma máquina manual, com alavanca, com que ele somava, diminuia, multiplicava e dividia. As esferográficas ainda não existiam e com uma caneta molhava a pena no tinteiro e tudo era anotado sem erro e todos saíamos felizes do Banco.
Não existiam taxas, tarifas; só existiam confiança e honestidade.
O Banco me pagava juros pelo dinheiro nele depositado. Incrível, não é? Nem parece que estávamos no Brasil.
Gonça, esse era o Brasil de ontem. E o Brasil de hoje? como está?