domingo, 26 de junho de 2016

Brexit na capa: drama e criatividade na mídia internacional. No Brasil, o tema não dominou as primeiras páginas dos jornais, mas está nas revistas semanais





















por José Esmeraldo Gonçalves

Os principais jornais e revistas do mundo deram capas obrigatórias nessa semana: Brexit. A maioria investiu em criatividade e alguma dramaticidade ou perplexidade.

As melhores foram aquelas que recorreram a soluções artísticas ou gráficas que transmitiram a mensagem a um olhar, como The New Yorker e The Economist. L'Echo sofisticou a notícia e fez uma bela primeira página; La Razón embutiu na composição uma análise política e apontou o populismo por trás da votação; The Times, FT Weekend e Daily Mirror "personalizaram" o tema ao mostrar o Primeiro Ministro abatido pelo raio, sozinho ou ao lado de mulher solidária e emocionada. David Cameron tem razão para estar deprê. Ele tentou um tiro político banal e a bala perdida fez uma curva e o acertou na cabeça; The Independent deu um passo adiante com Boris Johnson na capa já como candidato a Primeiro Ministro. Ele poderá ser o homem do day after.

Os jornais brasileiros, em geral, não destacaram o assunto na primeira página. A apuração acabou de madrugada, fora do fechamento dos jornais de sábado. Hoje, analisam o tema nas páginas internas. Não há muitos comentários verdadeiramente sólidos e conclusivos sobre as consequências para o Brasil. Analistas e colunistas são cautelosos. O comércio do Brasil com a Inglaterra não é lá muito relevante na balança comercial. Se vai melhorar ou piorar não está ainda muito claro. Talvez nos próximos dias. A mídia aqui abordou mais as consequências da Brexit para brasileiros residentes na Inglaterra. A previsão é que que terão problemas.

Ao contrário dos jornais, as revistas semanais brasileiras saem com capas sobre a Brexit. A Veja recorre ao velho símbolo do Reino Unido. A rainha foi a favor do ponta-pé na União Europeia, influenciou o voto conservador, como se este precisasse de uma força, mas foi derrotada em Londres, seu terreiro, cuja ampla maioria votou para ficar na UE. De qualquer forma, a rainha não foi peça essencial do complexo xadrez político. A mídia britânica não tratou a sra. Windsor como o logotipo da Brexit. Um leitor desavisado pode até achar que aquela foto é a do adeus definitivo da rainha noventona e estava reservada para uma futura capa. A Época atribui o grito de "independência" à classe média insatisfeita. A capa da Istoé vem com um tom de lamento. Nenhuma das três revistas parece ter se esforçado para criar algo marcante. Talvez, mais uma vez, como no caso dos jornais, por o assunto estar aparentemente distante das preocupações da maioria dos seus leitores.

A Europa pede pressa aos ingleses para oficializar a saída. Mas o processo levará um bom tempo. Anular leis, formular novas regras e negociar o futuro vai demorar. Alguns analistas alertam que a Inglaterra tem muito a perder e já há políticos tentando amenizar a saída com uma fórmula que validaria a decisão política do voto popular, mas deixaria espaço para uma negociação ponto a ponto de acordos com o bloco, de forma a manter laços econômicos e financeiros em status especiais. Não se sabe como a UE reagirá a esse apaziguamento depois de levar o tapa na cara, mas os "bombeiros" de ambos os lados vão entrar em ação. Ao mesmo tempo, alguns países do bloco vão enfrentar propostas de plebiscitos. Seria o temido "efeito contágio" impulsionado por políticas nacionalistas. Brexit e seus desdobramentos vão mobilizar redações internacionais nos próximos meses.







3 comentários:

Prof. Honor disse...

A capa do L'Echo é muito boa. Lembra o Jornal do Brasil que brilhava nessas ocasiões. O assunto vai render mesmo. China e Rússia já se preocupam porque a UE ajudava a contrabalançar a força econômica dos Estados Unidos.

Diogo disse...

Brasil devia votar pra sair dessa do Mercosul invrtada por Sarney

Matthew disse...

A capa da Época exagera no estilo hoolegan. A votação foi polêmica, com opiniões fortes, posições idem, mas não houve esse clima black bloc. Esse tipo de violência no Reino Unido é reservado geralmenre para os torcedores hooligans mesmo. Com a Erocopa está aí, vi na banca e até pensei que fosse sobre violência de torcida.