No ano passado, o New York Times criou diretrizes para a atuação dos seus jornalistas nas redes sociais. Um dos trechos do documento é enfático: "Em postagens nas redes sociais, nossos jornalistas não devem expressar opiniões partidárias, promover visões políticas, apoiar candidatos, fazer comentários ofensivos ou dizer algo que mine a reputação jornalística do Times".
Em outro tópico, o jornal questiona: "Você talvez pense que sua página no Facebook, Twitter, Instagram ou Snapchat são zonas privadas, separadas do seu papel no Times, mas tudo o que nós postamos ou curtimos é público e provavelmente será associado ao Times".
Também no ano passado, em comunicado interno, a Folha de São Paulo, orientou seus jornalistas a não expressarem opiniões políticas nas redes sociais. "Parcela do público pode pôr em dúvida a isenção daquele que, na internet, manifesta opiniões sobre assuntos direta ou indiretamente associados a sua área de cobertura, especialmente as opiniões de cunho político-partidário e em áreas de cobertura de tópicos controversos”, diz a Folha em manual de conduta.
A Rede Globo, vê-se nos twitts de vários dos seus âncoras, não é tão explícita quanto a isso. Talvez porque os comentários dos empregados expressem geralmente opiniões perfeitamente ancoradas na atuação política do veículo. Até foi possível observar recentemente um fenômeno curioso a comprovar isso. No ano passado, quando o grupo Globo pediu em editorial agudo a cabeça de Michel Temer, as redes sociais dos âncoras imediatamente passaram a dançar conforme aquela música. Aos poucos, a Globo esfriou a cabeça, tomou o remédio que havia esquecido, refez alianças, Temer segurou duas denúncias no Congresso e voltou a ser poupado. Os âncoras, alguns mais rápidos do que outros, acertaram o passo na mesma coreografia.
A polêmica volta agora à pauta com o vazamento no Whatapp de um áudio pró-Lula atribuído a Chico Pinheiro. Ali Kamel, diretor-geral de Jornalismo, soltou a nota abaixo divulgada em primeira mão pelo site Notícias da TV. O alerta não cita Chico Pinheiro, mas foi dado logo após o vazamento do áudio.
Vários âncoras fazem política em suas contas privadas. Resta saber se a determinação é seletiva e expressar opinião política é permitido, desde que escorada na viga mestra das posições políticas do patrão, ou se, ainda mais em ano eleitoral, vale para todos e todas. Aparentemente, não
OUÇA O ÁUDIO VAZADO, CLIQUE AQUI
Leia a nota da Globo
"Em e-mail no ano passado, eu alertei para o uso de redes sociais. Na ocasião, lembrei que jornalistas, de forma não proposital, publicavam fotos em que marcas apareciam. Eu alertei então para aquilo que todos nós sabemos: jornalistas não fazem publicidade e que todo cuidado é pouco para evitar que nossos espectadores equivocadamente pensem que se descumpre esse preceito.
Hoje, volto a falar sobre o uso de redes sociais. O maior patrimônio do jornalista é a isenção. Na vida privada, como cidadão, pode-se acreditar em qualquer tese, pode-se ter preferências partidárias, pode-se aderir a qualquer ideologia. Mas tudo isso deve ser posto de lado no trabalho jornalístico. É como agimos.
Daí porque não se pode expressar essas preferências publicamente nas redes sociais, mesmo aquelas voltadas para grupos de supostos amigos. Pois, uma vez que se tornem públicas pela ação de um desses amigos, é impossível que os espectadores acreditem que tais preferências não contaminam o próprio trabalho jornalístico, que deve ser correto e isento.
Como entrevistar candidatos, se preferências são reveladas, às vezes de forma apaixonada? O mais grave é que, quando os vazamentos acontecem, as vítimas, com toda a minha solidariedade, dizem que foram mal interpretadas. Não importa, o dano está feito.
A Globo é apartidária, independente, isenta e correta. Cada vez que isso acontece, o dano não é apenas de quem se comportou de forma inapropriada nas redes sociais. O dano atinge a Globo. E minha missão é zelar para que isso não aconteça. Portanto, peço a todos que respeitem o que está em nossos Princípios Editoriais (e nos dos jornais sérios de todo o mundo):
'A participação de jornalistas do Grupo Globo em plataformas da internet como blogs pessoais, redes sociais e sites colaborativos deve levar em conta três pressupostos:
[…] 3– os jornalistas são em grande medida responsáveis pela imagem dos veículos para os quais trabalham e devem levar isso em conta em suas atividades públicas, evitando tudo aquilo que possa comprometer a percepção de que exercem a profissão com isenção e correção.'
É com isso em mente que envio esse e-mail.
Ali"
quarta-feira, 11 de abril de 2018
terça-feira, 10 de abril de 2018
Durante um rápido "Fora Temer", Carmen Lúcia pode assumir a Presidência na próxima sexta-feira, dia 13. Tá bom pra você?
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| Foto de Antonio Cruz. Agência Brasil |
por O.V. Pochê
Aproveitando que estão com os passaportes válidos, Michel Temer vai para o Peru, Rodrigo Maia para o Panamá e Eunicio Oliveira para o Japão.
Se confirmadas as três ausências simultâneas, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, assume a Presidência da República.
O Brasil está tão esquisito que a data é, apropriadamente, uma sexta-feira, 13.
Memória da propaganda: quando o Brasil sonhou com o american way of life...
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| O carrão Nash. |
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| O brasileiro queria ser o "Howard Hughes" dos trópicos e... |
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| ...aposentar a navalha. |
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| Enlatados para as crianças e... |
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| ...o fabuloso Studebaker para o pai. |
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| As mulheres se livraram das toalinhas e... |
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| ... as mamães tinham gelo em casa e congelavam alimentos. |
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| Contra o calor do Rio, Crush importado de Chicago. (Reproduções bqvMANCHETE) |
O Brasil anda deprê. Mas há 70 anos, o país acelerava a urbanização e ensaiava momentos de euforia. A industrialização patinava com carência de energia elétrica, estradas e mão de obras especializada, grande parte da população ainda vivia em áreas rurais.
Apesar disso, com os cofres cheios de divisas acumuladas desde o boom de exportações de minério, borracha, madeira, açúcar etc, motivado pela Segunda Guerra, o governo do militar Eurico Gaspar Dutra implantou política econômica liberal, manteve o câmbio valorizado, facilitou pagamentos ao exterior e abriu os portões da alfândega.
Com as economias destroçadas pela guerra, a Europa e o Japão perderam relevância no comércio mundial. Os Estados Unidos, que não tiveram o parque industrial afetado por bombardeios, ao contrário, cresceram no período, eram os grandes fornecedores de bens de consumo para o mundo. Eles tinham o que vender e Dutra queria comprar. Carrofs, eletrodomésticos, produtos de beleza, alimentos enlatados, viagens aéreas, roupas, aparelho de barba, canetas, máquinas de costura, produtos farmacêuticos, brinquedos de plástico lotavam navios rumo aos trópicos.
Foi um breve surto, o Brasil acabou torrando as divisas e voltou ao pendura.
Enquanto a festa durou, as revistas ganharam páginas de anúncios.
E incipiente classe média das capitais a ilusão do american way of life.
segunda-feira, 9 de abril de 2018
Protesto, sim. Violência contra jornalista, não.
por José Esmeraldo Gonçalves
Violência contra repórteres, fotógrafos e cinegrafistas é inadmissível.
Os profissionais estão em campo cobrindo os fatos. Tais equipes não merecem se tornar alvos da revolta dos manifestantes contra a orientação política da grande mídia.
Não há dúvida de que tudo isso resulta de um acirramento de ânimos estimulado há muito tempo. As lideranças responsáveis dos partidos e dos movimentos sociais condenam as agressões. Mas assim como a mídia tem os seus comentaristas e colunistas que escrevem ou falam com sangue nas teclas e ódio no aúdio, os protestos abertos, nas ruas, recebem a adesão dos mais revoltados, com um potencial de inconsequência que explode com vigor ainda maior diante da repressão policial violenta que transforma a praça em zona de guerra.
Aliás, os jornalistas também acabam vítimas dos excessos e do despreparo das forças de segurança e não raro, no exercício do seu trabalho, são agredidos por políticos, juízes, autoridades e empresários eventualmente questionados e até por torcedores em jogos de futebol.
Os mesmos jornais que publicam matérias em que entidades criticam com razão agressões a jornalistas destacam colunistas que adotam a linguagem hater comum nas redes sociais e, infelizmente, replicada em análises provocativas que deveriam ser mais racionais e menos emocionais. Alguns postam como vândalos que atiram baldes de tinta. Ironicamente, articulistas e colunistas podem lançar suas pedras sem qualquer risco, suas trincheiras têm carpete e ar condicionado. Quem fica exposto às agressões da polícia e dos manifestantes de todos os lados é o repórter de campo, é ele o profissional que carrega o logo do veículo para a terra de ninguém.
Em discurso no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Lula avaliou que sua prisão provocaria orgasmos múltiplos nos meios do jornalismo de guerra. Lula errou. Antes fosse. Orgasmo é coisa de Eros. Quem comentou os últimos fatos na grande mídia foi Tânatos.
Violência contra repórteres, fotógrafos e cinegrafistas é inadmissível.
Os profissionais estão em campo cobrindo os fatos. Tais equipes não merecem se tornar alvos da revolta dos manifestantes contra a orientação política da grande mídia.
Não há dúvida de que tudo isso resulta de um acirramento de ânimos estimulado há muito tempo. As lideranças responsáveis dos partidos e dos movimentos sociais condenam as agressões. Mas assim como a mídia tem os seus comentaristas e colunistas que escrevem ou falam com sangue nas teclas e ódio no aúdio, os protestos abertos, nas ruas, recebem a adesão dos mais revoltados, com um potencial de inconsequência que explode com vigor ainda maior diante da repressão policial violenta que transforma a praça em zona de guerra.
Aliás, os jornalistas também acabam vítimas dos excessos e do despreparo das forças de segurança e não raro, no exercício do seu trabalho, são agredidos por políticos, juízes, autoridades e empresários eventualmente questionados e até por torcedores em jogos de futebol.
Os mesmos jornais que publicam matérias em que entidades criticam com razão agressões a jornalistas destacam colunistas que adotam a linguagem hater comum nas redes sociais e, infelizmente, replicada em análises provocativas que deveriam ser mais racionais e menos emocionais. Alguns postam como vândalos que atiram baldes de tinta. Ironicamente, articulistas e colunistas podem lançar suas pedras sem qualquer risco, suas trincheiras têm carpete e ar condicionado. Quem fica exposto às agressões da polícia e dos manifestantes de todos os lados é o repórter de campo, é ele o profissional que carrega o logo do veículo para a terra de ninguém.
Em discurso no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Lula avaliou que sua prisão provocaria orgasmos múltiplos nos meios do jornalismo de guerra. Lula errou. Antes fosse. Orgasmo é coisa de Eros. Quem comentou os últimos fatos na grande mídia foi Tânatos.
domingo, 8 de abril de 2018
Revista Time está à venda: de novo. Pensa que está fácil arrumar comprador?
Quem dá mais? Time Magazine, Fortune e Sports Illustrated estão à venda. A Meredith Corporation, havia comprado à Time Warner no ano passado. Agora, os executivos do grupo avaliam que os títulos, que custaram US $ 1,8 bilhão, são excessivamente masculinos e não se encaixam com os títulos femininos tradicionais do grupo (Better Homes and Gardens, Family Circle e Martha Stewart Living).
Das revistas que faziam parte do pacote adquirido da Time Warner, a Meredith ficará com People, Entertainment Weekly e InStyle. O Citigroup está encarregado de encontrar compradores.
A propósito do anúncio da venda, o New York Times publica um artigo bem-humorado onde lista nove razões para não comprar a Time. Analistas do mercado indicam, segundo o jornal, que a revista Time não vale mais de 10 milhões de dólares. Por esse valor, diz a autora do artigo, Sara Barret, dá para comprar um apartamento de luxo no Upper East Side, em Nova York, o quadro “Study for Peace Through Chemistry” de Roy Lichtenstein, mandar gravar um episódio particular do "Game of Thrones" ou botar na garagem um Rolls-Royce Phantom VIII, entre outros investimento melhores, segundo o NY Times.
Das revistas que faziam parte do pacote adquirido da Time Warner, a Meredith ficará com People, Entertainment Weekly e InStyle. O Citigroup está encarregado de encontrar compradores.
A propósito do anúncio da venda, o New York Times publica um artigo bem-humorado onde lista nove razões para não comprar a Time. Analistas do mercado indicam, segundo o jornal, que a revista Time não vale mais de 10 milhões de dólares. Por esse valor, diz a autora do artigo, Sara Barret, dá para comprar um apartamento de luxo no Upper East Side, em Nova York, o quadro “Study for Peace Through Chemistry” de Roy Lichtenstein, mandar gravar um episódio particular do "Game of Thrones" ou botar na garagem um Rolls-Royce Phantom VIII, entre outros investimento melhores, segundo o NY Times.
Lula: a linha do tempo
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| As atenções do Brasil se concentraram até ontem no Sindicato do Metalúrgicos do ABC. Milhares de imagens foram feitas, helicópteros sobrevoaram o local, mas a foto que viralizou nas redes sociais é essa acima reproduzida. Foi feita por um jovem fotógrafo, de 18 anos, Francisco Proner Ramos, e mostra o ex-presidente cercado por manifestantes. Uma imagem destinada a entrar para a história... |
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| Da janela do Sindicato dos Metalúrgicos, Lula acena para a multidão. Foro de Filipe Araújo/Fotos Públicas |
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| A vigília antes da prisão. Foto PT |
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| Após discursar, Lula é levado de volta ao prédio do Sindicato por militantes que pediam que o ex-presidente resistisse à prisão. Foto de Ricardo Stuckert |
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| O ex-presidente Lula chega à sede da Polícia Federal, em Curitiba. Foto de Marcelo Casal Jr/Agência Brasil |
É fato ou fake? Nostalgia dos "voos da morte"...
por Flávio Sépia
O Blog do Rovai revela que circula desde ontem no whatsapp um áudio em que alguém diz supostamente ao piloto do avião que levou Lula para Curitiba para lançar "esse lixo" pela janela. A veracidade da transmissão ainda está sendo apurada. De qualquer forma, fato ou fake, o autor da "sugestão" é certamente um saudoso da prática de lançar ao mar, de aviões, oponentes das ditaduras da Argentina, Brasil Uruguai e Chile. Eram os "voos da morte" da Operação Condor.
Leia a matéria e ouça os diálogos, clique AQUI
ATUALIZAÇÃO EM 09/4/2018 - Em nota oficial distribuída à imprensa, a FAB confirma a autenticidade do áudio divulgado com exclusividade pela Fórum/Blog do Rovai (com origem no controle de voo que orientava a aterrissagem em Curitiba).
Ontem, o portal R7 revelou outro áudio, que você pode ouvir no link (AQUI), onde uma voz entra no sistema de controle de vôo de Congonhas, na hora da decolagem do avião que levava Lula para Curitiba, e fala: "leva e não traz nunca mais". Mais do que ofensa ou agressão ao ex-presidente, as falas representam ameaça à segurança de voo e dos passageiros já que interferem em canais oficiais que orientam pousos e decolagens de aviões.
Drone vai à missa...
por Ed Sá
Os drones já chegaram. A invasão desse objetos voadores identificados voa até onde a imaginação levar. Os minicópteros já foram flagrados transportando celulares e drogas para presídios, já são experimentados na entrega de pizzas, encomendas e correspondências, já foram manejados por voyeurs em dormitórios de universidades, outro piloto fez um drone levar um cachorro pra passear.
Tudo isso, além do uso mais formal em fotografia aérea, mapeamento e operações de vigilância.
Há quem diga que está em curso o Fedroapá (Festival de Drones que Assola o País).
Uma católica antenada acaba de estrear o drone que dá comunhão. A cena que viralizou na internet aconteceu no Santuário São Geraldo Majela, em Sorocaba (SP). Fiéis que estavam na igreja aplaudiram a performance tecnológica, mas a Arquidiocese não gostou da inovação e nas redes sociais muitos católicos criticaram a heresia. VEJA O VÍDEO, CLIQUE AQUI
sábado, 7 de abril de 2018
Flashes de Edla • Por Roberto Muggiati
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| Edla van Steen. Foto: Divulgação |
por Roberto Muggiati
Conheci Edla Lucy van Steen – morta na sexta-feira, 6 de abril, em São Paulo – ao longo das últimas sete décadas. Nascida em Florianópolis – o pai era cônsul honorário da Bélgica, a mãe era de origem alemã – ainda adolescente foi estudar num colégio de freiras em Curitiba. Eu a conheci no começo dos anos 1950, nos programas de auditório do Clube Curitibano, nas manhãs de domingo. O apresentador era o futuro jornalista José Augusto Ribeiro e Edla (um ano mais velha que eu) se apresentava lendo contos seus, atividade que prenunciava sua carreira de escritora, com mais de 25 livros publicados.
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| Odete Lara e Edla van Steen no filme "Na Garganta do Diabo" |
Tinha uma irmã mais moça, da qual não lembro nada, nem o nome; a estrela era Edla, que em 1959, aos 23 anos, estreou no cinema, ao lado de Odete Lara, no filme de Walter Hugo Khouri, Na garganta do diabo, com tomadas espetaculares nas Cataratas do Iguaçu. A esta altura, Edla já estava em seu primeiro casamento, com o pintor mineiro Loio Pérsio, que morava em Curitiba. Teve com ele seu primeiro filho, Ricardo van Steen – o nome foi homenagem ao melhor amigo do casal, o designer de móveis Ricardo Fasanello.
Os seis meses que passei no Brasil, de fevereiro a agosto de 1962 – entre dois anos de Paris e três anos de Londres – me levaram muitas vezes a São Paulo. Foi lá que reencontrei Edla, através de um amigo comum, o jornalista e escritor Nelson Coelho, um dos maiores divulgadores do zen-budismo no país. Edla já tinha separado de Loio Pérsio, uma briga de casal com uma vidraça estourada lhe valeu uma cicatriz no rosto. Estava feliz e de bem com a vida, casada com um dos arquitetos mais conceituados de São Paulo.
Edla constava do caderno de endereços que levei para Londres, onde trabalhei por três anos no Serviço Brasileiro da BBC: morava na Rua São Carlos do Pinhal, 345/1401, eu lhe mandava cartões postais das minhas viagens. Tendo renovado meu contrato, tudo indicava que eu me deixaria ficar na Velha Albion. Acabaria me tornando um daqueles “móveis e utensílios” brasileiros da BBC (não eram poucos) e estaria vivendo hoje como um aposentado do Brexit. Foi quando casei e minha mulher disse logo a que veio, mudando toda a minha vida. Desfiz o trato para continuar na BBC e viemos para o Rio em junho de 1965. Ela decretou que eu entraria para a carreira diplomática e faria dela – ou ela mesma se faria – uma embaixatriz de sucesso. Na viagem de volta paramos em Paris, onde encontramos com o Loio Persio, que morava lá, e acertamos o aluguel do seu ateliê em Santa Tereza, onde eu estudaria para os exames do Itamaraty. Estava muito em cima da hora, passei nas primeiras quatro provas, mas fui reprovado na quinta. Uma praga de camundongos nos expulsou da Rua Aprazível e descemos correndo para o Leblon. Um dia meu amigo Narceu de Almeida, me levou para almoçar na Frei Caneca e me jogou praticamente nos braços dos Bloch. Comecei a trabalhar como repórter especial da Manchete logo depois do feriado de 15 de novembro de 1965.
Minha primeira mulher, Lina, quando era casada com um grande doleiro, costumava hospedar Loio e Edla em seu apartamento. Depois da ruptura do casal, depreendi que ela fazia parte da torcida do Loio e, na verdade, sempre mantivera com a Edla uma relação de amor-e-ódio.
Segundo casamento: vou com a nova mulher, Lena, a uma grande feijoada de sábado na casa do Cícero Sandroni, no Cosme Velho. Lá reencontro Edla van Steen e colocamos a conversa em dia sobre os dezessete anos que havíamos passado sem nos ver. A vida é feita cada vez mais de saltos e de relações fragmentadas. A última vez que vi e falei com Edla foi há cinco, seis anos, no aniversário de nosso amigo Carlos Leal, na Avenida Atlântica; estava acompanhada do último marido, o crítico teatral Sábato Magaldi.
Rever a Edla, agora, só mesmo através das belas imagens de sua juventude no filme de Walter Hugo Khouri.
PARA VER NA GARGANTA DO DIABO CLIQUE AQUI
sexta-feira, 6 de abril de 2018
SBT demite repórter que chamou guarda municipal de "babaca"
"A repórter do SBT está me chamando de babaca", diz o guarda municipal que gravou em vídeo a reação da jornalista a uma multa por estacionamento em local proibido, ontem, no Centro do Rio de Janeiro.
O vídeo foi postado nas redes sociais e o SBT demitiu a repórter
Melissa Munhoz, que teria ferido "o código de conduta da empresa".
Em nota publicada ontem, o Sindicado dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro denuncia "constrangimento à repórter" e critica a divulgação do vídeo. Até às 14h de hoje, o site do SJPMRJ mostrava dois comentários condenando o apoio da entidade ao comportamento da profissional.
Segundo a nota do sindicato, Melissa Munhoz alega que "o vídeo foi editado". Em entrevista ao UOL, a repórter argumentou com o guarda que ele deveria advertir antes de multar, mas este respondeu que ia multar ("Porque não gosto da imprensa", teria falado).
O caso foi parar na delegacia onde Melissa Munhoz assinou um Termo Circunstanciado de Ocorrência por Desacato. Ela ainda se queixou, segundo o UOL, que o SBT não mandou ninguém acompanhá-la à delegacia e ouviu apenas um lado da polêmica.
VEJA O VÍDEO, CLIQUE AQUI
O vídeo foi postado nas redes sociais e o SBT demitiu a repórter
Melissa Munhoz, que teria ferido "o código de conduta da empresa".
Em nota publicada ontem, o Sindicado dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro denuncia "constrangimento à repórter" e critica a divulgação do vídeo. Até às 14h de hoje, o site do SJPMRJ mostrava dois comentários condenando o apoio da entidade ao comportamento da profissional.
Segundo a nota do sindicato, Melissa Munhoz alega que "o vídeo foi editado". Em entrevista ao UOL, a repórter argumentou com o guarda que ele deveria advertir antes de multar, mas este respondeu que ia multar ("Porque não gosto da imprensa", teria falado).
O caso foi parar na delegacia onde Melissa Munhoz assinou um Termo Circunstanciado de Ocorrência por Desacato. Ela ainda se queixou, segundo o UOL, que o SBT não mandou ninguém acompanhá-la à delegacia e ouviu apenas um lado da polêmica.
VEJA O VÍDEO, CLIQUE AQUI
Hacker invade painel digital
Como todo equipamento conectado à internet, painéis digitais espalhados pelas ruas das grandes cidades não escapam aos hackers. Durante alguns minutos, um display eletrônico da praça Yagan, em Perth, Austrália, exibiu cenas do site Pornhub, um dos mais populares do mundo, no gênero. Um tuiteiro que passava pelo local postou a foto.
Do Intercept Brasil: polícia rastreia celulares que podem dar pistas sobre assassinato de Marielle e Anderson
A mídia conservadora não tem demonstrado assim tanto apetite para fazer uma apuração rigorosa da execução da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Registre-se o trabalho da repórter do Globo, Vera Araújo, que na semana passada localizou com exclusividade duas testemunhas não ouvidas pela polícia. The Intercept, que já havia revelado também com exclusividade a movimentação de visitas suspeitas ao andar do gabinete na Câmara de Vereadores, afirma que a polícia - cuja investigação corre sob sigilo - descobriu o telefone do motorista do carro usado pelos assassinos.
LEIA NO INTERCEPT BRASIL, CLIQUE AQUI
quinta-feira, 5 de abril de 2018
Não saia de casa sem acessar o twitter...
E o JN foi vital para a repercussão da opinião do comandante, que tem pouco mais de 180 mil seguidores no twitter.
Na voz de Bonner, o recado ganhou up grade e alcançou milhões de brasileiros.
Não chega a ser uma brastemp de surpresa.
Durante a ditadura, o Jornal Nacional foi o veículo preferencial para o megafone da caserna. Já na edição número um, na noite de 1° de setembro de 1969, a "editoria militar" ocupou grande parte da edição. O "presidente" Costa e Silva havia sofrido uma trombose cerebral. Com seu afastamento, o "vice", Pedro Aleixo deveria assumir. No dia anterior à estreia do JN, aconteceu um fato inusitado: embora com todos os poderes (o AI-5 estava em vigor deste 1968), a ditadura promoveu um autogolpe e, em vez de Aleixo, os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica ocuparam o governo. A Junta Militar formada pela linha dura foi o tema principal daquele JN apresentado por Hilton Gomes e Cid Moreira. A reportagem dava, na verdade, o recado de que não havia conflito nos quarteis, Costa e Silva estava "lúcido e se alimentado bem", registrava a posse de Junta e não se referia ao "vice" que não assumiu.
O jornal O Globo também batia sua bolinha como porta-voz. Mas o JN, por ser primeiro telejornal transmitido em rede, "integrando o Brasil", tornou-se, desde então, o mensageiro do regime. Versões "cenográficas" de morte de presos políticos, depoimentos de guerrilheiros "arrependidos", desmentidos sobre a existência de tortura, o resultado ficcional do inquérito sobre o assassinato de Vladimir Herzog na prisão e, já nos anos 1980, a "apuração" da bomba do Riocentro, foram recados transmitidos e frequentemente acompanhados do "boa noite" do JN.
Nada de muito novo, portanto.
Nos anos de chumbo, houve durante certo tempo um código entre militantes, no Rio. Quando a barra pesava e vazavam rumores de prisões, um alerta era disparado entre os mais visados: "não saia de casa sem guarda-chuva".
Melhor reciclar a frase: não saia de casa sem acessar o twitter.
A única surpresa de ontem...
quarta-feira, 4 de abril de 2018
Programa carioca - 20ª Feira do Vinil - O som dos LPs e a arte das capas.
A Feira de Vinil do Rio comemora sua 20º edição no próximo domingo, dia 8 de abril. No campus da Univeritas, antigo Bennett, no Flamengo, acontecerão shows, uma homenagem ao compositor, pianista e arranjador João Donado, exposição e o painel "Vinil - Mercado, Memória e Mídia".
O revival do vinil - que surgiu há alguns anos e, hoje, está consolidado em todo o mundo -, também despertou, além da questão musical, a arte dos designers e fotógrafos que elaboravam as capas do LPs. Com 30x30 cm, o espaço era um veículo em si. Há capas simples, às vezes duplas e até triplas, que são memoráveis.
Durante a 20° Feira do Vinil, 60 expositores de todo o Brasil mostrarão seus acervos de LPs e CDs.
Na antiga Manchete, em diferentes épocas, eram vários os fotógrafos que se especializaram nesse segmento. Nilton Ricardo, Frederico Mendes, Orlando Abrunhosa, Dario Zalis e Walter Firmo deixavam o fotojornalismo por algumas horas para traduzir em imagens os artistas e suas obras.
A Feira de Vinil do Rio de Janeiro
O jornalista Fábio Cezzane envia ao blog informações sobre a Feira, que reproduzimos a seguir.
Durante o evento, João Donato vai receber o Troféu Feira de Vinil do Rio de Janeiro, já entregue ao longo das últimas edições ao grupo Azymuth, a Marcos Valle, ao compositor e arranjador Arthur Verocai, ao cantor e compositor Carlos Dafé e ao sambista Wilson das Neves. Haverá haverá apresentações das bandas Monoplano, Cajubeats e Digga Digga Duo, estreando, no Flamengo, uma programação que incentiva também as bandas independentes.
Às 15h, acontecerá o painel “Vinil – Mercado, Memória e Mídia”, com a participação dos palestrantes Silvio Essinger (jornalista do jornal O Globo), Arnaldo De Souteiro (jornalista, produtor e colecionador de vinis) e Marcelo Fróes (pesquisador e produtor musical), com a medição do produtor e DJ Marcello MBGroove.
A Feira de Vinil do Rio é produzida por Marcello Maldonado e pelo produtor artístico Marcello MBGroove (coletivo Vinil É Arte), com realização da Espelho D’Água Produções e da UNIVERITAS, e apoio do CNA, da Rádio Alpha FM e da Satisfaction Discos. Assim como nas edições anteriores, será cobrada como entrada simbólica 1 kg de alimento, a ser entregue à instituição de caridade Solar Meninos de Luz. Ao longo do dia, vários DJs apresentarão seus sets em vinil, especialistas nos mais variados estilos; MPB, Black Music, Rock, Eletronic. Pela primeira vez em sua história, a Feira do Vinil terá um expositor internacional, a Human Head, diretamente do bairro do Brooklyn, Nova York.
Cerca de 60 expositores de todo o Brasil estarão presentes com discos e CDs. Do Rio, participarão, dentre outros, a Tropicália Discos e a Arquivo Musical, além da Livraria Baratos da Ribeiro e da Satisfaction. Os paulistas serão representados pela Locomotiva, Mafer Discos e Vinil SP, só para citar algumas. A feira terá também estandes de venda de CDs, equipamentos de áudio, marcas de roupas e acessórios com esta temática.
SERVIÇO: 20° Feira de Discos de Vinil do Rio de Janeiro
Dia: 08 de abril, domingo
Horário: 10h às 18h
Local: UNIVERITAS
Endereço: Rua Marques de Abrantes, 55, Flamengo
Entrada: 1 kg de alimento não perecível
Classificação: livre
Fonte: Fábio Cezanne - Cezanne Comunicação - Assessoria de Imprensa em Cultura e Arte
www.cezannecomunicacao.com.br
O revival do vinil - que surgiu há alguns anos e, hoje, está consolidado em todo o mundo -, também despertou, além da questão musical, a arte dos designers e fotógrafos que elaboravam as capas do LPs. Com 30x30 cm, o espaço era um veículo em si. Há capas simples, às vezes duplas e até triplas, que são memoráveis.
Durante a 20° Feira do Vinil, 60 expositores de todo o Brasil mostrarão seus acervos de LPs e CDs.
Na antiga Manchete, em diferentes épocas, eram vários os fotógrafos que se especializaram nesse segmento. Nilton Ricardo, Frederico Mendes, Orlando Abrunhosa, Dario Zalis e Walter Firmo deixavam o fotojornalismo por algumas horas para traduzir em imagens os artistas e suas obras.
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| Foto de Nilton Ricardo.Reprodução do livro "Bambas do Samba, a arte das capas" |
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| Foto de Walter Firmo. Reprodução do livro "Bambas do Samba, a arte das capas" |
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| Foto de Dario Zalis. Reprodução do livro "Bambas do Samba, a arte das capas". |
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| Foto de Orlando Abrunhosa. Reprodução do livro "Bambas do Samba, a arte das capas" |
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| Foto de Frederico Mendes.Reprodução do livro "bambas do Samba, a arte das capas" |
A Feira de Vinil do Rio de Janeiro
O jornalista Fábio Cezzane envia ao blog informações sobre a Feira, que reproduzimos a seguir.
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| João Donato. Fotos de Marcos Hermes |
Às 15h, acontecerá o painel “Vinil – Mercado, Memória e Mídia”, com a participação dos palestrantes Silvio Essinger (jornalista do jornal O Globo), Arnaldo De Souteiro (jornalista, produtor e colecionador de vinis) e Marcelo Fróes (pesquisador e produtor musical), com a medição do produtor e DJ Marcello MBGroove.
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| Foto de Marcio Graffiti |
Cerca de 60 expositores de todo o Brasil estarão presentes com discos e CDs. Do Rio, participarão, dentre outros, a Tropicália Discos e a Arquivo Musical, além da Livraria Baratos da Ribeiro e da Satisfaction. Os paulistas serão representados pela Locomotiva, Mafer Discos e Vinil SP, só para citar algumas. A feira terá também estandes de venda de CDs, equipamentos de áudio, marcas de roupas e acessórios com esta temática.
SERVIÇO: 20° Feira de Discos de Vinil do Rio de Janeiro
Dia: 08 de abril, domingo
Horário: 10h às 18h
Local: UNIVERITAS
Endereço: Rua Marques de Abrantes, 55, Flamengo
Entrada: 1 kg de alimento não perecível
Classificação: livre
Fonte: Fábio Cezanne - Cezanne Comunicação - Assessoria de Imprensa em Cultura e Arte
www.cezannecomunicacao.com.br
Marcadores:
a arte das capas,
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segunda-feira, 2 de abril de 2018
Fora fake news! Mas é preciso cuidado com as ameças à liberdade de expressão
Desmascarar fake news é essencial às democracias. Mas corporações e governos tendem a incluir na boa causa - legitimar a notícia - "cavalos de Troia" que podem interferir na liberdade de expressão, na transparência e no direito à informação. Não por acaso, setores conservadores procuram juntar em um mesmo balaio as redes sociais, as "correntes" pessoais via whatsapp, Facebook, Instagram, emails, etc, e veículos jornalísticos alternativos e independentes, com equipes profissionais de repórteres investigativos e articulistas. Fake news com intenções difamatórias devem ser combatidas na Justiça, e já há lei para isso, e não por censura prévia, mas a posteriori. São muitas as tecnologias que permitem rastrear e identificar os autores de agressões raciais, a gêneros, posições políticas, a reputações etc e responsabilizá-los por crimes já previstos no Código Penal.
O Congresso brasileiro estuda legislação para evitar influência eleitoral através de fake news e de robôs que disseminam mentiras e agressões nas internet. Estão aí os exemplos recentes de manipulação digital da última campanha presidencial dos Estados Unidos e do plebiscito do Brexit no Reino Unido. Aqui, há certos deputados e senadores que querem incluir nas novas leis, por exemplo, dispositivos que permitam "apagar" do Google os passados geralmente enlameados das suas, deles, "excelências" biográficas. Bom ficar de olho nesses "contrabandos" que tentam pegar carona nos projetos de lei.
A Malásia, que desde os anos 1960 vive um regime de características opressivas, embarcou nessa onda. O Parlamento do país acaba de aprovar uma Lei Anti-Fake que pode mandar para a cadeia, por seis anos, autores de notícias falsas. Só que a lei é vaga e permite classificar como fake "notícias, informações, dados e relatórios que são ou são total ou parcialmente falsas” em publicações digitais e mídias sociais. O novo dispositivo vai além do objetivo alegado e ameaça grupos dissidentes do regime autoritário e a própria liberdade de expressão. E chega em um momento conveniente para o governo do primeiro-ministro Najib Razak que terá que enfrentar eleitores após um escândalo sobre a apropriação bilhões de dólares desviados do fundo público de investimento.
Não faltam aqui no Bananão (segundo a ironia de Ivan Lessa) políticos e mandantes que gostariam de escanear para a Casa Grande as leis dos colegas da Malásia.
O Congresso brasileiro estuda legislação para evitar influência eleitoral através de fake news e de robôs que disseminam mentiras e agressões nas internet. Estão aí os exemplos recentes de manipulação digital da última campanha presidencial dos Estados Unidos e do plebiscito do Brexit no Reino Unido. Aqui, há certos deputados e senadores que querem incluir nas novas leis, por exemplo, dispositivos que permitam "apagar" do Google os passados geralmente enlameados das suas, deles, "excelências" biográficas. Bom ficar de olho nesses "contrabandos" que tentam pegar carona nos projetos de lei.
A Malásia, que desde os anos 1960 vive um regime de características opressivas, embarcou nessa onda. O Parlamento do país acaba de aprovar uma Lei Anti-Fake que pode mandar para a cadeia, por seis anos, autores de notícias falsas. Só que a lei é vaga e permite classificar como fake "notícias, informações, dados e relatórios que são ou são total ou parcialmente falsas” em publicações digitais e mídias sociais. O novo dispositivo vai além do objetivo alegado e ameaça grupos dissidentes do regime autoritário e a própria liberdade de expressão. E chega em um momento conveniente para o governo do primeiro-ministro Najib Razak que terá que enfrentar eleitores após um escândalo sobre a apropriação bilhões de dólares desviados do fundo público de investimento.
Não faltam aqui no Bananão (segundo a ironia de Ivan Lessa) políticos e mandantes que gostariam de escanear para a Casa Grande as leis dos colegas da Malásia.
No futuro, o Brasileirão poderá ser disputado por dois clubes em um estúdio de TV
por Niko Bolontrin
A Fox Sports reproduziu na rede social comentário do ex-presidente do Atlético-PR, Celso Petraglia, sobre a "espanholização" do futebol brasileiro. O monopólio da TV, que privilegia clubes com maiores torcidas, não apenas na divisão dos direitos de transmissão, mas no tratamento jornalístico nos noticiários, poderá afetar o futuro do Brasileirão. O caso da Espanha é um exemplo. Nos últimos dez anos, com exceção de um título do Atlético de Madri, Barcelona e Real Madrid se revezaram no pódio de La Liga. Até a briga pela artilharia é prevista. Desde a temporada de 2009-2010, Cristiano Ronaldo reveza com Messi. Apenas no ano passado, Luís Suárez consegui superar a dupla. Na atual temporada, o Barcelona lidera com nove pontos à frente do Atlético e 13 adiante do Real. Os privilégios tendem a aumentar o abismo entre competidores e a imposição de horários afasta torcedores e deixa os clubes cada vez mais dependentes dos valores que a TV aceita pagar.
Craques em formação que logo vão para a Europa, o medo de assaltos nas ruas agravado pelo tardio horário dos jogos que, em dia de semana tem que aguardar o fim da novela, a violência das torcidas orghanizadas e campeonatos onde a maioria faz figuração poderão transformar o Brasileirão do futuro em um programa de TV, filmado em estúdio, com dois participantes ou, segundo os otimistas no máximo seis times. Vai virar um quadro do Fantástico.
O Globo revela que duas testemunhas oculares do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes não foram ouvidas pela polícia
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| O Globo, edição de 1/4/2018. Reprodução |
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| O Globo, edição de 2/4/2018. Reprodução |
Pouco se sabe da investigação da execução da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Depoimentos e diligências têm sido realizados, segundo as autoridades, em sigilo. Uma importante e exclusiva reportagem de Vera Araújo, publicada no Globo de domingo, revela que duas pessoas que presenciaram o atentado não foram ouvidas pela Delegacia de Homicídios da Capital.
As testemunhas contaram que aguardaram no local por alguns minutos até que a PM mandou as pessoas irem para casa.
Hoje, O Globo publica uma segunda matéria sobre o assunto e ouve especialistas que se surpreendem com o fato. O trabalho de arrolar depoimentos, segundo Rafael Garcia, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Rio de Janeiro, deve ser feito pela Civil, mas "a PM, no protocolo, não deve dispensar ninguém. Não é ela que investiga. Os PMs que chegam primeiro devem preservar o local", ele explica. O Globo procurou as polícias Civil e Militar e a Secretaria de Segurança. Ninguém se manifestou. O fato de a investigação estar sob sigilo não dispensa uma explicação sobre a "dispensa" de testemunhas oculares da execução de Marielle e Anderson. Uma das pessoas entrevistadas pela repórter Vera Araújo disse que os PMs mandaram embora as pessoas que encontraram no local do crime. Deduz-se que, muito provavelmente, outras testemunhas podem ter ido para casa em obediência à ordem da polícia.
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