quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

A síndrome das retrospectivas

por José Esmeraldo Gonçalves

Já participei de muitas, mas não havia nada mais entediante do que as edições retrospectivas de fim de ano. Eram revistas especiais talvez menos úteis aos leitores do que às redações.

Em função do número frio - as notícias eram descongeladas no freezer - eram ótimas, na verdade, para antecipar fechamentos e facilitar o revezamento das equipes nas folgas de fim de ano.

As pautas eram quase robóticas, iam se montando sem muito esforço. Os fatos políticos, as tragédias, as vitórias esportivas, os melhores livros, as músicas do ano, as peças, os filmes, as personalidades, as conquistas da ciência e um quesito inevitável: os mortos vips do ano. Trabalhei em várias revistas e todas se rendiam aos "especiais" da virada. Geralmente, não vendiam bem. Chegavam às bancas entre Natal e Ano Novo, um período em que os leitores andavam meio desligados ou ligados em outras e prazerosas perspectivas.

Várias publicações ainda investem em retrospectivas, mas esses "especiais" estão sumindo aos poucos. Até as revistas impressas, aliás, estão rareando. A tradição de rever o que passou fica por conta, principalmente, dos veículos digitais e da TV.

Em 2018 - e não apenas no começo, mas ao longo do ano -, o jornalismo não vai escapar de megas e sucessivos retrospectos: 1968 completará 50 anos. Sei lá porque, números redondos inspiram pautas desde que os tipos móveis de Gutenberg estimularam a criação de panfletos em Estrasburgo, Antuérpia e outras cidades da Europa a partir de 1605.

E 1968 pede pra ser retrofitado, é uma marca. As barricadas da contestação, as mortes de Robert Kennedy e Martin Luther King, o assassinato do estudante Edson Luis pela ditadura, a Primavera de Praga, a Ofensiva do Tet na Guerra do Vietnã, a assinatura da Lei dos Direitos Civis, nos Estados Unidos, e o AI-5 fechando aquele ano por aqui, só para citar alguns fatos, vão ganhar espaço na mídia.

Embora tenha sido um ano agitado, 1968 começou meio devagar, como o carioca Correio da Manhã noticiava nos primeiros dias de janeiro.

Nos recortes das edições iniciais, abaixo, há até um certo jeitão de 2018. O tempo não passou ou o Brasil parou?

Essa é a contribuição do blog: a retrospectiva que retroage.

Assim como Temer aguarda passar o carnaval para botar 
uma meia-sola na sua equipe e profetiza um quadro econômico de dias felizes, 
Costa e Silva anunciava novo ministério e fim do arrocho.

Não havia Lava Jato mas a busca por dólares expatriados era notícia. 



O governo admitia o óbvio



Racismo no boteco.
A palavra feminicídio não era usual, mas
a violência machista sim.  E permanece rotineira.


Ontem como hoje, a histeria moralista


Universidades na penúria e a pesquisa como vítima.
Partido criado pela ditadura para fazer figuração de oposição amiga, o MDB virou PMDB
e hoje, 50 anos depois, volta ser MDB. 


Pagamento atrasado  no Rio ... mas só por um dia


Delatores ainda não premiados



O Rei da Vela chegava ao Rio. Atualmente está em cartaz em São Paulo, 50 anos depois da estréia.

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Roberto Muggiati: Natal na Bloch

Por Roberto Muggiati

Já instalado na espaçosa sede do Russell, com o apoio gastronômico do chef Severino Ananias Dias, Adolpho iniciou lá pelos anos setenta um ritual natalino. Costumava enviar aos funcionários mais graduados um opulento – e suculento – peru de Natal. Por “mais graduados” entenda-se um grupo heterogêneo que incluía as pessoas profissionalmente mais importantes, aquelas que o ajudavam a ganhar dinheiro; e figuras avulsas que ocupavam um lugar no seu coração: por exemplo, o Marechal, o chefe dos contínuos, que certa vez figurou nas lista dos Dez Mais Elegantes do Ibrahim por seus ternos de linho branco; o Layrton, seu secretário e factótum: para cobrir a Copa do Mundo e as Olimpíadas, a Abril criou uma agência de viagens, já o Layrton embarcava sozinho as equipes das revistas e de TV da Bloch; ou o ator Grande Othelo, que nem funcionário era, mas havia feito um papel excepcional em O Homem de La Mancha, o musical que inaugurou o Teatro Adolpho Bloch. Adolpho se gabava da sua cozinha e inventou um bordão: “Nós somos um grande restaurante que, por acaso, também imprime revistas...”

A boa culinária e a vista cartão postal da baía de Guanabara transformaram a sede do Russell também num importante ponto de visitas ilustres. Muitas vezes ajudei Adolpho a receber celebridades como a irmã do Xá do Irã, a Princesa Alexandra de Kent, Liza Minnelli, Roman Polanski, o tenor Placido Domingo (que fez um dueto na sacada com Mário Henrique Simonsen), a proprietária do Washington Post, Katherine Graham (pouco depois que seu jornal derrubou Richard Nixon), o ator do filme Amadeus, Tom Hulce e incontáveis outros. Alfredo Machado, editor da Record e amigo de Adolpho, levou lá escritores famosos como o best seller Sidney Sheldon e Doris Lessing, depois Prêmio Nobel.

Voltando ao peru: no dia 24 de dezembro você ficava em casa, por volta de meio-dia, esperando a chegada do carro da Bloch com a sua ave. Se por algum motivo você estivesse em baixa na ocasião, o peru não vinha. Se a sua cotação estava em alta, o peru não só vinha, mas acompanhado de um tender ou até mesmo de um caprichado pernil. A dádiva natalina do Adolpho era uma maneira de você aferir a quantas andava o seu prestígio com o Titio, como era chamado pelos comandados mais próximos, como o Arnaldo, o Zevi e o Murilo.

O departamento chamado de Expedição era uma coisa muito confusa e estas deliveries da Bloch às vezes criavam encrencas terríveis. Certa ocasião, num fim de semana, o Cony recebeu no seu apartamento da Lagoa, uma caixa de madeira nobre com uma dúzia de garrafas de um vinho francês de casta raríssima. Presente do Oscar Bloch Sigelmann. Não entendeu nada – principalmente porque o Oscar o hostilizava – mas incorporou a preciosidade à sua adega. Dias depois, o Oscar aprontou um barraco monumental na Expedição, demitindo uma dezena de funcionários. O mimo se destinava ao Colin, presidente do Banco do Brasil, mas como a ordem do Oscar fora verbal, a Expedição tomou Colin por Cony, que era mais conhecido e o queridinho do Adolpho. Oscar implorou ao Cony que estornasse a caixa de vinhos, mas àquela altura o Cony já tinha entornado todas.

Adolpho Bloch tem duas biografias curiosamente relacionadas aos seus dois casamentos.
O primeiro O pilão, de 1978, foi supervisionado por Luci Bloch. 

Dez anos depois, Anna Bentes, sua segunda mulher, coordenou
a edição de O pilão, segundo volume.

Outra delivery desastrada ocorreu quando Adolpho estava para completar o que chamava seus “quatre- vingts” – os oitenta anos – Anna Bentes organizou de surpresa a edição do segundo volume de O pilão. O primeiro Pilão fora lançado em 1978, na Era Lucy. O pilão de Anna Bentes, em edição esmeradíssima, com capa dura, seria distribuído durante a festa de aniversário, à noite +a beira da piscina. Inadvertidamente, porém – talvez para agradar o patrão, um funcionário da gráfica em Parada de Lucas telefona de manhã cedo para o aniversariante: “Seu Adolpho, o caminhão com os livros vai sair agora. É para entregar no Russell, mesmo?” Estragada a surpresa, Anna Bentes ficou passadíssima.

O peru de Natal vinha
sempre acompanhado
de um cartão semelhante ao
da reprodução, que
agradecia comparecimento
a aniversário de
Adolpho.

Sendo goy, eu não entendia muito as festividades judaicas, mas aos poucos fui me embrenhando no assunto. Havia uma lenda de que Adolpho, irreverente quando mais jovem, costumava provocar os rabinos nos dias de jejum botando uma carrocinha de cachorro quente na frente da sinagoga da Rua Tenente Possolo, a mais tradicional, perto Praça da Cruz Vermelha. No Dia do Perdão, o Yom Kippur, a troika – Adolpho assim chamava o trio Adolpho/Jaquito/Oscar – comparecia ao trabalho de terno escuro e gravata por uma ou duas horas, com um ar compenetrado. Num destes Kippurs resolvi dar uma de Adolpho pra cima do próprio. Era manhã cedo, estava sozinho na sua sala, cheguei a ele e perguntei: “Adolpho, nunca entendi direito essa coisa do Dia do Perdão. Quem é que tem de perdoar: eu a você, ou você a mim? Falar nisso, Adolpho, estou fudido, meu salário não está dando mais para viver...” Atordoado pela ousadia, com um olhar de criança inocente, ele me perguntou: “Quanto é que você está precisando?” Eu chutei uma quantia alta, sabendo que ele iria regatear. Foi assim que comecei a ter meu aumento salarial anual a cada Yom Kippur. Política salarial na Bloch nunca existiu. Cada um tinha de garantir o seu num corpo-a-corpo com o chefão. A grande maioria não tinha sequer acesso ao Adolpho e assim ficava a ver navios anos sem fim. A Bloch – apesar do talento incrível que por lá passou, do jornalismo e da literatura brasileiros – era uma tremenda mixórdia, que deu no que deu. Mas foi divertida, enquanto durou.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

1982 • Antes do começo do fim

por Roberto Muggiati

Os editores reunidos: de pé, a partir da esquerda: Janir de Hollanda, Roberto Muggiati, Lincoln Martins (Geográfica Universal), Edson Pinto (Amiga), Roberto Barreira (Desfile), Daisy Prétola, Gervásio Baptista (Fotografia). Sentados: Marília Campos (Carinho), Justino Martins (Manchete), Vera Gertel (Desfile), José Resende Peres (Agricultura de Hoje) e Teresa Jorge (Pais & Filhos).

A foto – posada no estúdio do Russell para a edição de 30 anos da Manchete – irradia uma alegria contagiante. Era 1982 e ainda corria nas veias de Adolpho Bloch tinta de impressão, como ele costumava dizer.

A Bloch se candidatara a um canal de televisão em 1975. Naquele mesmo ano, 23 de outubro, uma dupla derrota para Adolpho. O Presidente Ernesto Geisel concedia a outro judeu, o Abravanel de Niterói, Sylvio Santos, o canal 11 de televisão. E do Petit Trianon chegava a notícia de que um escritor quase desconhecido, o goiano Bernardo Élis, era eleito para a Academia Brasileira de Letras, derrotando Juscelino Kubitschek. Foi o único Presidente da República rejeitado pela Academia (Getúlio foi eleito em 1941, Sarney em 1980 e Fernando Henrique em 2013). A derrota se deveu pura e exclusivamente à pressão da ditadura militar, que não o queria ver Juscelino eleito sequer síndico de condomínio...

Adolpho e JK decidiram não chorar sobre o leite derramado. Abriram o salão de festas, estouraram algumas garrafas de champanhe e o ex-presidente pé-de-valsa dançou o Peixe Vivo até altas horas. Anos depois, assumiu o último Presidente militar, João Baptista de Figueiredo, com uma postura mais simpática. Ao receber D. Sarah Kubitschek em Brasília em meados de 1979 para a construção do Memorial JK, começaram as tratativas para conceder uma TV à Bloch. Em 1980, Figueiredo distribuiu entre Adolpho Bloch e Sylvio Santos nove concessões das extintas Redes Tupi e Excelsior. Cinco delas couberam à Bloch: Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Fortaleza. Era a Rede Manchete de Televisão que surgia e iria ao ar na noite de domingo, 5 de junho de 1983, com o fabuloso logotipo do M voador.

Era a crônica de uma morte anunciada. A TV viera para sepultar a editora. O segundo de publicidade na telinha valia mais do que milhares de metros quadrados de páginas duplas impressas. Uma morte ao mesmo tempo real e simbólica marcou esta transição. Em 10 de agosto de 1983, dois meses depois da estreia da TV, Justino Martins chegou à redação uma terça-feira, lá pelas dez da manhã, era o dia mais calmo, depois do fechamento na segunda e antes da saída da revista nas bancas na quarta. Com sua clássica sacola da Air France a tiracolo, falou comigo, que era o seu “segundo”: “Toma conta das coisas, tchê, que vou fazer um exame no Hospital dos Servidores.” O Servidores era uma referência, o Presidente Figueiredo internou-se lá quando teve sua crise cardíaca, e o diretor, Raymundo Carneiro, era um grande amigo do Adolpho. As notícias não foram nada boas. Justino tinha um câncer de pâncreas fulminante. Duas semanas depois, foi transferido para a Clínica Sorocaba, em Botafogo, onde morreu na noite de domingo, 28.


A Rede Manchete fez uma televisão de alto nível, com programas de qualidade e novelas esmeradas e de repente topou com um filão de ouro ao lançar a novela Pantanal, sucesso absoluto de março a dezembro de 1990, com um ibope devastador. Ironicamente, a novela, Amor pantaneiro, ficou engavetada na Central Globo de Produções, e acabou cancelada na estação de chuvas de Mato Grosso. Quando a Rede Manchete contratou Benedito Ruy Barbosa, ele veio com Pantanal debaixo do braço. Os elevados índices de ibope assustaram a todo-poderosa Globo. Por que a novela das oito da Globo começa depois das 21 horas? Porque a Globo não ousava iniciar a sua novela das oito enquanto Pantanal estivesse no ar. Ia então esticando interminavelmente o Jornal Nacional.


Infelizmente, a Bloch – prisioneira da cultura da empresa familiar – não soube tirar proveito do êxito de Pantanal. Ao contrário, mergulhou em águas turvas e foi se complicando cada vez mais. Investiu em fracassos estrondosos como Brida, novela baseada no livro de Paulo Coelho, e Tocaia Grande, de Jorge Amado (não era uma Gabriela, nem um Dona Flor nem uma Tieta.) Tocaia foi ao ar em 16 de outubro de 1995.

Poucos dias depois, descendo do restaurante do 12º andar para o elevador do 11º, Adolpho me pediu que o amparasse naquela escada terrível sem corrimão com piso de tapete felpudo. Enquanto eu segurava seu braço com todo cuidado do mundo, ele se lamuriou: “Muggiati, estou fudido. Você não queira ter a minha vida de jeito nenhum...”

Um mês depois, no Dia da Bandeira, 19 de novembro, na madrugada de domingo, ele morria num hospital de São Paulo.

Outra ironia: foi por ter sido avalista de uma dívida irrisória da TV, coisa de uns dez mil dólares, que
acabou se transformando numa bola de neve, que a Bloch Editores se encaminhou para a concordata e a falência final.



Antes do fim da editora, a TV foi passada adiante. Um arremate sórdido que diz tudo da novela: em 2010, o M voador que era o símbolo augusto da Rede Manchete, foi encontrado em alto estado de corrosão num brechó de beira de estrada na BR-465, antiga Rio-São Paulo.

Ainda não apareceu ninguém para arrematar a peça.



Uma liminar, urgente! Para o "incerto amanhã" de 2018, Carmen Lúcia recomenda muita autoajuda ..

por O.V.Pochê

Neste 2017 que se apaga, a ministra Carmen Lúcia, presidente do STF, não trouxe muita luz às trevas constitucionais. Ao contrário, recebeu críticas por promover alguns apagões, como os votos de desempate no caso da obrigatoriedade do ensino religioso em escolas públicas e ao passar a bola para o Legislativo como instância a decidir o destino dos seus próprios e muitos corruptos. Deu no que deu e o STF ainda tenta botar ordem no terreiro.

A pedido do Globo, Carmen Lúcia escreveu um texto sobre o que devemos fazer em 2018. Ela descreve os tempos atuais como "desensofridos". O Houaiss diz que a palavra não existe. Mas isso não tem importância. Guimarães Rosa, conterrâneo da ministra, também gostava das veredas do neologismo.

Parece claro que 2017 realmente não foi o ano da ministra. O texto, ressalvando que a ministra tem todo o direito de exercer seu espírito natalino, é uma espécie de previsão em estilo de diário de normalista ou de discurso de apresentador do Big Brother Brasil. Tem mais pérolas do que o tesouro do Marajá de Baroda. Vale registrar alguns destaques:

* "Gente é feita para ser feliz, por isso espera o agrado"
* "Em tempos tão desensofridos é difícil planejar. Que venha o ótimo"
*  "Certeza é nenhuma, só a esperança pousa em forma de louva-a-deus na janela".
* "Mas e esse ano mal acabado? Calma filha, amanhã as coisas se ajeitam"
* "Não há colo materno a acalmar o incerto amanhã nessas tão enevoadas noites brasileiras"
* "Talvez no mundo as trevas tenham sido densas.É que vivo brasileiramente. Ando meio amarrotada"

Não me ajudou. Já me conformei a entrar em 2018 mais confuso e do que esse 2017 me deixou. Parodiando Cazuza, "quero uma liminar pra viver".

Primeira capa: 2018 é o Ano do Cão. Mas o mundo continuará fingindo que não vê o elefante na sala


No horóscopo chinês, 2018 é o Ano do Cão. O elemento é a Terra, que indica um período de forças conservadoras ainda prevalecendo no mundo. Mas, por conta do perfil do Cão, as pessoas tenderão a ser mais tolerantes e solidárias. 

Não se sabe se as energias milenares interpretadas pelos sábios da China alcançarão a Casa Branca, com o elefante (o símbolo do Partido Republicano do Tio Trump) dominando as salas, como a New Yorker retrata, plantando guerras e enquadrando o Cão, que vai precisar de muita sabedoria para sair das enrascadas. 
O Cão tentará aproximar opostos, é o que dizem. 
. O Ano do Cão acontece a cada 60 anos. Segundo a tradição chinesa, o animal favorece novos projetos, abre perspectivas em todos os campos. 

Se servir de estímulo, 1958, a última vez que o Cão deu as caras, foi considerado um período favorável ao Brasil. Não que fosse um paraíso, mas a barra estava bem mais leve. A seleção era campeã na Suécia,  João Gilberto lançava "Chega de Saudade" e a Bossa Nova ia junto, a Manchete mostrava ao Brasil as linhas e colunas já definidas do Palácio da Alvorada, Nelson Pereira dos Santos inaugurava o Cinema Novo com "Rio Zona Norte", o Fusca nas ruas anunciado o boom da indústria automobilística, estradas e hidrelétricas em construção, havia denúncias de corrupção, claro, mas sem fotos de malas de dinheiro e apartamentos entupidos de grana, a inflação ficou em menos de 12, 4%, um pouco mais mais baixa do que em 1957...

Se 1968 foi o ano que não terminou, 1958 é comemorado como o ano que acabou bem. 
A tarefa não é fácil, mas bem que o Ano do Cão podia repetir o celebrado alto astral da época.

Roma: exposição comemora 100 anos de Fotografia Leica

Foto de Christer Strömholm,  Place Blanche Paris, 1961.  Exposição "I Grandi Maestri,
100 Anni di fotografia Leica". Divulgação


Foto de Ramón Masats, Madrid, 1960. Exposição "I Grandi Maestri. 100 Anni di fotografia Leica". Divulgação

Se a sorte o levar a Roma até 18 de fevereiro de 2018, um bom programa é visitar a exposição "I Grandi Maestri. 100 Anni di fotografia Leica" no Complesso del Vittoriano - Ala Brasini, na Via de San Pietro in Cacere.

A Ur-Leica original criada pelo engenheiro alemão Oskar Barnack.


A mostra celebra a primeira câmera 35mm e os fotógrafos que a usaram desde a década de 1920 até os dias de hoje. A Leica surgiu em 1913, criada pelo engenheiro alemão Oskar Barnack, mas só se popularizou entre os fotógrafos depois da guerra, especialmente às vésperas dos agitados anos 1920. O Complexo Vitoriano reúne em quatro salas cerca de 350 fotos, de Cartier-Bresson e Robert Capa, de Eliot Erwitt a Robert Frank, René Burri e Sebastião Salgado, além de câmeras, revistas, livros e documentos originais.
Se Roma não estiver no seu roteiro até fevereiro, a editora Contrasto lançou um livro (veja capa no foto acima), organizado pelo fotojornalista Hans-Michael Koetzle, que organizou uma exposição sobre o mesmo tema, em 2014, em Hamburgo. São 191 páginas  com 130 fotos selecionadas. O livro custa 29 euros.

domingo, 24 de dezembro de 2017

Manchete no Russell, 1968-2000 • A HISTÓRIA DA TORRE DE PAPEL

Por Roberto Muggiati

No final de 1968, a Bloch tornou-se a primeira grande empresa editorial a ter sua sede na Zona Sul. O Jornal do Brasil se mudara de um prédio da belle époque na Avenida Rio Branco para o mastodonte do começo da Avenida Brasil. O império do Chatô, que tinha como carro-chefe a revista O Cruzeiro, ficava numa péssima vizinhança, na Rua do Livramento, quase na zona do cais do porto. O Globo se escondia na Rua Irineu Marinho, nas proximidades do antigo IML.


Em uma das mesas no hall da Manchete, em noite de gala que Ibrahim Sued apontou como a mais espetacular do ano,
os casais Denner e Maria Stella, Walinho Simonsen e Regina Rosemburgo (de vermelho),
então musa do society  carioca. Regina casou-se depois com o empresário Gérard Léclery.
Ela foi uma das vítimas do acidente do Boeing 707 da Varig, nas imediações do
Aeroporto de Paris/Orly, em 1973.
Clique nas imagens para ampliar. Reproduções Revista Manchete

Em 1965, ao voltar de Londres, comecei a trabalhar como repórter do Globo. Fui cobrir um congresso da Interpol no Hotel Glória, voltei, bati a matéria, deixei na mesa do chefe de reportagem Alves Pinheiro, peguei o paletó e me mandei. Achei o ambiente opressivo. Não posso dizer que a redação da Manchete em Frei Caneca fosse muito diferente. Para se chegar à redação era preciso caminhar meio quilômetro através de um galpão cheio de máquinas sucateadas e pegar um elevador de carga até o terceiro andar. Quase não havia janelas, o calor sufocava e os ventiladores de poste só ajudavam a circular o bafo quente. As salas da reportagem e da redação eram separadas por tapumes de madeira barata e vidro chapiscado. No entanto, ali fiquei, mesmo porque repórter vivia na rua. E havia uma promessa no ar. Em dezembro de 1965, Adolpho Bloch promoveu o que seria o maior evento do ano, no prédio do Russell parcialmente pronto: um jantar de gala com o anúncio da lista das Dez Mais Elegantes de Ibrahim Sued e o leilão para fins de caridade do modelo número um do carro Willys-Itamaraty.

Lembro que Zevi Ghivelder, chefe de redação da Manchete, tomou as dores da reportagem, que não foi convidada para a festa. Nem seria o caso, mas o bom Z’vi, para reparar o que considerava uma injustiça, ofereceu um almoço de sábado para os repórteres em seu apartamento na Hilário de Gouveia, em Copacabana. Lembro do jovem Roberto Barreira, recém-chegado de uma temporada na Sucursal de Milão, e já ligado em moda, ousando exibir meias cor de abóbora. Afinal, já eram os tempos das cores cítricas de Carnaby Street.

Antiga sede da Manchete, Rua do Russell. Foto de Gil Pinheiro

Em março de 1968, troquei Frei Caneca pela redação da Veja (seria lançada em setembro), na Marginal do Tietê. Em setembro de 1969 voltei para dirigir a Fatos&Fotos no prédio da Rua do Russell, 804. O terreno foi conquistado após anos de dinamitagem para cavar espaço no imenso rochedo. Com isso, o terreno adquiriu uma profundidade notável: depois do prédio, vinha o platô do terceiro andar, com o restaurante à beira da piscina dando para a fachada monumental do Teatro Adolpho Bloch. Na verdade, o público não entrava por ali: saía, nas noites de gala, pelos fundos do palco, para a piscina e a ceia luxuosa servida no restaurante.

A fachada do Niemeyer era um portento, o prédio todo tinha assoalhos de tábua corrida, banheiros de mármore de Carrara com torneiras de latão reluzente, móveis de jacarandá desenhados por Sérgio Rodrigues, as telas dos melhores pintores brasileiros nas paredes, tapetes persas no hall dos elevadores de cada andar. Um detalhe que me tocou: um dia chega um senhor de aparência simples, calça marrom e camisa branca, para pintar as palavras BLOCH EDITORES nas divisórias de vidro com tinta de ouro. Eu o via dias a fio, apoiando o pincel numa vareta, pintando com a mesma concentração com que Michelangelo pintara a Capela Sistina.

Apesar da beleza externa, o prédio, no seu interior, era todo problemas. Niemeyer era um poeta, um escultor, mas descurava do conforto e dos aspectos funcionais. O excesso de madeira concentrava brutalmente o calor. O sol nascia na entrada da baía de Guanabara apontando seu canhão para a Bloch. As belas janelas de vidro, que compunham a estética da fachada, só abriam poucos centímetros para dentro, impedindo a ventilação. Mesmo no inverno, a temperatura interna era dez graus a mais do que a da rua. Manter o ar ligado o tempo todo implicaria em custos astronômicos. Era nestas horas que surgia a figura heroica de R. Magalhães Jr. Irritado e suarento, o acadêmico tirava a camisa – exibindo seu torso nada apolíneo – colava uma lauda na testa e descia ao primeiro andar, onde Adolpho Bloch começava o dia despachando com o financeiro, descascando pepinos e abacaxis, empinando papagaios e maldizendo os banqueiros. Mas a fúria do Magalhães pegava o Adolpho de surpresa e imediatamente ele ordenava que o ar condicionado fosse ligado... só no andar da Manchete. Eu costumava comentar que o Oscar Niemeyer, comunista velho de guerra, era coerente: havia aplicado a teoria da luta de classes à sua arquitetura.

Nos almoços naquele platô do terceiro andar rolavam discussões homéricas, mesmo porque Homero Homem era um dos participantes, ele o poeta Ledo Ivo, também repórter especial da Manchete, e o Magalhães. Uma das controvérsias era se a mulher de Oswald de Andrade Patrícia Galvão, a Pagu, tinha mesmo trazido a soja da China para o Brasil. Outro tema de debate acalorado versava sobre quem teria desvirginado Carmen Miranda, no qual intervinha o Rodrigo Miranda, tradutor da Embaixada americana, que se dizia sobrinho da cantora, mas não esclarecia nada. Magalhães apontava para o terreno vizinho e dizia que o dono dele foi quem deflorou a Pequena Notável, o Maciel Filho, a quem também era atribuída a redação da carta-testamento de Getúlio Vargas. Advogado matreiro, que também trabalhou para Assis Chateaubriand nos anos 1930, Maciel tinha erguido ali um bizarro castelinho, imenso apesar do diminutivo. Maciel morreu em 1975 e Adolpho comprou o terreno. Demolido o castelo, ali seria construído o segundo prédio, o Russell, 766. Uma extensão da fachada do 804, mas alguns metros mais longo do que ele. Quando o novo prédio ficou pronto, em 1980, não foi imediatamente ocupado, lembro que Adolpho costumava promover lá um chá das cinco, com uma meia dúzia de gatos pingados – eu, o Cony, o Geraldo Matheus.

A ocupação do 766 teve efeitos irreversíveis. Morreu o restaurante do terceiro andar ao ar livre, vicejou o chique restaurante com ar condicionado no décimo segundo andar do novo prédio; morreu também o décimo andar do 804 como sala de visitas, as recepções agora eram no décimo segundo do 766. Esta era a nova entrada no térreo para as redações, com vários Krajcbergs nas paredes, mas nenhum com a monumentalidade do 804, que tinha um pé direito altíssimo. A televisão foi ao ar em 1983, construiu-se um banheiro exclusivo para o PH, filho do Presidente FH, que tinha um emprego na TV, como muito antes o irmão do Collor, o Leopoldo, também ganhara uma sinecura na TV em São Paulo.

O castelinho foi demolido para a construção do segundo prédio do conjunto
desenhado por Niemeyer para a Manchete. Um contínuo, o Sammy, convenceu a proprietária
a vender a casa vizinha ao castelo para Adolpho Bloch, onde foi erguido o terceiro prédio. A expansão parou aí. A terceira casa, obra do arquiteto italiano Antonio Virzi, com cúpulas, mastro e colunas retorcidas, ao lado do prédio de apartamentos, foi tombada pela prefeitura do Rio de Janeiro. Foto Acervo RM

A promiscuidade – ou vamos chamar de democracia – unia contínuos aos donos da empresa. O Sammy Davis Jr. prometeu ao Adolpho que ia conseguir para ele o terreno contíguo ao 766, cantando a senhorinha que era dona. Depois de anos, Adolpho comprou a casa e construiu ali, em 1986, a terceira fatia do bloco do Niemeyer. (Ignoro se o Sammy levou o dele.) Entre o primeiro e o segundo, havia um afastamento, uma fresta discreta. Já o terceiro era colado ao segundo e não tinha entrada autônoma. Foi ali que embarquei numa roubada: fazer para o programa da Anna Bentes, com a presença da própria, uma entrevista chapa branca com o grande especialista em fertilidade, Roger Abdelmassih, o médico paulista que foi condenado a trocentos anos de  prisão por abusar das pacientes. E foi no topo dessa terceira fatia que vivi meu ano e pouco de Santa Genoveva (matéria recente no Panis). Enfim, a história é esta, confiram as fotos – a do castelinho do Maciel acho que é inédita.

sábado, 23 de dezembro de 2017

Tem gente hipotecando casas para investir em moedas digitais. Economistas dizem que isso pode não acabar bem

Express alerta sobre bitcoins
e  relembra o "crash" das tulipas. 
por Pedro Juan Bettencourt

Que os americanos costumam se endividar para consumir não é novidade. O problema é quando essa dívida tende a crescer exponencialmente, como aconteceu na crise de 2008.
Pois é, analistas de economia, lá, apontam novo salto no pendura dos consumidores da terra do Tio Trump.
Dessa vez, com um componente de alto risco: pessoas que hipotecam casas para investir em moedas digitais. Se essa bolha for perfurada - avaliam -, o mundo vai tremer.
Alguns artigos estão comparando as moedas digitais, como a bitcoin, com a famosa e devastadora crise das tulipas holandesas no século 17. Na época, um tipo de contaminação viral produziu uma raríssima tulipa púrpura que se valorizou no mercado. Por ser rara, óbvio, fez disparar as cotações. Acontece que os bulbos só floresciam no fim da primavera. Os produtores criaram então uma espécie de mercado futuro. O sujeito comprava um papel, que podia revender, que dava direito a um determinado número de tulipas quando estas florescessem. A cadeia financeira tornou-se especulativa e os preços dispararam. Muitas pessoas tomaram empréstimos ou venderam bens para comprar certificados de tulipas que passavam adiante horas depois por muito florins a mais. O negócio era tão bom que os agentes financeiros passaram a vender mais títulos do que a produção de tulipas garantia. A partir dos primeiros caso de investidores que não conseguiram resgatar seus capitais, a bolha estourou e abalou a Europa.
Como as tulipas na febre de 1626, a moeda digital não tem lastro. Diz a City londrina que muita gente pode ficar com o bulbo na mão.

Chappaquiddick: filme desvenda o acidente que fechou as portas da Casa Branca para Ted Kennedy. Veja o trailer...




Foi liberado o trailer do filme Chappaquiddick, que será lançado nos Estados Unidos em abril do ano que vem. Deve chegar ao Brasil no segundo semestre de 2018.



O longa conta a história do acidente de carro, dirigido por Ted Kennedy, em julho de 1969, no qual morreu sua acompanhante, a professora Mary Jo Kopechne, que trabalhava na sua campanha eleitoral.



A tragédia virou escândalo e marcou a carreira política do mais novo dos Kennedy, eliminando suas chances de chegar à Casa Branca. O filme foi dirigido por John Curran, Kate Mara vive Mary Jo e Jason Clarke faz o papel de Ted Kennedy.

O acidente deixou muitas perguntas. Uma delas, sobre as razões para a família Kennedy ter levado dez horas para avisar à polícia; Ted conseguiu escapar depois que o carro mergulhou no rio, mas não teria prestado ajuda à acompanhante - ele disse que tentou - mas não explicou porque abandonou o local, foi tomar banho e dormir em um motel. Mais tarde, se declarou culpado por ter fugido da cena do acidente, foi condenado a um ano com direito condicional.

VEJA O TRAILER DE CHAPPAQUIDDICK, CLIQUE AQUI

Então é Natal...

Decreto de Michel Temer amplia alcance do indulto natalino e favorece presos por corrupção.

Do outro lado, acordos mamão-com-açúcar assinados com muitos e felizes delatores já colocaram em prisão domiciliar vários empresários e altos funcionários que entregaram esquemas dos quais eram peças principais.

No meio, a caneta de Gilmar Mendes, a mais rápida do Centro-Oeste, também manda pra casa indiciados de fino trato.

A turma tem mais é que comemorar o Papai Noel.

"The Crown" na vida real: racismo no almoço de Natal da família real britânica

A princesa Michael of Kent, com o broche que retrata uma escrava africana. Ela escolheu a joia
para ir ao almoço de Natal onde estava presente Meghan Markle, futura
mulher do príncipe Harry, que é filha de uma afro-americana. Foto: Reprodução The Guardian


por Jean-Paul Lagarride

Não demorou muito e uma integrante periférica da família real britânica mostrou seu veneno. A princesa Michael of Kent, casada com um primo da rainha Elizabeth, tirou da caixa um broche com efígie de uma escrava africava e levou o adereço para o almoço de Natal no Palácio de Buckingham. 

Quem tem visto a série The Crown, no Netflix, já percebeu que nada no reino dos Windsor acontece por acaso, nem as formalidades e muito menos os barracos À mesa estava a futura mulher do príncipe Harry, Meghan Markle (na capa da Vanity Fair, ao lado), que é filha de pai branco e mãe afro-americana. 

Diante da repercussão, a princesa Michael de Kent pediu desculpas, mas seu recado já estava dado. O tipo de joia que ela usou já é há muito tempo visto no Reino Unido, por parte da sociedade, como inconveniente por representar o que era antigamente uma demonstração de "orgulho" diante do sangrento e cruel  império colonial: a submissão de uma raça conquistada por uma etnia "superior".   

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Edição impressa do Jornal do Brasil será relançada em fevereiro de 2018

Adquirido por Omar Peres, o Jornal do Brasil voltará às bancas em formato standard tradicional no final de fevereiro. O diretor de Redação será o jornalista Gilberto Menezes Côrtes. A informação está no site do próprio JB.

Memória da propaganda...

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É coisa de vídeo - Globo desliga William Waack um mês e meio depois de vazamento de flagra de racismo

A Rede Globo comunicou hoje que em acordo com William Waack foi decidido encerrar o contrato de prestação de serviços que a emissora e o jornalista mantinham desde 1996.

O ex-âncora do Jornal da Globo estava afastado desde o começo de novembro quando foi vazado um vídeo onde ele usava expressões de cunho racista antes de entrar no ar, em Washington, quando cobria a eleição de Donald Trump. Na nota oficial, assinada pelo diretor de jornalismo Ali Kamel e pelo jornalista, observa-se que Waack não admite o que o vídeo mostrou, diz que "em nenhum momento teve o objetivo de protagonizar ofensas raciais", não explica as expressões lamentáveis que usou, mas pede desculpas "a quem se sentiu ofendido". A Globo, logo abaixo, das evasivas do seu ex-âncora, "reafirma seu repúdio ao racismo".

Há alguma semanas, especulou-se que o SBT estaria interessado em contratar o jornalista.

Leia o comunicado da Globo:

"Em relação ao vídeo que circulou na internet a partir do dia 8 de novembro de 2017, William Waack reitera que nem ali nem em nenhum outro momento de sua vida teve o objetivo de protagonizar ofensas raciais. Repudia de forma absoluta o racismo, nunca compactuou com esse sentimento abjeto e sempre lutou por uma sociedade inclusiva e que respeite as diferenças. Pede desculpas a quem se sentiu ofendido, pois todos merecem o seu respeito.

A TV GLOBO e o jornalista decidiram que o melhor caminho a seguir é o encerramento consensual do contrato de prestação de serviços que mantinham.

A TV GLOBO reafirma seu repúdio ao racismo em todas as suas formas e manifestações. E reitera a excelência profissional de Waack e a imensa contribuição dele ao jornalismo da TV GLOBO e ao brasileiro. E a ele agradece os anos de colaboração.

Ali Kamel, diretor de Jornalismo da TV GLOBO

William Waack, jornalista e apresentador de programas jornalísticos da TV GLOBO"

ATUALIZAÇÃO ÀS 15H49 - Segundo o colunista Ricardo Feltrin, do UOL, William Waack se reuniu com a Globo por quatro vezes desde o vazamento do vídeo. Essas reuniões, como a última, que gerou o comunicado, foram tensas e o jornalista estava acompanhado de advogado. O caso, segundo Feltrin, pode acabar na Justiça.

Professor Bonner dá aula de filmagem com celular





William Bonner usou alguns segundos do Jornal Nacional para fazer um rápido tutorial de como se deve gravar vídeos com celulares. O apresentador não gostou de um tosco vídeo amador sobre um acidente de carro provocado por um deputado bêbado. O telecurso de Bonner foi visto por milhões de brasileiros e repercutiu na web que, claro, não perdeu a chance de produzir as últimas memes de 2017. Internautas pedem que ele ensine técnicas de selfie, nudes, assédio no trem, de político recebendo mala de dinheiro e flagrantes de traição em motéis. 
VEJA A AULA DO TIO BONNER. CLIQUE AQUI

Isso pode? "Estagiário" da Fox Sports engana leitores... tudo por um clique

Reprodução Twitter Fox Sports, 21/12/2017 13:46/ postado em São Paulo
O "estagiário" do Fox Sports acordou ontem, achou que ainda estava no fundão da sala da escola fundamental e resolveu sacanear os leitores do twitter do canal. O rapaz teve uma ideia genial para descolar alguns cliques a mais e marcar ponto com o tutor que supervisiona seu "treinamento". Bolou um título sobre um "estrela" do PSG que estaria fazendo "o último jogo pelo clube" e, logo abaixo botou uma foto do presidente do  time francês (Nasser Al-Khelaïfi, mas ele não identificou provavelmente por não saber quem é) com o boné do Neymar em primeiro plano. A intenção, claro foi induzir a fake news de que o brasileiro estaria indo para um "gigante italiano". A matéria chupada do Le Parisien era sobre o meia argentino Javier Pastore. Como os leitores não são desligados,  logo choveram comentários criticando a apelação. Horas depois, a Fox aparentemente deletou todos. Abaixo a reprodução da mesma matéria no Le Parisien, com título, foto coerente e enfoque corretos. Aprende, "estagiário".

Le Parisien/21 décembre 2017, 10h00|

Reprodução/Comentários no twitter Fox Sports


quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Vai Malandra - 30 milhões de views até agora. É Anitta quebrando a internet

Anitta no Vidigal
por Ed Sá

Anitta fecha 2017 com o clipe mais polêmico da sua carreira.

Mas enquanto a academia discute sexismo, machismo e outros ismos, o funk Vai Malandra (com participação de MC Zaac, Maejor e DJ Yuri Martins) domina a cena, é visto por 30 milhões de fãs e o marcador continua rodando no Brasil e no exterior.

Pela primeira vez, uma música brasileira ficou na ponta do Spotfy.
Na placa da moto, alusão ao número do
projeto de lei proposto por evangélicos e
que ameaça criminalizar o funk.
Isso significa que foi uma das mais ouvidas no mundo nessa semana.

Fotografado no Morro do Vidigal por Terry Richardson - sem tratamento digital das celulites, por imposição de Anitta - o clipe é pura raiz do funk no som, na concepção, na alma, na cara do felliniana do Rio partido. Exagero? Veja você mesmo.
 VAI MALANDRA, CLIQUE AQUI

A revista Rolling Stone entrega os pontos e é vendida para a Variety

Bob Dylan foi entrevistado para a edição
comemorativa dos 50 anos. . 
Fundada em 1967, a revista Rolling Stone muda de mãos aos 50 anos. Jann Wenner, um dos fundadores, acaba de vender a maioria da ações ao grupo Penske, que edita a Variety.

A família Wenner permanece cuidando do operacional da revista e investe no on line, para onde os seus leitores migraram já há alguns anos. A Rolling Stone nasceu como publicação musical, mas absorveu ao longo do tempo pautas políticas, e comportamentais que impulsionaram a cultura pop.

Além da crise do mercado das publicações impressas, a RS foi abalada, em 2014, ao publicar uma reportagem sobre um caso de estupro em uma universidade. A história se revelou falsa, custou à publicação uma indenização milionária e entrou para os manuais de como não se deve fazer jornalismo investigativo. A suposta vítima, que era identificada apenas por um pseudônimo, mentiu,  a revista não checou a história com outras fontes e sustentou a reportagem apenas no testemunho fantasioso. Transparente na repercussão do episódio, a RS assumiu o erro, mas não evitou alguns danos à imagem quase na reta final de 50 anos como bíblia da contracultura.

Não deixa de ser irônico ver o DNA rebelde Rolling Stone cruzar com a Variety, uma típica célula do entretenimento hollywoodiano. Vale observar de quem será o gene dominante.


"Xerife" da Câmara de Vereadores de Uberlândia agride repórter da Band


Dona Alice Ribeiro deve ser uma madame poderosa em Uberlândia. Casada com o vereador Hélio Ferraz (PSDB) e, por coincidência, procuradora da Câmara Municipal, parece achar que imprensa com ela é pra ser finalizada no octógono do UFC. Ela agiu como uma "xerife" que não deve satisfações a ninguém. Ainda mais se o repórter ousa questionar aumento de quase 20% nos salários que a vereança se concedeu e aos funcionários. Uberlândia não está em crise, ao contrário, o PIB municipal deve estar crescendo a 30%  ao ano para justificar tanta bondade com dinheiro público.

Um dos problemas do Brasil é a corrupção, que custa caro ao país, mas bem mais caros e permanentes são os super salários institucionalizados e sustentados por leis que a casta beneficiada se encarrega de criar.

Como Uberlândia, o Brasil também deve ser uma potência econômica. Se não, como explicar que os contribuintes brasileiros sustentam os representantes dos três poderes, eleitos ou concurseiros,  mais bem remunerados do mundo, deputados e senadores e vereadores com salários e penduricalhos mais valorizados do que muitos jogadores da Liga dos Campeões, ministros, secretários e figuras dos altos escalões que acumulam vencimentos bombados e, depois, aposentadorias de megassena?

Foi pra defender tanta bonança que Dona Alice agrediu o repórter Ricardo Martins, da Band, e o chamou de "ordinário".

Vereadores contrários ao aumento foram à Justiça, que concedeu uma liminar suspendendo a medida. A procuradora avisou que vai recorrer.

Dona Alice acertou. Somos todos brasileiros "ordinários".

Se não fôssemos, não permitiríamos tanto abuso e arrogância.

VEJA O VÍDEO, CLIQUE AQUI


quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Os 'manés' da 'pulítica'

Da coluna Gente Boa, do Globo.

Estava escrito...

Edson Aran, ex-diretor da Playboy, foi buscar nos seus arquivos e publicou no twitter a capa premonitória do Planeta Diário. Maluf preso. A profecia foi feita há 33 anos.

Leitura Dinâmica: pai de santo presidencial, novo cangaço, Maluf, Gilmar Mendes...

por O.V.Pochê 

* Durante cerimônia de entrega da Ordem Cultural do Mérito, Temer revelou que quis ser jornalista. Chegou a trabalhar no jornal Última Hora, mas preferia ser repórter de rua e o colocaram para copidescar textos. Erro do Samuel Wainer, dono do jornal, que não o incentivou. Hoje o homem seria apenas jornalista. Tinha que manter isso, viu ?

* Alguém recolha o passaporte do Crivella. Em quase um ano de mandato ele já tem uma quilometragem de viagem ao exterior equivalente a três voltas ao mundo. Agora está em Orlando, na Flórida. Não se sabe se voltará a tempo de concluir seu único projeto: dar "um banho de loja na Rocinha".

* Polícia prendeu uma mulher suspeita de assaltos em série no Tocantins. A novidade é que ela integraria uma quadrilha que pratica o que as autoridades chamam de "novo cangaço". Parte do bando de neo-Virgulinos assalta bancos, postos de combustíveis e lojas enquanto outro grupo ataca delegacia e batalhões policiais para desviar a atenção dos agentes. A nova Maria Bonita acabou presa.

* Um suposto pai de santo identificado com Uzeda deu uma geral em Temer que, segundo ele, está com muito vodu em cima. Haveria até três cabeças de burros de plantão em um dos palácios, além de bonecos como foto do presidente. O pai de santo não deu nome aos burros.

* O Globo opinando sobre o já velho e engavetado escândalo do metrô (a investigação de agora é do Cade, apenas administrativa, portanto) no terreiro do PSDB. Como se sabe, tucano não é corrupto, no máximo "tem evidências de relações não republicanas com as empresas".


* O PMDB está preocupado com a imagem de corrupto e mudou de nome. Volta a se chamar MDB. tal qual a antiga sigla com que foi fundado pela ditadura militar. É como o Super Homem, que basta botar uns óculos vira Clark Kent e ninguém reconhece.

* Folha de São Paulo avisa que Maluf se entregou "para ser preso". E eu pensando que era para um churrasco de fim de ano na PF, um convite para o Natal do Ministério Público ou um reunião nostálgica de "amigo oculto" sobre o processo dele que começou nos distantes anos 90.

* Ouvido nos becos e botecos: "É verdade que Gilmar Mendes descerá de helicóptero no Maracanã, vestido de Papai Noel e fará distribuição de habeas corpus gratuitos?".