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sábado, 26 de maio de 2018

Fotomemória da redação - Em 1968, Fatos & Fotos registra brutal agressão ao repórter-fotográfico Alberto Jacob



Reprodução/Fatos & Fotos, abril de 1968

No dia 4 de abril de 1968, Alberto Jacob, um dos mais respeitados repórteres-fotográficos do Brasil, cobria para o Jornal do Brasil a missa em homenagem ao estudante Edson Luís, assassinado dias antes pela Polícia Militar do Estado da Guanabara. Apesar de se identificar como jornalista, Jacob foi brutalmente atacado nas imediações da Igreja da Candelária. Levou ponta-pés, sofreu um golpe de espada na cabeça, teve a câmera apreendida e foi hospitalizado.

A Fatos & Fotos documentou toda a cena. Infelizmente, o crédito da reportagem publicada na edição 376 é coletivo, o que impossibilita identificar o autor da sequência.

Alberto Jacob, que faleceu em setembro de 2017, aos 84 anos, ganhou entre outros prêmios o Esso de 1971 com a célebre foto "A mão de Deus" para o Jornal do Brasil.

Foto "A mão de Deus"/Alberto Jacob/Jornal do Brasil/ Prêmio Esso 1971



segunda-feira, 26 de março de 2018

Há 50 anos - Sangue nas mãos da ditadura: a morte de Edson Luís


No dia 28 de março de 1968, há 50 anos, Edson Luís de Lima Souto foi assassinado no restaurante do Calabouço pelas forças da ditadura. O estudante tinha apenas 18 anos e era aluno do Instituto Cooperativo de Ensino - que as forças de repressão chamavam de "Instituto Comunista de Ensino" - destinado, assim como o restaurante, a jovens de baixa renda.
Estava prevista para o fim da tarde uma passeata de protesto contra o aumento dos preços do restaurante. Os estudantes ainda se concentravam em frente ao Calabouço quando a polícia chegou. Os serviços de segurança temiam que a embaixada americana, perto do local, fosse invadida e investiu contra o grupo, que se refugiou no interior do restaurante e, de lá, lançou pedras contra os militares. A reação dos estudantes foi a senha para a extrema violência. Tiros partiram até do alto de prédios próximos ao restaurante, mas Edson foi assassinado por um PM, a queima-roupa, com um tiro de revólver no peito.
Manifestações eclodiram em todo o Brasil. Em junho daquele ano, mais violência e mortes aconteceriam no Centro do Rio. A tortura começava a se institucionalizar nas prisões do regime.
1968 terminou com a edição do AI-5, em dezembro, e o endurecimento da ditadura.
Essa mesma que os radicais da direita querem de volta ao Brasil de hoje.





Fotos reproduzidas da edição n°375 da revista Fatos & Fotos. A cobertura foi dos repórteres Helena Beltrão,
Carlos Castilho e Edson Cabral com os fotógrafos Juvenil de Souza, Nicolau Drei, José Martins, Jorge Aguiar,
Armando Rosário, Milton Carvalho, Moacir Gomes e AJB.  

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

A síndrome das retrospectivas

por José Esmeraldo Gonçalves

Já participei de muitas, mas não havia nada mais entediante do que as edições retrospectivas de fim de ano. Eram revistas especiais talvez menos úteis aos leitores do que às redações.

Em função do número frio - as notícias eram descongeladas no freezer - eram ótimas, na verdade, para antecipar fechamentos e facilitar o revezamento das equipes nas folgas de fim de ano.

As pautas eram quase robóticas, iam se montando sem muito esforço. Os fatos políticos, as tragédias, as vitórias esportivas, os melhores livros, as músicas do ano, as peças, os filmes, as personalidades, as conquistas da ciência e um quesito inevitável: os mortos vips do ano. Trabalhei em várias revistas e todas se rendiam aos "especiais" da virada. Geralmente, não vendiam bem. Chegavam às bancas entre Natal e Ano Novo, um período em que os leitores andavam meio desligados ou ligados em outras e prazerosas perspectivas.

Várias publicações ainda investem em retrospectivas, mas esses "especiais" estão sumindo aos poucos. Até as revistas impressas, aliás, estão rareando. A tradição de rever o que passou fica por conta, principalmente, dos veículos digitais e da TV.

Em 2018 - e não apenas no começo, mas ao longo do ano -, o jornalismo não vai escapar de megas e sucessivos retrospectos: 1968 completará 50 anos. Sei lá porque, números redondos inspiram pautas desde que os tipos móveis de Gutenberg estimularam a criação de panfletos em Estrasburgo, Antuérpia e outras cidades da Europa a partir de 1605.

E 1968 pede pra ser retrofitado, é uma marca. As barricadas da contestação, as mortes de Robert Kennedy e Martin Luther King, o assassinato do estudante Edson Luis pela ditadura, a Primavera de Praga, a Ofensiva do Tet na Guerra do Vietnã, a assinatura da Lei dos Direitos Civis, nos Estados Unidos, e o AI-5 fechando aquele ano por aqui, só para citar alguns fatos, vão ganhar espaço na mídia.

Embora tenha sido um ano agitado, 1968 começou meio devagar, como o carioca Correio da Manhã noticiava nos primeiros dias de janeiro.

Nos recortes das edições iniciais, abaixo, há até um certo jeitão de 2018. O tempo não passou ou o Brasil parou?

Essa é a contribuição do blog: a retrospectiva que retroage.

Assim como Temer aguarda passar o carnaval para botar 
uma meia-sola na sua equipe e profetiza um quadro econômico de dias felizes, 
Costa e Silva anunciava novo ministério e fim do arrocho.

Não havia Lava Jato mas a busca por dólares expatriados era notícia. 



O governo admitia o óbvio



Racismo no boteco.
A palavra feminicídio não era usual, mas
a violência machista sim.  E permanece rotineira.


Ontem como hoje, a histeria moralista


Universidades na penúria e a pesquisa como vítima.
Partido criado pela ditadura para fazer figuração de oposição amiga, o MDB virou PMDB
e hoje, 50 anos depois, volta ser MDB. 


Pagamento atrasado  no Rio ... mas só por um dia


Delatores ainda não premiados



O Rei da Vela chegava ao Rio. Atualmente está em cartaz em São Paulo, 50 anos depois da estréia.