domingo, 19 de novembro de 2017

Agência de viagem leva seu boneco de pelúcia para passear...

Reprodução Facebook




por O.V.Pochê 

É mais comum do que se pensa. Ao viajar, muitos adolescentes, crianças e até adultos não se separam dos seus bichos de pelúcia de estimação. Há poucos anos, a rede inglesa de hotéis Travelodge constatou em pesquisa que quase um terço dos seus hóspedes dormia abraçado com seus ursinhos de pelúcia da infância A maioria revelou que o hábito era relaxante. A média de idade dos bichos era de 27 anos.

Uma viagem a Tóquio é cara. Mas o destino é procurado por muitos turistas ou executivos que levam na bagagem suas Hello Kitty ou seus Teddy. Agora, mesmo que você não possa bancar esse custo, uma agência japonesa criou um opção bem mais em conta.

A Unagi Travel organiza um tour para que seu boneco de pelúcia visite o Japão. Ele vai, você fica.

Basta contratar um pacote de pouco mais de 200 reais por dia, enviar o boneco pelo correio e os guias japoneses percorrerão pontos turísticos e enviarão fotos e selfies do seu "amigo" em um animado tour. E você poderá sugerir o roteiro mais indicado para seu boneco de pelúcia: um passeio espiritual, por templos; aventureiro, por picos e trilhas; noturno, por boates e clubes; por parques de diversão, estádios, viagens no trem-bala etc.




Você, por exemplo, um brasileiro que comprou um "pato da Fiesp" ou um Pixuleco, levou a dupla às ruas para denunciar a corrupção e agora tem que aturar Micheleco Temer, Picciani etc, e está vendo seu "amigo" triste e deprimido, seus problemas acabaram: pode mandá-lo passear em Tóquio para, quem sabe, recuperar o ânimo e bater umas panelas no Monte Fuji. Consulte a Unagi Travel, clique AQUI 

"Foi assim", a autobiografia de Wanderléa...


Aos 73 anos, a cantora Wanderléa lança sua autobiografia. "Foi assim" (Record) revela sua trajetória profissional e não deixa de abordar os bons em tristes momentos da sua vida pessoal. Manchete, Fatos & Fotos, e, principalmente, Amiga e Sétimo Céu acompanharam passo a passo os anos de glória  da Jovem Guarda e da sua musa. Capas, entrevistas e milhares de fotos registraram aqueles dias de explosão da música jovem no Brasil.


Até fotonovela Wanderléa fez na Sétimo Céu.

Uma entrevista que vale reprisar é essa da Amiga, feita pela repórter Emilse Barbosa, com fotos de Sebastião Araújo.




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Fotomemória da redação: cenas do 'bunker' do Russell

Anos 1980, o redator e chefe de reportagem João Resende, o fotógrafo Paulo Scheunsthul e...

...a repórter e redatora Suzana Tebet e o fotógrafo Antonio Rudge na redação da Manchete.

sábado, 18 de novembro de 2017

Playboy: Hugh Hefner em edição limitada e fotos inéditas



A Playboy americana lança uma edição especial sobre o seu fundador, Hugh Hefner, morto há menos de três meses. "The Limited Edition: Hugh Hefner Special Tribute" reúne fotos inéditas e pode ser adquirida no site PlayboyShop.

Twitter expulsará neonazistas...

O Twitter dá um ultimato aos neonazistas: se não pararem com o discurso de ódio até o dia 18 de dezembro serão chutados definitivamente do microblog.
A empresa anuncia que monitorará o comportamento de usuários ligados a organizações violentas dentro e fora da plataforma, e que promovam ações de ameaças e intolerância.
O prazo até dezembro se explica em função da legislação de alguns países que exigem avisos prévios sobre mudanças de políticas internas para os usuários. A notícia está no Mashable.

Na revista Época: O closet de mãinha Geddel...



Botou a mãe no meio, meu rei?

A matéria de capa da revista Época dessa semana mostra que o caso Geddel Vieira de Lima pode ganhar contornos rodriguianos. 

Nelson Rodrigues, um mestre na arte de levar os leitores do antigo Última Hora direto para os porões emocionais da vida-como-ela-é, adoraria a denúncia de Job Ribeiro Brandão, ex-assessor do deputado Lúcio Vieira de Lima, irmão de Geddel. 

Job, que tenta fazer delação premiada sobre o bunker de R$ 51 milhões, como ficou conhecido o apê onde o político baiano guardava suas "economias", entregou em depoimento que, antes de ser levada para o condomínio onde a PF flagrou, a montanha de cédulas ficava guardada no closet de Marluce, a genitora dos acusados.

Se confirmada a delação do assessor, provavelmente mãínha Marluce deverá ser chamada para explicar o fato. Dizer, por exemplo, se viu a dinheirama no seu closet ao pegar um vestido e se teve a curiosidade de tentar saber o que diabos aqueles 51 milhões faziam na sua suíte. 

Vai ver pensou que era apenas o dinheiro que os meninos Geddel e Lúcio estavam economizando para comprar abadá do carnaval no Circuito Barra-Ondina de trios elétricos...  

Professora "manda nudes" como dever de casa...



por Omelete 

Na Colômbia, a escola é sem partido mas com nudes no celular.

A professora Yokasta, de Medellin, resolveu inovar na didática e introduziu métodos de alta tecnologia na sala de aula.

Ela usava um celular de última geração para mandar nudes aos seus alunos adolescentes com sugestões sobre o que deviam fazer para passar de ano.

Segundo o portal peruano La República, do Peru, ela dizia claramente que o caminho para a aprovação nos exames finais passava pela sua cama.

Era pegar ou largar. A professora foi presa e o marido está pedindo divórcio. Para ele era difícil concorrer com as turmas que buscavam aprovação no "enem" colombiano.

Leve pra cabine eleitoral em 2018. A página 6 do Globo de hoje é o Guia do Eleitor...


Na hora de teclar na cabine eleitoral em 2018, o eleitor fluminense não pode reclamar de falta de informação sobre prováveis candidatos a reeleição.

Na página 6 da edição de hoje, o Globo publica um "guia do eleitor".  Trata-se da relação com foto 3x4 do placar da votação da Assembléia Legislativa doo Rio de Janeiro que resgatou da cadeia o presidente Jorge Picciani e os deputados Paulo  Mello e Edson Albertassi, todos do PMDB: 39 deputados abriam a porta das celas dos investigados por corrupção, enquanto 19 preferiam deixar os políticos curtirem uma cadeia exemplar.  Curiosamente, entre os aguerridos defensores dos colegas acusados de participar de um "confraria do crime" estão políticos que ensaiam usar a bandeira anticorrupção nas eleições do ano que vem. Fique de olho.

Enquanto isso, lá fora da Assembléia, prédio histórico construído no lugar da Cadeia Velha, que é o nome da operação que caça meliantes, a polícia lançava bombas de gás e balas de borracha contra manifestantes que protestavam contra a "sessão da vergonha".

Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro usa "Lei Aécio", mostra quem manda e solta políticos investigados por corrupção... Tá pensando o que?

Assembleia Legislativa RJ. Protestos contra a libertação dos político presos. Foto Fernando Frazão/Agência Brasil

Nos anos 70, o delegado do Dops Sérgio Fleury foi condenado por chefiar esquadrões da morte. Quase imediatamente, a ditadura militar impôs uma lei casuística que garantia ao "réu primário e de bons antecedentes", ele mesmo, o torturador Fleury,  responder a processos em liberdade. A inovação ficou conhecida como "Lei Fleury".

O fato vem sendo lembrado desde que o STF analisou o Caso Aécio Neves.

Naquela ocasião, por 6 votos a 5, os ministros do STF determinaram que seria necessário o aval do Legislativo para o afastamento de deputados e senadores de seus mandatos por ordem da Corte. O enunciado era genérico mas o  beneficiado tinha nome e sobrenome: Aécio Neves, que, logo em seguida, foi liberado pela Senado.

Essa interpretação do STF entra para a história como a "Lei Aécio".

É justo que se diga que os ministros Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux e o decano Celso de Mello votaram contra; Alexandre de Moraes, Marco Aurélio Mello, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli empataram a questão. Em uma avaliação final que se tornou antológica pela confusão, indecisão  e aparente insegurança demonstrada ao vivo na TV, a presidente do STF, ministra Carmen Lúcia, desempatou a favor da "Lei Aécio".

A ministra tinha nas mãos sólidos argumentos constitucionais, espacialmente de Luis Roberto Barroso, o relator, e de Celso de Mello, o decano, mas preferiu dar um salto sem rede.

E deu-se o caos.

Depois que o Senado abraçou Aécio Neves, investigado por corrupção, Assembleias Legislativas e até Câmara de Vereadores passaram a considerar que têm a chave da cadeia e podem liberar colegas com foro privilegiado com base na "independência dos Poderes" e aval da exótica decisão do STF.

Investigados como participantes de um crônico esquema de corrupção no Rio de Janeiro, o presidente da Assembleia Legislativa e os deputados Paulo Mello e Edson Albertassi, todos do PMDB de Temer, tiveram prisão decretada pelo Tribunal Federal da 2ª Região. Durou pouco a cana dura de suas excelências. Depois de votação-relâmpago, a Assembleia mandou carros oficiais entrarem no presídio para resgatar os presos. A situação foi tão absurda que os políticos dispensaram até o alvará de soltura, documento que é expedido por juízes. Apenas de posse da resolução da Assembleia o comboio de carros oficiais entrou no presídio e soltou os políticos. Jogo rápido. Tudo isso em menos de 24 horas.

Manda quem pode, não é STF?.

Piadinhas de chuteira...

por Niko Bolontrin 

• Chico Nascimento no Bom Dia Brasil:
"Na Segundona, cumpriu-se a profecia do Trump: AMERICA FIRST!

• No Fla, nova versão do anúncio da Lusitana:
"O mundo gira e o Renaldo Rueda!..."

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

A entrevista que não houve

por Ruy Castro (para a Folha de São Paulo)

RIO DE JANEIRO - Por esses dias de novembro de 1967, há inacreditáveis 50 anos, eu estava telefonando para Guimarães Rosa em nome da revista "Manchete", pedindo uma entrevista.

Naquela semana, Rosa finalmente tomaria posse de sua cadeira na Academia Brasileira de Letras, para a qual fora eleito por unanimidade em 1963. Ainda não a assumira porque, médico e cardíaco, temia não sobreviver à cerimônia. Mas agora era a hora.

Nunca entendi por que Justino Martins, diretor da "Manchete", me confiou a tarefa. A revista estava cheia de repórteres experientes —dois deles os poetas Lêdo Ivo e Homero Homem, certamente amigos de Rosa. Eu tinha, se tanto, seis meses de profissão e acabara de chegar à "Manchete". Mas foi assim. Justino convocou-me à sua mesa, deu-me o número do telefone de Rosa e só me recomendou que chamasse o homem de embaixador —o que Rosa também era.

Naquele mesmo dia, telefonei. O próprio Rosa atendeu e, muito amável, se desculpou, alegando que estava escrevendo seu discurso de posse e não podia parar para dar entrevistas, mesmo que fosse para "Manchete". Eu insisti, "Mas, embaixador...". E ele, firme. Talvez tocado pela evidente juventude do repórter, sugeriu que eu telefonasse no dia seguinte —quem sabe já teria terminado o discurso. Fiz isto, mas, não, ele não havia terminado. Como consolação, disse que, se eu fosse à cerimônia, me daria uma cópia do texto.

Rosa tomou posse na quinta-feira, 16. Ao fim do discurso e sob a chuva de aplausos, saiu pelo salão apertando mãos, como se levitasse. Parecia encantado, não via ninguém –só a mim cumprimentou duas vezes, sem saber quem eu era. E o coração resistiu bem, não o traiu.

Deixou para traí-lo três dias depois, na noite de domingo, 19, no seu apartamento, em Copacabana.

E eu me esquecera de pedir-lhe o discurso.

O doce ano em que trabalhei com um Krajcberg nas costas



Roberto Muggiati

Julho de 1996 a outubro de 1997 marcou para mim o único momento em que fui feliz na Bloch. Afastado da direção da revista Manchete, nomeado Editor de Projetos Jornalísticos, fui despachado para o local geograficamente mais remoto do Titanic do Russel: a cobertura do terceiro prédio do Russell, à qual se tinha acesso por uma escada em caracol. Era um salão imenso – uns dez metros de frente por setenta ou oitenta de fundos – assoalho de tábuas corridas, tapetes persas, sala de visitas com sofá e poltronas e obras de arte nas paredes. Ali eu trabalhava com o João Américo Barros, meu chefe de arte, e o Sérginho, meu factótum e fiel escudeiro. Com sua ironia fina, Alberto de Carvalho batizou o lugar de degredo de “Santa Genoveva”, alusão ao asilo de idosos em Santa Teresa em que os velhinhos, ao invés de serem cuidados, sofriam maus tratos. 

Longe do insensato mundo da Bloch, fiz bons trabalhos ali. A reedição da série de fascículos sobre a História do Brasil, lançada em 1972, atualizada para o ano de 1997. Foram 52 fascículos inseridos na Manchete semanalmente – um ano exato – oferecendo um algo mais à revista que lutava para sobreviver. Editei também o número especial dos 45 anos de Manchete, com 350 páginas e uma receita publicitária fabulosa. E dirigi a edição especial de Fatos&Fotos – a primeira a chegar às bancas – sobre a morte de Princesa Diana. Lancei também meu livro A Revolução dos Beatles, em comemoração dos 35 anos da primeira gravação dos Fab4 em Abbey Road. 

Na "Santa Genoveva". Foto: Arquivo Pessoal R.M

Atrás da minha mesa no Santa Genoveva (o apelido colou imediatamente) havia um Krajcberg na parede, uma assemblage de galhos de árvore pintados de branco, praticamente uma versão reduzida da obra de arte do saguão de entrada da Manchete.

No Santa Genoveva eu fiquei protegido dos chatos (devem ter algum problema com escadas em caracol) e da histeria manchetiana (os Bloch e os colegas da revista não tinham tempo, ou coordenação motora, para chegar até lá.) Sentia pena do Herculano Mathias, historiador que redigia semanalmente os novos fascículos da História do Brasil, cuja idade dificultava escalar aquela escada íngreme. Eu era o dono do pedaço e podia ligar e desligar o ar condicionado ao meu bel prazer, coisa inimaginável nas outras redações, onde o ar só era ligado por ordem do seu Adolpho, ou sucessores. Tinha sempre um bom scotch à mão para a happy hour, um dos habitués era o milanês Carlo Rizzi, autor do novo design da Manchete, ficamos logo amigos – os Muggiati eram oriundi de Stradella, nos arredores de Milão.

Mal sabia eu que aquela alegria não ia durar muito. O primeiro sinal foi o Carnaval. Eu antevia, pela primeira vez em 22 anos, um feriado tranquilo no meu chalé em Itaipava, longe do fechamento da edição de Carnaval. Mas Jaquito me convocou para editar a Manchete carnavalesca: “Esses paulistas não entendem porra nenhuma da Carnaval.” E lá fui eu amargar as madrugadas de pão com ovo, o sol surgindo, bonito mas ordinário, uma bola vermelha entre o Pão de Açúcar e o Saco de São Francisco. Pior ainda: a diagramação computadorizada infernizou a edição, saudades da paginação analógica do grande Wilson Passos e da fotocomposição do Carlão. O uso do Macintosh acabou com cem empregos e sobrou problema para a redação e os diagramadores. E mais: o sucessor do doce Vincenzo Scarpelini – que se apaixonou por nossa repórter paulista e foi trabalhar na Folha – o Massimo Gentile, que de gentil não tinha nada, estava numa ressaca mortal no início dos trabalhos no sábado e tudo e todo mundo parado. Foi preciso o Layrton ir busca-lo à força em casa e entupi-lo de café preto. Triste lembrança: ambos jovens, tanto Vincenzo como Massimo já se foram. Carma da Bloch? Você decide.

Um pouco da minha história na Manchete. Voltando de três anos na BBC de Londres, meu amigo Narceu de Almeida, chefe da sucursal de Paris, no Rio para o 1º FIC – me levou à Manchete em Frei Caneca, onde Jaquito me contratou como repórter especial, começando no dia seguinte ao feriado da República de 1965 – cara, exatamente há 52 anos hoje... Em março de 1968, sentindo-me sem perspectiva na Bloch, fui participar da equipe inicial de Veja em São Paulo como um dos quatro editores do capo Mino Carta. Minha primeira mulher não se adaptou à Pauliceia e voltei em setembro de 1969 para dirigir Fatos&Fotos. Um daqueles cavalos de rodeio em que você só consegue se segurar alguns instantes. Em setembro de 1970 o Cony me chamou para ser seu chefe de redação no EleEla. Em 1972, o Justino Martins me chamou para ser o seu “segundo” na Manchete. Editei a revista nas férias de maio de Justino, Cidadão Cannes, que ia todo ano ao festival. Em 1975, Adolpho tirou o Justino da Manchete e me colocou como editor. Justino voltou à direção em 1981, me mantendo sempre como seu “segundo”. Em 1983 – aí é que começam os problemas das revistas, com a conquista da Rede Manchete. A TV vai ao ar, um mês depois Justino morre de um câncer fulminante, uma morte simbólica. Volto à direção da revista. Depois de um breve interregno da dupla Hélio Carneiro-Janir de Holanda, reassumo direto até 1996. 

Por essa época, o Titanic já estava fazendo água. As vendas caíam, mais por uma contingência editorial-gerencial da Bloch do que pela qualidade dos seus jornalistas. 

Reprodução do Jornal do Brasil. Arquivo pessoal R.M

Uma tentativa de me tirarem da direção da Manchete foi feita pelo Oscar (Bloch Sigelmann) em 1992. Convidou o Augusto Nunes, paulista que à época dirigia o jornal Zero Hora em Porto Alegre. Ofereceu-lhe um salário cinco ou seis vezes superior ao meu. Augusto Nunes, macaco velho, veio, viu e voou (para longe). Bastou um almoço com vista panorâmica no restaurante do Russell, e o papo do Oscar, para que percebesse o perigo que corria. Outro convidado, o Elio Gaspari, também não caiu na conversa. (Vejam os recortes das notas publicadas pelo Zózimo no JB). Jaquito costumava me chamar em crise: “Muggiati, precisamos fazer alguma coisa, por nossos filhos!” Osias (Wurman), mais sotto voce, buzinava: “Muggiati, fique atento senão um dia chega aí um paulista com uma pastinha de executivo para pegar o teu lugar.” Não deu outra. Em meados de 1996 Roberto Barreira assumiu interinamente a direção e em outubro a troika paulistana tomou o poder: Tão Gomes Pinto, com Otávio Costa e Nunzio Briguglio. Tão, que, como eu, foi subeditor de Mino Carta no início da Veja, tinha sofrido um AVC que deixou seu braço direito molenga. E o Nunzio era incauto o bastante para proclamar “Eu sou o braço direito do Tão”. Com Otávio e Nunzio se odiando ostensivamente e Tão morando num apartamento na Barra, totalmente deslocado, não podia dar certo. 

Minha saída aconteceu meses depois da morte de Adolpho, que foi enterrado no cemitério de Vila Rosali em 20 de novembro de 1995, a primeira vez em que se respeitou o feriado de Zumbi, uma segunda-feira em que choveu o dia inteiro. Achavam que o Adolpho, sentimental demais, jamais me tiraria da direção da Manchete. Na verdade, o velho sabia mais que os outros. Àquela altura, uma simples troca de técnico não ajudaria o time em crise. Pior ainda seria chamar um “colombiano”, como o Flamengo fez.

Uma coisa de que me dou conta só agora, é que a Bloch era uma confraria de oprimidos, muito forte e coesa e, quem quisesse liderar qualquer coisa, tinha de entender isso. Foi o que aprendi desde cedo, intuitivamente, e aderi àquela maravilhosa legião de “proscritos da terra” (está lá, na letra do nosso hino, a Internacional). No Dia das Bruxas de 1997, Tão Gomes Pinto pediu as contas e Jaquito me convocou, mais uma vez, para editar a Manchete. O que fiz, da melhor maneira que pude, até maio de 1999. A revista já era uma nau à deriva, e a empresa também. E deu no que deu, no pedido de falência em 1º de agosto de 2000. Mas nunca esquecerei os dias felizes vividos com a escultura do Krajcberg nas minhas costas no Santa Genoveva.

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Frans Krajcberg: lembranças de um artista nas paredes da memória...

Frans Krajcberg, janeiro, 2016.
Foto de Tatiana Zeviche/
Setur/BA
“ Se eu grito na rua me colocam em um hospital de louco. 
A única coisa que posso fazer é exprimir a minha revolta com o minha arte.” (F.K)

O escultor e pintor Frans Krajcberg morreu ontem, no Rio, aos 96 anos. Nascido na Polônia, o judeu Kracjberg lutou na Segunda Guerra Mundial como oficial do exército do seu país e, depois da invasão nazista, ingressou em uma divisão de soldados poloneses formada no exílio, na União Soviética.

Sua família foi devastada no Holocausto.

Quando a guerra acabou, Krajcberg foi para a Alemanha e matriculou-se na Academia de Belas Artes de Stuttgart. Em 1948, emigrou para o Brasil com uma passagem de 3ª classe paga por Marc Chagall. Menos de dez anos depois, naturalizou-se brasileiro e passou a construir uma obra que reflete a natureza ameaçada do país que o adotou.

Foto reproduzida do livro Museu Manchete

Quem trabalhou na Manchete acostumou-se a passar diante de um dos seus "gritos" ao cruzar, diariamente, o grande hall do prédio 804, na Rua do Russell. O painel "Relevo em Branco", que recriava raízes contorcidas em alto e baixo relevo a romper do concreto, se sobressaia na parede à direita da entrada principal.

E o Museu Manchete, instalado no foyer do Teatro Adolpho Bloch, exibia quadros de Krajcberg como parte da Coleção Manchete de Arte Moderna Brasileira. O curador do Museu Manchete era o competente Zé do Mato (José Alves), assessor e um dos grandes amigos do escultor, a quem conheceu em 1960, em Minas Gerais, quando Krajcberg passou uns tempos em uma caverna no Pico de Cata Branca, região de mineração de Itabirito. "Tinha 17 anos quando conheci o Frans e comecei a trabalhar como seu ajudante. Ele morava numa caverna, pois queria fugir dos homens. Parecia um animal machucado. Ali, ele fez as primeiras gravuras na pedra e esculturas”, contou Zé do Matto à Casa Cláudia.

Para Adolpho Bloch, Zé do Mato era o consultor indispensável na aquisição de obras empreendida pela extinta empresa na ampliação do acervo do Museu Manchete. A ele deveu-se a presença destacada de Krajcberg na valiosa e hoje desfeita coleção.

Vegetação, 1957. Reprodução do livro Museu Manchete
Abstração, 1957. Reprodução do livro Museu Manchete

Borboletas, 1957. Reprodução do livro Museu Manchete
Krajcberg partiu provavelmente sem saber do destino dessas obras. A escultura que ficava no hall da sede foi desmontada após a falência da Bloch Editores e levada por um credor - o Banco Rural. A peça estaria ainda sob pendência judicial. Quando aos quadros de Krajcberg e as demais obras da Coleção Manchete, 17 anos após o fim do grupo de comunicação, permaneceriam armazenadas em um depósito, sob custódia da Massa Falida da Bloch, enquanto aguardam a Justiça marcar a data de um leilão.

Mais fácil do que rever essas obras retidas é encontrar na internet um documentário sobre Frans Krajcberg exibido pela Rede Manchete em 1987. 

Um ano antes, o cineasta Walter Moreira Salles Júnior acompanhou o artista a Juruena, no Mato Grosso, e da expedição resultou o documentário "Krajcberg – o Poeta dos Vestígios", produzido pela Rede Manchete, dirigido por Walter, com roteiro de João Moreira Salles 

O artista vivia em seu sítio Natura em Nova Viçosa, no sul da Bahia. 


Ali fica o Museu Frans Krajcberg.

Obra de Krajcberg em Nova viçosa. Foto de Tatiana Zeviche/Setur

Foto de Tatiana Zeviche/Setur
À entrada da cidade, uma placa permanecerá anunciando: “O artista sem fronteira, para nosso orgulho, vive aqui”.

ATUALIZAÇÃO/CORREÇÃO - José Carlos Jesus, presidente da Comissão dos Ex-Empregados da Bloch Editores, esclarece: A obra "Relevo em Branco", que ficava no hall da sede da Manchete, estaria inicialmente entre as obras cedidas pela Bloch ao Banco Rural como parte de negociação de dívida realizada antes da falência da empresa. Contudo, outras obras foram entregues e a cessão de "Relevo em Branco", especificamente, não se concretizou ao final daquela negociação. Essa obra de Krajcberg pertence atualmente à Massa Falida da Bloch e não ao Banco Rural como equivocadamente o post acima registra. Como centenas de outras peças, o painel "Relevo em Branco" aguarda decisão da Justiça em relação a pendências entre o  espólio de Adolpho Bloch e a Massa Falida da Bloch e a posterior realização de leilão destinado a levantar recursos para pagamento de indenizações trabalhistas e correção monetária dos valores devidos aos trabalhadores da extinta Bloch. José Carlos ressalta que os ex-empregados permanecem confiantes nas decisões corretas da 5ª Vara Empresarial, que tem à frente a Exma. Juíza Maria da Penha Nobre Mauro. 

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

É guerra fria! Tio Trump quer organizar um torneio internacional paralelo para esvaziar a Copa da Rússia ?

Com a volta da Guerra Fria, analistas não descartavam um possível boicote americano à Copa da Rússia 2018. Mas a seleção americana foi eliminada e essa possibilidade deixou de existir.

Mas surgem outros caminhos para a geopolítica de Trump tentar colocar algumas pedras no caminho de Moscou. A Copa do Mundo centraliza as atenções globais e isso parece inaceitável para a direita radical levada à Casa Branca no embalo do topete de Tio Trump. A intensificação de investigações sobre a Fifa, requentar denúncias de doping, estimular protestos durante a torneio, podem ser algumas dessas táticas.

Por enquanto, surgiu o que pode ser opção no campo esportivo. A informação vem do Washington Post e do site americano da ESPN. A federação americana pretende criar um torneio pré-Copa com Itália, Holanda, Chile e outras seleções que foram desclassificadas nas Eliminatórias. A Copa paralela seria disputada nos Estados Unidos, naturalmente, às vésperas do Mundial, teria a participação da ESPN e patrocinadores, e não seria restrita apenas a seleções que ficaram de fora da Copa da Rússia, países classificados poderiam participar, caso queiram. O projeto seria apoiado pela Major League Soccer que dirige o incipiente futebol no país. Como seria impossível conseguir "datas Fifa" para a Copa Paralela, os organizadores pretendem usar o mês de maio quando várias das seleções desclassificadas estarão fazendo amistosos. Há dúvidas ainda se os clubes aceitarão ceder seus atletas, a não ser que recebam bons cachês para isso.

Blake Shelton é capa da People e as redes sociais ficam indignadas. Ele é o rei do racismo e da intolerância, dizem...

por Clara S. Britto

A People fez uma capa com o cantor country Blake Shelton e virou alvo das redes sociais.

Shelton, que é um dos técnicos da bancada do The Voice americano (exibido no Brasil pelo canal pago Sony) e um típico produto do preconceituoso Meio Oeste americano, é acusado de fazer intensa campanha contra imigrantes e homossexuais em frequentes comentários na sua conta do Twitter.

Diante da repercussão das ofensas, o cantor apagou os comentários.

Mas, em matéria sobre o assunto, o site Daily Beast reproduz alguns posts

O imigrante planeja onde vai lançar a bomba, segundo Shelton
.

Gay tem que apanhar, decreta o cantor

Motorista de táxi que não fala inglês tem mais é que se fuder, é a lei de Shelton

Atriz Lupita Nyong'o denuncia photoshop racial na capa da revista Grazia inglesa...


por Clara S. Britto 
A atriz Lupita Nyong'o, vencedora do Oscar pelo filme "12 Anos de Escravidão" foi fotografada para a capa da britânica Grazia e se surpreendeu ao ver que a imagem foi alterada na edição. Lupita comentou o seu desapontamento e o fato de a foto ter sido trabalhada, especialmente os cabelos, para atender ao "padrão eurocêntrico". 
Pouco depois, o fotógrafo vietnamita An Le confessou ter feito a alteração e pediu desculpas. "Eu percebo que foi um erro monumental. Peço desculpas da Nyong'o e a todos os outros a quem ofendi",  disse An Le.

Reality show perde... Gregório Duvivier filma o exato momento em que Jorge Picciani, presidente da ALERJ, leva uma dura dos homens de preto


O apresentador e ator Gregório Duvivier viajava no mesmo voo do presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Jorge Picciani. A viagem foi tranquila para todos. Já o político do PMDB não pode dizer o mesmo do desembarque no Aeroporto Santos Dumont: a Polícia Federal o aguardava ao pé da escada para conduzi-lo coercitivamente para depor sob acusação de envolvimento em um mega esquema de propinas. Duvivier filmou e postou a cena na sua conta no Instagram.

Não dá para ouvir os argumentos de Picciani aos homens de preto. Vai ver era algo do tipo "quem, eu", "não estou ouvindo o que o sr. está falando, a turbina do avião está atrapalhando", "mas o piloto não me avisou", "preciso passar em casa, até agora comi só amendoim e uma barra de cereal", "propina, o que é isso?, "Fetranspor? Não conheço. É um festival de transgêneros portugueses?". VEJA O VIDEO AQUI

Propina no futebol: escândalo atinge empresas de mídia e de marketing esportivo. Na Argentina, um executivo é encontrado morto horas após ser acusado

Escândalo repercute na mídia internacional. Bloomberg e...


... e The Guardian publicam a denúncia feita em Nova York. 

Enquanto a seleção brasileira fazia sua partida morna e decepcionante contra a Inglaterra, no 0X0 do Wembley, ontem, em Londres, um jogo muito mais pesado se desenrolava em Nova York: as autoridades locais, onde o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, com um histórico de serviços prestados à ditadura militar, é acusado de extorsão, fraude financeira e lavagem de dinheiro, ouviam  uma das testemunhas de acusação.

Coube ao argentino Alejandro Buzarco ligar um enorme ventilador sobre detritos acumulados há décadas. E o vendaval por ele detonado chegou à Rede Globo. Buzarco, ex-executivo da empresa de marketing argentina Torneos y Competencias S.A também é réu no processo e acusou Globo, Fox, a empresa brasileira Traffic e a Televisa de pagarem propinas a dirigentes para assegurar direitos de transmissão de torneios internacionais.

Um breve histórico: a Globo mantinha um dos seus executivos, Marcelo Campos Pinto, diretor da Globo Esporte, como o encarregado de fazer a ponte entre a poderosa rede, a CBF, a Comenbol e a Fifa. Nos bastidores, durante anos, Marcelo ficou conhecido o "cartola da Globo", tão semelhantes eram suas táticas com os movimentos subterrâneos da maioria dos dirigentes do futebol brasileiro.

Sempre defendendo os interesses da Globo, Pinto impunha horários de jogos, modificava tabelas, garantia a eterna exclusividade de transmissões e adiantava dinheiro de cotas para grandes clubes em aperto financeiro. A bola estava com ele, tinha poderes e cacife. Em novembro de 2015, poucos meses depois da prisão de José Maria Marin, na Suiça, a Globo anunciou que Marcelo se aposentaria no fim daquele mesmo ano.

Entre outras bombas, Buzarco contou que participou de uma reunião com Marin, Del Nero e Marcelo Campos Pinto, quando avisou ao grupo sobre uma "sobra" de propina. "Informei a eles que tinha mais 2 milhões de dólares de propina, dinheiro que Teixeira não havia coletado. Com a benção de Campos Pinto, ficou decidido que os 2 milhões seriam divididos entre Del Nero e Marin", disse Buzarco.

Em nota, a Globo afirmou que "não pratica nem tolera qualquer pagamento de propina". Segundo a emissora, investigações internas apontam que jamais houve "pagamentos que não os previstos nos contratos". A empresa afirma que Marcelo Campos Pinto, em apuração interna, "assegurou que jamais negociou ou pagou propinas a quaisquer pessoas".

Tudo indica que Marcelo Campos Pinto vai segurar esse rabo de foguete. O julgamento prosseguirá em Nova York, mas dificilmente a Justiça brasileira vai se ocupar desse assunto. Corrupção privada no Brasil não é crime. E a CBF, ao contrário do Comitê Olímpico Brasileiro, daí a prisão de Carlos Arthur Nuzman, é uma entidade privada que não mexe com verbas públicas.

Do ponto de vista jornalístico, há um ponto curioso: acusações contra grandes empresas de mídia além de não prosperarem não costumavam ser divulgadas nos veículos do acusado e, muito menos, nos veículos concorrentes. Um pacto de silêncio protegia as corporações. Hoje, com as redes sociais e os sites independentes o silêncio torna-se impossível. O assunto está em todos os jornais. Ainda bem.

A Globo divulgou uma nota sobre o novo escândalo e promete noticiar todos os desdobramentos.

"Sobre o depoimento ocorrido em Nova York, no julgamento do caso FIFA pela justiça dos Estados Unidos, o Grupo Globo afirma veementemente que não pratica nem tolera qualquer pagamento de propina.

Esclarece que, após mais de dois anos de investigação, não é parte nos processos que correm na justiça americana. Em suas amplas investigações internas, apurou que jamais realizou pagamentos que não os previstos nos contratos.

O Grupo Globo se surpreende com o relato envolvendo o ex-diretor da Globo Marcelo Campos Pinto. O Grupo Globo deseja esclarecer que Marcelo Campos Pinto, em apuração interna, assegurou que jamais negociou ou pagou propinas a quaisquer pessoas. O Grupo Globo se colocará plenamente à disposição das autoridades americanas para que tudo seja esclarecido.

Para a Globo, isso é uma questão de honra. Os nossos princípios editoriais nem permitiriam que seja diferente. Mas o Grupo Globo considera fundamental garantir aos leitores, aos ouvintes e aos espectadores que o noticiário a respeito será divulgado com a transparência que o jornalismo exige."

Como se pode ler na nota, a Globo fez "investigação interna" para apurar se a Globo pagou propina".

E isso mesmo, não é piada.

A emissora acaba de renovar com o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, também acusado na denúncia de Buzarco, os direitos exclusivos de transmissão dos jogos da Seleção Brasileira até 2022.

Sinal de que a bola deve continuar rolando, sem maiores tropeços. Ricardo Teixeira, ex-presidente, e Marco Polo del Nero, o atual mandante da CBF, dificilmente serão incomodados.

Por enquanto, apenas evitam viajar para o exterior espelhados no vacilo de Marin, preso em Zurique.

Vai que o longo braço do FBI os alcança.

Em matéria de CBF, Nova York não é aqui.

ATUALIZAÇÃO 
Jornais argentinos acabam de divulgar que Alejandro Delhon, um dos executivos denunciados por Alejandro Burzaco como envolvido em casos de propina no futebol, foi encontrado morto, ontem, nas proximidades de Buenos Aires. Segundo a polícia local, Delhon se atirou na frente de um trem na cidade de Lanús. As autoridade ainda apuram se foi suicídio ou assassinato. 

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Biblioteca Nacional Digital ultrapassa o número de 1.500.000 documentos com acesso via internet. Mas falta um acervo nesse banco de dados


Com frequência, jornalistas que passaram pela Bloch recebem pedidos de informações sobre o arquivo de fotos que pertenceu à Manchete e demais revistas da extinta editora. Os apelos vêm de pesquisadores, escritores, documentaristas e até fotojornalistas que trabalharam na Bloch e dependem do acesso às suas fotos para completar projetos de livros autorais.

Infelizmente, não é possível ajudá-los: embora o atual proprietário tenha sido identificado e contatado pelo Globo em reportagem assinada pela jornalista investigativa Cristina Tardáguila (hoje na agência Lupa), a entrevista foi concedida em 2011 sob a condição de que não revelasse seu paradeiro. Em resumo, não se sabe o destino do arquivo nem o que feito dele. Não desapareceu na Amazônia, como a expedição do coronel Fawcett, mas sumiu misteriosamente aqui mesmo no Estado Do Rio.

Pra não dizer que não foram feitas tentativas 
para evitar essa perda.

A Biblioteca Nacional Digital, que ultrapassou recentemente o número de 1.500 mil documentos digitalizados, entre fotos, revistas, jornais, artigos, músicas etc, foi criada em 2006.  Naquele mesmo ano, a Comissão dos Ex-Empregados da Bloch Editores (CEEBE) alertava várias entidades públicas e privadas sobre a importância jornalística e histórica do arquivo fotográfico da Manchete, então entre os bens da extinta Bloch relacionados para ir a leilão.

Nos anos seguintes, foram encaminhadas correspondências a vários órgãos públicos. Em vão. Até que o leilão se efetivou e no terceiro pregão, em 2011, e o acervo foi adquirido por um particular.

Mesmo após aquele leilão, a CEEBE, através do seu presidente, José Carlos Jesus, fez uma última tentativa para sensibilizar o Ministério da Cultura, na época sob o comando de Anna Buarque de Hollanda, também em 2011. O apelo era para que o MinC estudasse a aquisição para tornar público o acesso ao arquivo, físico ou digitalizado, em alguma instituição cultural.

O Gabinete da Ministra respondeu gentilmente, através da Chefe de Gabinete Maristela Rangel, em ofício que informava sobre o encaminhamento da carta à Diretoria dos Direitos Intelectuais do MinC. Depois disso, o alerta da CEEBE caiu no pântano burocrático de Brasília, que jamais informou sobre qualquer andamento ou tomada de providência.

O atual ministro da Cultura é o jornalista Sérgio Sá Leitão. A reprodução está aí em cima, mas caso ele queira dar uma olhadinha na reivindicação original, o ofício 563 GM/MinC está guardado no SAD/MinC sob o n° 13842/11.

O arquivo da Bloch está virtualmente desaparecido há seis anos, mas, quem sabe, ainda dá para recuperar algumas imagens entre cerca de 10 milhões de fotos aparentemente vaporizadas.

A dança dos executivos...

Os dois cargos mais instáveis do país: treinador de futebol e presidente da Abril. O sujeito dorme empregado mas não sabe se acorda ainda com crachá.

Ontem foi anunciada a demissão do administrador e publicitário Walter Longo. No seu lugar entra o advogado Arnaldo Tibyriça, que era vice-presidente jurídico da empresa. Em menos de três anos, a cadeira de presidente do grupo derrubou gente como Fábio Barbosa, sem falar na interinidade de Giancarlo Civita, um dos donos da Abril, e nas danças de altos cargos motivadas por sucessivas reestruturações.

Anote aí: salário na periferia agora é 33 mil reais...

A ministra Luislinda Valois (PSDB) é candidata a engraçada. Quando pediu para acumular o salário de desembargadora com o de titular dos Direitos Humanos, o que somaria R$61,4 para sua conta bancária - reivindicação negada por ultrapassar o teto constitucional - ela argumentou que, sem o reforço orçamentário, entraria para a lista de vítimas de "trabalho escravo".

Foi criticada por ironizar com um grave problema do país.

Não se emendou. Agora, Luislinda Valois (foto) alardeia em solenidade que é "preta, pobre e da periferia". A ministra ganha gordos R$ 33 mil. O Globo registou a nova declaração.

Se recebe isso na "periferia", imagine quanto ganham os habitantes da região central do paraíso onde ela vive...

Tristeza na Itália: a Azurra pede desculpas e cai...

O goleiro Buffon, uma lenda italiana, encerraria a carreira na Copa da Rússia. Os dois jogos contra a Suécia
(0X1 e 0X0) anteciparam a despedida. (Foto de Valerio Pennicino/Getty Images/FIFA






por Niko Bolontrin

Itália fora da Copa da Rússia é o tema dos jornais da Bota, hoje. A desclassificação é tratada como um drama. Antes, a Azurra só faltou às Copas de 1930 (optou por não participar) e de 1958, quando não se classificou. Há alguns anos a Itália não se apresenta com um grande time, mas fará falta na Rússia. O país tem paixão por futebol, é tetra, e sua seleção costuma se agigantar nos Mundiais. Para quem é supersticioso, aí vai o lado bom da notícia: em 1958, quando a Azurra não foi à Suécia, a seleção brasileira conquistou sua até hoje única Copa em território europeu. Napoleão e Hitler não conseguiram conquistar Moscou. Quem sabe não é a vez do "general" Tite?

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Pode isso, Galvão?


Galvão Bueno faz uma ultrapassagem não permitida e beija Felipe Massa antes de Ana Bassi, mulher do piloto, chegar junto. As rede sociais deliraram. Veja o vídeo no UOL AQUI

Fórmula 1: Brasil engata marcha ré na principal categoria do automobilismo mundial. Mídia deve reduzir cobertura em 2018

GP Brasil 2017 em Interlagos. Foto de Steven Tee/LAT (Fotos Públicas)

por Niko Bolontrin 

A Fórmula 1 está passando por mudanças, novos donos pretendem valorizar as provas como espetáculos, incluindo shows, bandas, atrações para o público nos intervalos de treinos e antes das provas, pilotos estimulados a se aproximarem da torcida e maior abertura para a cobertura de TV, principalmente. Antes do GP Brasil, por exemplo, a repórter Mariana Becker, da Globo, conseguiu algo antes impensável: mostrar como funciona por dentro o restrito centro de controle da prova, onde ficam os temíveis fiscais que punem ou absolvem pilotos envolvidos em choques, fechadas desleais etc.

Em 2018, mais mudanças virão, mas o que já foi feito em 2017 ganha elogios e críticas. Especialistas avaliam que as corridas têm que atrair novas gerações, enquanto o ex-todo-poderoso chefão da Fórmula 1, Bernie Eclestone, rebateu, em São Paulo, que a categoria "já foi um restaurante estrelado e virou um fast-food", numa crítica à visão pop do novo controlador, o americano Chase Carey, da Liberty Midia.

Para o Brasil, 2018 na F1 também trará novos enfoques. O principal: pela primeira vez, desde 1969, não haverá piloto brasileiro na principal prova do automobilismo.

Interlagos tem contrato para sediar a prova até 2020. E a Globo detém os direitos de transmissão até o mesmo ano, mas dois outros fatores pairam sobre sobre o futuro do GP Brasil. A maior emissora do pais deixou de exibir prova ao vivo, neste 2017, em algumas ocasiões para mostrar apenas os  "melhores momentos". Está perdendo o interesse? Fãs de automobilismo foram levados a buscar no canal por assinatura SporTv a cobertura integral. E o prefeito João Dória pretende privatizar a toque de caixa o autódromo paulista, o que cria uma enorme incógnita sobre o futuro da prova.

Fittipaldi e Pelé
Para falar da Manchete, onipresente neste blog de variedades, recorde-se que a F1 foi um fenômeno de vendas de revistas desde a  primeira prova que Emerson Fittipaldi disputou em 1969. A revista ajudou a reforçar a imagem de "celebridade" do próprio Fittipaldi, além Nelson Piquet e Ayrton Senna, e teve respostas espetaculares de várias gerações de leitores. Manchete, por suas características, ia além da cobertura esportiva e aproximava os ídolos da F1 das estrelas nacionais como Pelé e José Wilker, como se vê nas reproduções das capas neste post. Além de glamourizar a vida sentimental de Senna, de forte apelo. Mostrar a "intimidade" dos pilotos, fora do cockpit, era uma atração a mais para os leitores e leittoras.

A TV exibia os heróis do volante em alta velocidade e Manchete desvendava seus perfis e vidas pessoais. A revista, como já contou aqui seu diretor, Roberto Muggiati, chegou a alugar jatinhos na Europa para levar a Paris, de onde a Varig trazia ao Rio, rolos de filmes com a cobertura de fim de semana das vitórias brasileiras na F1.

Piquet e José Wilker
Com a era digital ainda na ficção, nos anos 1970 e começo dos 1980, o jatinho em conexão com um voo da companhia aérea brasileira possibilitava colocar material de qualidade na mesa do editor a tempo de fechamento. Sem isso, as opções eram deixar para publicar na semana seguinte, o que fragilizava a notícia e esfriava o interesse de patrocinadores, ou usar sofríveis fotos transmitidas.

E chegar às bancas com velocidade era vital para as vendas de Manchete e Fatos & Fotos.

Com a  morte de Senna, em 1994, teve início um esvaziamento das corridas como pauta de revistas. O cancelamento da edição semanal da Manchete, seis anos depois, levou o tema de vez para o pit stop.
Rubens Barrichello e Felipe Massa ainda seguraram a onda, mas sem a dimensão de Piquet, tricampeão, Senna idem e Fittipaldi bicampeão.

A grande dúvida é saber como reagirá a audiência diante da falta de um brasileiro nas provas da mais tradicional categoria do automobilismo. É previsível que a mídia reduza sua cobertura, com impacto em captação de patrocinadores.

O casal Adriane Galisteu
e Senna
Quanto a Interlagos, não vou nem entrar em detalhe no fator segurança. O assalto à equipe da Mercedes e a tentativa de bandidos em abordar um carro da FIA (Federação Internacional do Automobilismo), um da Williams e outro da Sauber repercutiram em todo o mundo. Vai deixar marcas e São Paulo pode pagar caro pela imprevidência e a injustificável falta de reforço no policiamento do entorno do autódromo, que é cercado por favelas, durante um evento de importância mundial.

Aparentemente, não há brasileiros virando a curva para se colocar no grid de largada dos próximos anos.

O último candidato, o promissor Felipe Nars, mostrou potencial mas esbarrou em falta de patrocínio.

Depois de Abu Dhabi, dia 26 de novembro, última prova deste ano, quando Massa recolher ao boxe o seu Williams, o Brasil na F1 também vai parar para manutenção, sem data pra voltar.  É simbólico. Também no esporte, a marcha é ré.


Jornalistas debatem impacto da nova legislação trabalhista no mercado de trabalho


A Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ e o Sindicato dos Jornalistas do Espírito Santo realizam de 7 a 9 de dezembro, em Vitória, o Encontro Nacional de Assessores de Imprensa e o Congresso Extraordinário dos Jornalistas. Em pauta, impactos no mercado de trabalho dos jornalistas provocados pelas reformas trabalhista e da Previdência, a precarização das relações de trabalho em assessoria de imprensa, fraudes contra o jornalista e a organização sindical da categoria na conjuntura de desregulamentação do trabalho.

Os eventos são concomitantes e devem reunir na capital capixaba profissionais de todas as regiões do país, entre delegados (eleitos em assembleias dos Sindicatos de Jornalistas ou congressos estaduais) e observadores. Estudantes de Jornalismo também podem participar.
Inscrições e mais informações no site do evento, AQUI
Fonte: Fenaj

domingo, 12 de novembro de 2017

Fotografia: Calendário Pirelli 2018 é #coisadepreto


Ru Paul, Rainha de Copas. Foto de Tim Walker/Pirelli
Sean "Diddy" Combs e Naomi Campbell. Foto de Tim Walker/Pirelli

Uma das reações ao comentário racista de William Wack foi tornar viral a #coisadepreto, a hastag que acompanha nas redes sociais - só para lembrar -, fotos de grandes figuras negras da literatura, do cinema, da música, da política, do esporte, das lutas sociais.

Com muito orgulho, todos são #coisadepreto.


Por coincidência, o fotógrafo britânico Tim Walker, contratado para fazer o famoso Calendário Pirelli 2018, tornou-o #coisadepreto.

O tema da folhinha é o clássico de Lewis Carroll, "Alice no País das Maravilhas" e os modelos são, entre outros, Naomi Campbell, Sean "Diddy" Combs, Whoopi Goldberg e Lupita Nyong'O,

O Calendário Pirelli 2018 é ótimo para colar na parede da sala de alguns colunistas brasileiros brancos que enxergaram no vídeo de Waack apenas uma "peça de humor".

VEJA MAIS NO SITE OFICIAL DO PIRELLI CALENDAR  CLIQUE AQUI