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terça-feira, 14 de novembro de 2017

Biblioteca Nacional Digital ultrapassa o número de 1.500.000 documentos com acesso via internet. Mas falta um acervo nesse banco de dados


Com frequência, jornalistas que passaram pela Bloch recebem pedidos de informações sobre o arquivo de fotos que pertenceu à Manchete e demais revistas da extinta editora. Os apelos vêm de pesquisadores, escritores, documentaristas e até fotojornalistas que trabalharam na Bloch e dependem do acesso às suas fotos para completar projetos de livros autorais.

Infelizmente, não é possível ajudá-los: embora o atual proprietário tenha sido identificado e contatado pelo Globo em reportagem assinada pela jornalista investigativa Cristina Tardáguila (hoje na agência Lupa), a entrevista foi concedida em 2011 sob a condição de que não revelasse seu paradeiro. Em resumo, não se sabe o destino do arquivo nem o que feito dele. Não desapareceu na Amazônia, como a expedição do coronel Fawcett, mas sumiu misteriosamente aqui mesmo no Estado Do Rio.

Pra não dizer que não foram feitas tentativas 
para evitar essa perda.

A Biblioteca Nacional Digital, que ultrapassou recentemente o número de 1.500 mil documentos digitalizados, entre fotos, revistas, jornais, artigos, músicas etc, foi criada em 2006.  Naquele mesmo ano, a Comissão dos Ex-Empregados da Bloch Editores (CEEBE) alertava várias entidades públicas e privadas sobre a importância jornalística e histórica do arquivo fotográfico da Manchete, então entre os bens da extinta Bloch relacionados para ir a leilão.

Nos anos seguintes, foram encaminhadas correspondências a vários órgãos públicos. Em vão. Até que o leilão se efetivou e no terceiro pregão, em 2011, e o acervo foi adquirido por um particular.

Mesmo após aquele leilão, a CEEBE, através do seu presidente, José Carlos Jesus, fez uma última tentativa para sensibilizar o Ministério da Cultura, na época sob o comando de Anna Buarque de Hollanda, também em 2011. O apelo era para que o MinC estudasse a aquisição para tornar público o acesso ao arquivo, físico ou digitalizado, em alguma instituição cultural.

O Gabinete da Ministra respondeu gentilmente, através da Chefe de Gabinete Maristela Rangel, em ofício que informava sobre o encaminhamento da carta à Diretoria dos Direitos Intelectuais do MinC. Depois disso, o alerta da CEEBE caiu no pântano burocrático de Brasília, que jamais informou sobre qualquer andamento ou tomada de providência.

O atual ministro da Cultura é o jornalista Sérgio Sá Leitão. A reprodução está aí em cima, mas caso ele queira dar uma olhadinha na reivindicação original, o ofício 563 GM/MinC está guardado no SAD/MinC sob o n° 13842/11.

O arquivo da Bloch está virtualmente desaparecido há seis anos, mas, quem sabe, ainda dá para recuperar algumas imagens entre cerca de 10 milhões de fotos aparentemente vaporizadas.