sábado, 26 de agosto de 2017

Deu no DCM: sobre os 445 quilos de cocaína que até hoje voam sem dono





Uma decisão liminar da 6a. Vara de Justiça Civil do Distrito Federal proíbe o Diário do Centro do Mundo de utilizar a palavra pela qual ficou conhecido o caso do helicóptero da família do senador Zezé Perrella, apreendido com 445 quilos de pasta base de cocaína.

Os advogados do DCM, Francisco Ramos e Caroline Narcon Pires de Moraes, estiveram em Brasília e formalizaram à juíza Gabriela Jardon Guimarães de Faria, da 6a. Vara Cível, que concedeu a liminar, que reconsiderasse a decisão.

Nesta sexta-feira, 25 de agosto, a magistrada decidiu mantê-la:

“A determinação de fl. 248 não me parece impossível de cumprimento, como alegam os contestantes. Ainda que a expressão “helicoca” tenha se sagrado como de uso corriqueiro pela imprensa de uma maneira geral para se referir ao episódio da apreensão de droga no interior do helicóptero de propriedade do autor, a proibição de que a mesma não seja, por ora, mais utilizada nas publicações de autoria dos requeridos é perfeitamente executável para eles, que podem (e devem) continuar a exercer o seu munus jornalístico no relato do episódio, sendo este o caso, mas com desprezo à expressão e eleição de outras em substituição”, determinou a juíza.

O DCM recorreu ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal.

LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO DCM, CLIQUE AQUI

Atualização em 27/8/2017: as redes sociais reagiram e a palavra proibida, HELICOCA, bombou ontem nos trend topics. #helicoca

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

A Veja caça o Coelho...



Paulo Coelho completou 70 anos, ontem. Hoje deve ter acordado com uma ressaca mística. Ou sonhou que era um coelho que passava pela Marginal Pinheiros, em São Paulo, e um caçador o alvejou a partir de uma janela, como um Lee Oswald virtual. Deve estar preocupadíssimo com o texto que um escritor catarinense, ex-seminarista, escreveu na Veja. Foi seu "presente" de aniversário. O cara demoliu Paulo Coelho, a quem chama de "carioca mitômano".

O texto-hater é assinado por Maicon Tenfen, cujo perfil na Wikipedia fala mais sobre sua vida, de como ia de bicicleta para a escola, do que sobre sua obra. Mas Tenfen já escreveu 11 romances e tem dois prêmios: Concurso Nacional de Contos de Araçatuba (SP) e Concurso Nacional de Contos Paulo Leminski, em Campos de Toledo (PR), cidade que é conhecida pela sua maior festa, a do "Porco no Rolete".

"Pode ser um escritor de estilo frouxo, mas pintou e bordou no mundinho miúdo da literatura brasileira. Sua principal contribuição já está dada, e é preciosa num cenário carente de autocrítica. Escancarou a extraordinária grandeza da nossa mediocridade". Com essa última frase, Teffen finalizou sua pensata na Veja.

Nem sempre foi assim. Em 2008, Maicon Tenfen foi entrevistado pelo blog "Sarau Eletrônico" e comentou que sua tese de mestrado era o best-seller e Paulo Coelho, a quem chamou de "fenômeno", seu objeto de estudo. Na época, admitiu que existem narrativas de best-seller "que realmente são muito boas, que têm novidade".

Mais adiante, resumiu sua opinião: "Quanto ao Paulo Coelho, por exemplo, digo que não gosto do tipo de livro que ele faz, vejo alguns problemas sérios na elaboração do texto, na trama, mas para mim é inegável que ele tem uma autenticidade. Principalmente nos primeiros livros ele veio com uma proposta “verdadeira”, na qual ele mesmo acreditava. E fez aquilo com naturalidade. Depois, claro, vêm as imitações, e às vezes o próprio autor vira um plágio de si mesmo"

No artigo para a Veja, Maicon Tenfen não chega a ser original na ferocidade. Paulo Coelho foi admitido na Academia Brasileira de Letras, mas nunca deixou de ser alvo dos críticos, especialmente os brasileiros. Tem legiões de seguidores e também de "haters" na internet.

Talvez seja apenas um escritor que aplica uma receita descomplicada, um "mago" que não faz grandes mágicas na linguagem, não cria personagens de grande profundidade, mas consegue oferecer aos leitores das mais diversas culturas um dial para sintonizar didática e parábolas aplicadas às vidas de cada um. Compra quem quer. Nas letras que fez para Raul Seixas já havia ingredientes dessa fórmula.

Não é nenhum Prêmio Nobel, mas nem críticas, nem teses de doutorado foram capazes de explicar Paulo Coelho e seus 210 milhões de exemplares vendidos no mundo, publicados em mais de 170 países e em 81 idiomas.

Nem a Veja ou Maicon Tenfen e seus sei lá quantos livros vendidos.

O Salgueiro tem, há décadas, o lema "Nem melhor, nem pior, apenas uma escola diferente.

Vai ver, o carioca Paulo Coelho é Salgueiro.

Memórias da Blochwood: no tempo em que Vera Fischer era estrela de... fotonovelas da Sétimo Céu




O nome era pomposo: Central Bloch de Fotonovelas, um espécie de Blochwood.. E o ritmo de trabalho era intenso.

Vera Fischer ficou conhecida em 1969, quando foi eleita Miss Brasil. Seu primeiro trabalho em cinema foi em 1972, no filme "Sinal Vermelho, as Fêmeas".  Antes de estrear sua primeira novela, em 1977 ("Espelho Mágico"), na Globo, ela protagonizou fotonovelas na Sétimo Céu.

Até o começo dos anos 1970, as fotonovelas era importadas, geralmente, da Itália, onde o gênero era popular. Foi a Sétimo Céu que no começo dos anos 1960 começou a contratar cantores (entre os quais Roberto Carlos, Jerry Adriani e Wanderley Cardoso) para posarem como galãs nos romances em fotos e nacionalizou o segmento, que vendia milhares de exemplares..Na década seguinte, entre uma novela e outra, atores e atrizes da Globo eram figurinhas fáceis  - e por módicos cachês - no elenco da Blochwood.

A história acima, "A Força do Destino" foi fotografada por Paulo Reis, da equipe de repórteres fotográficos da Manchete e Fatos & Fotos. Além de Vera Fischer, contava com a participação de Urbano Lóes e Agnes Fontoura, entre os mais conhecidos.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

No Charlie Hebdo: capa polêmica sobre atentado em Barcelona e o "terrorismo ecológico" de Michel Temer


Em janeiro de 2015, o jornal satírico Charlie Hebdo foi vítima de um ataque terrorista que deixou mortos e feridos, entre editores, cartunistas, revisores e colunistas, após retratar Maomé em várias capas polêmicas.

A edição que foi para as bancas ontem em Paris volta a fazer bullying com os seguidores do profeta.

A chamada de capa "Islã, religião da paz... Eterna" é ilustrada por um desenho de duas pessoas mortas por uma van.

Como já disse, certa vez, Laurent Léger, ex-Paris Match e um dos jornalistas do CH, em entrevista à  revista New Yorker, “o objetivo é fazer rir. Queremos rir dos extremistas, sejam eles muçulmanos, judeus ou católicos. Todo mundo pode ser religioso, mas não podemos aceitar atos extremistas”.

E edição também traz uma estocada na Catalunha: "Barcelona, turismo e islamismo, porque escolher". A matéria se refere a manifestações de catalães contra turistas. Fato, aliás, que tem se repetido em alguns países europeus em protesto movidos por quem considera que algumas cidades recebem visitantes demais, com alegado impacto em aumento de preços de aluguéis e serviços, além de acusações de depredação de monumentos.


TEMER NO CHARLIE HEBDO




Nem tudo é humor. Na mesma edição, sob o título que pode ser livremente traduzido por "A Amazônia versus uma mala de dinheiro", o Charlie Hebdo denuncia o ataque de Michel Temer à floresta.

Coincidentemente, ontem, como uma conta a pagar do golpe, o ilegítimo e acusado de envolvimento em corrupção acabou por decreto com uma reserva florestal e liberou às mineradoras uma imensa área - que irá a leilão - onde há aldeias indígenas e ecossistemas raros.

Sem surpresas: que importância teria isso para o arrastão do PMDB a quem só interessa ficar no poder a qualquer custo?

Não demora muito o "provisório", com o Charlie Hebdo chama a triste figura sem voto que deu um bote na Presidência, vai ser acusada em tribunal internacional por crime contra a humanidade.

Se não vai, já fez por merecer.

Sacco e Vanzetti, 90 anos: um passado não tão distante...



Sacco e Vanzetti - Uma tragédia estadunidense

por Augusto Buonicore (*)

Há noventa anos, em 23 de agosto de 1927, Nicolau Sacco e Bartolomeu Vanzetti foram executados na cadeira elétrica numa prisão estadunidense. Este foi considerado um caso flagrante de erro judicial e causou enorme indignação. Manifestações de protesto ocorreram em todo o mundo. Mesmo sem provas, eles foram condenados à morte.

A principal razão dessa sentença injusta foi o preconceito de classe. Os dois eram imigrantes italianos e anarquistas. Na época, os Estados Unidos viviam em meio a uma violenta onda anticomunista. Milhares de militantes de esquerda estavam sendo presos e dezenas deportados.

Os anos que se seguiram à Primeira Grande Guerra Mundial foram bastante conturbados para o povo estadunidense. Haviam vencido a guerra, mas os soldados que voltavam do front tinham dificuldades em arranjar empregos numa indústria que tentava se reconverter para um tempo de paz. A inflação cresceu e agravou-se o arrocho salarial. Esta situação gerou descontentamentos, protestos e também criminalidade.

Durante o ano de 1919 mais de 4 milhões de trabalhadores entraram em greve e foi fundado o Partido Comunista nos Estados Unidos - na verdade foram criados dois partidos comunistas: um dirigido por Charles Rutenberg e outro por John Reed. Eles se unificariam apenas em maio de 1921.

Naqueles tempos agitados, alguns militantes anarquistas partiram para ações terroristas. Em abril, o prefeito de Seattle afirmou ter recebido uma bomba pelo correio e outra explodiu quando aberta pela empregada de um senador - que havia sido presidente da comissão para emigração. Segundo a polícia, trinta e duas bombas haviam sido endereçadas às autoridades e a grandes empresários estadunidenses. Estranhamente nenhum deles se feriu.

Em maio de 1919 o líder anarquista Luigi Galleani foi expulso dos Estados Unidos. Em resposta, a casa do procurador-geral dos Estados Unidos, Alexander Mitchell Palmer, foi atingida por bombas. No local foram deixados panfletos anarquistas. A opinião das classes médias, insuflada pelos meios de comunicação conservadores e o governo, se voltou contra os imigrantes. Exigiram leis ainda mais severas e a expulsão sumária dos estrangeiros suspeitos de subversão. A partir de então, se desencadeou uma verdadeira caçada policial aos militantes "vermelhos": anarquistas, comunistas e socialistas.

No dia 7 de novembro de 1919 - data do segundo aniversário da Revolução Russa-, as sedes dos dois partidos comunistas, que nada tinham a ver com os atentados, foram invadidas e depredadas. Milhares de pessoas foram presas e processadas. Esse foi o prelúdio de uma perseguição ainda maior. Semanas depois, em janeiro de 1920, foram realizadas batidas policiais em 33 cidades. Foram expedidos mais de seis mil pedidos de prisão e relacionados os nomes de mais de 3 mil estrangeiros para deportação. Em Boston cerca de 500 imigrantes marcharam acorrentados até a casa de correção.

Um fato iria indignar a opinião pública progressista. Em maio, a polícia comunicou que o líder anarquista André Salsedo saltara do 14º andar do prédio do Departamento de Justiça na cidade de Nova Iorque, onde participava de um interrogatório. As autoridades afirmaram que ele havia se suicidado, mas muitos duvidaram da versão oficial.

Vários liberais, que até haviam ficado assustados com os atentados terroristas, não concordaram com a repressão massiva e indiscriminada levada a cabo contra os imigrantes. Dezenas de advogados e jornalistas condenaram as práticas autoritárias e ilegais empregadas. Se a repressão assustou os liberais, pode-se imaginar o efeito terrível causado entre a população de imigrantes pobres e constantemente ameaçada de expulsão.

Tendo perdido parte do apoio dos operários e das classes médias, os democratas foram derrotados na eleição presidencial em 1920. Iniciou-se então uma Era Republicana, que duraria até 1933. O slogan do presidente eleito, Warren Harding, era "Primeiro os Estados Unidos!". Uma onda nacionalista conservadora varreu o país de ponta a ponta.


O Caso Sacco e Vanzetti

As classes médias - insufladas pela grande burguesia - temiam pela sua situação privilegiada. Sentiam-se ameaçadas pela massa de imigrantes provinda da Europa. Eram espanhóis, portugueses, e especialmente italianos. Além de sua fisionomia e língua latinas, traziam estranhas ideias que pareciam colocar em risco a ordem e o modo de vida norte-americano: o anarquismo e o socialismo.

No dia 15 de abril 1920 ocorreu um assalto a uma fábrica de calçados na pequena cidade de South Braintree, estado de Massachusetts. Na ocasião, o agente pagador e um segurança da empresa foram mortos. Tudo indicava que este era mais um crime realizado por uma das muitas quadrilhas que infernizavam a vida de fabricantes e comerciantes da região. A "boa sociedade" impaciente e amedrontada com a escalada de violência exigia uma rápida solução para o caso.

Algumas semanas depois, em 5 de maio, dois homens foram presos próximos de Boston. Para sua desgraça, estavam armados, coisa comum para a maioria dos cidadãos dos Estados Unidos. No entanto, havia três outros fatos que deporiam contra eles: eram operários, estrangeiros e anarquistas. Estereótipo de tudo aquilo que não deveria ser um cidadão estadunidense modelo. Seus nomes eram Nicolau Sacco e Bartolomeu Vanzetti.

Quando os prenderam, os policiais perguntaram se eram socialistas, anarquistas ou sindicalistas. Isso reforçou neles a desconfiança de que se tratava de simples perseguição política. Não imaginaram que pudessem ser envolvidos numa conspiração visando a imputar-lhes um duplo homicídio. Assim, negaram sua militância e procuraram não envolver os demais camaradas. Mas a polícia já tinha suas fichas: os suspeitos eram "perigosos" anarquistas.

Imediatamente se montou um processo-farsa visando a incriminá-los e conduzi-los à cadeira elétrica. Os inimigos da América livre precisavam receber uma lição exemplar. O preconceito de classe e de "raça" conduziu o júri a condenar à morte dois homens sem provas conclusivas.

O Promotor procurou apresentá-los como maus americanos ou mesmo não-americanos, pois haviam se recusado a lutar na Primeira Guerra Mundial e se refugiado no México, como milhares de outras pessoas. Diante de tais acusações, Sacco respondeu: "durante treze anos trabalhando duro, não consegui juntar dinheiro no banco. Não consegui que meu filho fosse para um colégio (...). Eu vi que os melhores homens (...) tinham sido presos e morreram na prisão e ninguém os tirou de lá. Debs, um grande homem em seu país, está preso por ser socialista. Queria que as classes trabalhadoras tivessem melhores condições de vida, mais educação (...), mas puseram-no na prisão. Por quê? Porque a classe capitalista é contra isto; a classe capitalista não quer que nossos filhos tenham educação superior ou que entrem em Harvard (...), n&atild e;o querem que os trabalhadores se eduquem; querem que os trabalhadores fiquem sempre por baixo.".

Sobre suas posições diante da guerra mundial, da qual ele havia se recusado a participar, afirmou: "Nós não queremos lutar com fuzis; não queremos destruir os jovens. A mãe sofre para criar o filho (...), quando chega o dia de obter uma recompensa daquele menino, os Rockefellers, os Morgans e outras pessoas da classe alta os mandam para a guerra (...). Não é uma guerra para a civilização dos homens. São guerras para negócios. Ganham-se milhões de dólares nestas guerras. Que direitos temos de nos matar uns aos outros? Trabalhei com irlandeses, com alemães, com franceses. Amo-os tanto quanto poderia amar minha mulher e o povo que me recebeu (...), por isso não acredito na guerra."

Mais de 107 pessoas testemunharam que os acusados não estavam na cena do crime. Entre elas estava um garoto que vendia peixes com Vanzetti e um funcionário da embaixada italiana, local que Sacco havia visitado no dia do crime. Tudo foi desconsiderado pelo juiz e o júri. As testemunhas de acusação, sob forte pressão de opinião pública conservadora, se contradiziam. Um especialista em balística afirmou que o projétil que matou os dois funcionários poderia ser da arma de Vanzetti (e não que teria sido). Isso pareceu aos linchadores de plantão uma prova mais que definitiva contra os réus.

Sem poderem contar com um processo justo, em 14 de julho de 1921, Sacco e Vanzetti foram condenados à morte na cadeira elétrica. "Não se esqueçam. Estão matando dois homens inocentes", gritou Vanzetti. Sacco, por sua vez, escreveu uma carta para seu filho no qual afirmava: "eles podem crucificar os nossos corpos, como estão fazendo, mas não podem destruir nossas ideias que permanecerão."

O Comitê de Sindicatos de Roma enviou um apelo ao presidente dos Estados Unidos solicitando-lhe que a pena fosse comutada. A Internacional Comunista conclamou a constituição de uma frente operária mundial em defesa de Sacco e Vanzetti. No mês de outubro, o Partido Comunista Francês organizou uma grande manifestação em frente à embaixada norte-americana. Segundo a imprensa comunista, foram necessários 10 mil policiais e 18 mil soldados para deter a multidão indignada. Mobilizações contra as condenações ocorreram na Itália, Suíça, Holanda, Espanha, Portugal, Inglaterra, México, Chile, Argentina, Panamá e Brasil. Até na China e na Índia os trabalhadores protestaram.

Supostos anarquistas, por sua vez, continuavam ameaçando as autoridades com suas bombas. Isso levou o Comitê de Defesa a lançar uma nota que dizia: "Os planos sinistros e as ameaças atribuídas a pessoas presumivelmente ligadas ao movimento Sacco e Vanzetti são de tal maneira nocivos aos esforços envidados para salvar nossos companheiros da cadeira elétrica que só podem ter tido origem entre os nossos inimigos. Ou foram planejadas por pessoas desejosas em desmoralizar a causa dos dois prisioneiros."

Logo após a decretação da sentença de morte, o imigrante português Celestino Madeiros confessou ter participado do assalto em South Braintree e apresentou uma versão bastante razoável do ocorrido. Negou categoricamente o envolvimento de Sacco e Vanzetti no crime. Um policial chegou a afirmar que na época do latrocínio havia sérias suspeitas em relação a uma quadrilha de assaltantes profissionais que atuava na região. Os Morelli, como era chamado o bando, assaltavam carretas de fretes. Uma das áreas onde atuavam, e na qual tinham "olheiros", era justamente South Braintree.]


Outro policial, o agente Fred Weyand, afirmou que "era opinião corrente entre os agentes locais do Departamento de Justiça, que tinham algum conhecimento do caso, que aquele crime havia sido obra de um grupo de assaltantes profissionais." Diante das novas provas, a defesa pediu outro julgamento. Entretanto, o juiz rejeitou o pedido.

O processo foi tão viciado que começou a comover não somente os setores de esquerda, mas também amplos setores sociais, inclusive os liberais. Intercederam por eles Romain Rolland, Thomas Mann, Albert Einstein, Anatole France, Madame Curie e Bernard Shaw. Até mesmo o Vaticano pediu clemência para os dois condenados. Os editoriais dos principais jornais europeus lamentaram a sentença e advogaram um novo julgamento.

Em junho de 1925 foi criado um ramo estadunidense do Socorro Vermelho. Esta entidade, sob direção comunista, produziu inúmeros materiais de propaganda e organizou comícios por todo o país. Vanzetti, agradecido, escreveu a James Cannon, então dirigente do Partido Comunista: "O eco de sua campanha em nosso favor tocou-me muito fundo. Repito e repetirei sempre que somente o povo, nossos camaradas, nossos amigos, o proletariado revolucionário do mundo, é que poderão nos salvar do poder maligno das hienas capitalistas e reacionárias e vingar o nosso nome e o nosso sangue perante a história."

No mês de maio de 1926, a Suprema Corte de Massachusetts indeferiu os pedidos de novo julgamento. Em abril do ano seguinte - depois de sete anos de prisão -, a sentença de morte foi confirmada. Nova onda de protestos se espalhou pelo país e o mundo. Escreveu Vanzetti: "não apenas não cometi um delito em toda a minha vida (...), como combati toda a vida para eliminar os crimes que a lei oficial e a lei moral condenam, como também o delito que a moral oficial admite e santifica: a exploração do homem pelo homem." E concluiu: "estou tão convencido de que estou com a razão e que se vocês tivessem o poder de matar-me duas vezes e eu pudesse nascer duas vezes, voltaria a viver para fazer exatamente o que fiz até agora."

Vanzetti fez um apelo de clemência ao governador de Massachusetts, Tufts Fuller. Enquanto isso, crescia a pressão internacional. O próprio ditador italiano Mussolini escreveu uma carta ao governador: "A agitação dos elementos de esquerda pelo mundo afora aumenta de intensidade, nestes últimos dias, como se pode depreender dos atentados em Buenos Aires contra a fábrica da Ford e a estátua de Washington (...). Espero que S. Excia.possa dar um exemplo à humanidade. Este exemplo demonstrará (...) a diferença entre os métodos bolcheviques e os da grande República norte-americana, ao mesmo tempo em que retirará das mãos dos elementos subversivos um instrumento de agitação."

Num artigo o escritor ficcionista H. G. Wells provocava a justiça estadunidense: "Não posso compreender que pessoas de bom-senso (...) possam ter outra convicção senão a de que Sacco e Vanzetti são tão inocentes dos assassinatos de South Braintree, pelo qual foram condenados à morte, quanto Júlio César ou - para citar um nome mais próximo do assunto - Karl Marx."

Formaram-se piquetes na frente da sede do governo estadual que eram dispersos violentamente pela polícia. Na cidade de Nova Iorque, cerca de 100 mil trabalhadores fizeram uma paralisação de protesto. Para desembaraçar-se do problema, o governador nomeou uma comissão especial de advogados e figuras iminentes, liderada pelo juiz Lowell, para estudar o caso e dar um parecer. Esta comissão, depois de alguns dias, confirmou a justeza da sentença de morte. A Suprema Corte e o presidente dos Estados Unidos recusaram o indulto.

Bombas explodiram nas cidades de Nova Iorque e Filadélfia. Uma grande força policial, como havia muito não se via, foi mobilizada nas principais cidades estadunidenses. O Partido Comunista organizou uma grande manifestação contra as execuções. O adiamento da sentença criou expectativas positivas, mas falsas. O jornal soviético Pravda afirmou: "A poderosa onda de protesto da União Soviética, juntando-se à voz da classe operária do mundo inteiro, forçou a burguesia plutocrata norte-americana a hesitar e transacionar". O jornal do Partido Comunista Alemão, por sua vez, disse: "Os milhões de trabalhadores na frente avançada da batalha contra a injustiça social tiveram uma primeira vitória. Sacco e Vanzetti estão provisoriamente salvos."

Poucos dias depois eles voltaram ao corredor da morte da penitenciária de Charleston. E foram executados na madrugada do dia 22 para 23 de agosto de 1927. O primeiro a ser morto foi Celestino Madeiros, aquele que se dizia um dos verdadeiros culpados pelo crime. Logo em seguida Nicolau Sacco enfrentou-se com os seus carrascos. Ao entrar no recinto da execução exclamou: "Viva a Anarquia!". Enquanto o corpo do seu camarada era retirado, Bartolomeu Vanzetti ingressou na sala da morte. Suas últimas palavras foram: "Sou um homem inocente. Agora desejo perdoar algumas pessoas pelo que fizeram contra mim." Em poucos segundos a tragédia estava consumada. Dois trabalhadores inocentes estavam mortos.

No dia seguinte, o jornal comunista L'humanité exibia em letras garrafais a manchete "Assassinos!". Uma grande indignação tomou conta dos operários franceses, que depredaram lojas e atacaram a polícia. Uma multidão enfurecida avançou em direção à embaixada dos Estados Unidos. No conflito que se seguiu, centenas de pessoas ficaram feridas.

Na Alemanha realizaram-se manifestações e também ocorreram choques com a polícia. Num dos maiores comícios já visto na República de Weimar, o líder comunista Ernest Thalmann comparou a morte de Sacco e Vanzetti ao assassinato de Rosa de Luxemburgo e Karl Liebknecht. Em Londres uma multidão concentrou-se à frente do Palácio de Buckingham e cantou o hino socialista Bandeira Vermelha. Os deputados do Partido Trabalhista protestaram. O governo soviético deu a uma rua de Moscou o nome dos dois mártires. Mais tarde virariam nome de fábricas e escolas. Eclodiram conflitos violentos em Portugal e na Espanha. Na Argentina foi decretada greve geral.

Entre os dias 22 e 23 de agosto realizaram-se inúmeras manifestações de protestos no Brasil. Deixemos a palavra com o historiador e sociólogo Clóvis Moura: "Na Lapa houve conflitos sérios entre trabalhadores e policiais (...). No Ipiranga esses conflitos se repetiram: em Frente à Fábrica Nami Jaffet um piquete convidava os colegas a participarem da greve e do comício em solidariedade. A diretoria da empresa, no entanto, chamou a polícia que efetuou várias prisões. Entre os presos estavam três jovens operárias (...). Na estamparia A Liberty, na rua Piratininga, a polícia agiu com violência (...). Às onze horas foram pedidos reforços para as fábricas Matarazzo, na Água Branca, e Crespi, na Mooca." Os trabalhadores se reuniram num grande comício na Praça do Patriarca.

Greves ocorreram também no Rio de Janeiro. A União dos Operários em Fábricas de Tecidos lançou um manifesto no qual afirmava: "É hoje o dia designado pela justiça norte-americana para o assassínio de nossos companheiros Sacco e Vanzetti (...). É necessário que os operários em fábrica de tecidos não trabalhem hoje, dia 23 de agosto de 1927, como um protesto à eletrocussão de Sacco e Vanzetti (...). Que nenhum operário trabalhe hoje em sinal de protesto pelo assassínio de dois inocentes, vítimas do capitalismo." Além dos trabalhadores das indústrias de tecidos, paralisaram-se os das indústrias de mobiliários. Houve greve generalizada e grande comício na cidade de Petrópolis. Manifestações operárias, organizadas por anarquistas e comunistas, se viram em quase todos os estados brasile iros.

Ao velório dos dois mártires compareceram mais de cem mil pessoas, a maioria delas era de operários. O chefe de polícia impediu que os caixões fossem carregados pelo povo e que o cortejo pudesse ser acompanhado por uma banda de música. Também foram proibidos cartazes ou qualquer manifestação política de protesto contra as autoridades. Os participantes deveriam permanecer em silêncio durante o percurso.

O enterro de Sacco e Vanzetti: a Marcha da Tristeza. 

Calcula-se que cerca de duzentas mil pessoas participaram do cortejo, que seria denominado Marcha da Tristeza. Em certos momentos, durante o trajeto, bandos policiais atacaram a massa que trazia braçadeiras vermelhas com a inscrição "Recordem a justiça crucificada". Somente 50 anos depois daqueles assassinatos, o governador de Massachusetts, Michael Dukakis, reconheceu os erros grosseiros cometidos durante o julgamento e indultou os dois operários anarquistas.

Antes de morrer, Nicolau Sacco deixou uma última mensagem ao seu filho Dante: "lembre-se sempre dos dias de alegria e não use tudo apenas para você, desça um degrau e ajude sempre os mais fracos que gritam por ajuda, ajude as vítimas e os perseguidos, porque eles serão os seus melhores amigos." De fato, seriam os mais fracos e as vítimas das perseguições políticas impostas pelo capitalismo que procurariam manter as lembranças daqueles que tombaram pela causa da liberdade e da emancipação humana.

(* )Historiador, mestre em ciência política pela Unicamp

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

O teclado do estagiário perdeu o "V". Sobrou pra repórter Bianka Carvalho...


por Niko Bolontrin

Deu no Blasting News. A repórter Bianka Carvalho, da TV Globo de Recife, fazia uma matéria de "Cidade", que já é aquela dureza de mostrar rua sem asfalto, bueiro vazando e poste caído (no caso, era até uma reportagem sobre um bebê que se engasgava e que um bombeiro salvou ao dar instruções à mãe, por telefone), quando o responsável pelo gerador de caracteres esqueceu de teclar o "V" do sobrenome da jornalista, Carvalho. Deu no que deu. Culpa, certamente, do estagiário. Ainda bem que é de Pernambuco. No Rio, ele poderia errar um nome que já está pedindo para virar gafe: o da rua Bulhões de Carvalho.

Masterchef: a noite em que o merchandising do Carrefour azedou...



(da RedaçãoAdnews) 

Ontem (22) foi a final do Masterchef, o programa de culinária de maior audiência e repercussão da televisão brasileira. Se geralmente a atração é líder de comentários no Twitter daqui, ontem ficou no topo dos Trending Topics mundial. Certamente os patrocinadores do reality show ficaram radiantes com tamanha exposição, certo? Menos o Carrefour.

Tudo porque a vitória da participante Michele Crispim quase ficou comprometida por conta de um coco estragado. A competidora sentiu um cheiro estranho no item de sua sobremesa e, ao provar, concluiu que a fruta estava azeda. O problema? O supermercado oficial do programa, onde os cozinheiros “compram” seus produtos, é o Carrefour.

LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO ADNEWS, CLIQUE AQUI

Alta tensão: Anitta de fita isolante repercutiu no Reino Unido...




por Ed Sá
A cantora Anitta faz seu próprio marketing. Aliás, foi ao postar um vídeo no You Tube, em 2010, que ela foi procurada por uma gravadora e deu início à carreira. Foi empresariada, desistiu, e criou sua própria agência.
Nos últimos meses, sua carreira ganhou um gás extra com alcance internacional. Em função dessa repercussão, sua empresa, a Rodamoinho, tem sido procurada para administrar carreiras de outros cantores. O primeiro cliente é o ator e cantor pop Micael Borges.
Cada rolo desses (10 metros) dá para fazer
de três a quatro biquínis. 

Nessa semana, a brasileira tornou-se mais uma vez assunto internacional. Entre outras publicações, o jornal Daily Mail destacou a gravação do clipe de uma nova música, "Vai Malandra", no Morro do Vidigal, no Rio.

Na reprodução acima, Anitta e seu biquíni de fita isolante colado diretamente no corpo. Isso mesmo, a peça, sucesso nas comunidades do Rio e que agora é globalizada, foi criada por Erika Bronze como uma técnica de "bronzeamento natural" para cariocas que fazem questão de exibir "marca de biquini".

VEJA MAIS ANITTA NO DAILY MAIL, CLIQUE AQUI

Não tá fácil pra ninguém...

Foto: Divulgação

por Vitar Giacomezzi 

O Bar do Seu Domingos, na Vila Madalena, em São Paulo, foi o local escolhido por Placar e Quatro Rodas para lançar na semana passada seu mais novo produto: camisetas temáticas. Em parceria com a grife Quatro Linhas, as revistas pretendem estimular os leitores a se transformarem em fãs das marcas. Estampas de carros, peças, referências à Fórmula-1, bolas, expressões do futebol, campo etc. Esse tipo de iniciativa tem sido comum em publicações impressas em busca de fontes alternativas de recursos. A imaginação é o limite do marketing. Tem editora vendendo até chocolate. E há jornais onde o departamento de eventos patrocinados - seminários sobre os mais diversos temas, palestras, prêmios, festas etc - está mais ativo e criativo do que as redações. Faz parte dos novos tempos.

Em parceria com a empresa Quatro Linhas, as revistas Placar e Quatro Rodas lançaram linhas de camisetas descoladas para os fãs das publicações. A novidade dos veículos do Grupo Abril foram anunciadas na terça-feira, 15, e os produtos foram desenvolvidos conforme a temática dos veículos, fazendo referência ao futebol e ao automobilismo.

As camisetas podem ser adquiridas nos sites da Quatro Linhas, da Placar e da Quatro Rodas.

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Quer ir para Harvard? Fundação Nieman oferece bolsa para pesquisa em jornalismo...

Um programa de bolsas de pesquisa em jornalismo da Fundação Nieman proporciona salário e alojamento para o candidato que enviar um projeto - que pode ser de pesquisa, design, programação, modelos de negócios etc - que ofereça novas perspectivas para o futuro do jornalismo. Caso seu projeto seja selecionado, estarão abertas as portas de Harvard e acesso às bibliotecas e centros de pesquisa.

As inscrições vão até o dia 29 de setembro de 2017.

O site do programa relaciona sugestões para melhor focalização e clareza dos projetos.

Para mais detalhes, clique AQUI

 

Gol de letra: jornalista Paulo Cezar Guimarães lança amanhã, na sede do Botafogo, a biografia de Sandro Moreyra


por José Esmeraldo Gonçalves

O jornalista, escritor e professor Paulo Cezar Guimarães, que foi competente repórter do Globo, da Manchete, e se destacou também na Comunicação Empresarial, lança na amanhã, 22 de agosto, a partir das 19h, o livro “Sandro Moreyra – Um autor à procura de um personagem”, da Editora Gryphus.

Uma obra que fazia falta. Sandro Moreyra foi uma representação completa de uma era luminosa do jornalismo esportivo, aquela com um toque de classe romântico que fazia embaixadinhas com a crônica. Passou pelo Diário da Noite, Placar, foi comentarista da Rede Manchete e cronista da revista Fatos, mas se tornou referência para gerações de jornalistas quando atuou no dream team da editoria de Esporte do Jornal do Brasil, uma espécie de academia da crônica esportiva. Ali, assinou por três décadas a coluna Bola Dividida.


O autor é botafoguense como Sandro e muitos dos cerca de 100 entrevistados que o conheceram e compartilham histórias e momentos ao lado do biografado.

O livro do PC Guimarães será lançado na sede social do Botafogo.

Bem ali atrás ficava o antigo estádio, épico local de trabalho de Heleno, Paulinho Valentim, Garrincha, Nilton Santos, Amarildo, Didi, Quarentinha, Manga e tantos outros craques.

Do gramado, bom que se diga.

Porque na tribuna de imprensa brilhava uma escalação de jornalistas que por baixo do crachá guardava no peito, com a discrição possível e uma sofrida isenção, a Estrela Solitário: além do próprio Sandro, João Saldanha, Armando Nogueira, Maneco Muller, Claudio Mello e Souza, Oldemário Touguinhó, Roberto Porto...

Serão presenças virtuais na fila de autógrafos do PC Guimarães.

sábado, 19 de agosto de 2017

Dia Mundial da Fotografia: encarte especial da Manchete homenageou fotojornalistas


Hoje é o Dia Mundial da Fotografia. A data remete a 19 de agosto de 1839, quando a Academia Francesa de Artes e Ciência anunciou oficialmente a invenção do daguerrótipo, o sistema que antecedeu as câmeras fotográficas, criado por Louis Daguerre a partir da héliografia desenvolvida por Joseph Niepce poucos anos antes.

O Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR) inaugura hoje uma exposição "Feito poeira ao vento. Fotografia na Coleção do MAR", com 359 obras de Marc Ferrez, Kurt Klagsbrunn, Pierre Verger, Evandro Teixeira, Gustavo Malheiros, Bruno Veiga e outros. A mostra pode ser visitada de terça a domingo, das 10h às 17h, na Praça Mauá.

A falência da Bloch e a extinção da revista Manchete levaram ao descaminho milhares de fotos acumuladas em 48 anos de existência da Bloch. O acervo foi leiloado e encontra-se virtualmente desaparecido e são desconhecidas as condições de armazenamento e preservação de milhares de negativos, cromos e ampliações.

Em suas várias gerações, a equipe de Fotografia da Manchete e demais revistas da editora reuniu brilhantes fotojornalistas. A maioria perdeu o acesso ao resultado de anos de trabalho. Hoje, eles detêm os direitos autorais de uma miragem. Alguns desses fotógrafos têm projetos de livros. São irrealizáveis até quando, e se, o acervo for localizado. Mas, para centenas de repórteres fotográficos que atuaram na Manchete, a perda se reflete no reconhecimento de talentos que marcaram época nas revistas ilustradas. Muitos deles, com absoluta certeza, poderiam ter sua arte hoje vista em museus e exposições, reconhecida e eternizada.

Ao contrário, suas fotos jazem em um galpão sem nome.

Em 1969, quando a Fotografia celebrava 130 anos, a Manchete publicou um encarte especial de 32 páginas com 60 fotos sobre a história, os pioneiros, artistas de várias épocas, como um seleção extraordinária de imagens de Cartier Bresson, e destaques da equipe de fotografia da própria Manchete que, à época, somava 25 profissionais.

Justino Martins, então diretor da Manchete, escreveu na abertura do caderno especial:

"Cada semana escolhemos centenas de fotos dentre as milhares que nos chegam para a realização da Manchete. São fotos enviadas pelas grandes agências e pelos melhores repórteres internacionais, entre os que cobrem a atualidade do mundo inteiro. São fotos operadas pela nossa própria equipe de vinte e cinco profissionais que também perseguem os fatos, as pessoas e coisas sem olhar fronteiras. Foi durante esse trabalho de seleção que decidimos dedicar uma reportagem especial à Fotografia, tal como a vemos: uma arte aparentemente simples mas que exige poderes de concentração combinados com entusiasmo e disciplina mental. Sem a participação da intuição, da sensibilidade e da inteligência, a fotografia não é nada. Todas essas faculdade podem ser encontradas em uma só pessoa. E, quando isso acontece, pode-se dizer que o fotógrafo realiza obras-primas tão válidas quanto as de um pintor, de um escultor e mesmo de um grande músico ou poeta".

Reproduzimos aqui alguns trabalhos de fotojornalistas da Manchete presentes nesse encarte histórico. Tecnicamente, as reproduções não fazem jus à precisão da luz e matizes de cores das fotos publicadas. Mas é válido fazer o registro neste dia de homenagens à Fotografia. As legendas de cada foto são do encarte da revista.

"A freira é um tema favorito dos fotógrafos: a santidade unida à fragilidade.
Foto de Antonio Trindade.

"A criança dentro da solidão do infinito, em significativo ensaio de Juvenil de Souza."


"Orlando Abrunhosa, um apaixonado pela natureza, contemplou as abelhas em sua breve passagem pela bica de água". 


"Um gesto de vergonha diante da loucura dos homens é o que parece dizer a foto de Sebastião Barbosa".

"A nostalgia da simplicidade e da doçura provinciana é revelada por Zulema Rida. 

"Na praça, a carcaça de um bonde inspira ao mesmo tempo o senso lúdico da menina e o devaneio
dos namorados segundo Sebastião Barbosa".
"A solidão do homem em face do perigo é simbolizada por
Walter Firmo nesta esplêndida fotografia feita em uma arena do México. O grande espaço vazio contribui para o impacto dramático".

No Rio Grande do Sul, o fotógrafo Wilson Lima captou no ar a violência da queda, durante um rodeio em que o
domador levou a pior. Um segundo antes ou depois, a foto não teria o mesmo valor."


sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Terror na aldeia global. E o que o jornalismo e as redes sociais têm a ver com isso

O Daily News resumiu a tragédia em um infográfico.

Barcelona: pauta obrigatória da imprensa mundial. 


Enquanto o mundo faz o seu dramático aprendizado de como enfrentar o terror promovido por "lobos solitários", a mídia começa a discutir o seu próprio desafio: como cobrir esse tipo de ato terrorista.

Ao noticiar os fatos e suas circunstâncias, como é o seu papel, a mídia realiza involuntariamente um dos objetivos dos assassinos: o "marketing" do terror junto ao seu público-alvo, o jovem a ser aliciado. E não só a mídia. Com a divulgação espontânea e inevitável nas redes sociais fecha-se a "ativação da campanha"", para usar a linguagem especializada dos marqueteiros. Cada ato passa a funcionar como uma sangrenta "peça de propaganda" do terror fundamentalista

Nos minutos que se seguiram ao atentado em Barcelona, a maior parte do material utilizado pela emissoras de TV foi produzida por anônimos e recolhida do twitter, instagram, what's app e facebook. Se não é possível impedir o compartilhamento do "marketing", a mídia pode contextualizar implacavelmente o terror, a ameaça ao estilo de vida e à cultura ocidental, a crueldade, o fanatismo, identificar e combater os sinais de intolerância que podem estar à vista na esquina, bem antes, ainda como sementes do crime. Um dos analistas, ontem, na TV, argumentou que é preciso "relativizar" o impacto do terror, "no Rio de Janeiro mais pessoas foram assassinadas no ultimo ano do que em todos os atos terroristas desde as torres gêmeas". O que ele quis dizer com isso, sabe-se lá...

Há alguns meses, o Daesh (autodenominado Estado Islâmico), lançou uma cartilha de "autoajuda" para ensinar a um fanático religioso cooptado a lançar sozinho um ataque terrorista. O manual tem 64 páginas e 12 capítulos, segundo a Europol. Países como a Bélgica, França, Alemanha, Inglaterra e a Espanha, o alvo mais recente, ampliaram as investigações e detenções preventivas. Na maioria, são operações secretas, fora do alcance da mídia. Isso dá para fazer, difícil é imaginar que um ato assassino em locais de grande visibilidade turística não alcance uma divulgação mundial.

Inovações tecnológicas, a internet e as redes sociais individualizaram o terror por tornar mais acessível a um elemento que já tenha a cabeça feita pelo seu núcleo social ou religioso se relacionar com células terroristas a partir de um simples smartphone conectado ao wi-fi da sua sala suburbana.

Não foi McLuhan que antecipou a "aldeia global", quando processos de comunicação iriam retribalizar pessoas, quebrando barreiras geográficas e culturais? Aconteceu, infelizmente o terror chegou junto.

Com o EI perdendo terreno militar e receita de petróleo e de impostos das áreas que ocupava na Síria e no Iraque, conforme analisou Brett H. McGurk, assessor que o ex-presidente Barack Obama manteve junto à Coalizão, a expectativa era de que o terror tentasse intensificar ataques dos "lobos".

Por fim, leia o que escreveu Alberto Dines no Observatório da Imprensa, em 11 de setembro de 2006, quando a mídia focalizava os cinco anos do atentado que destruiu o World Trade Center.

"11 de Setembro é para o mundo contemporâneo o que foi o 8 de Maio de 1945 para a geração anterior. A diferença é que esta última data foi festiva, marcou o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa. Já a catástrofe que destruiu as torres gêmeas do World Trade Center em Nova York marcou o início, senão de uma guerra, pelo menos de um novo tipo de confronto – intenso, contínuo e globalizado.

A mídia nacional e a mídia internacional estão lembrando de forma extensiva e intensiva o quinto aniversário da maior ação terrorista de todos os tempos. Mas o que sobrará desta cobertura amanhã, depois, ou na próxima semana?

Além dos intensos combates no Afeganistão, mudou a percepção do leitor com relação ao mundo em que agora vive? O telespectador tem noção do corte abrupto que aconteceu naquela terça-feira, 11 de Setembro de 2001? Além das dificuldades nos aeroportos e nas viagens aéreas está clara a idéia de que o mundo mudou e ainda pode mudar muito, mas muito mais? Ou será que só o agravamento da situação levará as pessoas a compreender as dimensões verdadeiras da Era do Terror?

Uma coisa é certa: os terrorismos precisam da mídia para aterrorizar. Mas a mídia não pode submeter-se ao terrorismo. Basta ter isso em mente."

De Pedro Dória, no Globo; "O vale se mostra político". Uma análise oportuna sobre a resposta da internet aos grupos racistas que usam as redes sociais e aplicativos de empresas para difundir o ódio e a intolerância



por Pedro Dória (O Globo

Empresas, grandes e pequenas, se uniram contra grupos racistas, em ações que vão além de gestos simbólicos

Não é à toa que a Costa Oeste americana tem, por vezes, o apelido “the left coast”. A costa à esquerda. Califórnia, Oregon e Washington, os três estados banhados pelo Pacífico, são todos solidamente democratas, e mesmo os republicanos por lá são favoráveis ao casamento gay, flexíveis com legislação sobre drogas e investem em fontes alternativas de energia. E nenhuma grande cidade americana está à esquerda de São Francisco. Poucas misturam com tanta fluidez sotaques, tons de pele e tipos religiosos, do Zen beatnik ao Islã, passando por muitos tons de cristianismo e ateísmo. O Vale do Silício, grudado em São Francisco, é uma amálgama entre esta esquerda e o liberalismo, que termina num resultado muito atípico nos EUA. Por isso mesmo, não costuma se meter em política. Faz mal para os negócios. Mas, esta semana, mudou.

Primeiro, ainda no sábado, foi o Airbnb, que começou a identificar os ativistas da ultradireita racista que usaram o serviço para se hospedar em Charlottesville, Virgínia. E começou a cancelar suas contas. Na sequência, o serviço de domínios — os endereços da internet — GoDaddy informou que não ia mais gerenciar a localização de alguns sites dos supremacistas brancos. O Google, que também presta esse tipo de serviço, imediatamente informou que tomara a mesma decisão. O PayPal, com os quais muitos dos ativistas contam para facilitar doações para sua causa, também tirou o corpo fora. Traçou uma linha clara: com este tipo de política não lhe interessa fazer negócios.

Não ficou só aí. O complexo de blogs WordPress cancelou um site de notícias. O Twitter fechou algumas contas. E, sem ter muito o que fazer, o Uber aproveitou que uma motorista expulsou um grupo de racistas de seu carro e a congratulou publicamente. A Apple cortou acesso ao sistema de pagamentos ApplePay de sites que vendem parafernália neonazista. O serviço de financiamento coletivo GoFundMe cancelou campanhas, enquanto o Kickstarter anunciou que estarão proibidas se aparecerem por lá.

O Vale, uma empresa após a outra, grandes e pequenas, se uniu. Mesmo o Facebook, que foi mais tímido em seus esforços, impediu que alguns links racistas com notícias falsas se espalhassem.

É justo dizer que os CEOs de inúmeros negócios americanos se moveram esta semana. Da farmacêutica Merck à companhia de moda esportiva UnderArmour, passando pela PepsiCo. Os executivos deixaram os conselhos consultivos formados pelo presidente Donald Trump em protesto por seus acenos aos extremistas. Mas as ações das empresas do Vale foram além de gestos simbólicos — por importantes que sejam tais gestos.

Do ponto de vista político, as ações são coerentes. O neonazismo é diametralmente oposto tanto ao liberalismo quanto à esquerda, pela compreensão fundamental por ambas as correntes de que todos os homens são iguais. Mas não só isso moveu o Vale do Silício. As empresas foram muito criticadas por não interferir no espalhamento de notícias falsas durante o Brexit britânico e as eleições americanas. É difícil dizer o quanto este livre fluxo de informação mentirosa interferiu no voto. Não falta, porém, quem construa este argumento.

Em tempos de polarização, a neutralidade é uma tomada de posição. Desta vez, o Vale achou por bem deixar claro onde fica. É um gesto, também, de propaganda. Quer mostrar-se bom cidadão de democracias. Pois, na Europa, está para vir muito questionamento sobre a formação de trustes. O Vale entrou em franca campanha para mudar sua imagem.

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quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Capas: Charlottesville repercute nas semanais





Roman Polanski: a libido e antigas ninfetas batem à porta do diretor...

por Ed Sá

Roman Polanski está com 83 anos, mas não consegue se livrar do passado. Ele ainda responde por um caso de estupro de uma menina de 13 anos, Samantha Geimer, na Califórnia, em 1977. Por isso, já esteve preso na Europa, não pode entrar nos Estados Unidos e nem dar mole em países que tenham tratados de extradição com o Tio Sam. Ontem, segundo divulgou o USA Today, a advogada Gloria Allred convocou uma coletiva para denunciar que sua cliente, identificada apenas como Robin M,  foi abusada sexualmente pelo diretor em 1973, quando tinha 16 anos.

Robin, atualmente com 60 anos, rompeu um silêncio de 44 anos. Ela alega que resolveu falar agora porque ficou "furiosa" com Geimer que recentemente apoiou o diretor no tribunal, disse que o entendia, e declarou que o caso já devia ter sido ser encerrado e esquecido.

Robin M denuncia Polanski. Reprodução You Tube

Robin M. aos 16 anos, quando alega que foi molestada pelo diretor.


Charlotte Lewis também denunciou Polanski.
Ela fez uma ponta em "Pirates" do diretor. Na foto, os dois, em Cannes, em 1986
no lançamento do filme, quatro anos depois do suposto episódio de abuso sexual
Foto Divulgação
Em 2010, a atriz britânica Charlotte Lewis também acusou Polanski de abuso sexual, em 1982, em Paris, quando ela mal havia completado 16 anos.

Robin M., a denunciante da vez, não pode mais processar Polanski. Pelas leis da Califórnia, seu caso prescreveu. Mas está disposta a testemunhar contra o diretor no processo de Samantha Geimer, ainda pendente após longa batalha judicial.

Samantha Geimer perdoou Polanski. Reprodução NBC

Samantha Geimer, ao 13 anos, durante ensaio fotográfico feito por Polanski na casa de Jack Nicholson.
A foto faz parte do processo que corre até hoje. Reprodução

Jack Nicholson e Polanski no Teatro Adolpho Bloch, em 1973.
Foto: Frederico Mendes/Reprodução Manchete 

Em 1973, o mesmo ano em que teria abusado de Robin M., Roman Polanski visitou a Manchete. Ele foi fotografado no Teatro Adolpho Bloch, ao lado de Jack Nicholson que o dirigiu em "Chinatown". Foi na casa de Nicholson que Polanski arrumou, quatro anos depois, a encrenca com Samantha Geimer.

Não há notícia, pelo menos até hoje, que o diretor tenha assediado alguma "cocota" brasileira, as "novinhas" da época, durante aquela visita ao Rio de Janeiro.

Procura-se um livro...

Além de levar embora milhares de empregos, a falência da Bloch Editores e a venda da Rede Manchete praticamente vaporizaram itens importantes da memória jornalística e cultural, entre os quais acervos fotográfico, de vídeos e editorial.

O livro editado pela Bloch
A professora Odile Cisneros, da Faculdade de Artes da Universidade de Alberta, no Canadá, tem feito contatos no Brasil em busca de informações sobre o livro "Inferno em Sobibor", de Stanislaw Szmajzner, lançado há décadas pela Editora Bloch. Trata-se de uma rara narrativa em primeira pessoa de um sobrevivente do campo de concentração de Sobibor, na Polônia ocupada pelos nazistas.

O jornalista Zevi Ghivelder, que dirigiu Manchete e Fatos&Fotos, contou há alguns anos - em artigo que escreveu para a revista Morashá - como Szmajzner foi parar um dia na redação levando um original que, logo se constatou, era um documento de enorme importância histórica.

"Há mais de 40 anos" - escreveu Zevi - "fui procurado na redação da revista Manchete por um judeu baixinho, careca, bigode fino, um tanto nervoso. Chamava-se Stanislaw Szmajzner, vindo de Goiás onde era fazendeiro. Trazia um calhamaço de papéis, o manuscrito de um livro que acabara de escrever. Queria saber se a Editora Bloch poderia editá-lo. Por falta de tempo imediato para ler, encaminhei o manuscrito ao jornalista Macedo Miranda, na época diretor do Departamento de Livros da empresa. Decorrido algum tempo, ele me disse: 'Do jeito que está, é impossível publicar. O livro está cheio de erros de português, mas o conteúdo é fascinante, principalmente por causa da revolta dos judeus confinados no campo de concentração de Sobibor'”.

Dias depois, Zevi voltou a falar com o autor, a quem perguntou se autorizava que o livro fosse reescrito. Não houve objeção e o manuscrito foi revisado e finalmente editado.

 "Assim nasceu 'Inferno em Sobibor', lançado em 1968 e que obteve fraca repercussão tanto de crítica como de público, embora ainda seja um documento histórico da maior importância e se trate, de fato, de um trabalho extraordinário no segmento universal das obras memorialistas", contou o jornalista à Morashá.

Stanislaw Szmajzner
Existem algumas obras sobre Sobibor que relatam a dramática experiência de Stanislaw Szmajzner. Ele foi entrevistado por Richard Rashke, autor de "Escape from Sobibor", lançado em 1982 e que foi levado ao cinema em 1987. Mas "Inferno em Sobibor" tem a intensidade da narrativa pessoal e intransferível, como um diário do horror e da crueldade sem nuances literárias. Sobibor tem uma particularidade, como o filme abordou: foi onde aconteceu a maior revolta registrada em um campo de concentração. Cerca de 300 prisioneiros conseguiram escapar. Muitos foram caçados e assassinados pelas tropas nazistas. Sobibor funcionou durante 18 meses e nesse período cerca de 260 mil pessoas foram mortas nas câmaras de gás do campo.  Ao fim da guerra, apenas 50 entre os 600 prisioneiros, que era a capacidade máxima do local, sobreviveram. Incluindo aquele judeu que entrou no dia na redação da Manchete carregando sua história embaixo do braço.

Se o livro, como contou Zevi, não repercutiu muito, Stanislaw Szmajzner foi notícia no rastro de dois acontecimentos impressionantes e de repercussão mundial. Dois dos oficiais alemães que atuavam como carrascos em Sobibor, Franz Stangl e Gustav Wagner, foram localizados e presos no Brasil.  O famoso caçador de nazistas, Simon Wiesenthal, detectou a presença de Franz Stangl em São Paulo, trabalhando como funcionário da Volkswagen. Stangl foi preso em 1967 e extraditado para a Alemanha Ocidental.

"O poder judiciário alemão discutiu o assunto durante três anos até concluir que Stangl fora responsável pelo assassinato de 1 milhão e 200 mil pessoas e, assim, os crimes contra a humanidade se sobrepunham à questão da jurisdição. O julgamento de Stangl teve início em Dusseldorf, no dia 13 de maio de 1970. O livro "Inferno em Sobibor" foi traduzido para o alemão e serviu como um dos principais itens da promotoria, e Stanislaw foi convocado como testemunha.

Stanislaw Szmajzner: a vítima confronta o carrasco. Foto Manchete/Reprodução

"Enviei um repórter e um fotógrafo da sucursal da Manchete em Paris para cobrirem o julgamento. Numa das sessões do tribunal, o inquieto Stanislaw saiu de seu lugar, caminhou até o banco dos réus e ofereceu um cigarro a Stangl, dizendo: 'Você nunca me deu nada, mas deixe eu lhe dar alguma coisa'. O cigarro foi recusado e o fotógrafo captou aquele exato momento, mostrando o Stanislaw com o braço estendido", recordou Zevi..

Ao depor, Stangl confessou que Gustav Wagner também morava no Brasil. A polícia paulista e o Mossad localizaram o nazista na região de Atibaia, em 1978.

Gustav Wagner não chegou a sr extraditado. Morreu de infarto na prisão em outubro de 1980.

Stangl morreu na prisão,  em 1970, seis meses depois do julgamento.

Stanislaw Szmajzner morreu em 1989.

A professora da Universidade de Alberta quer saber a quem procurar para obter os direitos e a autorização para reeditar o livro "Inferno em Sobibor". A Bloch, que faliu em 2000, era a detentora desses direitos. O interesse de Odile Cisneros é ainda maior porque o livro de Stanislaw Szmajzner foi editado somente em português - a Bloch teria lançado duas edições e a versão para o alemão foi peça processual -, e seria pela primeira vez traduzido para o inglês e levado a um público muitas vezes maior.

Que a professora consiga resolver o impasse e, nesses dias de neonazistas à vista, reedite o livro.

Donald Trump está precisando de um exemplar na cabeceira da sua cama na Casa Branca.

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Virou Coréia do Norte, Turquia, Arábia Saudita, China, Irã? Promotores americanos exigem que site entregue endereços e dados de opositores de Donald Trump. E governo brasileiro também quer atacar a web

Promotores acionados por Donald Trump estão pressionando a empresa de hospedagem de sites DreamHost a entregar cerca de 1 milhão e 300 mil endereços de IP, além de emails e outros dados de visitantes do site DisruptJ20, que organizou protestos durante a cerimônia de posse do empresário-presidente.

A ofensiva autoritária está surpreendendo grupos de defesa dos direitos civis nos Estados Unidos. Será considerado um perigoso precedente caso os promotores tenham êxito na demanda presidencial. Por enquanto, a empresa está resistindo e tem desafiado o mandato do Departamento de Justiça sob o argumento de que a pretensão fere a Primeira Emenda da Constituição. A iniciativa faz parte de uma ofensiva do governo Trump para processar opositores, segundo o site i24News, com informações da AFP.

Desde o atentado às Torres Gêmeas, a legislação americana ganhou dispositivos dignos de estados policiais, em nome do combate ao terrorismo. Limites foram ultrapassados interna e externamente em operações de espionagem generalizadas. Mas tentar capturar dados pessoais de cidadãos pelo simples motivo de protestarem contra um presidente nivela os Estados Unidos, em termos de repressão na internet, a países como Turquia, Arábia Saudita, China, Coréia do Norte. Irã etc que constantemente investe contra a web.

A internet costuma incomodar governos e políticos com altos índices de rejeição. Se você acha que não tem nada a ver com isso, saiba que no Congresso brasileiro há vários projetos em andamento que ameaçam amordaçar redes sociais, blogs e páginas independentes. você pode obter informações sobre essa ameaça do sub-Trump, o ilegítimo Temer, no site Coalizão Direitos na Rede


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"Meu paipai era da Ku Klux Klan"


Charge publicada no Guardian, ontem. A Casa Branca sob nova administração, a do capuz da vergonha.

Trump, cujo pai foi "sócio-atleta" da Ku Klux Klan" e chegou a ser preso durante manifestação racista em 1927, só condenou os supremacistas brancos de Charlottesville quando foi pressionado e alertado sobre o efeitos políticos da sua reiterada condescendência aos racistas.

Vem do berço. O Washington Post revelou a militância racista do pai do presidente na Ku Klux Klan. em 1927.

Veja é condenada a pagar 100 mil reais por reportagem que acusou ex-diretor da Petrobras de corrupção.


por Joaquim de Carvalho (DCM)

O geólogo Guilherme Estrella, que foi diretor de Exploração e Produção da Petrobras nos governos Lula e Dilma e um dos pioneiros na pesquisa que levou à descoberta de petróleo no pré-sal no mar territorial do Brasil, venceu uma disputa judicial que travava com a revista Veja por causa de duas reportagens publicadas em abril de 2014, quando era intenso o noticiário em torno da Petrobras e a Lava Jato.

Ele foi acusado de receber “propina paga por uma fornecedora holandesa da Petrobras”. A fonte da informação era um suposto depoimento do publicitário Marcos Valério — depoimento que nunca apareceu — e uma sindicância da empresa, que existiu, mas que não tinha nenhuma relação com Estrella.

Na época, ele notificou a Veja com um pedido de direito de resposta, mas não conseguiu publicar sua versão. O escritório do advogado Wadih Damus, que é deputado federal pelo PT, entrou com a ação na Justiça do Rio de Janeiro e a decisão saiu no último dia 9, assinada pela juíza Maria Cristina Barros Gutierrez Slaibi, da 3a. Vara Cível do Rio de Janeiro.

Veja foi condenada a indenizar Estrella em 100 mil reais e terá de lhe conceder o direito de resposta.

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