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sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Terror na aldeia global. E o que o jornalismo e as redes sociais têm a ver com isso

O Daily News resumiu a tragédia em um infográfico.

Barcelona: pauta obrigatória da imprensa mundial. 


Enquanto o mundo faz o seu dramático aprendizado de como enfrentar o terror promovido por "lobos solitários", a mídia começa a discutir o seu próprio desafio: como cobrir esse tipo de ato terrorista.

Ao noticiar os fatos e suas circunstâncias, como é o seu papel, a mídia realiza involuntariamente um dos objetivos dos assassinos: o "marketing" do terror junto ao seu público-alvo, o jovem a ser aliciado. E não só a mídia. Com a divulgação espontânea e inevitável nas redes sociais fecha-se a "ativação da campanha"", para usar a linguagem especializada dos marqueteiros. Cada ato passa a funcionar como uma sangrenta "peça de propaganda" do terror fundamentalista

Nos minutos que se seguiram ao atentado em Barcelona, a maior parte do material utilizado pela emissoras de TV foi produzida por anônimos e recolhida do twitter, instagram, what's app e facebook. Se não é possível impedir o compartilhamento do "marketing", a mídia pode contextualizar implacavelmente o terror, a ameaça ao estilo de vida e à cultura ocidental, a crueldade, o fanatismo, identificar e combater os sinais de intolerância que podem estar à vista na esquina, bem antes, ainda como sementes do crime. Um dos analistas, ontem, na TV, argumentou que é preciso "relativizar" o impacto do terror, "no Rio de Janeiro mais pessoas foram assassinadas no ultimo ano do que em todos os atos terroristas desde as torres gêmeas". O que ele quis dizer com isso, sabe-se lá...

Há alguns meses, o Daesh (autodenominado Estado Islâmico), lançou uma cartilha de "autoajuda" para ensinar a um fanático religioso cooptado a lançar sozinho um ataque terrorista. O manual tem 64 páginas e 12 capítulos, segundo a Europol. Países como a Bélgica, França, Alemanha, Inglaterra e a Espanha, o alvo mais recente, ampliaram as investigações e detenções preventivas. Na maioria, são operações secretas, fora do alcance da mídia. Isso dá para fazer, difícil é imaginar que um ato assassino em locais de grande visibilidade turística não alcance uma divulgação mundial.

Inovações tecnológicas, a internet e as redes sociais individualizaram o terror por tornar mais acessível a um elemento que já tenha a cabeça feita pelo seu núcleo social ou religioso se relacionar com células terroristas a partir de um simples smartphone conectado ao wi-fi da sua sala suburbana.

Não foi McLuhan que antecipou a "aldeia global", quando processos de comunicação iriam retribalizar pessoas, quebrando barreiras geográficas e culturais? Aconteceu, infelizmente o terror chegou junto.

Com o EI perdendo terreno militar e receita de petróleo e de impostos das áreas que ocupava na Síria e no Iraque, conforme analisou Brett H. McGurk, assessor que o ex-presidente Barack Obama manteve junto à Coalizão, a expectativa era de que o terror tentasse intensificar ataques dos "lobos".

Por fim, leia o que escreveu Alberto Dines no Observatório da Imprensa, em 11 de setembro de 2006, quando a mídia focalizava os cinco anos do atentado que destruiu o World Trade Center.

"11 de Setembro é para o mundo contemporâneo o que foi o 8 de Maio de 1945 para a geração anterior. A diferença é que esta última data foi festiva, marcou o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa. Já a catástrofe que destruiu as torres gêmeas do World Trade Center em Nova York marcou o início, senão de uma guerra, pelo menos de um novo tipo de confronto – intenso, contínuo e globalizado.

A mídia nacional e a mídia internacional estão lembrando de forma extensiva e intensiva o quinto aniversário da maior ação terrorista de todos os tempos. Mas o que sobrará desta cobertura amanhã, depois, ou na próxima semana?

Além dos intensos combates no Afeganistão, mudou a percepção do leitor com relação ao mundo em que agora vive? O telespectador tem noção do corte abrupto que aconteceu naquela terça-feira, 11 de Setembro de 2001? Além das dificuldades nos aeroportos e nas viagens aéreas está clara a idéia de que o mundo mudou e ainda pode mudar muito, mas muito mais? Ou será que só o agravamento da situação levará as pessoas a compreender as dimensões verdadeiras da Era do Terror?

Uma coisa é certa: os terrorismos precisam da mídia para aterrorizar. Mas a mídia não pode submeter-se ao terrorismo. Basta ter isso em mente."