sexta-feira, 13 de março de 2020

Leitura Dinâmica: la nave va...

* O sujeito que em plena pandemia de coronavírus embarca em um cruzeiro deve estar temporariamente privado de bom senso. Deve ser o caso da nau dos insensatos que aportou em Recife, ontem, com um suspeito de contaminação a bordo. Alguns passageiros fizeram passeios pela cidade até que guias turísticos receberam ordens para trazê-lo de volta a bordo. Ou seja: o Brasil continua de portas abertas para o vírus.

* E a autoridade que é contra fechamento de escolas e minimizou caso de aluno suspeito de contaminação? Acontece, disse. "Vida que segue". Em tempo: a escola, mais responsável, suspendeu as aulas.

* E a autoridade que é contra o cancelamento de grandes eventos aposta no perigo. Para os outros.

* Curiosidade: O Globo, em editorial, hoje, concorda que evitar aglomerações é medida eficaz para conter a dispersão do coronavírus. Mas a mesma edição anuncia shows em um armazém do Cais do Porto. Trata-se da festa do Estandarte de Ouro promovida pelo mesmo jornal.

ATUALIZAÇÃO EM 14/3/2020 - Ontem, ao longo do dia, O Globo adiou a festa do Estandarte de Outro. O bom senso felizmente prevaleceu.
Um grupo de brasileiros que chegou da Itália estranhou que, ao desembarcar ontem em Guarulhos, não houvesse qualquer aviso, instrução ou funcionário para orientar passageiros que vingam de um zona de alto risco nesse momento.

O importante é levar vantagem, certo? O lobby que pega carona no vírus

Em um primeiro momento, o Brasil reagiu com eficiência à ameaça do coronavírus. Reação técnica e científica e não ideológica, ao contrário do que é tão comum a esse desgoverno. O ministro da Saúde Luiz Mandetta foi elogiado, pesquisadores de institutos e de universidades até recentemente ofendidos pelo ministro da Educação, logo isolaram o vírus e decifraram seu genoma, sequência importante para desvendar o inimigo, e a comunicação, setor fundamental em uma ocasião dessas, funcionou com aparente transparência.

Mas agora há ruídos nesse processo. Bolsonaro afirmou que a mídia exagera, que a pandemia não é isso tudo e parece ter dado a senha a nível federal. O Ministério da Saúde passou a criticar governadores que começam a tomar medidas mais fortes, em sintonia com o que faz a grande maioria dos países, como a vigilância em aeroportos. O ministro da Economia reza a ladainha de sempre, de reformas e corte de gasto e, a não ser tomar medidas da cartilha única do governo - do tipo liberar FGTS, antecipar pagamentos de parcela do 13° para aposentados -  nada faz. Ou faz: tem usado a ameaça do vírus apenas para pressionar pela aprovação das reformas que interessam ao mercado. Mais uma vez, sem a consciência social do que uma pandemia impõe aos de bom senso.

Nesse momento, o Brasil ameaça ir na contramão do mundo. Por exemplo, está hoje nos jornais, o governo estuda "ajudar" as companhias aéreas afetadas pela queda de movimento e pela alta do dólar. E as aéreas tentam "vender" uma ideia típica do pior jerico: pedem que o governo, além da injeção de recursos em empresas privadas, alívio de impostos e multas, crie incentivos ao turismo doméstico para compensar as perdas. Querem que estados como São Paulo e Rio de Janeiro, com os maiores índices de contaminados, exportem mais vírus a bordo de aviões para as regiões até agora menos afetadas? Xênios!

Ainda bem que algumas autoridades estaduais e municipais estão tomando medidas mais restritivas em sintonia com outros países.

Após críticas contundentes de Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, Paulo Guedes ficou de anunciar novas medidas frente ao quadro da pandemia. A aguardar se há remédio para sintomas de falta de sensibilidade social.

E finalmente o Ministério da Saúde cede à realidade. Mas apenas "recomenda" adiamento ou cancelamento de grandes eventos. Recomenda?

quinta-feira, 12 de março de 2020

Rolando Bolsa abaixo... investidor remediado dá azar...

por Flávio Sépia
Nos últimos meses, com a queda dos juros, economistas e jornalistas de mercado passaram a incentivar investidores neófitos a aplicar dinheiro na Bolsa. Nesse embalo, muita gente saiu da conservadora caderneta de poupança - que de fato deixara de ser atraente, embora segura - para experimentar o mercado de capitais com a facilidade de fazer investimentos on line. A Bolsa chegou a reduzir tarifas para seduzir o pequeno investidor.
Como se sabe, nos investimento em ações la garantia soy yo. Não há garantia em relação a retornos especialmente em curto ou até médio prazo. Os investidores profissionais ficam atentos e são capazes de movimentar suas peças altamente ligados em tendências do mercado. O pequeno investidor não tem esse conhecimento nem agilidade para fazer com que sua corretora se antecipe a eventuais quedas de cotação, o que é realmente complexo. Depende da consultoria e geralmente fica assim mais exposto.
No começo dos anos 1970 houve uma dessas ondas. Muita gente ganhou e, pouco depois, mais gente ainda perdeu dinheiro.
Agora, o já baixo crescimento mundial, a queda do preço do petróleo e, principalmente a devastação que o coronavírus já está causando nas economias atropelaram o pobre do pequeno investidor.
Tá la ele pendurado num rabo de foguete de prejuízos.
Agora, tem que torcer para não precisar vender suas posições e esperar que daqui a alguns meses o mercado se recupere. Se precisar do dinheirinho e tiver que vender vai chorar lágrimas de esguicho, como dizia Nelson Rodrigues.
Há pouco, a CNN falava de um pequeno investidor americano que perdeu em um só dia o equivalente ao seu salário de um ano. Outros na mesma situação foram ouvidos. É interessante observar como a mídia conservadora brasileira, na atual queda da Bolsa brasileira, ignora esses pequenos dramas. Certo que proporcionalmente são poucos os que se arriscam no mercado. Mas há uma pauta jornalística aí estranhamente ignorada. É para não sujar a barra da Bolsa?

Humilhados e moralmente assediados, jornalistas de Brasília vão reeditar manifestação histórica

Câmeras no chão, Figueiredo fora de foco.
Protesto dos fotógrafos em 1984.
Foto de J. França.
O Sindicato dos Jornalistas do DF organiza um protesto da classe na Esplanada dos Ministérios, marcado para o próximo dia 18 de março.

A ideia é mobilizar todos os profissionais que fazem a cobertura do Palácio do Planalto, do Congresso, além das equipes que sofrem assédio moral e são humilhadas por Bolsonaro e seus bozorocas todos os dias à saída do Alvorada.

O ato é em repúdio aos constantes ataques feito pelo capitão inativo. Na ocasião, os jornalistas repetirão uma manifestação histórica feita por fotógrafos que cobriam o Planalto durante o governo do último general-ditador do regime, o notório João Figueiredo, que costumava escorraçar profissionais da mídia.

Na época, os fotógrafo abaixaram as máquinas no momento em que o elemento descia a rampa.
O único fotógrafo a empunhar a câmera foi José Maria de França, o J. França, do Jornal do Brasil, que foi escalado pelo colegas para registrar o protesto e divulgá-lo à sociedade.

O carolavírus também é uma ameaça...

Reprodução 
A nota acima está na coluna do Ancelmo Gois, no Globo de hoje. A igreja citada bem que podia ser mais responsável e, além da mensagem religiosa, divulgar os cuidados básicos contrao novo coronavírus: lavar sempre as mãos, evitar levá-las aos olhos e boca, usar álcool gel evitar abraços e apertos de mãos, evitar aglomerações, procurar o posto de saúde ou hospital em caso de sintomas.

Matéria da RFI relata que um evento fechado em igreja contribuiu para espalhar  coronavírus por toda a França. Em fins de fevereiro, uma reunião chamada "Semana de Jejum e Oração" reuniu cerca de dois mil e 500 evangélicos no mesmo espaço, por dias seguidos, em Cotentin, norte do país. Entre os fiéis, gente do exterior, incluindo Alemanha, Itália,  Bélgica.

O próprio pastor e sua família foram contaminados.

Segundo as autoridades, foi constatado até agora que participantes levaram o vírus, em seguida, para a Córsega, Altos Alpes, Paris, Vale do Loire e até para a Guiana Francesa.

A igreja passou a pedir para os fiéis não comparecerem ao templo e que se conectem "ao Espírito Santo de suas casas através de um computador ou celular".

Historiadores afirmam que o clero católico contribuiu para aumentar os efeitos da Peste Negra na Europa medieval. Diante dos primeira casos, a igreja afirmou que a epidemia era um castigo de Deus e apontou os gatos pretos como "encarnação do demônio". As populações de aldeias e guetos passaram a matar os gatos. A peste, como se sabe, era espalhada por um vetor: os ratos. Com a onda de fanatismo e o virtual extermínio do predador, a população de ratos cresceu em progressão geométrica.

Carolavírus também mata.

No Whatsapp: grupo de jornalistas fazia ofensas racistas aos colegas negros. Foi na redação da Rede Record em Brasília. Crise provocou demissão de diretor

Daniel Castro, do Notícias da TV (UOL) expôs a crise que abalou a Rede Record, mais precisamente a redação de Brasília. A origem do problema foi um grupo no Whatsapp, sugestivamente chamado de "Resistência",  mantido por quatro jornalistas, que era usado para difundir ofensas racistas dirigidas ao funcionários negros da emissora. A facção preconceituosa comparava, por exemplo, lábios de colega a ânus e chamava outro de "macaco", segundo o NTV. Descoberta, a milícia do deboche foi demitida. Mas, segundo Daniel Castro apurou, o diretor de Jornalismo em Brasília, João Beltrão foi contra a demissão dos racistas e tentou protegê-los. Antonio Guerreiro, vice-presidente de Jornalismo da Record, demitiu Beltrão. A nota não revela os nomes dos jornalistas autores das ofensas no grupo "Resistência". Cujo nome já revela que o preconceito, para os envolvidos, não é acaso, é causa. 

terça-feira, 10 de março de 2020

Os "xênios" de Brasília querem ver o povo negativado...

Reprodução/O Globo
Parece uma piada de extremo mau gosto.

No ano passado, o governo liberou saques do FGTS como, diziam, um incentivo ao consumo. "Vai movimentar a economia", bradavam economistas e comentaristas.

Como o buraco era mais embaixo, o pessoal usou a grana para pagar dívidas e o crescimento do PIB em 2019 foi o vexame que se viu.

Agora os "xênios" de Brasília tiram da cartola outra "mágica", de novo usando FGTS, originalmente um seguro social para apoiar trabalhadores demitidos. Dessa vez, a coisa é muito pior. Os "xênios" querem que o trabalhador saque neste ano o montante a que teria direito entre 2020 e 2022. Só que o valor - e os bancos vão adorar isso - deverá ser utilizado como garantia de empréstimos feitos no sistema financeiro. Funciona assim: como os trabalhadores usaram o FGTS para sair do vermelho, o governo agora providencia que a massa se encha de dívida novamente.

Fica claro que este governo não tem programa de crescimento, mas apenas improvisos que alimentam o mercado financeiro.  Quem apostar que a atual equipe econômica não conhece obra, investimento publico, nunca foi apresentada a um tijolo, a um caminhão de concreto, a um trator, a um guindaste, a uma instalação de alta tecnologia, um estaleiro, à construção de uma hidrelétrica, de uma estrada, o que vale dizer, não sabe criar sequer um emprego de carteira assinada, vai ganhar mole.

Nem gerar recursos eles sabem. O que tem abastecido o caixa são vendas de participações públicas em empresas, saque das reservas (que eram há anos o "colchão" que protegia o país e dava mais seguranças aos investidores estrangeiros), vendas de empresas, concessões (embora o governo já tenha transferido uma grana para concessionários que não pagaram as outorgas devidas) etc.

Em meio à "ladainha" das reformas, o Brasil consome, e não cria, recursos.

Até inventa um empréstimo aos trabalhadores cuja garantia é o dinheiro do próprio... trabalhador.

Não demora muito, os "xênios" de Brasília vão criar um secretaria especial para agiotagem, com direito a anúncio nos jornais: "empréstimo para negativados", "dinheiro rápido on line", "precisando de dinheiro? Crédito na hora".

Na Globo News: economista critica "ladainha das reformas" no canal que mais paparica Paulo Guedes




Reprodução Twitter
Ontem, o Jornal das 18h, da Globo News, deu uma esquentadinha. A âncora Leilane Neubarth ouvia Juliana Rosa, Monica de Bolle e Flávia Oliveira sobre os impactos da nova crise do petróleo agravada pela pandemia de coronavírus. Juliana é jornalista de mercado, de Bolle é uma economista não necessariamente alinhada com a política econômica de Paulo Guedes e Flávia, do Globo, embora não conteste diretamente o neoliberalismo dominante nos veículos do grupo, tem uma visão social da economia, enfoque ausente na maioria dos comentaristas da mídia conservadora.
Diante da atual crise, que considera gravíssima, de Bolle defendeu que o governo deve deixar de lado a "ladainha" de reformas e a submissão fundamentalista ao teto de gastos para criar meios para enfrentar a tempestade financeira global. Ela defende investimentos públicos para fazer a economia andar. Algo que nem passa pela cabeça do corretor Paulo Guedes, que não atua como ministro da Economia, parece mais um agente do mercado que chegou ao poder. Juliana Rosa se incomodou com as críticas enfáticas da economista, que literalmente derrubava todo o repertório da Globo News em torno do tema caro aos especuladores do mercado e que o canal prega como dogma há anos.
A intervenção de Juliana ao fim do programa foi para defender a linha da casa, a "prioridade" das reformas. E acabou repetindo a "ladainha", que Monica de Bolle tinha acabado de caricaturar.
No twitter, a economista reafirmou suas críticas.

sábado, 7 de março de 2020

Neoliberalismo é a nova peste

O que não faltaria ao Brasil atual seria inspiração para novos "A Peste" . Aliás, diz-se que o livro de Albert Camus, que dá ao drama de uma cruel epidemia um enfoque político e de resistência, é redescoberto nestes dias de coronavírus.
O mundo se assusta com o Covid-19 e o Brasil também. Para largas faixas da nossa população, é um medo a mais. Nesse momento, com a saúde sob cortes do fanatismo neoliberal empoderado, o país anda de braços dados com sarampo, dengue, zika, chikungunya, surtos de febre amarela, hepatite A, tuberculose e até sífilis. Sobre esta última: em 2014, segundo o Ministério da Saúde, 25 em cada 100 mil brasileiros estavam infectados; em 2016, a taxa passou para 45 infectados e acendeu um sinal vermelho. A periferia, que não viaja para a Itália, só observa mais essa ameaça que se soma a tantas outras.

"Fedeu": na chamada principal da Istoé, o cacófato que diz tudo


O Globo/Caoa: quase "name rights"...

Bom para o Globo que tem muitas páginas do primeiro caderno ocupadas por anúncios. Se Bolsonaro cortou do grupo as verbas de publicidade federal, é legítimo captar o bom, velho e não comprometido apoio privado. No caso do veículo impresso carioca, há uma overdose, já há algum tempo, de um anunciante. A montadora revendedora de automóveis Caoa inunda o jornal com anúncios de página inteira ou duplas páginas inteiras seguidas.
Jornais não vendem, ainda, name rights, mas, caso surgisse essa oportunidade, a Caoa seria uma séria candidata.
Sobra para o leitor um esforço extra para passar páginas e, também, um certo prejuízo em conteúdo. Quando uma revista apresentava matérias seguidas de baixo interesse, a autocrítica da redação dizia que aquela edição, de tão monótona, "fazia ventinho", em referência à brisa que o passar de páginas desinteressantes lançava no rosto do leitor.
Hoje, o primeiro caderno do Globo, de 24 páginas, tem 13 páginas inteiras da Caoa e uma da Cyrela. Houve uma época, bem antes da crise dos impressos, que o volume recomendável de publicidade em jornais e revistas não deveria ultrapassar um terço do número de páginas. Com menos de dois terços de conteúdo, o leitor poderia se sentir lesado.
Hoje, o meio impresso parece não poder se dar a tal luxo.

sexta-feira, 6 de março de 2020

Olha o vírus! Vale a pena ver de novo como a Manchete cobriu a gripe asiática que chegou ao Brasil em 1957


A primeira reportagem da Manchete sobre a gripe asiática era assinada
por Carlos Lemos. O detalhe é que um redator posou para a foto de "homem gripado". Nada mais explícito.
Clique na imagem para ampliar.

A segunda, por Newton Carlos. 
Os "conselhos" da Manchete não diferiam muita das recomendações
atuais contra o coronavírus. Além de lavar as mãos, a revista recomendava: "Fuja dos perdigotos!".
Clique na imagem para ampliar.


A gripe asiática não poupou celebridades. 

Ontem como hoje, o vírus chegou ao Vaticano. Para receber benção
papal só desinfetando antes as mãos. Com álcool puro, o gel ainda não existia.
Entre 1957 e 1959, O Brasil "importou" o subtipo do vírus H2N2 que deflagrou a epidemia que ficou conhecida como "gripe asiática". O vírus entrou no Brasil em Porto Alegre , infectou um terço da população local e espalhou-se por todo o país. Embora o surto tenha se esvaziado em 1959, casos foram registrados até 1963. Os meios de comunicação, tal qual agora diante do coronavírus, se mobilizaram para explicar à população as características da gripe e os cuidados necessários. Manchete publicou "conselhos". Laboratórios no Rio, São Paulo e Belo Horizonte logo isolaram o vírus. No mesmo ano, 1957, uma vacina começou a ser produzida em Manguinhos. Quando pronta, foi estabelecida uma hierarquia: primeiro vacinaram o presidente da Republica, depois os responsáveis pela ordem pública, os médicos e, por fim, o populacho.

Justiça reconhece vínculo trabalhista de motorista de aplicativo. Na França

A Corte de Cassação da França determinou que a relação entre a Uber e um motorista do aplicativo caracteriza um contrato de trabalho.
Na base da decisão da justiça francesa está a constatação de que ao conectar-se à plataforma digital Uber o motorista estabelece uma relação de subordinação diante da empresa. Consequentemente, não é um trabalhador autônomo, mas um empregado. A notícia está no RFI.
A decisão evidencia - e esse é um problema que muitos países enfrentam - a necessidade de novos dispositivos jurídicos para proteger trabalhadores assalariados ou não.
Contaminada pelo neoliberalismo que elimina direitos no Brasil, instâncias superiores da justiça brasileira têm decidido em direção contrária e não reconhecem a responsabilidade trabalhista dos aplicativos. A exploração de mão de obra barata é livre.


quinta-feira, 5 de março de 2020

A "saia justa" da mídia neoliberal diante do "pibinho" do queridinho Guedes...

Pra quem tem saco, é divertido acompanhar os delírios da cobertura de economia da mídia neoliberal.

Bolsonaro vive atirando na imprensa. Mas as reações agressivas do Bozo miram muito mais as críticas que os veículos fazem às políticas setoriais do governo na educação, cultura, meio ambiente, política externa, às denúncias de corrupção que envolvem o clã, como no caso das rachadinhas, e as chamadas questões de costumes. Quanto à política econômica, Bolsonaro está tranquilo, tem o forte apoio da mídia, que idolatra Paulo Guedes e o considera o único brasileiro essencial hoje em dia, o resto até o coronavírus pode pegar.

Por isso, os veículos engajam suas equipes de jornalistas de mercado e se esforçam para bater bumbo quando números supostamente positivos são divulgados. Não raro, a turma exagera o alcance e o real impacto das estatísticas ou previsões cor de rosa, que quase sempre se revelam frágeis. Poucos dias depois, são vexaminosamente desmentidas pelos fatos. Seria até covardia agrupar notícias dos jornais ao longo de 2019 sobre a cenografia do "crescimento" anunciado, festejado e, em seguida, frustrado.

Façamos esse passeio por títulos e chamadas apenas do dia de hoje, pontuando com uns poucos recortes publicados ontem. O clima nas redações, vale o escrito, é dramático. Paulo Guedes é poupado. As matérias parecem atribuir o "pibinho" de 2019 a um agente não determinado, um paranormal, talvez, não à política do Guedes, uma espécie de ministro-corretor voltado para o marcado financeiro e que parece não saber conjugar os verbos fazer, construir, desenvolver, criar (empregos, por exemplo).


Guedes renova promessa de crescimento. Será? No seu primeiro ano, a economia cresceu apenas 1,1
e voltou ao patamar de 2013. Mas o ministro vende ao Globo nova pirotecnia artística
e diz que o Brasil crescerá 2% em 2020.






O Globo, ontem, festejou pesquisa do Banco Central, apontando crescimento em 12 estados no ano passado, o mesmo período do "pibinho" agora revelado pelo IBGE. O BC fez essa pesquisa entre um bloco e outro do carnaval? Ao pé da mesma matéria, o Globo diz que o crescimento dos estados não resultou em criação de empregos. Que crescimento é esse que não precisa de mão de obra? Eu, hein?


A mídia também avisa, só hoje, que o consumo das famílias cresceu menos do que em 2016. Ué? E no ano passado não alardearam que o consumo das famílias crescia por três meses seguidos. Então nem a liberação do FGTS ajudou? A razão para isso, segundo os especialistas, é o mercado de trabalho fraco. Não digam! Descobriram agora que o desemprego afeta o consumo? Onde passaram os últimos anos, em Marte? 



Nesse campo, o do consumo, um jornal fora do eixo Rio-SP, o Diário Gaúcho, pode ter matado a cobra e mostrado a manipulação dos números. Lá, a cesta básica subiu quase 14% (a inflação oficial está em 4,3%. É mentira, Terta?  Aliás, a comparação entre a inflação oficial e os preços reais praticamente sumiu da mídia neoliberal.



E Guedes diz sem ficar ruborizado que o crescimento pífio está dentro do previsto. Quer dizer então que o "pibinho" dele foi meticulosamente planejado ao longo de 2019? Então tá, chegou lá, tem motivos para comemorar. Está no Globo digital.

Já o jornal Zero Hora preferiu deixar claro que o "pibinho" do Guedes é o pior em três anos. Os demais evitaram a comparação explícita.


O Estadão apenas lamenta. Está triste. É um título choroso. "Coitado do Guedes", parece dizer.


Para o Globo, Guedes já tem álibis para novo fracasso em 2020. O coronavírus pode contaminar o bi do  "pibinho". Equivale a dizer que o ministro não tem culpa, é apenas um tremendo azarado.



O presidente da Câmara defende que o Estado invista. Parece admitir que o capital privado não vai aparecer, como quase sempre. Difícil é o o "Estado mínimo", como defende o neoliberalismo selvagem, que o desmontou, se tornar o máximo para voltar a fazer o país crescer.


E a Folha mostra que tudo acaba em piada... Ou pode não ser piada. A ironia vai pro gabinete do Guedes?

A mídia se vacina contra fake news sobre coronavírus

Uma das atitudes corretas na luta contra o coronavírus diz respeito à mídia. É combater a onda doentia de fake news impulsionada por irresponsáveis, bolsões de idiotas e até certos porões de fanáticos religiosos. Para isso, está em curso um projeto de colaboração global entre organizações de fact-checking para rebater boatos e combater a desinformação sobre a epidemia do coronavírus Sars-CoV-2. Segundo o Knight Center for Journalism in the Americas, 91 organizações de fact-checking de 40 países já aderiram ao CoronaVirusFacts Alliance. Do Brasil, participam: Aos Fatos, Agência Lupa, Agence France-Presse (AFP), Animal Político, Chequeado, ColombiaCheck, Ecuador Chequea, Efecto Cocuyo, Estadão Verifica e La Silla Vacía.

Você pode conferir no twitter uma lista de checagem de informações sobre a pandemia AQUI

E hoje, The Telegraph publica matéria que ajusta a dimensão, os riscos e o cuidados em relação ao coronavírus. Alguns tópicos:

* Não se preocupe com os políticos, os especialistas estão no comando. A estratégia é 'achatar a curva epidêmica' - você pode ajudar lavando as mãos.

* O pânico nunca é uma boa opção, mas a máxima britânica "keep calm and carry on" também não é.  A frase famosa tem um histórico sombrio que remonta à pandemia de gripe espanhola de 1918 e quase certamente custou muitas vidas.

* O truque para sobreviver a uma pandemia (ou pelo menos melhorar suas chances) é se informar adequadamente dos fatos, alterar seus comportamentos de acordo com o problema e seguir adiante com sua vida.

* Incentivar a lavagem frequente das mãos, a instalação de quarentenas locais, como vimos na Itália, o fechamento de escolas e o cancelamento de eventos públicos estão entre uma longa série de medidas de "mitigação" que podem funcionar se implantadas no momento certo e nas circunstâncias certas.

terça-feira, 3 de março de 2020

Vida de jornalista: biografia de Geneton Moraes Neto será lançada hoje


"Geneton, Viver de Ver o Verde Mar" (Cepe Editora), biografia do consagrado jornalista, escritor e cineasta  pernambucano, será lançada hoje, na Livraria da Travessa, Shopping Leblon, às 19 horas. O livro é de autoria dos jornalistas Ana Farache e Paulo Cunha. Falecido em 2016, aos 60 anos, no auge da produção intelectual, Geneton Moraes Neto é retratado em 250 páginas e dezenas de fotos representativas da sua brilhante trajetória profissional, além de vários depoimentos de colegas e amigos. O jornalista começou sua carreira no Diário de Pernambuco. Seu último posto foi no Fantástico, da TV Globo.

Vazou! Atleta é vítima de roubo de fotos íntimas

Paige Spiranac/Reprodução Instagram

Eleita informalmente por jornalistas esportivos dos Estados Unidos como uma das mais belas atletas do mundo, a jogadora de golfe Paige Renée Spiranac, 26, é a mais recente vítima de vazamento de fotos íntimas na internet.

Paige em ação. Foto:Instagram
Paige prestou queixa contra um ex-namorado que teria compartilhado com amigos uma série de imagens que ela chama de "extremamente sensíveis", feitas há alguns anos.

"As pessoas dizem sempre para não fazer esse tipo de fotos. Parece divertido e sexy, mas será que vale a pena o risco? Muitos de nós já o fizemos",  desabafou a atleta em podcast na sua página pessoal.

Nascida em uma família croata, Paige praticou ginástica olímpica e disputava vaga olímpica, aos 12 anos,  quando sofreu uma fratura no joelho. O acidente a levou, posteriormente, a treinar golfe.

domingo, 1 de março de 2020

Japão mantém tradicional Festival de Nudez. Coronavírus disse "Oba!"

Sem medo do coronavírus, apesar de quase mil casos e oitos mortes já registradas, os japoneses mantiveram a realização de um tradicional  festival de nudez. A ideia é que todo mundo pelado faça votos de um ano novo de prosperidade. Bafo no cangote, como se sabe, é um ótimo jeito de receber uma dose de Covid19, o nome oficial do bicho. Veja o vídeo AQUI

Coronavírus Ltda: ô lelê, ô lalá...vamos faturar...

O mercado impõe sua lei a qualquer custo. A pandemia de coronavírus causa prejuízos e pode levar a economia global para a UTI.  Mas há setores que estão faturando. Fabricantes de gel e de máscaras cirúrgicas, por exemplo, e a industria farmacêutica.
Na Amazon, o preço da máscara, embalagem com 100 peças, quadruplicou nas últimas semanas. A informação é do Mashable.