sexta-feira, 20 de maio de 2016

Viu isso? USA Today informa que o Brasil receberá a visita da Arca de Noé.





O Brasil vive dias pra lá de esquisitos. Por isso, nada mais natural que, segundo o USA Today, o país receba a visita da arca de Noé ainda neste ano.

A réplica em tamanho real virá da Holanda, onde foi construída pelo engenheiro e carpinteiro Johan Huibers, há quatro anos, e está aberta à visitação. Segundo o jornal, a arca, que é funcional e vem navegando (já que Noé não previu velas, a arca holandesa certamente tem um motor nada bíblico), O capitão Noé vai atracar em vários portos brasileiros, antes de seguir para os Estados Unidos. Uma fundação está arrecadando fundos para custear a viagem.

Comédia: político recebe missão de construir a arca de Noé.
Huibeer teve a "inspiração" para construir a coisa após um enchente homérica na sua cidade, na Holanda.

Ele replica na vida real o roteiro do filme "A Volta do Todo Poderoso", comédia que conta a história de um político maluco que teve uma ""visão" de um grande temporal e recebeu a missão de construir uma arca em Washington.

O jornal não informa se a arca trará animais. Aparentemente quem a visitar poderá ver apenas exibições virtuais. Melhor assim, porque no Brasil há leis que proíbem animais em circos e regulamentam zoológicos particulares.

A matéria também não informa se a visita já é consequência da política cultural do novo governo.

Peido apocalíptico prejudica aula em colégio da Tijuca e se transforma em questão nacional

Reprodução Whatsapp



por Omelete 
Um aluno do Colégio Palas, na Tijuca, no Rio, foi advertido, por escrito, por supostamente ter soltado um peido (ou pum, na versão infantilizada adotada por aí) devastador em plena sala de aula. Segundo o comunicado enviado ao responsável pelo estudante, a continuação da aula foi prejudicada pela atmosfera do ambiente depois do petardo orgânico. O fato não é inusitado, mas ter resultado em advertência formal provavelmente é coisa inédita na didática nacional.

Há vários pontos a comentar sobre o incidente:

- O gás resultante deveria ter sido analisado. Parece ser mais poderoso do que os gases de pimenta e paralisante utilizados para controlar multidões ou em defesa própria. 

- Não fica claro se o gás foi poderoso ou se foi de intensidade razoável e a ventilação da sala é que é precária. 

-Aparentemente, o autor da advertência foi seriamente afetado pelo gás, só assim se explica ter escrito "mal odor". Vai precisar passar por uma reciclagem respiratória. 

- Não foi informado se o petardo foi do tipo sonoro ou da categoria silencioso, considerada mais mortal.

- O comunicado pede que "tal fato não volte a ocorrer". Não foi divulgado que tipo de precaução será tomado: o aluno usará cueca a vácuo?; só será autorizado a peidar na hora do recreio e do outro lado do pátio?; seguirá dieta de astronauta? (dizem que a NASA foi obrigada a desenvolver tecnologia especial para o problema ou as viagens espaciais seriam inviabilizadas); nem se o colégio criará uma área especial denominada Espaço Pedagógico para Liberação de Gases Pessoais Categoria Arrasa-Quarteirão.

O caso é serio. Segundo a revista Mundo Estranho publicou certa vez, uma pessoa normal empesta o ambiente de 12 a 25 vezes por dia, liberando até 1 litro e meio de gases. Boa parte das pessoas tem preferência por abrir a válvula dentro de elevadores. Daí a preocupação: se o gás da Tijuca interditou uma sala, caso teor semelhante seja solto em uma elevador as consequências podem ser catastróficas.

Com a repercussão do caso nas redes sociais, fala-se que o governo Temer e os ministérios da Educação e do Meio Ambiente devem se pronunciar sobre o grave incidente.

Parece mesmo um caso típico para estudo dos novos dirigentes.

Especula-se que, finalmente, Temer criará o órgão que Chico Buarque sugeriu há muito tempo: o Ministério do Vai Dar Merda. O titular não foi escolhido mas sabe-se que será do PMDB, cujo programa partidário tem capítulos dedicados ao assunto.

Uber testa carro sem motorista. Nos Estados Unidos...


por Niko Bolontrin
Segundo a revista Time, o primeiro carro do Uber, sem motorista, já está circulando em fase de testes nas ruas de Pittsburgh, no Estados Unidos. Com tecnologia própria do aplicativo, um Ford Fusion do aplicativo foi equipado com sensores, scanners a laser, radares e câmeras de alta resolução, além de dados de cartografia.

O Uber alerta que o carro com capacidade de autocondução ainda dá seus primeiros passos e só será levado à prática quando for absolutamente seguro para os usuários e terceiros.

O Centro de Tecnologia Avançada do Uber realiza experimentos com veículos autônomos há vários meses. Outras companhias testam há alguns anos carros de transporte e de passageiros e os especialistas não têm dúvidas de que os táxis com motoristas começarão a se tornar retrôs a partir de 2020. Veja o vídeo na página da Time, clique AQUI

Blake Lively incendeia a internet com frase considerada politicamente incorreta...

por Clara S. Britto
Não apenas Sonia Braga provoca polêmica em Cannes. A atriz Blake Lively abalou a rede ao postar uma foto frente e verso adentrando o tapete vermelho do festival.

Ela mostrou a cena no twitter ao lado de um comentário que tornou uma bomba midiática: "Rosto de L.A e bunda de Oakland".

Explica-se; Oakland é uma das cidades americanas com maior presença de diversidade social e onde brancos são minoria frente a negros, hispânicos e asiáticos. Duas dessas etnias são famosas pelo gene que atribui às mulher bundas espetaculares.

O comentário foi considerado um exemplo de insensibilidade racial e Blake Lively virou alvo das redes sociais. A atriz se defendeu com o argumento de que a expressão é do rap "I like big butts", de Mc Hammer, negro nascido e criado em Oakland.


quarta-feira, 18 de maio de 2016

Sônia Braga: cinema de resistência e opiniões idem...

(por Vasco Câmara, para o Público)
Há quem tenha vindo por causa da memória dela em Dona Flor e seus dois Maridos (Bruno Barreto, 1976). Mas para ela, evocar uma era do passado não é apenas um trabalho de pura nostalgia, o tempo de um set e o que eles juntos faziam lá  - com Jorge Amado e com Zélia Gattai, com José Wilker… - é  pura alegria. “Não é nostalgia, é  uma coisa feliz. Um filme transmite felicidade a muitas pessoas e é isso que queremos, dar-lhes uma consciência, mas principalmente diverti-las”. Eis Sônia Braga, 66 anos, a intérprete de uma esplendorosa personagem, Clara, de um esplêndido filme, Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, durante a conferência de imprensa em Cannes. “Filme foda!”, gritou um jornalista brasileiro.

Sônia vive entre Niterói e Nova Iorque. Há muito que não faz telenovelas, mas sublinha imediatamente: “A televisão é muito importante no Brasil. As pessoas não têm tempo nem dinheiro para ir ao cinema e ao teatro.” Logo a seguir a filha de uma costureira que criou sete filhos, a rapariga que deixou a escola aos 13 anos e que se tornou nos anos 70 e 80 num ícone do cinema e da televisão brasileiros, faz uma declaração essencial: isso não pode servir para menosprezar a “inteligência e a sofisticação dos pobres” no Brasil.

“O problema é com os ricos. Querem tirar a todos tudo o que eles têm e querem fazer as cidades feias”. Sônia, cuja linha de pensamento seria continuada por um colega actor, Humberto Carrão (ao falar na “falta de educação dos ricos”), referia-se ao contexto da personagem no filme, uma sexagenária, a única habitante de um edifício do Recife dos anos 40, que, não querendo abandonar as suas memórias, torna-se um foco de resistência para os projectos de uma imobiliária e da sua ferocidade.

“Viemos todos de sítios diferentes, mas estamos aqui. Temos de estar juntos, não importando de onde viemos, para fazermos todos juntos a democracia”. Sônia está então a falar de várias coisas que esta ficção absorveu, e que é o tempo que o Brasil vive hoje. Na terça-feira, ao subirem à red carpet para a gala de Aquarius, Sônia e a equipa, Kleber e os restantes actores, viraram-se para as câmaras e empunharam cartazes a denunciar o “golpe” - o processo de destituição da Presidente brasileira Dilma Rousseff - que entendem estar a ocorrer no Brasil. “Ocorreu um golpe de Estado no Brasil”, lia-se num dos cartazes. Outro: “O mundo não pode aceitar este Governo ilegítimo”. “Chauvinistas, racistas e golpistas como ministros”. “54.501.118 votos incinerados”.
LEIA MAIS NO JORNAL "PÚBLICO", DE PORTUGAL, CLIQUE AQUI

Não vai faltar assunto. Todos os arquivos obtidos por Edward Snowden serão publicados pelo site The Intercept. A ideia é que o material sirva de fonte de investigação para jornalistas de todos os países

por Jean-Paul Lagarride
O site The Intercept, do jornalista Glenn Greenwald, decidiu publicar todo o conteúdo dos arquivos da NSA denunciados por Edward Snowden.

Greenwald explica que duas normas orientavam a divulgação dos documentos: deveriam ser contextualizados e embasados por apurações jornalísticas e salvaguardariam a reputação de pessoas inocentes. Há poucos dias, The Intercept anunciou nova fase no modo de tratar a extensa documentação. O site passa a publicar todos os lotes de informações do programa norte-americano de espionagem mundial e vigilância de instituições e pessoas. O primeiro lote reúne 166 documentos a partir de 2003. Em seguida, entrarão outras fases das denúncias até que todo o material torne-se do conhecimento público e atraia cada vez mais parceiros interessados nas suas análises.

Glenn Greenwald chama a atenção de que há relatórios top secret, fundamentados e significativos, mas há também diários de viagens e férias dos analistas, além de fanfarronices e relatos cujo único objetivo era justificar orçamentos ou impressionar supervisores. Há muita coisa com erros primários e simples cópias de material publicado em jornais.

A maioria fornecerá pistas ligadas a vários países para novas investigações jornalísticas. E está aí o objetivo principal da decisão de "abrir" todo o material: que sirva de fonte para novas matérias.

Greenwald alerta que cada lote liberado passa por avaliação e checagem por parte de editores e repórteres do Intercept para evitar danos à reputaçaõ de pessoas não comprometidas com crimes e geralmente grampeadas em conversações privadas não ligadas aos atos focalizados.

PARA SABER MAIS SOBRE ESSE ASSUNTO, VISITE THE INTERCEPT, CLIQUE AQUI


A nota saiu pela culatra: colunista tenta agradar governo pós-golpe, ofende mulheres e é suspenso do jornal...






(da Revista Fórum) 
O colunista Gilberto Amaral, do Jornal de Brasília, foi suspenso por sete dias após a repercussão de uma nota considerada machista, que foi ao ar na segunda-feira (16). A publicação, com o título “Feministas”, afirmava que a beleza de Marcela, esposa do presidente interino Michel Temer, já era o suficiente para representar “o charme e a elegância da mulher brasileira”.

O comentário de Amaral surgiu depois que o governo foi criticado pela falta de diversidade na formação dos ministérios, que não possuem nenhuma mulher no comando. As declarações do colunista viralizaram na internet e renderam uma enxurrada de comentários acusando o veículo de misoginia.

Confira a nota completa do Jornal de Brasília, que se retratou com os leitores.

Foi uma vergonha. Nenhuma palavra de desculpa pode minimizar a intensidade com que uma nota publicada hoje pelo Jornal de Brasília afetou cada uma das mulheres do nosso Brasil. Aqui lidamos com palavras que podem ter a mesma força que uma imagem exibida na televisão. Nós vimos isso. Sentimos isso.

Eu sei disso. Vivo isso. Ninguém liga se o trabalho é feito sem maquiagem, com o cabelo bagunçado ou de tênis. Ou não deveriam ligar. O que deve importar é o trabalho, a competência, o que é publicado diariamente nas linhas do impresso que persiste, apesar dos golpes das diversas crises. E o que foi publicado me envergonhou como mulher, como profissional, como brasileira.

Escrevo aqui em primeira pessoa para demonstrar, em nome das mulheres da redação, a indignação, a revolta e a tristeza com um pensamento misógino que saiu no próprio veículo em que trabalho e que escancarou falhas. Falhas de conceituação, de responsabilidade e de empatia. Jamais deveria ter sido publicado.

A vergonha foi tanta que, por momentos, ficamos sem reação. O erro estava claro e estampado na página 14 da edição impressa desta segunda-feira, 16 de maio, que logo espalhou indignação pelas redes sociais – local mais que apropriado e democrático para confirmar o pecado. Fomos bombardeados e concordamos com quase todos os questionamentos. Acho que, ao fim do dia, teremos várias lições.

Como jornalistas, compreendemos que erros devem ser admitidos. Como mulheres, que temos força para questionar retrocessos e para lutar por espaço e direitos. Como cidadãos, que a democracia só existirá por completo quando houver representação feminina em todos os âmbitos da sociedade. Ainda não passamos da ponta do iceberg do problema.

Marcela Temer é linda, sim. Mas, sozinha, não representa a mulher brasileira. A mulher brasileira não tem um perfil. Tem vários. São várias. Somos várias. Por muito tempo, nós ficamos presas a exatamente esse mesmo tipo de visão exposta de forma vergonhosa hoje. Mas lutamos todos os dias contra essa maré. Conquistamos, mais do que tudo, poder de escolha. E escolhemos não nos submeter a um pensamento retrógrado que reduz a feminilidade apenas ao conceito de beleza. Somos mais do que isso.

Jéssica Antunes, em nome de todas as mulheres do Jornal de Brasília

LEIA NA REVISTA FÓRUM, CLIQUE AQUI


terça-feira, 17 de maio de 2016

Silvia Salek, da BBC Brasil: o dedo na ferida...


(por Silvia Salek, da BBC Brasil - link abaixo)
Há muitos e muitos anos, em uma redação brasileira, recebi uma "chamada" de um editor. Era para eu selecionar menos negros como personagens. Na época, eu saia diariamente com a missão de encontrar pessoas que pudessem ilustrar, com foto e relato, reportagens das mais variadas. Entre jornalistas, era comum ouvir que, em páginas de certas publicações, negros eram praticamente banidos. E, como parte da racionalização deste verdadeiro absurdo, ouvi algumas vezes o exemplo de uma publicação que, com um negro na capa, praticamente encalhou. Era uma conversa que começava em tom alarmado de denúncia e terminava em tom de resignação. O culpado era o mercado. Afinal, a imprensa estava apenas respondendo à demanda do público.
Será? Nós, profissionais da imprensa, devemos fazer algo para mudar isso? Poderia dizer que, sim, "porque estamos em 2016", parafraseando o uber-cool primeiro-ministro canadense que deu essa resposta ao ser questionado, no ano passado, sobre o porquê de tantas mulheres e minorias em seu gabinete. Mas tenho a impressão de que essas frases de efeito só tocam corações convertidos.
Leia também: Quatro polêmicas que marcaram os primeiros dias do governo Temer
Enviei para minha equipe uma mensagem de WhatsApp pedindo que a gente usasse a polêmica em torno do gabinete de Michel Temer para fazer uma autocrítica, uma reflexão sobre nosso papel como parte do problema. A falta de representatividade na nossa equipe merece essa autocrítica. Nossa diversidade étnica é baixíssima e são poucos os profissionais fora do eixo Rio-São Paulo. Mas, na mensagem, me referia especificamente ao conteúdo que produzimos.
LEIA A MATÉRIA COMPLETA NA BBC BRASIL, CLIQUE AQUI

Página oficial de Cannes registra protesto contra o golpe jurídico-legislativo no Brasil. TV francesa repercute a cena





O elenco do filme brasileiro Aquarius, dirigido por Kleber Mendonça Filho, que concorre à Palma de Ouro, denunciou, hoje, em Cannes, o golpe de Estado no Brasil. Sonia Braga, que atua no filme, participou do protesto. 
.
VEJA O VÍDEO, CLQUE AQUI


E A FOLHA DE SÃO PAULO MENTE...



O JORNALÃO DA FAMÍLIA FRIAS DIZ QUE O PROTESTO FOI 
CONTRA O "IMPEACHMENT". 
NÃO FOI.  
FOI CONTRA O GOLPE, COMO ESTÁ CLARAMENTE ESCRITO NOS CARTAZES. 

SUPONDO QUE OS EDITORES DEVEM SABER LER EM INGLÊS, 
APENAS OPTARAM POR FALSIFICAR A INFORMAÇÃO.

Biblioteca Digital Luso-Brasileira: cultura e história ao alcance de um clique.

Rio comemora o Centenário da Independência (da Biblioteca Nacional do Brasil

Inquisição; ordem do Papa para prender em nome da fé "astrólogos, adivinhos e matemáticos". (da Biblioteca Nacional de Portugal)

por Ed Sá 
Foi lançada na semana passada a Biblioteca Digital Luso-Brasileira (BDLP), uma parceria entre a Biblioteca Nacional do Brasil e a Biblioteca Nacional de Portugal. O portal reúne dados de dezenas de instituições culturais dos dois países. Cerca de dois milhões de documentos já estão digitalizado e o trabalho continua. A ideia é integrar progressivamente acervos de livros, fotos, revistas, jornais e registros históricos de bibliotecas de todos os países de língua portuguesa. 

A BIBLIOTECA DIGITAL LUSO-BRASILEIRA PODE SER ACESSADA AQUI


A Telemundo conta com a Rio 2016, a Copa das Confederações de 2017 e a Copa do Mundo de 2016 para se tornar a maior rede de TV do continente.

Centro Internacional de Transmissão (IBC) da Rio 2016. Foto de Ricardo Cassiano/PMRJ

por Niko Bolontrin
Faltam menos de três meses para as Olimpíadas. Às voltas com a crise política, e com a politização até do ar que respira, com a já tradicional torcida do contra etc, o Brasil só agora começa a entrar lentamente no clima no embalo da tocha olímpica que percorre as cidades.

O Rio, como Cidade Olímpica, já vive um pouco mais os Jogos, embora sofra com os transtornos e engarrafamentos provocados por dezenas de obras de infraestrutura. São altos os índices de ocupação prevista para hotéis, hostels, pousadas, apartamentos, casas e vagas disponibilizados por particulares para os visitantes.

Mas o interesse ainda não disparou.

Os patrocinadores ainda não se mobilizaram para cooptar a cidade. Em Londres, nessa época, algumas campanhas já estavam nas ruas, especialmente peças institucionais e outdoors que convidavam a população a se integrar ao espírito olímpico.

Lá fora, contudo, distante dos interesses e conflitos políticos que abalam o Brasil, as corporações já subiram no pódio do faturamento com um dos maiores eventos esportivos do mundo. A Telemundo, por exemplo, conta com a Rio 2016 e a Copa do Mundo de 2018, na Rússia, para ocupar mais espaço não só entre as grandes redes da TV americana e a Univision, mas no continente, atualmente o mercado que mais cresce. O foco é dominar de vez a enorme audiência hispânica, com alguns reflexos na relativamente pequena comunidade de brasileiros nos EUA, e se tornar a maior referência jornalística e de entretenimento nos demais países de língua espanhola.

O executivo Cesar Conde, presidente da NBCUniversal International Group e da NBCU Telemundo, comanda a ofensiva da rede junto a anunciantes e avisa que, nesse projeto, o esporte tem papel fundamental: o caminho para a Copa de 2018 começa da Rio 2016 e passa pela Copa das Confederações de 2017, antes de chegar Moscou, principalmente no destaque que será dado à cobertura do futebol.

Como a única rede que apresentou crescimento real nos Estados Unidos, em 2015, a Telemundo vem com tudo para o Rio, segundo Cesar Conde em entrevista ao site Adweek.

domingo, 15 de maio de 2016

Na capa da Piauí, de maio, o rei peladão...


O rei circula entre tios e tias colunistas. Reprodução
A capa da edição de maio da revista Piauí traz Temer como o rei nu de Hans Christian Andersen. Pode ser emoldurada e colocada na mesinha de cabeceira de alguns articulistas.

O rei circulava nuzão com os penduricalhos e girar, mas era tão poderoso que todos o viam vestido com ricos mantos, pedrarias e veludos. Nos últimos dias, na grande mídia, Temer, com seus assessores e núcleos duros e moles, foi mais elogiado do que a Madre Teresa de Calcutá nos seus melhores momentos. No conto de Andersen, uma criança inocente, sem nome citado na Lava Jato, desmascara a nudez do rei. Em Brasília isso vai ser difícil. O Palácio do Planalto e o que acontece lá dentro não são recomendáveis para crianças.

New York Times critica políticos do novo governo e alguns jornalistas ficam indignados...

A "República do PMDB" acusou, literalmente, o golpe. Enquanto a nova cúpula e a mídia ainda comemoravam a "vitória", o New York Time disparou um canhonaço sobre o afastamento da presidente, em forma de editorial, sob o título "Tornando pior a crise do Brasil". Leia os tópicos que deixaram o novo governo "acima de qualquer suspeita" e seus apoiadores histéricos:
* "Dilma tem o direito de questionar os motivos e a autoridade moral dos políticos que buscam derrubá-la. A presidente brasileira, que foi reeleita em 2014 para um mandato de quatro anos, tem sido uma política ruim e uma líder abaixo do esperado. Mas não há nenhuma evidência de que ela abusou de seu poder para obter ganhos pessoais, enquanto que muitos dos políticos que orquestraram sua expulsão foram implicados em um esquema de propina enorme e outros escândalos".

* "As recentes investigações de corrupção, que expuseram a elite governante podre, deixa os brasileiros indignados. Se o mandato de Dilma for interrompida, os brasileiros devem ser autorizados a eleger um novo líder prontamente. Uma nova eleição poderia ser realizada, em breve, se um tribunal eleitoral, que vem investigando alegações de que o dinheiro do escândalo Petrobras infiltrou-se a campanha de Dilma 2014, invalidar sua última vitória. Alternativamente, o Congresso poderia aprovar uma lei convocando uma eleição antecipada.

* "Enquanto Dilma não conseguiu governar o país de forma eficaz, os senadores que saboreiam sua saída devem se lembrar que a presidente foi eleita duas vezes. O Partido dos Trabalhadores ainda tem apoio considerável, particularmente entre os milhões que retirou da ao longo das últimas duas décadas".

* "Dilma paga um preço desproporcionalmente alta para o erro administrativo, enquanto vários de seus detratores mais ardentes são acusados ​​de crimes mais flagrantes".

JORNALISTAS QUE APOIAM O GOLPE 
SOBEM NAS TAMANCAS 
CONTRA O NEW YORK TIMES


O Diário do Centro do Mundo publicou comentários de alguns jornalistas que surtaram ao ler o editorial do NYT.

Neonazistas ameaçam jornalista


Deu no Extra espanhol: um homem encapuzado agrediu com um soco a editora do satírico semanal El Jueves, Mayte Quílez.

O motivo foi a publicação da capa acima, denunciando e ironizando o avanço do neonazismo na Europa.

O ataque ocorreu quando a jornalista saia de casa e foi abordada pelo agressor. A revista já vinha recebendo ameaças através da internet.

Mayte Quilez recebeu mensagens de apoio no Twitter e, ao agradecer, declarou que não se intimidará.


O jornal El Jueves comprou a briga da editora e publicou uma mensagem provocativa relembrando aos nazista a Batalha de Salingrado, quando o Exército Vermelho, da União Soviética, dizimou as tropas de Hitler e impôs a derrota que marcou a virada definitiva da Segunda Guerra Mundial em favor dos aliados.


Dra. Coxinha volta às aulas mas é "homenageada" com cartaz de golpista...



A advogada golpista Janaína Paschoal, que teve um ataque messiânico viralizado na web ao defender a derrubada da Dilma Rousseff em descabelada performance na faculdade de Direito do Largo do São Francisco, em São Paulo, com direito a estranha coreografia, reapareceu. Ela, que foi uma das assinantes do pedido de afastamento de Dilma, voltou a dar aulas essa semana após a perambulação conspiratória.

Foi recebida com uma cartaz que traduz sua nova fama. Veja no canto esquerdo da reprodução, no alto, de um post do Facebook.


sexta-feira, 13 de maio de 2016

Para mulher do ministro da Casa Civil de Temer, Eliseu Padilha, citado na Lava Jato, é "bobagem" reclamar da falta de mulher no ministério. "Daqui ha pouco serão os indios, os gays", retuitou





Simone Camargo, mulher de Eliseu Batista, postou uma crítica sobre a ausência de mulheres no ministério do governo pós-golpe. Depois fez um certa ginástica mental para desmentir. Não se sabe se foi enquadrada pelo maridão Eliseu Padilha. Este, citado na Lava Jato, não deve querer marola perto dele. Ainda ainda mais agora que, com a nomeação, ganhou foro especial e está fora do alcance do juiz Moro e quer mais é tranquilidade.

Logotipo do governo pós-golpe de Temer vira piada

Logotipo oficial do governo depois do golpe. 

Miley Cyrus, ordem e progresso, agora vai...

A grávida de Taubaté 

Risos com lágrimas

Chaves acredita
Casseta e Planeta aposta


A Globo também. Reproduções Facebook

Sex Factor: reality show proibido para maiores vai pagar 1 milhão de dólares ao vencedor


por Ed Sá 
A indústria pornô vive uma crise séria - como resultado da explosão de sites de vídeos gratuitos na web, principalmente postados por amadores ou produtores caseiros -, mas não perde o tesão.
Com a queda de vendas dos DVDs, não inteiramente compensada pelo volume de vendas do pay-per-view, a grande esperança do mercado XXX é a realidade virtual, que está apenas começando a ser explorada. Com óculos Samsung Gear VR, Mora HTC e outros já disponíveis para as primeiras produções do gênero, o usuário poderá ver uma cena de sexo como se estivesse ao lado dos protagonistas. A indústria espera faturar bilhões de dólares à medida em que essa tecnologia se expandir.
Enquanto isso não acontece, haja criatividade. A revista italiana L'Espresso publica uma reportagem sobre um reality show pornô que reúne oito homens e oito mulheres que jamais foram filmados em cenas de sexo. O vencedor vai levar 1 milhão de dólares para casa, além de um contrato de trabalho. Chama-se Sex Factor. O show terá 10 episódios que poderão ser vistos on-line até o dia 19 de maio e poderão ser baixados em serviços pagos de streaming.

SE PREFERIR, VEJA A MATÉRIA DA L'ESPRESSO, CLIQUE AQUI 

Os bastidores da primeira reunião ministerial do governo pós-golpe

Reunião do MSM (Ministério Sem Mulheres). Foto de José Cruz/Agência Brasil
por Omelete
A foto da primeira reunião dos ministros do Michel Temer lembrou clube do Bolinha. As mulheres não foram convidadas para trabalhar na Esplanada e, portanto, não ganharam crachá para entrar no Planalto. São do recato e do lar. Ou, talvez, estivessem ocupadas: ontem foi dia de faxina para apagar vestígios de Dilma na casa. Muito louça pra lavar, móveis para tirar poeira, precisou comprar muito Silvo ou Kaol pra prataria, botar almofada de sofá e tapetes no sol e ver se ainda tinha pó de café, tubaína, pão e mortadela pro lanche.

O assunto principal foi a bicicleta esquecida de Dilma. Hoje ela foi vista andando a pé. Não ficou resolvido se a bike será mandada para o Alvorada ou se será doada ao Ministério Público de Curitiba.

O pessoal do contra também criticou a ausência de negros. Esse pentelhos politicamente corretos argumentam que Temer até extinguiu o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. Extinguiu, mas isso não quer dizer nada.

Quadro de Djanira.
Foto Roberto Stuckert Filho/PR
Há afro brasileiros no Planalto como se pode ver no quadro de Djanira na sala de espera.

Operário também não apareceu por lá. Dá para entender: depois de 13 anos aturando o primeiro operário e a primeira mulher presidentes, Temer deve estar de saco cheio das duas categorias.

Havia a possibilidade de a reunião ser aberta com uma palestra sobre criacionismo e outra sobre cura gay. Mas isso não se confirmou.

O governo pretende cortar 4 mil cargos de confiança. Parece que não há gente confiável para preenchê-los. Já o pessoal da desconfiança não vai ser mexido, dizem.

Retratos de Dilma serão mantidos, por enqanto, em todos os ministérios. Mas funcionário que quiser receberá um kit de dardos para exercitar a pontaria nas horas vagas.

Temer proibiu falar de crise. Os ministros se viraram para tocar no assunto sem ofender o governo pós-golpe. Vicissitudes, adversidades, perrengue, transtorno, zuera, rolo, confusão e putaria foram as expressões mais ouvidas.

Enquanto a reunião acontecia, vazou na web material do WikiLeaks mostrando que Temer foi X9 da embaixada americana. Ficou decidido que Temer dirá que não se tratava de relatório mas de uma carta extraviada que ele escreveu para o seu amigo Joe Biden, aquele ex-vice-presidente dos States que veio ao Brasil e foi recebido por Dilma que não convidou Temer para um chopinho no Planalto junto com o americano.

Tecnicamente, Temer deve ser chamado de "presidente interino" e Dilma de "presidente afastada". O interino não está feliz com essa terminologia. Pensa em importar do Vaticano a liturgia católica. Lá há dois papas, Bento e Francisco. Só que Francisco é chamado de papa, e não se fala mais nisso, e Bento de papa emérito.

Os novos marqueteiros do governo vão tentar convencer a mídia a tratar Temer como "presidente" e Dilma como "presidente afastada" mas incluindo a hastag que será atualizada diariamente #tchauqueridafaltam178dias.

Deu no DCM: jornalista é demitido depois de criticar post da mulher do presidente da Abril sobre o Nordeste

por Kiko Nogueira (para o Diário do Centro do Mundo)

Conheci Gil Felisberto na Viagem e Turismo, revista que dirigi. Talentoso, bem humorado, competente, Gil estava trabalhando na revista Exame.

Um dia depois de criticar, em seu Facebook, a postura racista da mulher do presidente de Abril, Cristina Partel, Gil foi demitido.

Cristina, caso você não saiba, escreveu o seguinte a uma amiga: “O Nordeste colocou Dilma no Planalto, agora um nordestino não quer deixa-la sair. Depois dizem que somos preconceituosos, será mesmo?”





Gilvan fez o comentário abaixo.




Eis a carta aberta de Gil, dirigida a Walter Longo. 

 Caro Walter Longo,

Venho por meio desta carta aberta informar que hoje (12/05/2016) eu, Gilvan Felisberto da Silva Filho, nordestino e filho de nordestinos, fui demitido da editora Abril. Lá ocupava o cargo de editor de arte I do núcleo digital da revista Exame. Mas na verdade meu trabalho era de designer mesmo, pois fazia de tudo, layouts de matéria da revista impressa, dos especiais e suas versões para tablets e smartphones.

Sempre respeitei a postura política da empresa. Embora afirmem que esta seja imparcial, quem está lá dentro sabe de fato como as coisas funcionam.

Voltando ao assunto da minha demissão. Um dia após publicar um questionamento a um post no Facebook no qual sua esposa criticava a postura de um nordestino em relação à manutenção da presidenta Dilma Vana Rousseff em seu cargo, me pediram para chegar mais cedo. E assim fui informado da demissão. O pretexto foi reestruturação.

O que me causou extrema estranheza foi estarmos prestes a começar a maior edição de um título da Exame, o Maiores e Melhores, que tem cerca de 400 páginas (em média), com uma equipe extremamente reduzida. Fora isso, ainda tínhamos de cuidar da edição periódica da revista Exame. Estavam sendo procurados freelancers para ajudar nesta demanda.
Gil Felisberto

Aceito qualquer que tenha sido o motivo real da minha demissão, honestamente. O que não posso aceitar é que uma pessoa, esposa de um presidente de uma empresa como a editora Abril, use sua rede social para denegrir e/ou ofender um povo que sempre lutou pelo país.

Uma pessoa que casa com um presidente de uma empresa como a editora Abril não pode ignorar, nem deve (até porque ela deve ter estudado história na escola), que o Nordeste carregou o Brasil por séculos nas costas. Mas tudo bem, digamos que ninguém seja obrigado a saber disso. Mesmo assim ela, volto a repetir, esposa do presidente de uma empresa como a editora Abril, tem que saber que o povo nordestino é quem também garante o salário do seu marido.

Até me sinto um pouco envergonhado por eu — um mero designer, que não tem nada no meu nome, nenhum imóvel, carro — precisar dizer que cada ser humano que existe no nosso planeta tem o direito de ser respeitado, independentemente de raça, credo, cor, origem e por aí vai.

Pois, meu caro Longo, deixo aqui registrada a minha indignação. Embora não faça mais parte do quadro de funcionários da editora Abril, quero cobrar (por mim e pelo meu povo) qual a postura da empresa em relação ao comentário de sua mulher. Quero também saber até que ponto isso se reflete na política da Abril, levando-se em consideração que existem muitos nordestinos que ainda trabalham nesta empresa.

O que o senhor falaria para eles agora, depois de tudo isso?

Muito obrigado e sucesso!

Gilvan Felisberto da Silva Filho


LEIA O DCM, CLIQUE AQUI


quinta-feira, 12 de maio de 2016

Memórias da redação: Eli Halfoun, por ele mesmo...

por Eli Halfoun (*)

 “Minha relação profissional com a Bloch Editores começou quando a empresa ainda funcionava na Rua Frei Caneca. Eu era repórter do jornal "Última Hora" e fui levado para a redação da Fatos&Fotos para fazer  frilas na revista em que o Arnaldo Niskier era o chefe de reportagem. Depois de algumas matérias, me afastei. Alguns anos depois, eu já era editor do segundo caderno da UH e também colunista no jornal e voltei à Bloch convidado pelo Genilson Gonzaga para ser o editor de textos da revista Amiga, que estava começando, e era dirigida pelo Moysés Weltman. Depois de ter sido contratado e já trabalhando, percebi que o editor de textos na Amiga acabava sendo mesmo uma espécie de editor-geral. Ocupei o cargo durante muitos anos, até ser promovido a diretor da revista, função que exerci também por longo tempo.

Esse tempo todo na Manchete – a casa e não a revista – teve e tem até hoje um grande significado para mim. Em primeiro lugar, e isso é válido não só no meu caso, mas  para todos os que por lá passaram, a Bloch representou uma garantia de um emprego sólido (naquela época, a empresa pagava rigorosamente em dia). Foi também uma boa escola onde aprendi muitas coisas e principalmente o que não se deve fazer em qualquer revista, mas que, estranhamente, fazíamos lá na Bloch e mesmo assim dava certo. 

É preciso destacar que, na história da editora, a revista Manchete foi a protagonista, o que fazia com que todas as outras publicações, que foram surgindo aos poucos, fossem apenas coadjuvantes, mesmo que muitas vezes funcionassem como grandes astros. Mas tudo o que acontecia de bom era atribuído à  Manchete, que sempre foi inegavelmente o carro-chefe de Bloch Editores. 

Em todos esses momentos, muitas pessoas foram particularmente marcantes para mim. Mas o Adolpho Bloch foi, sem dúvida, a de maior destaque, porque era uma figura humana inusitada, seu comportamento era sempre uma surpresa e quase todas as suas atitudes ou decisões entraram para o folclore da Manchete e do jornalismo. Folclore que, acredito, cada um de nós costuma contar em rodas de amigos. Assim, tenho a impressão que qualquer um de nós, que ficamos anos naquela loucura, terá sempre como episódio marcante daquele tempo alguma  história em que o Adolpho Bloch foi a  figura central. 

Lembro, por exemplo, da ousadia do velho em meio a uma agitada greve de funcionários que gritavam na porta da empresa. Adolpho resolveu deixar sua sala, no oitavo andar, e descer para conversar com os grevistas. Fiquei olhando da janela – a Amiga também funcionava no oitavo andar - e mesmo não sabendo bem o que ele disse, em meio à agitação, percebi claramente quando puxou o bolso da calça e mostrou que estava vazio: ele também não tinha um tostão. Só faltou os funcionários, com salário bastante atrasado, se cotizarem em uma vaquinha para o "pobre" do Adolpho. O fato é que ele falou, falou,  conseguiu diminuir o entusiasmo dos grevistas e pôs fim a greve.

Lembranças impagáveis

Muitas outras histórias interessantes cercaram nossa vida como  profissionais da Bloch. Lembro, por exemplo, quando a Amiga conseguiu uma entrevista exclusiva com o Guilherme de Pádua, preso pelo assassinato da atriz Daniela Perez. Não tive dúvidas e usei uma foto do Pádua para a capa. Quando a capa impressa chegou às mãos do Adolpho, ele me chamou nervoso e reclamou: “Tá maluco? Quem é esse homem que ninguém conhece na capa da revista?” Expliquei, mas nem assim ele ficou convencido. Mas no dia seguinte me chamou outra vez e deu os parabéns porque a edição tinha esgotado a tiragem. Estava tão satisfeito que até mandou pagar um extra para cada um dos repórteres da revista. Dias depois, fui convocado outra vez e aí dei de cara com o Raul Gazolla ( viúvo da Daniela) que reclamava da entrevista feita pela repórter Cláudia Lopes. Ele queria a gravação com as declarações do Guilherme de  Pádua. Tentei enrolar, mas o Adolpho exigiu a fita e a entregou ao Gazolla. 



Ainda sobre o  caso Daniela Perez fiz, logo após a notícia de seu assassinato, uma edição extra e como, naquela altura, as informações ainda eram muito desencontradas, optei por publicar todas as versões que enchiam a cidade de boatos, além é claro de usar fotos das novelas e da atriz de uma maneira geral. Foi, apesar de todas as dificuldades e da pressa um bom trabalho que também mereceu o reconhecimento da empresa, mas dessa vez sem pagamento de extra. Durante uma semana recebi muitos elogios e houve até quem dissesse que aquela edição da Amiga estava garantindo o pagamento dos salários daquele mês.

Em relação a outras capas da revista, recordo da novela Pantanal, que era o maior sucesso na época, e recebi diretamente do Adolpho ordem de escolher como capa os atores da novela, especialmente a Cristiana de Oliveira. Fiz isso repetidas vezes, até que a venda da Amiga começou a cair. O Adolpho me chamou na sala dele, mandou que me sentasse ao seu lado, colocou a mão na minha perna e perguntou: “Quem foi o filho da puta que mandou você dar tantas capas de Pantanal?”. Respondi sem titubear: “Foi o senhor”. O Adolpho sorriu e disse baixinho para que ninguém mais ouvisse: “Não é sempre que tem que fazer tudo o que eu mandar”. Mas tinha que fazer, sim.

Uma decisão que também me colocou diante do Adolpho, para explicações, foi quando a revista completou, se não me engano, 18 anos. Escolhi para capa uma foto do Claudio Marzo com a Regina Duarte e na janela (fotinho menor enquadrada na capa), a mesma dupla na tinha sido a primeira capa da Amiga. Até eu explicar minha intenção jornalística e festiva, o Adolpho só faltou me comer vivo porque considerava aquilo uma loucura. Como deu certo, não mais se falou no assunto.

Outras recordações marcantes têm para mim um forte cunho emocional, como foi o caso da morte de Elis Regina. Eu estava almoçando no restaurante do terceiro andar e mal tinha dado a primeira garfada quando um garçom se aproximou e disse: “Eli, seu Adolpho tá chamando. Pediu para você subir já”. Fui logo e  só quando cheguei à sala do Adolpho fiquei sabendo que a Elis Regina tinha morrido. Foi um choque: eu a conhecia desde os tempos do início de carreira no Beco das Garrafas, no Rio, e fiquei sem reação. O Adolpho então pediu que eu fizesse uma edição especial da Amiga para sair no dia seguinte. Lembro que a equipe toda e eu trabalhamos um dia inteiro, varando noite e madrugada.  Foi uma edição dolorida, mas em compensação, é uma das que coloco entre as melhores que editei em minha carreira. Vendeu muito e algumas páginas foram transformadas, clandestinamente, em posters que até hoje podem ser encontrados em algumas lojas ou camelôs. 

Lembro também que eu estava, numa tarde de sábado, na "Última Hora", quando um telefonema urgente do Jaquito me convocou para ir até a Bloch fazer uma edição sobre a morte do ator Sérgio Cardoso. Mal tinha começado a selecionar o material fotográfico,  quando o Jaquito perguntou: “essa revista vai vender? Quanto você acha que a gente deve rodar?”. Respondi com um número qualquer e bem exagerado. A edição especial vendeu mais do que eu havia sugerido. 

Emocionalmente ainda foi muito marcante para mim, ter convocado o Tim Lopes, que na época atuava como contínuo, e sugerido a ele, que parecia levar jeito, que fizesse algumas matérias para Amiga. Eu estava convencido de que ele poderia ser um bom repórter, não me enganei. Publicamos algumas de suas reportagens na Amiga. Ele que se  formou em Jornalismo, veio a ser um dos maiores repórteres investigativos que esse país já conheceu até ser brutalmente assassinado.  

Da glória à garra 

Acredito que as grandes coberturas da Bloch tenham sido as do carnaval. As fotos em cores, numa época em que a televisão era P&B, ou ainda engatinhava no sistema novo, eram tão sensacionais que a Manchete acabou virando uma espécie de enredo oficial do carnaval e todo mundo esperava ansioso a chegada da revista às bancas no quarta-feira de cinzas. Nunca se viu isso com qualquer outra revista e agora se vê muito menos. 

De outras grandes coberturas da Manchete, lembro da  missa que o Papa João Paulo II rezou no Aterro. A revista que bateu recordes de tiragem (chegou a 800 mil exemplares, se não me engano), incluiu uma medalhinha como brinde com a imagem do Papa de um lado, e a de Jesus Cristo do outro. O Adolpho me chamou para colocar a medalhinha também na Amiga e um de seus comentários me chamou atenção: “a grande burrice dos judeus foi terem perdido Jesus Cristo”. É que o Papa, naquele momento era garantia de venda da revista Manchete, um grande negócio e uma enorme fonte de lucro. 

Ainda hoje me pergunto sobre as possibilidades de sobrevivência da Bloch. Estou convencido de que o grande erro da casa foi o de nunca ter deixado de ser uma empresa familiar: muitas vezes, as coisas por lá funcionavam de uma forma um tanto amadora, meio de brincadeira, como uma grande festa familiar, às vezes tão engraçada quanto A Grande Família, na televisão. Havia também a preocupação de satisfazer, especialmente por motivos emocionais, a muita gente, o que muitas vezes prejudicava o desempenho jornalístico das revistas e, em consequência, o bom funcionamento da Bloch como empresa.

Mas se, de um lado, a Bloch se perdeu na sua própria grandeza, acho que o principal  vilão dessa história foi a TV, a Rede Manchete. A Bloch não estava preparada e nem tinha respaldo para fazer televisão> Por falta de estrutura empresarial, misturou a televisão com as revistas, fez um bolo infernal e acabou prejudicando  financeiramente toda a sua estrutura. Ao contrário das empresas Globo, em que sempre se soube dividir bem o jornal, as revistas, as emissoras de rádio e a televisão, que funcionam de forma independente, a Bloch misturou tudo e acabou afetando também até as bem-sucedidas revistas que afundaram junto com a televisão, especialmente na área financeira. Um indicador disso: depois da criação da Rede Manchete de Televisão, a Bloch nunca mais pode se  orgulhar de, pelo menos, pagar em dia.”

(*) Durante longos anos, o jornalista Eli Halfoun foi olhos e ouvidos dos chamados VIPs da televisão. Não era só a programação de TV que ocupava as páginas da revista Amiga, mas todo o universo da telinha, com suas histórias, fofocas e revelações surpreendentes. Um inegável pioneirismo do jornalismo de celebridades que hoje domina grandes segmentos do mercado impresso e digital. Todas as semanas nas bancas, Amiga contava para seu imenso público leitor, como se fosse uma vizinha bem informada, as novidades que todo mundo queria saber. Levar às leitoras a intimidade de astros e estrelas foi a fórmula da Amiga. 
Em 2008, Eli Halfoun deu o depoimento acima para a coletânea "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou". Na caso, o foco era sua trajetória na Amiga, mas a sua carreira foi muito além. Eli foi um dos mais destacados profissionais do "Última Hora", quando o jornal de Samuel Weiner deu um impulso inovador ao jornalismo. Como colunista, editor e repórter, deixou sua marca em um período de muito dinamismo na imprensa brasileira. Profissional respeitadíssimo, foi jurado dos Festivais da Canção, no auge do formato, e do tradicional Troféu Imprensa, do SBT. Nos últimos anos, manteve o blog Ensaio Geral, sempre antenado em todas as áreas, e também foi colaborador atuante neste Panis Cum Ovum.  
Eli Halfoun faleceu hoje, no Rio. Leva a admiração das gerações de colegas que trabalharam ao seu lado e deixa uma longa história e sua marca indelével no jornalismo carioca.    
                                                       
Página do Última Hora editada por Eli Halfoun, em 1962. Antes de Stanislaw Ponte Preta tornar famosa as Certinhas do Lalau, Eli já fazia o Escrete Tudo Azul: as "enxutas" do teatro rebolado. 

Ministro puxa elástico da calcinha de jornalista

por Niko Bolontrin
O ministro das Finanças da França Michel Sapin está preocupado com a crise econômica mas não pensa só nisso. O caso aconteceu em 2015, foi denunciado por um grupo de mulheres, mas não resultou em qualquer consequência mais séria para o político. Na semana passada, ele divulgou uma nota se explicando, já que a questão voltou à tona. Durante o Forum Econômico de Davo, no ano passado, uma jornalista se abaixou para pegar uma caneta. Ela usava uma calça de cós baixo e, ao curvar-se, ouviu do ministro Sapin, que vinha logo atrás. "O que você está me mostrando ! - empolgou-se ele, referindo-se ao "cofrinho". Em seguida, a autoridade puxou o elástico aparente da calcinha da jornalista.
Da série "Girls in the undies vs Zombies",
de John Masse. Reprodução
O caso Sapin voltou à mídia no embalo de outro episódio político-sexual. Há poucos dias, Denis Baupin, vice-presidente da Assembléia Nacional francesa, foi obrigado a renunciar depois de ser acusado de mandar sms apimentados para colaboradoras e funcionárias, além de fazer tentativas menos virtuais de beijos e carícias não autorizadas. As mulheres não apresentaram queixas por temer demissões, mas grupos feministas estão apoiando as vítimas.
Ambos negam as acusações. Baupin deixou o cargo e Sapin divulgou a nota onde disse que fez um comentário sobre a roupa da repórter e "pousou" a mão nas suas costas. Admitiu que o gesto foi impróprio mas não agressivo e que se desculpou com a repórter, cujo nome não foi revelado.

Há algum tempo, o site Zombie Pop publicou trabalhos do artista gráfico John Masse intitulados "Girls in the undies vs Zombies". Algo como "Garotas em suas roupas de baixo versus Zumbis". Vai ver o ministro Sapin se inspirou no delírio nerd de Masse.

Quadro clássico inspira restaurante bem temperado: o menu é natural e a clientela pode tirar a roupa

"Almoço da Relva" - Edouard Manet. Reprodução

por Jean-Paul Lagarride
Dica turística. O site Business Insiders informa que foi aberto em Londres o restaurante The Bunyadi.
A casa já está com uma lista de espera de mais de 30 mil pessoas.

A especialidade está mais nos fregueses do que nos pratos. A ideia é oferecer uma experiência não convencional: todo mundo nu, embora um salão esteja reservado para quem não quiser tirar a roupa mas apenas apreciar o menu visual. Na área para os peladões, garçons e garçonetes também entram no clima, mas por questões de higiene cobrem os países baixos ao servirem às mesas. No cardápio, comida natural. Segundo o proprietário, Seb Lyall, os clientes terão a chance de liberação total: "Ofereceremos uma experiência de uma noite sem impurezas, sem aditivos químicos, sem corantes artificiais, sem eletricidade, sem celulares e, se quiserem, sem roupas".

Dizem que a inspiração veio do quadro "Almoço na Relva", do pintor impressionista Manet.

Temer já começa levando uma trolada. Atende a um telefonema de Macri e não era Macri, era um mico...


Hoje de manhã, Temer atendeu a um telefonema do presidente Macri, da Argentina, felicitando-o pelo sucesso do golpe. Emocionou-se, agradeceu e falando um portunhol miserável disse que visitará logo o parceiro. Não era Macri, era um mico. O locutor de uma rádio de Buenos Aires fingiu ser o presidente argentino e deu uma gozada no brasileiro. Ouça o áudio divulgado no Portal da Imprensa, CLIQUE AQUI

Dilma: "A Democracia é o lado certo"

Fotos Roberto Stuckert Filho/PR

(do Blog do Planalto)
A presidenta Dilma Rousseff garantiu, em pronunciamento à nação nesta quinta-feira (12), que continuará lutando por seu mandato e contra o que classifica como golpe contra a democracia, após a abertura do processo de impeachment pelo Senado Federal. Dilma reafirmou que não cometeu crime de responsabilidade e qualificou o processo em curso como uma “farsa política e jurídica”.

“O que está em jogo no processo de impeachment não é apenas o meu mandato, que pretendo defender e honrar até o último dia. O que está em jogo é o respeito às urnas, à vontade soberana do povo brasileiro e à Constituição”, disse Dilma, que destacou ter sido eleita por mais de 54 milhões de brasileiros e brasileiras.

“A história é feita de luta e sempre vale a pena lutar pela democracia. A democracia é o lado certo da história. Jamais desistirei de lutar”.

Afastada temporariamente do cargo, Dilma lembrou que ainda há uma árdua batalha a ser enfrentada nos próximos 180 dias, e convocou a população a defender o restabelecimento da ordem democrática. “Aos brasileiros que se opõem ao golpe, independentemente de posições partidárias, faço um convite: mantenham-se mobilizados, unidos e em paz. A luta pela democracia não tem data para terminar: é luta permanente, que exige de nós dedicação constante”, disse.

No pronunciamento, Dilma voltou a alertar para o risco de retrocesso nos avanços sociais conquistados nos últimos 13 anos, em especial para as populações mais pobres e de classe média, citando especificamente a política de valorização do salário mínimo, a inclusão dos jovens no ensino superior, a ampliação do atendimento de saúde e a conquista da casa própria.

A presidenta advertiu que um governo ilegítimo, ungido por uma “eleição indireta” travestida de impeachment, será um “entrave às soluções que o País necessita” e “a grande razão para a continuidade da crise”. “O maior risco para o País nesse momento é ser dirigido por um governo sem voto, um governo que não foi eleito pela manifestação direta da população, não terá a legitimidade para propor e implementar soluções para os desafios que o País enfrenta”, afirmou

Sabotagem e injustiça

No depoimento ao País, Dilma reiterou que seu segundo governo foi alvo de “intensa e incessante sabotagem” por forças políticas que não aceitaram a derrota nas urnas em 2014. “Desde que fui eleita, parte da oposição, inconformada, pediu a recontagem dos votos, tentou anular as eleições e depois passou a conspirar abertamente pelo impeachment. Os derrotados mergulharam o País em um estado permanente de instabilidade política, impedindo a recuperação da economia com um único objetivo: de tomar a força o que não conquistaram nas urnas”, criticou.

A presidenta reforçou que não há razão para impeachment e que os questionamentos a decisões de política orçamentária são improcedentes e meros pretextos para tirar seu mandato. “Acusam-me de ter editado seis decretos de crédito suplementar e, ao fazê-lo, ter cometido crime contra a Lei Orçamentária. É falso, pois os decretos seguiram autorizações previstas na lei”, disse Dilma, negando também que tenham existido irregularidades na condução do Plano Safra.

“Não tenho contas no exterior, nunca recebi propinas, jamais compactuei com a corrupção”, acrescentou Dilma, que disse ser atacada por nunca ter aceitado chantagem. “Este é um processo frágil, juridicamente inconsistente, um processo injusto, desencadeado contra uma pessoa honesta e inocente. É a maior das brutalidades que pode ser cometida contra qualquer ser humano: puni-lo por um crime que não cometeu”.
 PRONUNCIAMENTO COMPLETO DE DILMA ROUSSEFF. CLIQUE AQUI