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sexta-feira, 13 de maio de 2016

Os bastidores da primeira reunião ministerial do governo pós-golpe

Reunião do MSM (Ministério Sem Mulheres). Foto de José Cruz/Agência Brasil
por Omelete
A foto da primeira reunião dos ministros do Michel Temer lembrou clube do Bolinha. As mulheres não foram convidadas para trabalhar na Esplanada e, portanto, não ganharam crachá para entrar no Planalto. São do recato e do lar. Ou, talvez, estivessem ocupadas: ontem foi dia de faxina para apagar vestígios de Dilma na casa. Muito louça pra lavar, móveis para tirar poeira, precisou comprar muito Silvo ou Kaol pra prataria, botar almofada de sofá e tapetes no sol e ver se ainda tinha pó de café, tubaína, pão e mortadela pro lanche.

O assunto principal foi a bicicleta esquecida de Dilma. Hoje ela foi vista andando a pé. Não ficou resolvido se a bike será mandada para o Alvorada ou se será doada ao Ministério Público de Curitiba.

O pessoal do contra também criticou a ausência de negros. Esse pentelhos politicamente corretos argumentam que Temer até extinguiu o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. Extinguiu, mas isso não quer dizer nada.

Quadro de Djanira.
Foto Roberto Stuckert Filho/PR
Há afro brasileiros no Planalto como se pode ver no quadro de Djanira na sala de espera.

Operário também não apareceu por lá. Dá para entender: depois de 13 anos aturando o primeiro operário e a primeira mulher presidentes, Temer deve estar de saco cheio das duas categorias.

Havia a possibilidade de a reunião ser aberta com uma palestra sobre criacionismo e outra sobre cura gay. Mas isso não se confirmou.

O governo pretende cortar 4 mil cargos de confiança. Parece que não há gente confiável para preenchê-los. Já o pessoal da desconfiança não vai ser mexido, dizem.

Retratos de Dilma serão mantidos, por enqanto, em todos os ministérios. Mas funcionário que quiser receberá um kit de dardos para exercitar a pontaria nas horas vagas.

Temer proibiu falar de crise. Os ministros se viraram para tocar no assunto sem ofender o governo pós-golpe. Vicissitudes, adversidades, perrengue, transtorno, zuera, rolo, confusão e putaria foram as expressões mais ouvidas.

Enquanto a reunião acontecia, vazou na web material do WikiLeaks mostrando que Temer foi X9 da embaixada americana. Ficou decidido que Temer dirá que não se tratava de relatório mas de uma carta extraviada que ele escreveu para o seu amigo Joe Biden, aquele ex-vice-presidente dos States que veio ao Brasil e foi recebido por Dilma que não convidou Temer para um chopinho no Planalto junto com o americano.

Tecnicamente, Temer deve ser chamado de "presidente interino" e Dilma de "presidente afastada". O interino não está feliz com essa terminologia. Pensa em importar do Vaticano a liturgia católica. Lá há dois papas, Bento e Francisco. Só que Francisco é chamado de papa, e não se fala mais nisso, e Bento de papa emérito.

Os novos marqueteiros do governo vão tentar convencer a mídia a tratar Temer como "presidente" e Dilma como "presidente afastada" mas incluindo a hastag que será atualizada diariamente #tchauqueridafaltam178dias.